[-] NoahLoren 5 points 2 days ago

Li a matéria e eram médicos de verdade espalhando essas desinformações a respeito de câncer de mama.

O primeiro desencorajou a pessoa a fazer mamografia, embora ele negue que tenha a aconselhado a não fazer, afirmou que a radiografia é perigosa, não sei o bastante para dizer se é e ainda deu um palpite de que a protuberância na mama da pessoa em questão era fruto de deficiência de yodo. Tudo isso apenas através de uma caixa de perguntas no Instagram!? Esse cara é melhor que o Doutor House...

A segunda simplesmente disse que câncer de mama não existe. E ela se apresentou como uma especialista nessa área... Embora a matéria diga que não encontraram o registro dela...

Vamos acabar com esse mito do médico superior moral e intelectualmente. Por favor.

[-] NoahLoren 1 points 3 days ago* (last edited 3 days ago)

Descrição da Imagem: capa do álbum Gatinha Comunista do artista Vitroles. Uma ilustração no estilo dos cartazes de agitação soviéticos exibindo uma garota jovem, de cabelos lisos, vestindo uma camiseta de mangas curtas, com uma braçadeira com o símbolo do comunismo, a foice e o martelo, ela também segura um livro escrito Vitroles na capa e está cercada de estrelas de cinco pontas.

[-] NoahLoren 2 points 3 days ago

Por um momento pensei que estavam falando da protagonista de Elfen Lied. XD

Achei até que era meme.

A personagem é bem fofinha - Nenhuma novidade, faz tempo que diferentes vertentes do cristianismo investem em animações para "espalhar a palavra".

Faz alguns meses que a Igreja Católica canonizou o primeiro santo millennial. E eu ouvi algo sobre reconhecerem os milagres de um amazonense.

Sou ateu, não acompanho muito as notícias relacionadas ao Vaticano.

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submitted 4 days ago by NoahLoren to c/ciencia

Duas estudantes americanas do Ensino Médio, Calcea Johnson e Ne'Kiya Jackson, descobriram cinco novas formas de provar o Teorema de Pitágoras usando trigonometria. O caso aconteceu ainda em 2022, nos Estados Unidos. Porém, as soluções que as jovens propuseram para o problema estava sob análise de matemáticos, e foram confirmadas apenas recentemente.

Quem é leitor da GALILEU talvez se lembre de quando a notícia veio a público pela primeira vez, no ano passado. Agora, um estudo que descreve as 5 novas provas do Teorema de Pitágoras descobertas pelas alunas foi publicado no American Mathematical Monthly.

Estudantes podem ter chegado a prova "impossível" para O teorema de Pitágoras tem como fórmula a clássica equação "a² + b² = c²", que versa que a soma de dois lados de um triângulo retângulo (a² + b²) é igual ao valor do lado maior, chamado de hipotenusa (c²). Com essa fórmula, ao possuir o número de dois lados de um triângulo retângulo, é possível descobrir o valor do lado restante.

Em síntese, a soma dos dois lados mais curtos ao quadrado é igual ao quadrado do maior lado, a hipotenusa. O teorema foi comprovado por matemáticos ao longo dos anos, através do uso da álgebra e da geometria.

Porém, muitos consideravam impossível que o teorema fosse provado por trigonometria, pois este ramo da matemática depende do próprio Teorema de Pitágoras para definir relações entre os ângulos e os lados de um triângulo. Ou seja, usar a trigonometria para comprovar o teorema só estaria confirmando sua veracidade.

Jackson e Johnson conseguiram provar o Teorema de Pitágoras de uma forma independente, algo feito apenas duas vezes anteriormente por matemáticos. Em março de 2023, as estudantes compartilharam seus estudos na reunião da Sociedade Americana de Matemática, em Atlanta, na Geórgia.

O estudo de Jackson e Johnson contém cinco novas formas de provar o teorema utilizando trigonometria e mais cinco comprovações a partir de um método, o que totaliza dez novas confirmações matemáticas. Na conferência, uma dessas provas tinha sido apresentada por outras pessoas, o que significa que nove são descobertas matemáticas.

Elas enviaram as descobertas para serem revisadas por matemáticos e, posteriormente, publicadas na forma de um estudo científico. "Fiquei bem surpresa por ser publicada. Não pensei que chegaria tão longe”, disse Jackson, em comunicado. "Ter um artigo publicado, mesmo sendo tão jovem, é realmente alucinante", afirma Johnson.

Na pesquisa publicada, é explicado por algum dos autores que existem duas versões distintas da trigonometria, por isso, os estudantes acabam se confundindo e adquirindo muita dificuldade para entender esse tema matemático.

