Geopolítica

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Geopolítica é a congruência entre demasiados grupos de estratégias adotadas pelo Estado para administrar seu território, e anexar a geografia cotidiana com a história. Desta forma, Geopolítica é um campo de conhecimento multidisciplinar, que não se identifica com uma única disciplina, mas se utiliza principalmente da Teoria Política e da Geologia e Geografia ligado às Ciências Humanas e Ciências Sociais aplicadas.

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O Ministério de Minas e Energia de Cuba informou, na manhã deste domingo (20), que o sistema elétrico da ilha está em processo de restabelecimento. Segundo o órgão governamental, a Usina Termelétrica Antonio Guiteras, por volta das 9h30, estava carregando carga com segurança.

O comunicado diz ainda que há um sistema formado entre as cidades de Matanzas e Holguín, área que encontra-se energizada.

Em publicação nas redes sociais, o presidente Miguel Díaz-Canel disse que os microssistemas do país estão sendo fortalecidos, e Havana recebe energia gradativamente. "Trabalho complexo, mas passos seguros são dados", afirmou.

O apagão de sexta-feira (18), que deixou os cubanos no escuro, foi provocado por uma "desconexão total" do sistema elétrico. A interrupção do serviço ocorreu depois que a Usina Termelétrica Antonio Guiteras, a mais importante do país, quebrou causando uma “saída imprevista” de suas funções, de acordo com o Ministério de Energia e Minas.

Ilha se prepara para chegada de furacão

Cuba intensifica seus esforços para se preparar para a chegada do furacão Oscar, previsto para atingir o leste da ilha neste domingo (20). Segundo informações da AFP, o furacão se desloca pelo Caribe a 19 km/h, com ventos de até 130 km/h, e estava a cerca de 185 km de Guantánamo por volta das 12h GMT (9h de Brasília), de acordo com o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC).

O alerta de furacão permanece ativo para o sudeste das Bahamas e para a costa norte das províncias cubanas de Holguín e Guantánamo.

Edição: Daniel Lamir

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A Defesa Civil de Gaza informou que um bombardeio aéreo israelense neste domingo (20) – noite de sábado no Brasil – contra uma área residencial em Beit Lahia resultou na morte de pelo menos 73 palestinos. As autoridades locais temem que o número de vítimas possa aumentar, já que há pessoas presas sob os escombros.

Por outro lado, Israel declarou que o ataque teve como alvo um "local terrorista do Hamas", diferentemente do que afirmam as autoridades locais, que falam em "zona desamento povoada".

"As equipes de nossa Defesa Civil recuperaram 73 mártires e um grande número de feridos como resultado do ataque da força aérea israelense contra uma zona residencial de Beit Lahia", no norte do território, disse à AFP Mahmud Bassal, porta-voz da agência.

Bassal confirmou que outras pessoas estão sob os escombros, e que o ataque israelense atingiu a casa de várias famílias no local.

Mulheres e crianças estão entre as 73 vítimas fatais confirmadas, de acordo com o escritório de imprensa do governo de Gaza. A organização considerou que o ataque impactou uma "zona residencial densamente povoada".

Horrores indescritíveis

Os palestinos no norte da Faixa de Gaza estão enfrentando "horrores indescritíveis" durante a operação militar israelense, afirmou neste sábado (19) Joyce Msuya, chefe interina do Escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha).

Em uma publicação na rede social X, Msuya descreveu as condições da população sob cerco como "aterrorizantes" e apelou pelo fim das atrocidades. "Essas atrocidades devem cessar", escreveu a representante da ONU.

Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza anunciou neste domingo (20) que 42.603 pessoas morreram desde a intensificação do conflito com Israel, em 7 de outubro de 2023. Pelo menos 84 pessoas morreram nas últimas 24 horas, informou um comunicado que não inclui o balanço do bombardeio deste domingo.

Com AFP

Edição: Geisa Marques

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Caças israelenses realizaram dois massivos ataques aéreos neste sábado (19) ao bairro residencial Haret Hreik, subúrbio localizado ao sul de Beirute, capital do Líbano. As Forças Armadas de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) asseguram ter enviado alertas de evacuação minutos antes do ataque.

O governo do Líbano e a agência estatal libanesa NNA não reportaram até o momento a quantidade de mortos e feridos na ação.

A operação acontece horas depois da explosão de um drone nas proximidades da casa do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na cidade de Casareia, na região central do país.

Segundo as autoridades israelenses, o drone foi lançado do Líbano, em plano executado pelo grupo xiita Hezbollah – até o momento, a organização não assumiu a autoria do ataque.

Com relação ao ataque à casa de Netanyahu, o governo israelense assegura que o primeiro-ministro e seus familiares não estavam na residência no momento em que o drone explodiu nas imediações.

A nota completa dizendo que não houve feridos no ataque, apenas “danos estruturais menores em residências da zona”.

De acordo com o jornal local Haaretz, momentos antes do ataque à casa de Netanyahu, as Forças de Armadas de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) relataram outra ação com drones, dessa vez na cidade de Haifa e arredores.

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Na última quarta-feira (16), o Ministério da Defesa russo comunicou que as forças do país assumiram o controle de dois assentamentos nas regiões de Lugansk e Donetsk. Dois dias antes, a pasta informou que as unidades russas haviam tomado a aldeia de Levadnoye, na região de Zaporozhye, e "ocuparam posições mais vantajosas".

Os avanços se inserem na dinâmica da ofensiva russa no leste da Ucrânia em diversas direções, pressionando cidades consideradas importantes "fortalezas" da defesa ucraniana. Moscou detém a iniciativa das operações militares desde o final de 2023 e, apesar de lenta e gradualmente, vêm conquistando mais áreas em Donetsk, Lugansk e Zaporozhye, regiões que ainda têm pontos sob controle ucraniano, apesar da Rússia já ter formalmente anexado estes territórios.

A última conquista militar de grande impacto estratégico por parte das forças russas aconteceu no início de outubro, quando o país ocupou a cidade de Ugledar, fazendo com que as Forças Armadas da Ucrânia anunciassem a retirada e o recuo das suas tropas do território.

Em entrevista ao Brasil de Fato, o pesquisador de Relações Internacionais e Estudos Estratégicos da Universidade Estatal de São Petersburgo, Pérsio Glória, explica que a cidade de Ugledar se insere na arquitetura de defesa estratégica que a Ucrânia formou inclusive antes da guerra iniciada pela Rússia em 2022.

"É uma das 'cidades-fortaleza' da Ucrânia. A Ucrânia, desde o começo do conflito, na verdade desde o período da guerra civil, de 2014, estabeleceu alguns pontos de defesa. Por exemplo a cidade de Kramatorsk, Ugledar, a própria Bakhmut, que já caiu há algum tempo, também Avdeevka, que era muito próxima de Donetsk. Eram pontos utilizados pela Ucrânia não só como ponto de defesa, mas como centros logísticos para abastecimento das tropas, para envio de munição para as artilharias", analisa.

De acordo com ele, "são centro importantes porque algumas destas cidades ficam justamente na junção de rodovias, ferrovias, que são essenciais para envio rápido de suprimentos, munições e outros equipamentos militares".

Agora, a Rússia pressiona o leste ucraniano em três frentes: Pokrovsk, Kupyansk e Lymansk. No sul, os ataques concentram-se perto de Rabotino, região de Zaporozhye, e no norte, a ofensiva se concentra perto de Volchansk, na região de Kharkov.

Em particular, a cidade de Pokrovsk representa um importante investimento da ofensiva russa. A região é frequentemente citada como estrategicamente importante em termos militares e logísticos, bem como uma "porta de entrada" para a região de Dnepropetrovsk. A importância estratégica de Pokrovsk também reside no fato de ser o centro de abastecimento mais importante para o grupo das Forças Armadas Ucranianas em Donbass.

Contraofensiva russa em Kursk

Paralelamente, Moscou realiza uma operação de contraofensiva em seu próprio território, na região fronteiriça de Kursk, ao norte da linha de frente, após a intervenção das Forças Armadas da Ucrânia neste território em agosto, assumindo o controle de vários assentamentos. O objetivo da incursão ucraniana era justamente buscar alterar a dinâmica da ofensiva russa, forçando as tropas de Putin a distribuir o poder de fogo no leste ucraniano.

Como afirmou ao Brasil de Fato o analista sênior do International Crisis Group para a Rússia, Oleg Ignatov, a surpreendente iniciativa ucraniana de realizar uma operação desta magnitude dentro do território russo estava intrinsecamente ligada aos problemas enfrentados por Kiev em outras frentes da guerra. Segundo ele, "o principal objetivo dos ucranianos era alterar o rumo da guerra".

No entanto, a estratégia adotada por Moscou foi de realizar a evacuação de civis das áreas mais críticas dos confrontos em Kursk e iniciar uma contraofensiva nestes territórios fronteiriços, mas de forma lenta e gradual, sem prejudicar os avanços no leste ucraniano.

Pérsio Glória concorda que a pressão em Donbass não foi prejudicada pela incursão da Ucrânia na região russa de Kursk. O pesquisador aponta que a Rússia vem deixando claro que vê as conquistas no leste ucraniano como uma prioridade da sua operação militar.

"Essa incursão em Kursk não conseguiu parar a ofensiva russa. Entre agosto e setembro, segundo as autoridades russas, os russos avançaram cerca de 1.000 km quadrados. Não sabemos a exatidão destes números, mas é evidente que tem um progresso diário, semanal", afirma.

Zelensky apresenta "Plano da Vitória" e rejeita concessão de territórios

Enquanto a Rússia continua com os avanços em Donbass, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou na última quarta-feira, dia 16, os detalhes do chamado "Plano da Vitória". Contrariando rumores divulgados na mídia na última semana, o líder ucraniano rejeitou qualquer possibilidade de concessão de territórios ucranianos para alcançar a paz.

De acordo com uma publicação de 14 de outubro da revista alemã Der Spiegel, citando fontes do governo ucraniano, Kiev estaria discutindo pela primeira vez desde o início da guerra um cenário em que a Ucrânia poderia se ver obrigada a ceder territórios perdidos para a Rússia como uma forma de resolver o conflito.

"Acreditávamos que a vitória deveria ser a rendição incondicional da Rússia de Putin. Mas não podemos dispensar concessões […] o acordo também deveria ser benéfico para a Rússia", diz a fonte citada.

"O 'plano' de resolução ucraniano não prevê a concessão de territórios ou o congelamento do conflito. Isto não é um congelamento. Isto não é um comércio do território ou da soberania da Ucrânia. Devemos implementar o plano", disse ele.

A ideia de Zelensky para terminar o conflito inclui garantias de um convite para a Ucrânia ingressar na Otan e mais apoio econômico e militar para os ataques em território russo. Moscou reagiu dizendo que o plano não tem nada de novo e busca "empurrar a Otan" para dentro da guerra.

Enquanto isso, a Rússia continua aproveitando o atual cenário de vantagem no campo de batalha. Segundo o pesquisador Pérsio Glória, o ritmo da ofensiva russa leva em conta a dependência ucraniana do suporte ocidental – e como esta dinâmica gera riscos para Kiev no médio prazo.

"Me parece que, na visão russa, não há muita pressa neste avanço, o importante é garantir o controle desses territórios. Também tem que se analisar o cenário político de curto prazo, porque os EUA estão no período de eleições e isso pode acabar gerando mudanças significativas. Eles [russos] têm plena noção que o esforço de guerra ucraniano depende desse apoio ocidental, dos armamentos e do financiamento, então a estratégia russa talvez seja esperar que esse apoio seja debilitado e avançar aos poucos, enquanto esse apoio continua", completa.

Edição: Nicolau Soares

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O governo da Venezuela realizou nesta sexta-feira (18) o Fórum Brics: Mundo multipolar em construção. O evento foi realizado quatro dias antes do início da cúpula do Brics que será realizada em Moscou, na Rússia, nos dias 22 e 23 de outubro. A ideia era discutir o surgimento de uma nova organização geopolítica que tenha como objetivo desenvolver a economia de diferentes países pela cooperação.

Participaram do encontro o ministro das Relações Exteriores venzuelano, Yván Gil, os embaixadores do Brasil em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, e da Rússia, Sergey Mélik-Bagdasárov. De acordo com a chancelaria venezuelana, foram discutidas a construção de dois modelos: um liderado pelo Brics, que luta pela igualdade, e outro que "perpetua o neocolonialismo, beneficiando unicamente as elites empresariais".

Ainda de acordo com o comunicado, as discussões também giraram em torno da necessidade de cobrar respeito à soberania e autodeterminação dos povos, "sem coerções e desigualdades".

Na semana que antecede a cúpula, a Venezuela reafirmou a intenção de integrar o bloco que hoje conta com Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, manifestou em 29 de maio o pedido para que a Venezuela integre o Brics. Já nesta quinta, Yván Gil disse que o país pode contribuir com o bloco, especialmente no setor energético.

"Colocaremos à disposição o nosso conhecimento na luta contra medidas coercitivas unilaterais, bem como os nossos abundantes recursos naturais a serviço do povo. A energia é fundamental para a estabilidade global e o crescimento econômico", afirmou o chanceler.

Yván Gil, no entanto, deixou claro que, mesmo que tenha uma participação importante no fornecimento de petróleo e gás, essa não é a única ajuda que a Venezuela pode dar ao grupo.

"Todos veem a Venezuela como um país com as maiores reservas de petróleo, mas essa não é a nossa principal contribuição nesta construção de um novo mundo multicêntrico e pluripolar. A nossa principal contribuição é a adesão aos princípios de todos esses mecanismos. Temos pela frente um mundo que clama por maiores esforços das economias emergentes para o desenvolvimento", afirmou.

A Venezuela foi convidada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, para participar da cúpula. Durante o Fórum Empresarial do Brics, realizado também nessa sexta, ele destacou a importância econômica que o bloco já atingiu.

"O PIB somado do grupo ultrapassa os 60 bilhões de dólares, enquanto a sua participação na economia mundial ultrapassa a do G7 e continua aumentando", afirmou.

Edição: Nicolau Soares

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O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, anunciou nesta quinta-feira (17) a prisão de mais 19 mercenários envolvidos em planos de ataques terroristas no país. De acordo com a denúncia do ministro, eles estariam sendo coordenados pela Agência de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), a Agência Antidrogas (DEA), e pelo Centro Nacional de Inteligência da Espanha (CNI).

Nesta nova operação, foram apreendidas 71 armas, sendo 33 fuzis que foram roubados das Forças Armadas venezuelanas. De acordo com Cabello, a maior parte dos armamentos apreendidos foi produzida nos Estados Unidos e Israel. Os mercenários que atuam na região dos Valles de Aragua estariam com as armas da Força Nacional Bolivariana (FANB).

Em coletiva de imprensa, o ministro apresentou os armamentos e mostrou um organograma detalhado com a relação entre os envolvidos nos planos de ataques e as agências de outros países. De acordo com Cabello, a ideia do CNI era colocar os mercenários e as armas na Venezuela e estabelecer uma ponte com grupos criminosos como o Trem do Llano e o Trem de Aragua. A partir daí, começariam ataques a estruturas estratégicas, militares e edifícios públicos com o objetivo de desestabilizar o país.

Entre os novos presos, há estadunidenses, peruanos e colombianos. O ministro disse que os envolvidos também são recrutadores que tinham como responsabilidade de buscar mercenários na Colômbia para atuar em território venezuelano. Durante a declaração, Cabello indicou Iván Simonovis como um dos principais responsáveis pelo tráfico de armas. Ele seria protegido pelo governo dos EUA para atuar na América do Sul.

Os 19 envolvidos com as operações foram identificados por meio da interceptação de ligações e rastreamento de aparelhos celulares. Diosdado Cabello disse que eles não só articulavam as operações, como compartilhavam fotos de infraestruturas estratégicas como refinarias e bases militares.

Jonathan Pagan González é apontado pelo ministro como o responsável por se infiltrar em organizações religiosas. Ele é estadunidense e também fazia articulação com organizações políticas antes de ser preso no estado de Zulia.

O ministro ainda afirmou que a ex-deputada ultraliberal María Corina Machado e os ex-presidentes da Colômbia Álvaro Uribe e Iván Duque estavam cientes das operações. Ele, no entanto, não deu detalhes sobre o grau de envolvimento deles nos trabalhos com os mercenários.

Cabello também disse que a Interpol buscou o governo venezuelano para ter detalhes da origem das armas e que o caso está sendo judicializado.

Novo capítulo

As operações divulgadas por Cabello são os desdobramentos de um trabalho que começou a ser revelado em setembro. Há um mês, foram apreendidos 400 fuzis e 6 pessoas foram presas envolvidas no que o governo chamou de um “plano de desestabilização” que tinha como objetivo matar o presidente Nicolás Maduro e a vice Delcy Rodríguez.

A principal prova do envolvimento estadunidense na tentativa de golpe de 2024 são os fuzis apreendidos. Diosdado Cabello apresentou todos à imprensa venezuelana. Sobre uma mesa, o ministro colocou a mostra munições e armamentos que tinham uma inscrição afirmando que as armas são de uso exclusivo dos Estados Unidos e não poderiam ser negociados.

Além de ter uma atuação nas ruas, o plano de ataque contra a Venezuela também envolvia o uso de prisões para desestabilizar o país. A ideia era levar uma parte dos armamentos para dentro dos presídios e instaurar uma série de rebeliões. As investigações estão ouvindo agora 14 líderes de grupos criminosos que já estão presos e estariam envolvidos nessa articulação.

Segundo Cabello, a participação da CIA nas operações não surpreende o governo, “no entanto, o Centro Nacional de Inteligência de Espanha sempre se manteve discreto, sabendo que a CIA opera nesta área”. Os dois países, no entanto, negaram qualquer envolvimento.

O Departamento de Estado dos EUA disse que “qualquer afirmação sobre a participação dos EUA numa conspiração para derrubar Maduro é categoricamente falsa” e, em nota, afirmou que os Estados Unidos apoiam uma “solução democrática para a crise política na Venezuela”.

Segundo a Agência EFE, o governo espanhol também negou qualquer envolvimento nos planos golpistas. De acordo com a agência de notícias espanhola, fontes ligadas ao Ministério de Negócios Estrangeiros afirmaram que “o governo confirmou que os detidos não fazem parte da CNI ou de qualquer outra organização estatal".

Espanha e Estados Unidos mantêm uma cooperação para atuações de segurança e inteligência em outros territórios. De acordo com documentos vazados pelo WikiLeaks em 2013, a Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) estabelece esse tipo de trabalho conjunto em quatro níveis. A Espanha está em um segundo nível de cooperação com outros 17 países europeus, além de Coreia do Sul e Japão.

Outras operações

Desde sua primeira posse em 2013, Nicolás Maduro enfrenta uma série de planos e operações para derrubar seu governo. Da oposição até articulações externas, o presidente já lidou e denunciou uma série de ataques promovidos pela direita. O primeiro deles na gestão do chefe do executivo foi registrada em junho de 2013.

Naquele mês, nove pessoas foram presas na Venezuela. eles seriam integrantes do grupo paramilitar colombiano Los Rastrojos. A ideia era ocupar Caracas em um ataque que agruparia outros paramilitares no país. O plano foi descoberto pelo Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) e desmobilizado pelas forças de segurança.

Um dos primeiros planos denunciados por Maduro que teve a participação dos Estados Unidos foi o chamado “Golpe Azul”, ou “Operação Jericó”, que teria sido organizado por um grupo de militares venezuelanos da Aeronáutica com o governo dos EUA. A ideia era usar um avião para atacar o palácio Miraflores durante as comemorações do Dia da Juventude. O plano também foi interceptado pelo governo da Venezuela.

Um dos episódios mais importantes da administração Maduro foi a tentativa de golpe de Estado no país em 2020. A chamada Operação Gedeón tinha como objetivo derrubar o governo a partir de ataques em diferentes lugares do país. Ao todo, 29 pessoas foram condenadas por “traição a pátria, conspiração com governo estrangeiro, rebelião, associação, tráfico ilegal de armas de guerra, terrorismo e financiamento do terrorismo”.

Na ocasião, uma lancha com 10 homens armados com fuzis, metralhadoras e uma pistola tentou aportar na praia Macuto, costa do estado de La Guaira, cerca de 50 km da capital Caracas. Segundo o GPS da própria embarcação, a viagem começou na Colômbia. O plano envolvia também ataques por terra. As Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (Fanb) conseguiram interceptar e desmobilizar a operação.

Outros planos também foram denunciados já em 2024. Em janeiro, o Ministério Público anunciou que foram desmobilizadas 5 tentativas de golpe de Estado durante 2023 que incluíam a morte do presidente, Nicolás Maduro, e do ministro da Defesa, Vladimir Padrino López. Na ocasião, foram realizadas 32 prisões de pessoas acusadas de conspiração.

Maduro também afirmou em março que ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe e o fundador do partido opositor venezuelano Vontade Popular, Leopoldo López, planejaram “ataques terroristas” contra a Venezuela. Segundo o mandatário, os planos estavam sendo articulados com paramilitares para serem realizados na fronteira com a Colômbia.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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Os países que permitem a "ocupação ilegal" dos territórios palestinos por parte de Israel e lhe fornecem ajuda, apesar das advertências sobre crimes de guerra e possível "genocídio" em Gaza, devem ser considerados "cúmplices", afirmou, nesta sexta-feira (18), um grupo de especialistas da ONU.

"Os atos injustos internacionalmente dão origem à responsabilidade estatal, não apenas de Israel, mas de todos os Estados", declarou em um comunicado Navi Pillay, diretora da Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU.

Todos os países estão "obrigados a não reconhecer reivindicações territoriais ou de soberania feitas por Israel sobre os territórios ocupados", indicou Pillay. Além disso, devem se abster de prestar "ajuda ou assistência para manter a ocupação ilegal", o que inclui toda "ajuda ou apoio financeiro, militar e político", precisou.

A comissão insistiu que todos os países devem cumprir com suas "obrigações sob a Convenção sobre o Genocídio" e seguir as medidas provisórias ordenadas pela CIJ em um caso apresentado pela África do Sul, que acusa Israel de cometer genocídio em Gaza. O caso conta com a adesão de mais de 50 países que classificam como genocídio os ataques de Israel contra a população palestina na Faixa de Gaza.

"Os Estados podem ser cúmplices ao não evitar o genocídio se não atuarem cumprindo as ordens judiciais, e ajudarem ou assistirem diretamente na execução do genocídio", advertiu.

Apoiadores pedem fim da guerra

Os Estados Unidos, principal aliado político e militar de Israel, se manifestaram nesta sexta-feira (18) ao lado de Reino Unido França e Alemanha, pelo fim da violência israelense na Faixa de Gaza, após a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar em um ataque israelense.

Joe Biden, Olaf Scholz, Keir Starmer e Emmanuel Macron falaram das "implicações" da morte do líder do Hamas e da "necessidade imediata de devolver os reféns [israelenses] às suas famílias, de parar a guerra em Gaza e de garantir que a ajuda humanitária chegue aos civis", afirmou um comunicado publicado pelo governo alemão após a reunião.

Ocupação ilegal

A Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU publicou um novo documento para detalhar as ações específicas requeridas, após uma recente opinião consultiva da Corte Internacional de Justiça (CIJ) que declarou "ilegal" a ocupação de Israel desde 1967, tendo o Brasil entre os apoiadores desta decisão.

O documento também examina a implicação do voto da Assembleia Geral da ONU no mês passado, que pede o fim da ocupação em um ano. A comissão foi estabelecida pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em maio de 2021 para investigar as supostas violações do direito internacional em Israel e nos territórios palestinos.