Por outro lado, Jackson e Johnson relataram que ao estudar apenas uma dessas versões, elas conseguiram extrair novas comprovações do Teorema de Pitágoras.

Nenhuma das jovens estuda matemática na faculdade

Jackson está fazendo doutorado em farmácia, na Universidade Xavier, em Louisiana. Johnson foi para uma área diferente, e estuda engenharia ambiental, na Universidade Estadual de Louisiana.

"Seus resultados chamam a atenção para a promessa de novas perspectivas para a área. Eles também destacam o papel importante dos professores e escolas no avanço da próxima geração de matemáticos”, afirma a editora-chefe da American Mathematical Monthly, Della Dumbaugh.

"Estou muito orgulhosa de que ambas possamos ser uma influência tão positiva ao mostrar que mulheres jovens e mulheres de cor podem fazer essas coisas, e deixar que outras mulheres jovens saibam que elas são capazes de fazer o que quiserem. Então, estar nessa posição me deixa muito orgulhosa", ressalta Johnson.

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submitted 4 days ago by NoahLoren to c/ciencia

O uso de cadáveres para observação e dissecção é o melhor método para o estudo da anatomia e o treinamento de habilidades médicas e cirúrgicas.

É o que defendem as principais instituições de ensino e sociedades médicas ao redor do mundo.

Mas no Brasil, o uso acadêmico dos corpos pós-óbito não é tão popular, e a decisão de doar o corpo para ciência ainda não é amplamente abraçada.

A falta de peças anatômicas é a realidade para maioria das universidades públicas no país, o que a BBC News Brasil mostrou em uma reportagem publicada em 2023.

Por isso, a divulgação de cursos que usam cadáveres ainda frescos para o treinamento de técnicas de harmonização facial (como aplicação de toxina botulínica e preenchimento com ácido hialurônico), causou um debate intenso recentemente na rede social Bluesky (que funciona de forma semelhante ao X).

O uso foi considerado algo fútil por muitos usuários da rede. Como faltam corpos para as universidades, mas estão disponíveis para harmonização facial?

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil explicam que o treinamento em cadáveres para estética faz sentido, já que os procedimentos incluem estruturas sensíveis da face.

Além disso, que os corpos não são provenientes das mesmas fontes das universidades federais — e por isso, os cursos não estariam competindo com elas por recursos.

Nos cursos de harmonização facial, não são quaisquer cadáveres, mas sim corpos ainda frescos por terem passado por uma técnica de congelamento logo após o óbito, que foram doados em outros países e são importados para o Brasil.

Chamada de ‘fresh frozen’, essa é considerada uma alternativa superior à técnica tradicionalmente usada para conservar os corpos com formol (geralmente usada nas universidades públicas), porque permite preservar mais as características do corpo humano.

Enquanto substâncias químicas como o formol degradam parte das estruturas e diminuem a semelhança com uma pessoa viva, os cadáveres preservados com a técnica fresh frozen ficam praticamente intactos.

Quem opta por doar o corpo para a ciência compreende que essa doação será usada para o estudo de diversas áreas da saúde, abrangendo estruturas anatômicas, tecidos e sistemas do corpo humano.

Ao fazer essa escolha, o doador não tem a possibilidade de restringir o uso de seu corpo a uma disciplina específica, como neurologia, ortopedia ou qualquer outra área.

A legislação brasileira proíbe a comercialização de cadáveres e partes de corpos. Por isso, tanto as universidades públicas quanto os cursos de centros privados, como é o caso dos que oferecem treinamento para harmonização facial, o material usado deve ser proveniente de doação.

A diferença está no caminho que esses cadáveres fazem até chegar a uma sala de aula — e também nos custos que isso implica.

As universidades públicas que usam cadáveres para aulas os recebem principalmente por meio de doações voluntárias — quando a pessoa decide ainda em vida que quer dar aquele destino aos seus restos mortais.

Em casos menos frequentes, indivíduos que morreram sem identificação e que não tiveram seus corpos reclamados em até 30 dias também podem ter seus corpos encaminhados para instituições de ensino.

Nos centros de estudo que utilizam a técnica de conservação fresh frozen, os corpos são provenientes principalmente de doações nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, como a Holanda.

Caso o doador decida que não quer que seus restos mortais sejam enviados para um país diferente, ele pode declarar isso na documentação que preenche ao fazer a escolha de doar.

Empresas especializadas são responsáveis por conectar os doadores às instituições de ensino interessadas que possuem condições de custear os gastos com a importação.

Mas ainda que os cadáveres importados sejam provenientes de doações, o processo de congelamento e manutenção dos corpos é caro e exige não só cuidados extensivos durante a importação, mas também um laboratório com câmaras específicas para a preservação.