A votação da Assembleia Geral significa que "Israel tem a obrigação legal internacional de cessar todo novo assentamento e desmantelar os existentes o mais rápido possível".

"Israel deve implementar imediatamente um plano de ação completo que evacue fisicamente todos os colonos dos territórios ocupados", ressaltou a comissão, pedindo também que Israel "devolva a terra, os títulos e os recursos naturais aos palestinos que foram deslocados desde 1967".

*Com AFP

Edição: Leandro Melito

Crítica, reclama, protesta mas não para de enviar ajuda militar.

Israel já é o país que mais recebeu ajuda militar desde a Segunda Guerra Mundial.

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Tanto a democrata Kamala Harris como o republicano Donald Trump fazem campanha eleitoral nesta sexta-feira (18) no Michigan, um dos sete estados-pêndulo que costumam definir a eleição presidencial estadunidense. Ambos os candidatos buscam conquistar o voto da grande comunidade muçulmana no estado.

A comunidade muçulmana costuma votar nos democratas, mas o apoio dos Estados Unidos ao massacre cometido por Israel em Gaza e no Líbano ameaça esse apoio. Várias organizações árabe-americanas decidiram apoiar candidatos independentes como a ambientalista Jill Stein, ou nenhum.

Trump, ainda não reagiu à morte do líder do Hamas, mas Kamala declarou no dia anterior que o assassinato do líder do Hamas, Yahya Sinwar, seria "oportunidade para acabar" com o massacre em Gaza.

A operação israelense que já matou mais de 42 mil palestinos "deve terminar de tal forma que Israel esteja em segurança, os reféns sejam libertados e o sofrimento em Gaza termine, e o povo palestino possa exercer o seu direito à dignidade, segurança, liberdade e autodeterminação", disse ela.

Xenofobia

Nesta sexta, Trump faz comício em Detroit, antigo reduto da indústria automobilística americana. De olho no voto dos trabalhadores da combalida indústria automobilística, ele ameaça impor tarifas de 100%, 200% e ainda mais se vencer as eleições para, segundo ele, trazer um grande número de empresas de volta aos Estados Unidos.

"As famílias do Michigan foram esmagadas pela inflação, sob a liderança fracassada de Kamala", disse sua equipe de campanha. Trump aposta em estimular o clima de medo, principalmente culpando países como China e México.

"A China está construindo enormes fábricas de automóveis no México" e "vão vendê-los nos Estados Unidos" porque, estando perto da fronteira, têm "todas as vantagens e nenhuma das desvantagens. I isso será o fim do Michigan. Será o fim, francamente, da Carolina do Sul, será o fim de tudo", disse o ex-presidente.

Wisconsin

Na quinta, Kamala Harris disse aos jovens do estado-chave de Wisconsin contra as consequências "brutalmente graves" de uma vitória de Donald Trump, que criticou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

"Vai ser uma disputa acirrada até o final", disse Kamala, empatada com Trump nas pesquisas de intenção de voto para as eleições de 5 de novembro.

Kamala também criticou Trump por ter dito que o 6 de janeiro de 2021, quando uma multidão de seus apoiadores invadiu o Capitólio, "foi um dia de amor".

O ex-presidente se referia às centenas de milhares de pessoas que foram a Washington acreditando que as eleições do ano anterior, nas quais ele foi derrotado por Joe Biden, "foram fraudadas".

Com AFP e Washington Post

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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O presidente do Equador, Daniel Noboa, enviou à Assembleia Nacional nesta quinta-feira (17) um projeto de reforma na Constituição para permitir a instalação de bases militares de outros países em território equatoriano. O objetivo, segundo ele, é reforçar o combate ao crime organizado.

A proposta passa pela eliminação do artigo 5º, que não permite o “estabelecimento de bases militares estrangeiras nem de instalações estrangeiras com propósitos militares. É proibido ceder bases militares nacionais a forças armadas ou de segurança estrangeiras". A reforma manteria somente a parte do artigo que diz que “o Equador é um território de paz”.

A proposta será analisada pela Assembleia Nacional em dois turnos. Se aprovada, o governo deve organizar um referendo para que a população escolha se a medida será válida ou não.

A determinação está na Carta Magna equatoriana desde 2008 e foi proposta pelo ex-presidente de esquerda Rafael Correa. A mudança agora faz parte de uma escalada de violência que o Equador encara há um ano. Logo após assumir o comando do país em novembro de 2023, Noboa decretou estado de exceção com a atuação das Forças Armadas nas ruas para enfrentar a crescente onda de violência no país.

Para o sociólogo equatoriano Agustín Burbano de Lara, no entanto, a medida é uma “cortina de fumaça” para um outro problema que afeta o dia a dia no país: a falta de luz. O Equador tem enfrentado constantes faltas de energia por problemas de manutenção no seu sistema elétrico e a seca que começou nos últimos dias pode agravar a situação.

“A proposta de momento parece uma tentativa de distração do governo. Há um mês temos cortes de luz muito longos porque o governo não fez manutenção na geração de energia termelétrica. Isso, somado à seca, faz com que não tenhamos acesso a eletricidade”, afirmou ao Brasil de Fato.

Para ele, os Estados Unidos hoje não têm interesse em ter uma base militar no Equador, já que consegue realizar operações com inteligência e parcerias locais. O país tem acordos militares, inclusive, para usar a ilha de Baltra, que fica no arquipélago de Galápagos, em um espaço que já foi base aérea estadunidense.

“Os EUA não precisam ter uma base aqui, a tecnologia avançou de tal maneira que não é necessário ter uma presença militar aqui. As missões de inteligência não requerem esse operativo”, afirma.

A atuação dos EUA no Equador havia sido desmobilizada por Correa, que retirou os estadunidenses de uma base area equatoriana no porto de Manta. O lugar foi usado pelos Estados Unidos até 2009 para operações de combate ao tráfico de drogas na região.

Escalada de crise e eleições

O Equador enfrentou uma onda de violência no final de 2023 em meio a um processo eleitoral que provocou inclusive a morte de um dos candidatos à presidência. Depois de tomar posse, Noboa decretou estado de exceção, toque de recolher e declarou estado de conflito armado interno em nível nacional. Ele ordenou às forças militares a neutralização de grupos criminosos.

Além disso, decretou que 22 grupos do crime organizado transnacional sejam considerados organizações terroristas e atores não estatais beligerantes. Também ordenou às Forças Armadas a execução de operações militares, de acordo com o direito internacional humanitário e respeitando os direitos humanos, para neutralizar os grupos.

O aumento da violência aumentou a taxa de homicídios de seis por 100.000 habitantes em 2018 para 47 por 100.000 em 2023, segundo o governo do país.

Em abril, o governo realizou um plebiscito para responder 11 perguntas que abordavam desde questões sobre segurança pública até mudanças em aspectos trabalhistas. O resultado foi vitória parcial para o governo de direita de Daniel Noboa, que teve na pergunta sobre a participação das Forças Armadas na segurança interna a grande conquista.

Além do uso das Forças Armadas na segurança nacional sem a necessidade de um estado de exceção, todas as perguntas relativas à segurança pública foram aprovadas. Aumento da pena para crimes graves e a extradição de equatorianos foram outras perguntas cruciais para uma vitória política do governo.

Em termos eleitorais, Noboa também mira o pleito de 2025. Ele foi eleito em 2023, depois que o ex-presidente Guillermo Lasso, para evitar um impeachment, teve que aplicar a chamada "morte cruzada", mecanismo previsto na Constituição equatoriana por meio do qual o presidente dissolve o Parlamento mas tem que convocar imediatamente novas eleições presidenciais.

Lasso enfrentava um processo de impeachment acusado de ter cometido crimes de peculato e corrupção passiva ao favorecer a empresa estadunidense Amazonas Tanker Pool, em contratos com a estatal Frotas Petroleiras Equatorianas (Flopec). Noboa foi eleito para terminar o mandato de Lasso e põe seu governo à prova já de olho nas eleições gerais do ano que vem.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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A morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, durante uma operação militar de Israel na Faixa de Gaza, representa uma vitória tática, mas não estratégica para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Essa é a avaliação de Mohammed Nadir, coordenador do Laboratório de Estudos Árabes da UFABC..

"A morte do Sinwar no campo da batalha vai torná-lo um mártir junto do movimento Hamas e seus adeptos. Agora é momento de chegar a um acordo para por fim a esta guerra inútil" afirmou Nadir ao Brasil de Fato.

Mas o analista se mostra cético sobre isso. "Tenho dúvidas se Natanyahu vai querer parar a guerra porque isso significa a morte política dele por conta do processos judiciais", completou ele. Anunciada pelo governo israelense na quinta-feira (17), a morte de Sinwar foi confirmada pelo Hamas nesta sexta (18).

"Choramos a morte do grande líder, o irmão mártir Yahya Sinwar, Abu Ibrahim", declarou Khalil al Hayya, um dirigente do Hamas que mora no Catar, em um vídeo exibido pelo canal Al Jazeera, onde afirma que a morte do líder do Hamas só fortalecerá o movimento.

"Parece que Israel pensa que matar nossos líderes significa o fim de nosso movimento e da luta do povo palestino", declarou à AFP Basem Naim, membro do gabinete político do movimento."O Hamas é um movimento liderado por pessoas que buscam a liberdade e a dignidade, e isso não pode ser eliminado", acrescentou.

Hayya alertou que o Hamas não libertará os reféns até que Israel ponha fim à guerra, se retire do território palestino e solte os palestinos presos. Os reféns não ficarão livres "a menos que termine a agressão contra o nosso povo, aconteça uma retirada completa, e nossos heroicos prisioneiros saiam das prisões da ocupação", acrescentou.

Dos 251 reféns tomados pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro de 2023, 97 permanecem em Gaza, incluindo 34 que o Exército israelense declarou como mortos.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu ao Hamas que liberte os reféns. "Quem depuser as armas e entregar nossos reféns, permitiremos que continuem vivos", declarou.

O chefe da diplomacia israelense, Israel Katz, afirmou que a morte de Sinwar "cria uma oportunidade para a libertação imediata dos reféns e abre caminho para uma mudança que conduza a uma nova realidade em Gaza".

A vice-presiente dos Estados Unidos e candidata democrata para as eleições de novembro no país, Kamala Harris considerou que a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, é uma "oportunidade para acabar" com a guerra em Gaza.

Esta guerra "deve terminar de tal forma que Israel esteja em segurança, os reféns sejam libertados e o sofrimento em Gaza termine, e o povo palestino possa exercer o seu direito à dignidade, segurança, liberdade e autodeterminação", afirmou. .Mas no dia anterior o premiê israelense descartou encerrar o massacre palestino com o assassinato de Sinwar.

O seu rival republicano, o ex-presidente Trump, ainda não reagiu à morte do líder do Hamas.

Edição: Leandro Melito

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O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul afirma que a Coreia do Norte enviou um contingente de 12 mil de seus soldados para lutar ao lado da Rússia na guerra da Ucrânia. A informação foi divulgada pela agência Yonhap, citando uma declaração do serviço de inteligência sul-coreano nesta sexta-feira (18).

De acordo com a declaração, a Coreia do Norte já enviou a primeira parte de soldados para a Rússia, que provavelmente farão parte dos combates com a Ucrânia, e os oficiais que lidam com a operação de mísses já estariam atuando na guerra.

A inteligência sul-coreana, citada pela publicação, afirma que Pyongyang planeja enviar cerca de 12 mil soldados para o front e que 1.500 soldados norte-coreanos já se encontram em campos de treino russos no Extremo Oriente.

Após a divulgação deste relatório, o presidente sul-coreano,Yoon Suk-yeol, realizou uma reunião de segurança não programada com oficiais militares e de inteligência. Após a reunião, o líder fez um comunicado:

"A situação em que a reaproximação entre a Rússia e a Coreia do Norte passou do fornecimento de carga militar para o próprio envio de tropas representa uma séria ameaça à segurança não só para o nosso país, mas também à comunidade internacional", disse o presidente.

A agência de inteligência da Coreia do Sul diz que os militares norte-coreanos teriam recebido uniformes russos e documentos russos falsos. O estudo do serviço de inteligência de Seul teria sido feito através imagens de satélite e fotografias que indicariam o envio de forças especiais norte-coreanas para a Rússia.

Desde o começo da guerra da Ucrânia, a Coreia do Norte manifesta um apoio direto a Moscou em sua operação militar e reconhece os territórios anexados do leste da Ucrânia como parte da Rússia.

Em junho, Moscou e Pyongyang assinaram um acordo de parceria estratégica, que prevê, entre outras coisas, apoio militar mútuo em caso de agressão por parte de um país terceiro. A Coreia do Norte também fornece munições que a Rússia utiliza no confronto com a Ucrânia.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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A ex-presidenta da Bolívia Jeanine Añez começou a ser julgada nesta quinta-feira (17), em La Paz, por terrorismo, formação de quadrilha e associação criminosa por sua participação no movimento que derrubou o seu antecessor Evo Morales em 2019. A ex-deputada já havia sido condenada a 10 anos por golpe de Estado e cumpre pena na prisão Miraflores, na capital.

Agora, o Ministério Público pede que sejam adicionados 20 anos na pena de Jeanine Añez, do ex-governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, que também foi candidato à presidência, e de mais seis pessoas, incluindo ex-ministros, militares, policiais e o ex-candidato a vice Marco Antonio Pumari. O caso está sendo conduzido pelo Primeiro Tribunal de Penas Anticorrupção de La Paz. Nesta quinta, começaram a ser apresentados os argumentos da defesa da ex-presidente e dos outros acusados.

Añez repetiu o discurso que já havia feito em 2019, durante o golpe contra Evo Morales: "Não foi golpe, foi fraude. Este processo é um circo, a Bolívia está em chamas, isso é o mais importante agora", disse.

O MP afirma que as ações de Jeanine Añez levaram à "ruptura da ordem constitucional e a saída prematura do governo" do ex-presidente. Em novembro de 2019, mobilizações golpistas de extrema direita forçaram a renúncia de Evo Morales. O ex-mandatário teve que deixar o país e se asilou no México, depois na Argentina.

Durante o governo de Jeanine Añez, foram registradas prisões arbitrárias de pelo menos 1.534 pessoas. Além disso, movimentos contra o governo golpista foram alvo de forte repressão policial que, muitas vezes, resultou em massacres, como os que ocorreram nas regiões de Senkata e Sacaba. Camacho e Añez são acusados de serem os autores desses movimentos.

Em seu depoimento, Añez negou ter cometido os crimes pelos quais é acusada e afirmou que quem deveria estar sendo julgado por "fraude eleitoral" é o ex-presidente Evo Morales. Ela, no entanto, não apresentou provas de que as eleições de 2018 tiveram o resultado alterado.

"Aqui estamos perante o tribunal sem jurisdição para me julgar por crimes que não cometi, enquanto o autor intelectual e material da fraude eleitoral de 2019, da demissão, do abandono do cargo e da fuga do país, da instigação à violência, Evo Morales, ainda está foragido", disse.

Añez afirmou ainda que os juízes responsáveis pelo seu julgamento foram escolhidos pelo ex-presidente, e disse que Evo Morales deveria enfrentar "os juízes que ele mesmo escolheu e a Justiça que ele mesmo estabeleceu". Ela pediu também que seu julgamento fosse feito com autorização prévia do Congresso.

Añez permaneceu no poder por um ano, até a realização das eleições gerais de 2020, que tiveram como vencedor Luis Arce, ex-ministro da Economia de Evo Morales.

Evo acusado

O ex-presidente também é denunciado pelo Ministério Público, mas por "estupro e tráfico de pessoas" por supostamente ter mantido relações com uma menina de 15 anos em 2015, quando ainda era presidente. De acordo com a denúncia, ele teria tido uma filha com a adolescente em 2016. Evo nega as acusações, que considera "outra mentira" com o objetivo de tirá-lo do processo eleitoral de 2025.

Evo não compareceu para depor na Delegacia Geral de Polícia de Tarija na última semana. Segundo a defesa do ex-presidente, não havia "garantias" de que o depoimento fosse feito dentro do "processo legal". Depois da ausência de Morales, a procuradora do Estado de Tarija, Sandra Gutiérrez, afirmou que emitiria uma ordem de captura para que Evo fosse ao tribunal em uma data posterior. Essa ordem, no entanto, não foi expedida.

O ex-presidente convocou os apoiadores para ir às ruas e defender seu mandato. Ele prometeu "paralisar o país" se fosse emitida uma ordem de captura contra ele. A partir de segunda-feira (14), manifestantes bloquearam estradas em protesto contra a fala da procuradora. Até esta quinta (17), oito rodovias seguem fechadas, a maior parte em Cochabamba, estado em que vive Evo Morales.

O presidente Luis Arce disse nesta quinta que não vai ceder às pressões de quem "quer incendiar o país".

"Não vamos ceder a quem quer incendiar o país para se proteger de acusações pessoais contra as quais devem mostrar a cara", disse o presidente em um evento da Associação de Governos Municipais Autônomos de La Paz.

Os pais da jovem também foram intimados a prestar depoimento. Eles são investigados por supostamente receberem dinheiro ao entregá-la ao ex-presidente. O pai da jovem recebeu ordem de captura e prestou depoimento.

Disputa no MAS

Evo chamou de traição a relação com o atual presidente Luis Arce. O ex-presidente se tornou o principal opositor do atual governo depois de voltar do exílio na Argentina. Morales começou a criticar algumas decisões de Arce e seus apoiadores e a disputar espaço pela candidatura do Movimento Al Socialismo (MAS) nas eleições presidenciais de 2025.

O estopim da desavença, na corrida pela liderança do MAS, se deu em outubro de 2023, quando Morales organizou um congresso em Lauca Eñe, no distrito de Cochabamba. A região é berço político e reduto eleitoral do ex-presidente. No evento, ele chamou os apoiadores de Luis Arce de "traidores".

Agora, a corrida pela candidatura nas presidenciais está permeada por uma decisão da Justiça boliviana. O Tribunal Constitucional Plurinacional da Bolívia decretou, em dezembro de 2023, que presidentes e vice-presidentes só poderiam exercer o cargo por dois mandatos, de forma seguida ou não.

Essa era uma lacuna que já existia na Constituição boliviana. Antes, a Carta Magna afirmava que o presidente não poderia exercer o cargo por mais de dois mandatos, mas não especificava se eram seguidos ou não. Com a sentença judicial 1010, Evo Morales, que foi presidente por quatro mandatos, não poderia voltar ao poder.

No entanto, um novo Tribunal Constitucional será eleito em dezembro. Os apoiadores de Evo consideram que, com novos juízes, essa norma poderia cair e Evo poderia voltar a ser candidato em 2025.

Edição: Nicolau Soares

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Olhando do alto da montanha Vitocha em direção ao norte, tem-se uma bela vista da capital búlgara, Sófia, situada numa ampla planície ao pé das montanhas. Pelo menos em teoria. Na realidade, Sofia muitas vezes desaparece sob uma espessa camada de neblina. Isso se deve principalmente aos milhares de velhos veículos movidos a diesel que emitem grande volume de fumaça suja e tóxica.

No inverno, há também a fumaça dos sistemas de aquecimento doméstico, que queimam carvão e, às vezes, até lixo. Tudo isso faz de Sofia uma das cidades europeias com maior poluição atmosférica.

Oficialmente, porém, o problema não existe. A maioria dos valores oficiais medidos para óxido de nitrogênio (NO2) está abaixo do valor-limite da UE de, no máximo, 40 microgramas por metro cúbico de ar. Assim, no papel, a poluição atmosférica é relativamente baixa em Sófia.

Agora, um relatório da organização ambiental búlgara Za Zemiata (Para a Terra) divulgado na última terça-feira (08/10) mostra que as autoridades estão deliberadamente encobrindo a extensão da poluição. Isso ocorre porque a qualidade do ar em Sófia é medida em locais onde a verdadeira extensão da poluição não é registrada.

Uma estação de medição oficial, por exemplo, está localizada num parque atrás de árvores, a 65 metros de uma movimentada rua principal. “Essas estações de medição vêm há anos fornecendo dados para garantir que Sófia supostamente cumpra os limites legais de óxidos de nitrogênio”, diz Ivaylo Hlebarov, da Za Zemiata.

As medições realizadas pela organização em ruas e cruzamentos movimentados mostraram valores quase duas vezes mais altos do que os declarados oficialmente. Desse modo, a ocultação da poluição do ar pelas autoridades “beira um crime contra a saúde pública”.

Poluição ocultada em vários países Sófia não é um caso isolado. Em vários outros países europeus, como Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Kosovo e Romênia, oculta-se sistematicamente extensão da poluição atmosférica. Isso foi confirmado pelos resultados das aferições realizadas por sete organizações ambientais em 64 locais, de 2022 a 2024.

As medições revelaram níveis de NO2 significativamente mais altos do que os declarados pelas autoridades. Em 55 locais, foram medidas concentrações de NO2 significativamente mais altas do que o valor-limite médio anual de 40 microgramas por metro cúbico, prescrito pela UE e que vigora há mais de 14 anos.

Em Pristina (Kosovo), por exemplo, as medições oficiais não chegaram nem à metade das medições das organizações ambientais. Em Sófia, elas foram 47% menores; em Budapeste (Hungria), 43%; em Bratislava (Eslováquia), 27% e em Bucareste (Romênia), 24% menores do que os resultados das medições das organizações ambientais.

Fraudes na indústria automotiva As emissões de óxido de nitrogênio são originárias principalmente de carros a diesel com filtragem inadequada dos gases de escape. Os fabricantes de automóveis vinham cometendo fraudes em grande escala há anos, como veio à tona em 2015 através do escândalo das emissões automotivas de diesel, inicialmente na Volkswagen e depois também em outros fabricantes de automóveis.

De fato, os veículos a diesel vendidos novos até 2020 não estão em conformidade com os limites prescritos para as ruas da Europa e não foram adaptados pelos fabricantes.

Em média, os carros a diesel mais antigos emitem cerca de cinco vezes mais óxido de nitrogênio do que os limites estabelecidos pela UE. Os cidadãos da Europa Central e do Sudeste são particularmente afetados por isso, pois há um número particularmente grande de veículos a diesel mais antigos nas ruas.

Como, por exemplo, na capital do Kosovo: “A qualidade do ar em Pristina sofre com o uso intenso de veículos a diesel, gerando níveis de NO2 que excedem os limites da OMS e da EU”, afirma Arben Lila, da organização ambiental e de saúde Kosovo Advocacy & Development Centre.

Óxido de nitrogênio é responsável por 140 mil mortes por ano na Europa Gás mata 140 mil por ano na UE O óxido de nitrogênio é um gás tóxico que pode danificar as células dos pulmões e outros órgãos, desencadear processos inflamatórios e diabetes e aumentar o risco de afecções cardiovasculares, como ataques cardíacos. Segundo estimativas da Agência Europeia do Meio Ambiente, cerca de 140 mil morrem todos os anos na UE em decorrência da poluição causada pelo óxido de nitrogênio.

Portanto são definidos valores-limite para o gás, com o fim de proteger a população. Desde 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um máximo de dez microgramas de NO2 por metro cúbico de ar. Anteriormente, o limite era de 40 microgramas de NO, sendo a conformidade com ele obrigatória na UE desde 2010.