Isso se torna uma barreira para universidades públicas com fundos limitados. Para os cursos privados, significa que o valor gasto será refletido na matrícula — o que faz com que não seja acessível para todos.

"Se temos dificuldade de fazer um programa voluntário de doação e montar uma estrutura básica de rede para receber os corpos e outras tarefas que são bem mais baratas, imagine a importação de corpos congelados", disse José Aderval Aragão, coordenador do Programa de Doação Voluntária de Corpos da UFS (Universidade Federal de Sergipe), em entrevista à BBC News Brasil.

Ricardo Eustáquio da Silva, professor de anatomia da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), diz que, na instituição, a possibilidade de importar corpos ‘fresh frozen’ sequer chegou a ser cogitada.

"É uma alternativa muito cara. No passado, países como os Estados Unidos, a Espanha e o Canadá também passaram pela dificuldade de não ter cadáveres suficientes, mas isso foi resolvido com a conscientização da população sobre a importância da utilização de material humano para o ensino dos futuros profissionais da área da saúde."

A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) é a única universidade pública no Brasil que dispõe de câmaras adequadas para a preservação de corpos.

No entanto, os cadáveres utilizados pela instituição são provenientes de um programa de doação já consolidado em Minas Gerais, o que torna desnecessária a importação desses corpos.

O treinamento de harmonização em cadáveres faz sentido?

"Harmonização facial é uma área que tem crescido exponencialmente em todo o Brasil. E, logicamente, você precisa treinar, se aperfeiçoar e melhorar o máximo possível para que tenha a menor chance de erro na hora de tratar o seu paciente", diz Henrique Barros, presidente da Sociedade Brasileira de Anatomia.

"Nenhum boneco ou simulador chega nem perto da veracidade de um treinamento com cadáver fresco. Ao fazermos alguns procedimentos, ele ainda pode sangrar, é muito similar a um paciente vivo", complementa.

A legislação atual prevê que harmonização facial pode ser feita por médicos dermatologistas, cirurgiões plásticos, dentistas especialistas na área (ao menos 500 horas de especialização, de acordo com norma do Conselho Federal de Odontologia), biomédicos e farmacêuticos — ambos com pós-graduação na área de Saúde Estética reconhecida pelo Ministério da Educação.

''No caso de procedimentos cosmiátricos invasivos, apenas profissionais com formação em Medicina devem realizá-los, uma vez que os mesmos oferecem riscos de danos temporários e permanentes e até óbitos devido às falhas na indicação, na técnica e por aplicação de procedimentos realizada de modo inseguro'', diz Heitor de Sá, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Entre as alternativas para os profissionais que estão treinando em harmonização facial, destacam-se o uso de bonecos, modelos digitais 3D, que permitem simulações dos procedimentos, e o oferecimento de tratamentos a preço de custo para pacientes que aceitam ser atendidos por profissionais ainda em formação.

'Pacientes modelos' se oferecem como 'cobaias' em treinamentos de harmonização a botox Com cadáveres frescos, defendem os especialistas, o treinamento ajuda os profissionais a terem uma melhor noção de como preservar as regiões nobres e evitar lesionar tecidos importantes, como grandes artérias e nervos.

"Embora não seja possível observar o resultado completo, como o inchaço e a resposta inflamatória que ocorrem em pacientes vivos, cumpre-se o objetivo de aprender a localizar as camadas e lacunas corretas e prevenir complicações como necrose ou embolia", explica Mohamad Abou Wadi, formado em odontologia e parte do Instituto de Treinamento em Cadáveres.

A dissecação do cadáver mostra as estruturas anatômicas, como vasos arteriais e venosos, nervos sensitivos, nervos motores e músculos que, se lesados durante qualquer procedimento, podem trazer complicações graves.

"No estudo do cadáver fresco é possível demonstrar o trajeto destas estruturas anatômicas, assim como o plano de profundidade onde se encontram. Os vasos arteriais e venosos podem ser injetados com corantes que o destacam, o que permite observar seus trajetos" descreve Sergio Serpa, médico dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Professor de Cirurgia Micrográfica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Quanto custa um curso com cadáver fresco?

O custo dos cursos que utilizam cadáveres ‘fresh frozen’ varia significativamente.

Um curso de harmonização facial oferecido por um centro chamado HAC (Human Anatomy Center), localizado em Bauru e Alphaville (ambas localizações próximas à cidade de São Paulo), que inclui módulos que passam por temas como teoria e prática de anatomia de cabeça e pescoço, técnicas anestésicas, histofisiologia (estudo da estrutura e função dos tecidos), toxina botulínica e mais, custa R$1.500.

Mas o corpo — ou apenas partes dele — pode ser utilizado em diversas áreas da Medicina, da Ortopedia à Neurologia, geralmente para profissionais já graduados que querem aperfeiçoar técnicas cirúrgicas.