Todos os países-membros devem monitorar a qualidade do ar onde a poluição é particularmente alta e informar esses dados às autoridades do bloco. Se o valor-limite de 40 microgramas de NO2 for excedido, eles também são obrigados a tomar medidas para reduzir as emissões e proteger seus cidadãos. De acordo com a resolução do Parlamento Europeu, a partir de 2030 o valor-limite na UE deve ser reduzido para 20 microgramas de NO2 por metro cúbico.

“Autoridades pensam que estão sempre certas”

Questionada pela DW, a assessoria de imprensa da Comissão Europeia explicou estar ciente de que as organizações ambientais haviam encontrado em alguns países concentrações de NO2 no ar mais altas do que as informadas oficialmente.

O órgão ressaltou que está trabalhando, junto com a Agência Europeia do Meio Ambiente, “em diálogo com as autoridades nacionais” na instalação obrigatória de dispositivos oficiais de medição nos locais com as “maiores concentrações de poluentes atmosféricos” e também no esclarecimento das “razões para discrepâncias”.

Entretanto, somente os Estados-membros da UE são responsáveis pelos resultados corretos das medições, pois “têm os meios adequados para lidar com o problema, se as preocupações se mostrarem justificadas”.

Segundo Hlebarov, da Za Zemiata, na Bulgária as autoridades ainda não reagiram publicamente às revelações feitas por sua organização. “Em alguns casos em que os confrontamos com nossas medições, eles rebateram que elas não são adequadas como valores de referência.”

“As autoridades parecem pensar que estão sempre certas, mas muitas vezes não é o caso. Elas precisam ser mais abertas, porém se não houver vontade política para tal, a única coisa que podemos fazer é aumentar a pressão.”

Processos contra empresas automobilísticas

Atualmente estão em andamento na Alemanha processos judiciais pela rápida adaptação de veículos a diesel, a fim de reduzir as emissões de poluentes.

“Os carros a diesel manipulados têm que ser novamente equipados, às custas dos fabricantes, e não podem ser simplesmente enviados para o exterior”, afirma Jürgen Resch, diretor administrativo da entidade ambientalista alemã Deutsche Umwelthilfe (DUH)., que vem há anos fazendo campanha pelo ar limpo na Europa, e também participou do estudo atual.

A ONG já entrou com várias ações judiciais para obrigar as empresas retificarem carros a diesel. No início de 2024, ela ganhou um processo no tribunal administrativo da cidade de Schleswig. O tribunal declarou ilegal a circulação de 62 modelos a diesel das montadoras Volkswagen, Audi e Seat devido à filtragem inadequada dos gases de escape.

No entanto, o grupo Volkswagen e o Departamento Federal de Veículos Motorizados (KBA), responsável pelos licenciamentos, recorreram da sentença. Espera-se um longo processo, que pode também acarretar a atualização de milhões de veículos a diesel de outros fabricantes na UE, demore ainda mais.

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O dia da Festa Nacional da Espanha, em 12 de outubro, data em que se rememora a chegada de Cristóvão Colombo à América, celebrou-se entre vaias e assobios ao presidente, o socialista Pedro Sánchez, e sem que nenhum membro do governo nem da casa real emitisse qualquer tipo de desculpa ou pedido de perdão pelo genocídio durante a Conquista e a época colonial. A única agrupação política que apoiou a necessidade de pedir perdão foi o partido de esquerda Podemos.

Com uma chuva intensa durante toda a manhã, que obrigou a cancelar a parte aérea do desfile militar, o rei Felipe VI presidiu os atos comemorativos da festa nacional, que também coincidem com o dia da virgem do Pilar, padroeira da Espanha.

Nas imediações do palco das autoridades, reuniram-se milhares de pessoas, que foram afastadas a várias centenas de metros para evitar os assobios e insultos que são ouvidos todos os anos. Ainda assim, ouviu-se uma grande vaia contra Sánchez e insultos como “traidor” e até “filho da puta”, além de acusações de “ladrão”, em alusão ao escândalo de corrupção investigado pela justiça e que envolve aquele que foi seu braço direito no governo e no partido, o ex-ministro do Fomento e secretário de organização do PSOE, José Luis Ábalos.

Ao ato público, assistiram representantes das principais instituições do país e das comunidades autônomas, com exceção do País Basco, que geralmente não comparece a esse tipo de eventos, e com a novidade de que este ano o presidente da Catalunha, o socialista Salvador Illa, esteve presente, rompendo assim com a tradição dos governos catalães anteriores de não viajar a Madri para estas festas.

Os principais líderes políticos enviaram mensagens pelas redes sociais, nas quais não houve nenhum gesto de pedido de perdão pelos abusos e saques durante a Conquista, nem por parte do governo, nem da Casa Real, nem dos partidos da direita espanhola.

Espanha é “compromisso”, diz Sánchez O presidente Sánchez limitou-se a assinalar que a Espanha é cultura, liderança, compromisso, inovação, inclusão e educação.

“Um país é muitas coisas. É uma forma de ser compartilhada por muita gente. Pelos de dentro e pelos de fora. É uma forma de viver que sabe a cultura, soa a liderança, a compromisso, mira para a inovação, para a inclusão, para a educação, que cheira a solidariedade e cooperação, que se toca com igualdade e orgulho, com identidade e diversidade. Um país é a história compartilhada. Essa é a nossa.”

Os dois principais dirigentes da direita, Alberto Núñez Feijóo, do Partido Popular, e Santiago Abascal, do Vox, evocaram com “orgulho” o passado colonial e da Conquista. “No dia 12 de outubro celebramos a história, o sentimento e o orgulho de ser espanhóis e a cultura comum que forjamos ao longo dos anos com nossos irmãos na Hispano-América. Feliz dia da Festa Nacional e da Hispanidade a todos”, disse o líder do PP.

Já Abascal afirmou: “hoje, com todo nosso orgulho, celebramos a maior obra de irmandade entre os povos da história universal. Não há nada pelo que pedir perdão”.

Só Podemos defende pedido de perdão O partido de esquerda minoritário Podemos, sim, falou sobre pedir perdão: sua porta-voz adjunta, María Teresa Pérez, afirmou: “é preciso deixar de celebrar um genocídio, uma invasão contra os povos originários da América Latina. Não é motivo de orgulho, pois comemora uma invasão e um genocídio. A Espanha deveria pedir perdão pelos crimes cometidos no passado e queremos anunciar que vamos propor formalmente que o 12 de outubro passe a ser comemorado no 15M“, em alusão ao Movimento dos Indignados, que nasceu de uma manifestação em 15 de maio de 2011.

E sobre o pedido de desculpas solicitado pela presidenta do México, Claudia Sheinbaum, a líder espanhola afirmou: “a Espanha se nega a fazê-lo e temos uma monarquia corrupta que além disso é soberba e está prejudicando as relações internacionais do nosso país com povos irmãos, como os da América Latina”.

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Israel comete um “assassinato silencioso” nos ataques que lança contra o povo em Gaza, utilizando bombas que contêm amianto, segundo advertem especialistas. Desde outubro de 2023, a grande quantidade de bombas fragmentadas espalha no ar pequenas partículas dessa perigosa substância, que pode causar câncer caso seja inalada.

Os especialistas alertam que é provável que continuem sendo registrados casos de câncer “durante décadas” no enclave palestino assediado.

Liz Darlison, diretora-executiva da organização beneficente Mesothelioma UK, afirma que os efeitos a longo prazo da exposição ao amianto constituirão uma “tragédia que se desenvolverá nos próximos anos”. Após uma explosão que libera amianto, simplesmente não há um “nível seguro de exposição”.

“É terrível saber que o legado desta guerra continuará durante muitos anos”, acrescentou.

A exposição ao amianto das pessoas afetadas por cada um dos atos de barbárie de Israel pode ser comparada à que se produziu em torno ao Centro Mundial do Comércio (WTC, na sigla em inglês) quando a substância caiu na cidade de Nova York durante o atentado de 11 de setembro de 2001.

Segundo o Programa de Saúde do WTC, 343 sobreviventes e socorristas morreram por enfermidades relacionadas ao ataque, em comparação com as 2.974 pessoas que morreram no incidente.

Segundo Roger Willey, um destacado especialista em amianto, a inalação desta substância é como “uma sentença de morte” e assevera que “o mesmo ocorrerá com as pessoas de Gaza”.

“O melhor que se pode fazer em caso de contato com amianto, e a químico passar para o ar, é entrar em um carro e dirigir para o mais longe possível”, sugere.

“Zonas seguras”

A Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu que só 11 % de Gaza segue sendo uma “zona segura”, o que torna simplesmente impossível para os mais de dois milhões de palestinos confinados no território se manterem afastados do perigo do amianto.

Por sua vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a grande quantidade de pó liberado pelos edifícios destruídos estão espalhando materiais perigosos que flutuam no ar ou se infiltram no abastecimento de água, o que supõe um risco de graves problemas de saúde para os 2,3 milhões de habitantes de Gaza.

Calcula-se que Israel gerou, mediante sua campanha bárbara, 42 milhões de toneladas de escombros em Gaza desde outubro de 2023.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) estima que vários milhões de toneladas de escombros poderiam estar contaminados.

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Ao explodir duas estradas simbólicas que permitiam a conexão com o território do país vizinho nesta terça-feira (15/10), a Coreia do Norte também causou um prejuízo financeiro de cerca de US$ 130 milhões ao governo sul-coreano, responsável pelos investimentos das estruturas alvejadas, segundo a agência de notícias Yonhap.

“A Coreia do Norte explodiu partes das estradas Gyeonggi e Donghae ao norte da Linha de Demarcação Militar (MDL) por volta do meio-dia”, confirmou o Estado-Maior Conjunto sul-coreano, em comunicado à imprensa local. As ações da nação liderada por Kim Jong Un formalizaram hoje a separação dos dois Estados, além da consolidação deles como “hostis um ao outro”.

A Estrada Gyeonggi era usada principalmente por empresários sul-coreanos que trabalhavam em fábricas no Complexo Industrial Kaesong, no Norte. O local funcionava como uma espécie de “zona de desenvolvimento econômico de cooperação”, sendo considerado o único remanescente das relações bilaterais com Seul. Enquanto a Estrada Donghae, ao longo da costa leste, era utilizada por turistas que visitavam o Monte Kumgang, também da Coreia do Norte.

O projeto de ligação terrestre das duas linhas foi apoiado por empréstimos do governo em Seul, entre 2002 e 2008, no valor de US$ 132,9 milhões. De acordo com a agência Yonhap, ao explodir “irreversivelmente” as duas estradas estratégicas, Pyongyang também teria provocado um prejuízo considerável ao “orçamento investido pelo povo sul-coreano por meio de impostos”.

Diante da situação, a imprensa sul-coreana especula uma possível medida a ser tomada pelo governo do presidente Yoon Suk Yeol para responsabilizar a Coreia do Norte pela destruição dos ativos investidos, que até o momento não foram “reembolsados” por Kim.

Resposta imediata da Coreia do Sul

Depois das explosões, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul relatou que, em resposta, suas forças armadas também dispararam “vários tiros” contra a Linha de Demarcação Militar (MDL, por sua sigla em inglês) logo após as explosões, acrescentando que endureceu suas medidas de vigilância.

O Ministério da Unificação sul-coreano, por sua vez, condenou as ações tomadas por Pyongyang, classificando-as como uma “clara violação do acordo intercoreano”.

“A destruição das partes setentrionais das estradas Gyeonggi e Donghae pela Coreia do Norte é uma clara violação do acordo intercoreano. É deplorável que a Coreia do Norte tenha repetido seu comportamento, após a destruição do escritório de ligação (intercoreano) há quatro anos. Nosso governo deixou claro que o Norte é totalmente responsável por todos os incidentes que poderão ocorrer por causa desta (explosão)”, disse em comunicado.

Escalada de tensões

As tensões se intensificaram ainda mais nos últimos dias, quando Pyongyang acusou seu vizinho de ter lançado drones contra o seu território, jogando folhetos de propaganda “anti-Coreia do Norte”. A Coreia do Sul, entretanto, não reivindicou as ações, mas também não as negou. Por outro lado, apenas alertou que responderia “decisivamente” se a segurança de seus cidadãos fosse ameaçada.

Em 9 de outubro, o líder norte-coreano Kim Jong Un já havia antecipado que cortaria completamente todas as ferrovias e estradas ligadas ao seu país vizinho, diante de uma “iminente crise de guerra” fomentada pelos “imperialistas dos Estados Unidos” na península coreana, tratando-se, portanto, de uma medida para prevenir conflitos e salvaguardar a segurança nacional.

“Em resposta à grave situação em que a iminente crise de guerra aumenta dia a dia na zona da fronteira sul do país, o Estado-Maior do Exército Popular Coreano anuncia que tomará medidas militares práticas para separar completamente o território da Coreia do Norte com a Coreia do Sul”, disse o Exército norte-coreano, segundo a Agência de Notícias local (KCNA).

Em meio à escalada de tensões, Kim Jong Un convocou uma reunião extraordinária sobre defesa e segurança nacional nesta terça-feira. A sessão contou com altos funcionários do gabinete do líder norte-coreano, sobretudo os ministros da Defesa e da Segurança, secretários do Partido dos Trabalhadores e comandantes do Exército popular.

De acordo com a KCNA, durante o encontro foi apresentado um relatório referente às “graves violações do inimigo à soberania da República”, incluindo um plano de ação militar de resposta contra a Coreia do Sul e medidas para modernizar a tecnologia e o equipamento militar em defesa do povo.

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A Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA) informou nesta quarta-feira (16/10) que o exército do país alistou cerca de 1,4 milhão de jovens nos últimos dois dias, após uma campanha promovida para aumentar o contingente militar do país.

Segundo a agência estatal norte-coreana, “os jovens apaixonados estão determinados a participar na guerra sagrada de destruição do inimigo com as armas da revolução (…) o seu grande entusiasmo se manifesta em todas as partes do país”.

O alistamento militar na República Popular Democrática da Coreia (nome oficial da Coreia do Norte) foi realizado entre segunda e terça-feira (14 e 15/10) e marcou o fim de uma campanha na qual o governo local afirmava que a vizinha Coreia do Sul violou o espaço aéreo norte-coreano com drones, e que “essa violação da nossa soberania deve receber uma resposta de grande proporção”.

Segundo o canal russo RT, a campanha norte-coreana pregou o “treinamento para operações visando eliminar a escória da República da Coreia (nome oficial da Coreia do Sul), que cometeu graves provocações”.

Governo da Coreia do Norte realizou campanha de alistamento massivo durante os dias 14 e 15 de outubro A mensagem do governo destacou a ideia de que a vizinha Coreia do Sul “quer uma guerra” e que países aliados de Seul estariam “empurrando seu governo a fazer com que a situação fique mais tensa”.

“Se explodir uma guerra, a República da Coreia (do Sul) desaparecerá do mapa. Como Seul quer a guerra, temos que estar prontos para acabar com a sua existência”, diz outro trecho da campanha, segundo o site RT.

Por sua parte, o governo da Coreia do Sul negou ter enviado drones ao território da República Popular Democrática da Coreia, e ainda acusou Pyongyang de explodir partes das estradas intercoreanas Gyeonggi e Donghae, cortando completamente a conexão por terra entre os dois países.

Em resposta, os militares sul-coreanos fizeram disparos em direção à Linha de Demarcação Militar (MDL), alegando “realizar um gesto de autodefesa e fazer um aviso”, contra atos que pudessem violar o Acordo de Armistício entre as duas Coreias.

Com informações de KCNA e RT.

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A população do Equador precisou adquirir um novo hábito desde setembro: conferir diariamente nas redes sociais da Corporação Elétrica Nacional do Equador (CNEL) os horários que suas casas, estabelecimentos ou bairros ficarão sem energia elétrica.

Moradores da capital Quito, Guayaquil e outras regiões vivem diariamente com cortes de energia que variam de seis a 10 horas. Desde a última quinta-feira (10/10), o racionamento voltou das 00h às 2h; 8h às 12h; e 16h às 20h (horário local).

Os chamados “apagões programados” foram medidas tomadas pelo governo de Daniel Noboa como forma de controlar o consumo de energia do país, que passa por sua pior crise energética em 61 anos.

Contudo, o estopim para a piora da situação foi a seca extrema que atingiu a América do Sul, afetando o abastecimento das hidrelétricas equatorianas, fonte de 70% da energia que atende cerca de 18 milhões de habitantes.

Segundo a pesquisadora equatoriana Pilar Troya, a situação é um combinado entre “falta de investimento e manutenção, além da falta de prevenção”.

“[A crise] é uma combinação de aumento da demanda junto com uma das maiores secas da história, e somado a isso a não manutenção de infraestrutura e equipamentos, e o não cumprimento do “Plan Maestro de Electrificación”, afirma a Opera Mundi.

Troya refere-se ao planejamento do então Ministério de Energias e Recursos Naturais Renováveis do Equador, feito em 2013 sob o governo de Lenín Moreno (2013-2021), que tinha como objetivo “melhoria dos indicadores de gestão e na garantia do fornecimento de eletricidade” no Equador.

O plano teve uma nova versão apresentada para o período de 2023 a 2032, mas a pesquisadora avalia que esta “não dá conta de tudo o que deixou de ser feito no plano anterior”.

Nesta terça-feira (15/10) ao programa Contacto Direto, a ministra de Energias e Minas do país, Inés Manzano, que assumiu a pasta em meio a crise na última quarta-feira (10/10), responsabilizou a administração estatal pela crise energética no Equador. Além disso, criticou gestões anteriores por não realizarem os racionamentos adequados à época.

“Essa forma de conceber a energia no Equador tem sido estadista, com um ponto de vista em que só o Estado investia”, disse ela ao convidar “todas as pessoas ou empresas que queiram investir em energias renováveis ​​não convencionais”.

Já na análise de Troya, “a partir do governo Moreno o investimento público reduziu drasticamente, de modo que o Estado não tem capacidade de dar conta nem dos serviços básicos”, como a energia elétrica.

Ao afirmar que o Equador “não pode depender do clima” para garantir seu fornecimento de energia, a responsável pelo setor ainda defendeu o presidente Noboa, que não se posicionou até o momento sobre a situação que envolve o país há quase um mês.

“O presidente confia na sua equipe, caso contrário o Ministério da Energia não teria sido designado a mim. Além de dar entrevistas, temos trabalhado para conversar com outros governos, viabilizar as coisas, e ele está ciente de tudo”, defendeu Manzano.

Barcos térmicos, geradores e importação da Colômbia

Em declaração à Teleamazonas, na última segunda-feira (14/10), a ministra admitiu que o racionamento elétrico deve durar até o final de novembro, com possíveis reduções de horário. Contudo, falou em “apagões mínimos” ainda no mês de dezembro.

“O que posso prometer é que até ao final de novembro vamos ter energia e vamos reduzir muito as suspensões”, falou a responsável, mencionando que a crise “tem muito a ver com a questão meteorológica”.

Tarefas domésticas, funcionamento de estabelecimentos e até mesmo o tráfego foram completamente prejudicados. Mas Manzano afirmou “ter consciência da indignação” dos equatorianos, prometendo o controle da situação e compensação da crise aos cidadãos.

Mencionando ações práticas do governo, a ministra falou sobre dois barcos térmicos para geração de energia que estavam a caminho do Equador, a fim de mitigar a crise. No entanto, as embarcações de geração móvel, com o custo de mais de 316 milhões de dólares cada, segundo o jornal local El Universo, atrasaram e passam por revisões.

Outra via considerada pelo governo de Noboa é a importação de energia elétrica da Colômbia, solicitada a Bogotá na última quinta-feira. Segundo a ministra, o país vizinho está considerando a possibilidade de retomar o comércio completo de 350 megawatts, e não apenas 25.

Assim, o governo tem dado preferência à compra de geradores de energia móveis, que, segundo a ministra de Energia, “é algo melhor” do que as barcaças, e foi uma decisão tomada pelo presidente Noboa.

É esperado que os geradores cheguem ao Equador, especialmente em Pascuales e Las Esclusas, que ficam em Guayaquil, até o final de outubro. Até lá, a população do país sofrerá com apagões, garantiu Manzano.

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Centenas de trabalhadores que protagonizam uma greve histórica na fábrica da Samsung Electronics da cidade de Chennai, no sul da Índia, foram presos pela polícia estadual de Tamil Nadu, na quarta-feira (09/10).

Os líderes da mobilização também acabaram detidos, mas foram liberados horas depois sob fiança. Entre eles, o presidente do Centro Estadual de Tamil Nadu para Sindicatos Indianos (CITU), A Soundararajan, e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Samsung Índia (SIWU), E Muthu Kumar.

O governo local justificou as prisões ao classificar os protestos levantados pela classe trabalhadora como “ilegal”. Desde 9 de setembro, mais de 1.3 mil funcionários da gigante sul-coreana em sua fábrica de Sriperumbudur, perto de Chennai, estão em greve, exigindo o reconhecimento do sindicato, melhores salários e condições de trabalho. Até o momento, não houve nenhum progresso nas negociações, já que a gestão da empresa se recusa a dialogar com a categoria.

Por outro lado, os funcionários defendem que a greve é legal, uma vez que um aviso prévio foi enviado à Samsung 14 dias antes do início da greve, conforme exigido por lei. A gigante sul-coreana estava, portanto, ciente das mobilizações.

No início da semana, três ministros do governo local de Tamil Nadu, incluindo o ministro das Indústrias, Promoções de Investimentos e Comércio, T.R.B. Rajaa, anunciaram que a gestão da Samsung e seus funcionários chegaram a uma resolução.

Segundo a Reuters, a empresa se comprometeu a aumentar os salários em US$ 60 por mês, além de melhores condições de trabalho. Atualmente, os funcionários da fábrica em Chennai recebem um salário mensal de cerca de US$ 359, insuficiente para cobrir as necessidades básicas do cotidiano.

No entanto, os grevistas rejeitaram o acordo, argumentando que se tratava de uma tentativa de dividir os trabalhadores. Eles alegaram que a Samsung havia criado um suposto “comitê de trabalhadores”, fingindo assinar um acordo inexistente.

“Nossa principal demanda é o reconhecimento do sindicato. Se concedido, encerraremos imediatamente a greve. Outras questões podem ser discutidas mais tarde”, explicou Soundararajan ao programa Frontline.

Centenas de trabalhadores em greve na fábrica da Samsung Electronics da cidade de Chennai, no sul da Índia, foram presos pela polícia estadual de Tamil Nadu na quarta-feira (09/10) Ainda segundo o presidente do CITU, a greve não se trata apenas sobre salários, mas “sobre o direito dos trabalhadores de formar associações sob o artigo 19 [da constituição indiana]” e seus “direitos de negociação coletiva”. Soundararajan também criticou o papel do governo estadual, afirmando que ele está “apoiando descaradamente a empresa”.

Atualmente a Samsung tem duas fábricas na Índia: uma em Chennai e outra na Autoridade de Desenvolvimento Industrial de New Okhla (NOIDA), perto de Delhi. Na fábrica de Chennai, há cerca de 1.700 trabalhadores que operam na produção, principalmente de TVs e outros eletrodomésticos. Destes, quase 1.300 estão em greve.

Desde 9 de setembro, os funcionários que aderiram à greve interromperam a produção em forma de protesto em prol de seus direitos trabalhistas. As manifestações causaram impactos à fábrica, que é essencial para a Samsung, tendo sido responsável por cerca de um quinto de suas vendas na Índia, no valor de US$ 12 bilhões, entre 2022 e 2023.

Vale lembrar que o SIWU é filiado ao Partido Comunista da Índia (PCI). No dia em que a greve completou um mês, na terça-feira, o membro do gabinete político da legenda progressista, G Ramakrishnan, visitou o local do protesto para estender a solidariedade aos trabalhadores da gigante sul-coreana e repudiar o fracasso do Estado em reconhecer o sindicato.

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apresentou nesta quarta-feira (16) o seu chamado "Plano da Vitória" no parlamento ucraniano (Verkhovna Rada). O documento consiste em propostas ucranianas para resolver a guerra com a Rússia e possui cinco pontos principais e foi levado por Zelensky durante sua viagem aos EUA e apresentado à Casa Branca, mas ainda não havia sido revelado oficialmente.

O plano de Zelensy também possui outros três anexos mantidos sob caráter confidencial, mas que foram apresentados aos países aliados. O Kremlin, por sua vez, declarou que não há nada de novo no plano de Zelensky.

Os cinco pontos do plano

Os termos do documento revelado pelo presidente ucraniano dizem respeito a garantias que Kiev quer ter no campo geopolítico, militar, econômico e de segurança. Segundo Zelensky, quatro dos pontos devem ser cumpridos durante a guerra "para completá-la", já o último diz respeito ao período pós-guerra.

1) Entrada na Otan

O primeiro ponto do plano é descrito como "geopolítico" e diz respeito à garantia de um convite para a Ucrânia entrar na Otan (a aliança militar ocicdental). Segundo Zelensky, "durante décadas, a Rússia explorou a incerteza geopolítica na Europa, especificamente o fato de a Ucrânia não ser membro da Otan".

"Foi precisamente isto que levou a Rússia a interferir na nossa segurança. Agora, o fato de um convite à Ucrânia para a Otan pode tornar-se verdadeiramente fundamental para o mundo", disse o líder ucraniano.

De acordo com ele, "um convite é uma decisão forte que requer nada mais do que apenas uma decisão determinada". "A determinação na questão da Otan para a Ucrânia também significa a inevitabilidade da integração europeia para a Ucrânia", acrescenta.

Zelensky ainda destacou que a ideia é que seja feito um "convite incondicional agora". "Esta é a certeza de como os parceiros realmente veem o lugar da Ucrânia na arquitetura de segurança", completou.

2) Defesa

O segundo ponto diz respeito à defesa ucraniana. Zelensky pediu o levantamento das restrições aos ataques em território russo para poder atingir de forma conjunta a aviação russa, bem como a expansão da utilização de drones e mísseis e acesso à inteligência aliada.

Zelensky classificou este ponto como um "retorno da guerra ao território russo". De acordo com ele, o objetivo deste termo é "para que os russos comecem a compreender o que é a guerra e voltem o seu ódio para o Kremlin".

Conseguir autorização para usar armas de longo alcance ocidentais e atacar território russo foi um dos principais objetivos da turnês de Zelensky nos EUA, no final de setembro. A expectativa, no entanto, não teve resultados concretos e a discussão sobre a liberação dos ataques de longo alcance continua em suspenso.

3) Dissuasão

No terceiro ponto, a Ucrânia propõe aos seus parceiros ocidentais que seja instalado no seu território um certo pacote de dissuasão estratégica não nuclear, que, segundo Zelensky, seria suficiente para proteger o território do país contra qualquer ameaça militar da Rússia.

4) Econômico

O quarto ponto é o desenvolvimento do potencial econômico da Ucrânia e o reforço das sanções. Este ponto contém um anexo secreto que foi compartilhado com os EUA e a UE.

Zelensky afirmou que a Ucrânia convida os Estados Unidos e alguns parceiros, em particular a União Europeia, para concluir "um acordo especial sobre a proteção conjunta dos recursos críticos disponíveis na Ucrânia, o investimento conjunto e a utilização do potencial econômico correspondente".

5) Pós-guerra

Já o último termo do documento aponta para o período pós-guerra, no qual, segundo o presidente ucraniano, os militares ucranianos poderão usar a sua experiência para reforçar a defesa da Otan e da Europa. De acordo com Zelensky, os militares ucranianos poderão substituir parte do contingente estadunidense na Europa.

"Depois desta guerra, a Ucrânia terá um dos maiores e mais experientes contingentes militares. Estas pessoas são os nossos soldados que terão experiência real na guerra moderna, experiência bem sucedida na utilização de armas ocidentais e experiência diversificada de interacção com militares da Otan. Esta experiência ucraniana deve ser usada para fortalecer a defesa da aliança e garantir a segurança na Europa", disse Zelensky.

Reação do Kremlin

Ao comentar a apresentação oficial dos termos do chamado "Plano da Vitória", o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que a proposta "provavelmente implica uma guerra com a Rússia até o último ucraniano".

"Há tantas semanas que se fala sobre algum tipo de 'plano de paz' efêmero, mas, muito provavelmente, este é o mesmo plano dos americanos de lutar conosco até o último ucraniano, que Zelensky agora camuflou e chamou de 'Plano de paz'. Não existe nenhum novo plano aí", disse ele.

Ele acrescentou que as autoridades em Kiev devem "ficar mais sóbrias e perceber as razões que levaram ao conflito na Ucrânia".

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, por sua vez, afirmou que o Volodymyr Zelensky, "com o seu 'plano de vitória', está apenas empurrando a Otan para um conflito direto com a Rússia e insiste em obter permissão para atacar o território russo".

A porta-voz acrescentou que "um dos pontos do plano é outra histeria sobre o convite da Otan à Ucrânia". Já sobre operações em território russo, Zakharova completa:

"Como ele quer conseguir isso? Isso é na verdade ridículo de dizer: 'causando danos à aviação russa junto com seus parceiros'. Ou seja, ele está empurrando a Otan para um conflito direto com nosso país e novamente insiste em obter permissão para uso de armas de longo alcance em território russo", declarou.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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O primeiro grupo de migrantes enviado pela Itália para os novos centros de identificação e acolhimento financiados pelo governo da primeira-ministra Giorgia Meloni na Albânia chegou ao porto de Shengjin nesta quarta-feira (16/10).

A proposta objetiva desviar o fluxo migratório no Mar Mediterrâneo em direção à Itália. Assim, foi criticado por organizações de direitos humanos e pela oposição italiana, mas aplaudido pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, como um modelo a ser seguido por outros países.

De acordo com informações obtidas pela agência italiana ANSA, os migrantes, 10 bengaleses e seis egípcios, partiram no navio Libra, da Marinha Militar italiana, em uma operação coordenada pelo Ministério do Interior italiano.

Os 16 homens adultos, interceptados em águas internacionais ao sul da ilha italiana de Lampedusa, serão identificados e passarão por exames de saúde. Todos eles serão transferidos para o outro local “italiano” em Gjader, no interior rural da Albânia, onde aguardarão o resultado de seu pedido de proteção internacional para requerentes de asilo.

As transferências englobam apenas migrantes provenientes de países considerados “seguros” por Roma, homens e que não estejam em situação de vulnerabilidade.

Os centros albaneses, de Shengjin e o de Gjader, que inicialmente deveriam ter sido abertos em maio, mas tiveram a inauguração adiada por atrasos na construção e nos procedimentos, são o resultado de um acordo entre Meloni e o primeiro-ministro albanês, Edi Rama.

Sobre o novo procedimento, Meloni declarou que este é um “bom exemplo” da Itália. A mandatária de extrema direita destacou ainda que este “é um caminho que reflete perfeitamente o espírito europeu e que tem tudo o que é necessário para ser seguido por outras nações não pertencentes à UE também”.

Por sua vez, a organização internacional de resgate de migrantes e refugiados no Mar Mediterrâneo Sea Watch denunciou que o acordo entre Itália e Albânia é baseado em deportações.

“Esta estrutura que custará aos italianos centenas de milhões de euros, baseia-se em um modelo mal sucedido. São verdadeiros campos de concentração já presentes em várias regiões italianas”, declarou por meio das redes sociais.

Sea Watch denunciou que centros na Albânia “são campos de concentração já presentes em várias regiões italianas” Questão migratória no Mediterrâneo Palco de crises migratórias consecutivas, o Mar Mediterrâneo é uma das principais rotas migratórias do mundo, em que muitos imigrantes e refugiados visam chegar à Europa através da Itália.

Organizações internacionais de resgate como a Sea Watch avaliam, contudo, que a crise é resultado da abordagem que a União Europeia tem usado para lidar com o fenômeno. Para Giorgia Linardi, porta-voz da ONG, a UE “não fornece nenhuma solução para o gerenciamento dos fluxos migratórios”.

“Já fazem cerca de 30 anos que estamos enfrentando o fluxo de pessoas através do mar Mediterrâneo Central. É um fenômeno que nos preocupa e que nos preocupará no futuro”, afirmou, explicando que o cenário seguirá caso o bloco continue a considerar o assunto migratório apenas como uma emergência, que só deve ser contornada.

De acordo com ela, a União Europeia regulamenta os assuntos migratórios por meio de ferramentas legislativas chamadas “decreto-lei”, usadas em situações emergenciais em busca de soluções imediatas.

Após anos de decretos anti-migratórios e tentativas de tornar a Europa inacessível, Linardi acredita que “os governos europeus não têm a menor ideia de como implementar políticas de migração de uma maneira diferente”.

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Em 1979 os EUA reconheceram a República Popular da China (RPC) e deixaram de dar o mesmo status à República da China (nome reivindicado pelo regime sediado em Taiwan desde que o Kuomitang foi derrotado na guerra civil, em dezembro de 1949, e os comunistas passaram a governar a China), o que significa que os EUA reconhecem que só há uma China. No entanto, os norte-americanos fazem uma ressalva em sua política para a China e Taiwan: ao passo em que reconhecem a China e a posição chinesa de que “só existe uma China”, sua chancelaria não proclama o reconhecimento “automático” de que Taiwan é parte da China.

Para sustentar a posição, a chancelaria dos EUA apoia-se em um jogo de palavras, baseado na recusa em trocar, quando se trata do acordo firmado em 1979, o termo acknowledge pelo termo recognize. Para o falante de português o jogo de palavras é complicado, pois os dois termos, conforme os dicionários, são basicamente sinônimos. No entanto há nuances: segundo o Tesaurus, acknowledge é o mesmo que admitir que algo é real ou verdadeiro – to admit to be real or true; recognize the existence, truth, or fact of. Já recognize tem, entre suas várias traduções e sinônimos possíveis (o que inclui acknowledge), o sentido jurídico de aceitar ou reconhecer formalmente uma situação factual ou legal específica (to acknowledge or accept formally a specified factual or legal situation). O termo, portanto, adequa-se à situação de reconhecer um regime ou um governo, do ponto de vista legal: segundo o Tesaurus, to recognize a successful revolutionary regime as the de facto government of the country. Um detalhe, portanto.

Em bom português, trocar um pelo outro é trocar seis por meia dúzia, e certamente um italiano diria com gestos impacientes que é tutti la stessa cosa e este seria seguindo pelos franceses, para quem acknowledg e recognize c’est la même chose.

Mas a dubiedade é filha da esperteza política, coisa que não falta à maior potência militar do planeta. Tão logo o governo Carter proclamou o reconhecimento de que só há uma China (e portanto a República Popular da China teria o direito de representação do povo chinês na ONU), o Congresso dos EUA adotou o Taiwan Relations Act (TRA), que estabeleceu a base da manutenção das relações entre os EUA e a ilha de Formosa na ausência de laços diplomáticos oficiais. Desde a edição do TRA, as relações entre EUA e Taiwan são organizadas e articuladas por meio de duas organizações privadas que mantêm contratos com o Departamento de Estado: o American Institute in Taiwan (AIT) e o Taipei Economic and Cultural Representative Office (TECRO).

Além disso, o TRA listou compromissos dos EUA em relação à segurança de Taiwan e autorizou o Congresso a supervisionar vários aspectos da política dos EUA para Taiwan. A lei exigia que o presidente informasse o Congresso imediatamente sempre que se vislumbrasse algum perigo para Taiwan, além de necessariamente consultar o Congresso para elaborar as ações. Articulado ao tema da segurança, o ato autorizou a continuação de relações comerciais e culturais entre EUA e Taiwan. Ainda, o TRA considera que qualquer ação visando definir o status de Taiwan em relação à China que não seja pacífico – incluindo boicotes ou embargos – é uma ameaça à paz e à segurança da área do Pacífico Ocidental e um tema de interesse dos EUA. Por fim, o TRA autoriza que os Estados Unidos forneçam armas defensivas para Taiwan e exige que os Estados Unidos mantenham a capacidade de resistir a qualquer recurso à força ou outras formas de coerção que possam colocar em risco a segurança ou o sistema social ou econômico do povo de Taiwan.

Durante o governo de Ronald Reagan, em 1982, foram estabelecidas as chamadas “seis garantias” relativas à política dos EUA para Taiwan e China. Essas garantias são de que os Estados Unidos:

– Não concordam em definir uma data para encerrar as vendas de armas para a República da China;

– Não concordam em realizar consultas prévias com a RPC sobre vendas de armas para a República da China;

– Não desempenharão o papel de mediadores entre a RPC e a República da China;

– Não revisarão o Taiwan Relations Act;

– Não alterarão sua posição sobre a soberania de Taiwan; e

– Não exercerão pressão sobre a República da China para entrar em negociações com a RPC.

Esses seis pontos seguem em uso no tocante às formulações do Departamento de Estado dos EUA para a China. É com base neles que o país mantém seu posicionamento por assim dizer escorregadio em relação ao pleito da China de ser reconhecida como soberana no território da Ilha de Formosa. O TRA é a base legal do relacionamento dos EUA com a ilha e foi apoiada nele que a então presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, visitou Taiwan em 2022. E é com essa “justificativa legal” que o fluxo de armas para ilha segue sem interrupções. Para os EUA, não existe urgência em Taiwan ser um “país” ao mesmo tempo em que não há interesse que ocorra uma aceitação, por Taipei, da soberania da RPC sobre a ilha. Manter Taiwan em estado permanente de tensão e, ao mesmo tempo, funcionando plenamente como um “protetorado” (sob gestão privada) dos EUA na região, é a solução duradoura desejada.

Nos últimos dias muito se falou dos exercícios militares da China nos mares que circundam Taiwan – que é separado do continente pelo estreito de Taiwan, a 315km da província continental de Fujian, com a qual a Ilha reparte muitas tradições. Pouco se fala, no entanto, sobre o permanente jogo de provocações comandado pelos EUA há 40 anos e do deslocamento recente de porta-aviões de países da OTAN para a região, mostrando que o TRA do Congresso dos EUA já foi absorvido pela organização e pelos seus aliados europeus.

A demonstração de capacidades militares da China causou frisson e especula-se nas mídias sobre um desejo chinês de ocupação militar de Taiwan. No entanto, para a China, uma ação militar contra Taiwan seria uma ação militar contra o seu próprio povo. O grupo étnico majoritário na província de Fujian, que fica de frente para Taiwan, é o mesmo que dá origem a cerca de 73% da população taiwanesa. Além disso, os dois lados do estreito compartilham a culinária, aspectos linguísticos, culturais e religiosos. O governo de Pequim apoia-se nesses laços para reforçar que Taiwan é parte da China e não uma entidade nacional distinta. Além disso, o comércio de semicondutores da ilha para o continente garante um fluxo superavitário (em cerca de 79 bilhões de dólares em 2023) para Taiwan. Certamente do lado da RPC a manutenção dos laços e a pacificação das relações é um projeto de longo prazo, baseado na dependência mútua e no reforço da identidade comum. A existência, no entanto, de uma política consistente da maior potência militar do mundo para a ilha não é algo a ser desconsiderado e ignorado. A persistência do TRA e dos “seis pontos” são a verdadeira razão dos exercícios militares que assistimos nos últimos dias.

(*) Rita Coitinho é socióloga e doutora em Geografia, autora do livro “Entre Duas Américas – EUA ou América Latina?”, especialista em assuntos da integração latino-americana.

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Enquanto alguns “especialistas” questionam, surpresos, o “bom desempenho” da economia peruana apesar de seu governo, o impacto econômico dos efeitos disruptivos do megaporto de Chancay aparece como um dos fatores que explicam essa performance. Não que a economia peruana tenha sido excepcional (2,2% de crescimento médio anual do PIB), mas que consegue destacar-se num mundo de baixo crescimento.

Vamos ver. A principal economia europeia, a Alemanha, anuncia que este ano terminará com uma recessão de -0,2%, superior em relação a 2023 que foi de -0,1% (Süddeutsche Zeitung); Os EUA não ultrapassaram o crescimento anual de 2% durante 10 anos; o Uruguai não ultrapassará 2%; enquanto a Argentina e o Haiti apresentam taxas de crescimento negativas. Para a América Latina, os organismos multilaterais estimam um crescimento em torno de 2%, em média.

Neste contexto, Chancay é uma grande oportunidade para o Peru, cujo aproveitamento envolve o cumprimento de algumas condições “sine qua non”:

Sobre o papel do Estado

  • O Estado não oferece respostas aos problemas gerados pelo sistema capitalista global desde os seus anos de esplendor, há décadas. Não existem soluções plausíveis para a crise ambiental, a desigualdade, a concentração de riqueza, entre outros, tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento.

  • Portanto, a mudança do papel do Estado torna-se imperativa, especialmente na inovação, na investigação, na transição energética e no crescimento sustentável. Isto é apoiado por especialistas notáveis ​​como Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, e a economista Mariana Mazzucato, que se tornou um guru da economia pela 4T. Sem uma intervenção clara do Estado, Sillycon Valley (EUA) e o desenvolvimento econômico de dezenas de países asiáticos teriam sido impensáveis.

  • A abordagem da economia deve ser radicalmente inovadora, de modo a permitir que enfrente novos desafios econômicos e sociais. Não ajuda focar em pequenos dogmas como a “disciplina fiscal”, nem ajuda a continuar a sacralizar o “mercado livre”. É preciso ter clareza sobre objetivos de médio e longo prazo com intervenção decisiva do Estado. É claro que só o setor privado não pode fazê-lo.

  • Consequentemente, é necessária uma economia moderna mas inclusiva, que seja capaz de compreender e enfrentar os problemas das alterações climáticas, da saúde e da educação públicas, da desigualdade e da insultuosa concentração de riqueza. Isto só será possível com um papel decisivo do Estado, que deverá alinhar os esforços públicos e privados, bem como a colaboração entre a academia e as empresas, etc.

  • A industrialização que se propõe a partir das ZEE não é, neste quadro, uma repetição do que foi a industrialização por substituição de importações dos anos 80 do século passado. O que é necessário é que se inclua pacotes tecnológicos em todos os processos, o uso intensivo de inteligência artificial, robótica, Big Data e machine learning. Este esforço nos aproximaria da Quarta Revolução Industrial global (Q4).

  • Nada disso será possível sem um sinal claro de um Estado disposto a erradicar a corrupção que corrói o tecido social, político e empresarial do Peru. Nesta linha, seria aconselhável começar por estabelecer sanções severas que incluíssem, em casos extremos, a pena de morte, como ocorre no Vietnã, na China e em 50 outros países. Infelizmente, no atual Congresso e Executivo está sendo feito o contrário.

  • O Estado deve melhorar substancialmente as condições urbanas das cidades próximas ao porto, não só para gerar um ambiente de bem-estar, mas também para promover o desenvolvimento do capital humano. As cidades próximas não devem ser “cidades dormitório”, mas sim centros onde o talento e a iniciativa são incentivados na perspetiva do desenvolvimento tecnológico e da inteligência artificial.

  • Considerando que se prevê um crescimento populacional explosivo, além da chegada massiva de trabalhadores, será necessário um Plano de Desenvolvimento Urbano de Chancay para evitar desordem e precariedade na construção de moradias. A construção de vias de acesso e saída, pontes, estradas, escolas, hospitais, etc., é tarefa do Estado no âmbito do referido Plano.

  • Tudo o que foi dito acima justifica ter urgentemente uma FOLHA DE ROTA ou um PLANO DE AÇÃO em diferentes horizontes temporais que o Estado deve propor imediatamente, envolvendo em suas ações e objetivos todos os atores interessados ​​direta ou indiretamente nas operações do Porto de Chancay.

Sinais de excesso

O anúncio da entrada em funcionamento do megaporto de Chancay desencadeou um conjunto de iniciativas e ações de natureza econômica que implicam a eventualidade de um excesso cujos elementos óbvios apontamos:

Os 14 pólos industriais (Binswanger Perú, dez. 2023) que Lima possui estão sendo subsumidos pelo tecido urbano diante do horizonte que se abre com Chancay. O caso das fábricas que anteriormente funcionavam na Av. Argentina é ilustrativo. Seus terrenos estão sendo adquiridos por empreendimentos imobiliários que elevam todos os custos associados ao setor.

Felizmente, o Peru “periférico” possui áreas que facilitarão os processos de migração dos parques industriais atualmente em operação ou em processo de planejamento. Entre elas, destacam-se as áreas de Villa el Salvador, Lurín, Trapiche e Huachipa com infraestrutura básica que facilitaria a implementação de Parques Industriais e assumiria o desafio de produzir em escalas e diversidade nunca vistas no Peru. O mesmo se pode dizer das zonas de Ancón e Ventanilla, que apresentam condições adequadas.

Em termos concretos, a Cosco Shipping Perú informa que existem quatro empresas globais interessadas em investir em atividades associadas ao Porto, especialmente em tecnologia, logística, telecomunicações e transformação de matérias-primas em parques industriais, onde encontram as melhores condições para investir.

No âmbito local, a expansão do Aeroporto Internacional Jorge Chávez está se acelerando, há projetos rodoviários e ferroviários, a Intercorp vai lançar um supermercado Plaza VEA em novembro. Além disso, é anunciada a construção de uma subsidiária da Clínica San Pablo, com 12 andares e um heliporto; está prevista a construção de um Hotel Aranwa Hotel Resorts. Por outro lado, a Cosco Shipping Perú vem promovendo o Cluster portuário, tecnológico e logístico na rota Callao-Ancón-Chancay.

Experiência e lição

No que diz respeito aos Parques Industriais modernos, não há muito o que “inventar”. A experiência é vasta, especialmente na Ásia. O caso dos antigos “tigres asiáticos” (Taiwan, Coreia do Sul, Singapura e Hong Kong) poderia ser uma referência para o Peru. Há 40 anos, a sua situação era semelhante à do Peru em termos de PIB/per capita e níveis de desenvolvimento produtivo. Depois dessa época, esses países souberam aproveitar os seus portos como alavancas de desenvolvimento, alcançando um nível de desenvolvimento muito semelhante ao dos países do Norte Ocidental.

Como isso aconteceu? Embora muitos não gostem, é preciso dizer: é papel do Estado. Nestes países existe mercado livre e investimento privado, mas com orientação do Estado. Aí os monopólios e oligopólios são regulados e respondem aos objetivos de desenvolvimento nacional estabelecidos pelo Estado. Esta experiência, para não falar da China, mostra claramente o caminho a seguir quando se trata de industrializar um país a partir da utilização óptima de um porto como Chancay.

Nestes países, os portos não são apenas infraestruturas para o comércio internacional, mas também fatores cruciais na criação de corredores econômicos que ligam a produção local às cadeias de valor globais.

Outro caso digno de nota é o porto de Laem Chabang, na Tailândia. Não só serviu o comércio, mas também facilitou e promoveu o desenvolvimento de parques industriais próximos ao porto, beneficiando substancialmente a indústria automóvel com custos logísticos consideravelmente inferiores aos que tinha anteriormente. A mesma lógica se aplica a outras indústrias que, tendo uma ZEE moderna, poderiam beneficiar de vantagens fiscais, tarifárias e logísticas.

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