"A peça anatômica é apenas um material didático, e o valor final pode ser influenciado também pelo prestígio da instituição e o renome do professor que irá ensinar a técnica. Em alguns casos, a indústria patrocina cursos para médicos, por exemplo, como forma de divulgar novas técnicas. Considerando esses fatores, os valores podem variar de R$ 3 mil a R$ 15 mil", diz Mohamad Abou Wadi.

Após os treinamentos, conta Wadi, o corpo passa por dissecação para que os profissionais possam analisar erros e acertos, o que contribui para o aprendizado.

"Essa sequência de uso maximiza o aproveitamento da peça, que só depois desse processo completo é destinado à incineração."

A cultura de doação de corpos O Brasil ainda tem um caminho longo até que cadáveres se tornem materiais didáticos acessíveis para profissionais de saúde em formação em diferentes áreas.

"No Brasil, já é muito difícil incentivar as pessoas a doarem sangue ou órgãos, e a doação de corpos é ainda mais complicada. É importante ressaltar a importância de as pessoas se preocuparem em doar porque reflete diretamente na formação dos futuros profissionais", diz o presidente da Sociedade Brasileira de Anatomia.

Quando não há cadáveres suficientes para a dissecção, professores buscam as opções mais próximas para oferecer uma experiência mais fiel nas aulas de anatomia.

"A prática de dissecação, que é primordial para a anatomia topográfica, fica deficitária em nossas aulas. Temos alguns modelos sintéticos e usamos peças cadavéricas", afirmou Célia Regina de Godoy Gomes, professora de Anatomia Humana do Departamento de Ciências Morfológicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em reportagem da BBC publicada no ano passado.

Quem deseja doar seu corpo especificamente para fins de estudo pode se registrar ainda em vida em programas do tipo mantidos por universidades ou informar parentes sobre seu desejo de participar para que eles façam a doação.

Um levantamento ainda em andamento feito pela professora Andrea Oxley, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) aponta que existem hoje 41 destes programas no Brasil.

"Ainda não temos certeza que este é o número final”, diz Oxley.

“É pouco para a quantidade de instituições com cursos da área de Saúde, mas, se observarmos que a maioria surgiu nos últimos anos, considero que é um dado positivo.”

Esses programas são considerados hoje a melhor forma de suprir a escassez de cadáveres, mas professores de Medicina ouvidos pela BBC News Brasil dizem que o número de doações ainda é baixo. Nos primeiros cinco anos do programa de doações de corpos da Universidade Federal do Espírito Santo, por exemplo, apenas seis cadáveres foram doados.

Para muitas universidades, o desafio de tornar seus programas conhecidos — e bem aceitos — entre a população local continua.

Queria ser o jornalista responsável por essa matéria para perguntar para o entrevistado se ele doaria o corpo dele para a Ciência após sua morte... Para dar um bom exemplo para o público, eu juro!

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submitted 4 days ago by NoahLoren to c/noticias

A crescente popularidade global do TikTok fez com que o cofundador de sua empresa-mãe, a ByteDance, se tornasse a pessoa mais rica da China.

Zhang Yiming agora possui uma fortuna de US$ 49,3 bilhões (cerca de R$ 283 bilhões), um aumento de 43% em relação a 2023, de acordo com a lista do instituto de pesquisa Hurun.

Aos 41 anos, Zhang deixou o cargo de diretor-executivo (CEO no jargão empresarial) da ByteDance em 2021, mas acredita-se que ainda detenha aproximadamente 20% da empresa.

O TikTok tornou-se um dos aplicativos de rede social mais populares do mundo, apesar de preocupações em alguns países sobre seus vínculos com o governo chinês.

Embora tanto o TikTok quanto a ByteDance afirmem ser independentes do governo chinês, os Estados Unidos planejam banir o TikTok em janeiro de 2025, a menos que a ByteDance venda a operação no país.

Apesar da pressão dos americanos, o lucro global da ByteDance aumentou 60% no ano passado, elevando a fortuna pessoal de Zhang Yiming.

"Zhang Yiming é a 18ª pessoa a chegar ao topo da lista (de mais rico) da China em apenas 26 anos", disse Rupert Hoogewerf, chefe do Hurun Research Institute.

"Os Estados Unidos, em comparação, tiveram apenas quatro números um: Bill Gates, Warren Buffett, Jeff Bezos e Elon Musk. Isso dá uma indicação do dinamismo da economia chinesa."

Antes de Zhang, a pessoa mais rica da china era Zhong Shanshan, presidente da maior empresa de bebidas da China, a Nongfu Spring, de acordo com a Reuters.

Quem é Zhang Yiming?

Zhang Yiming nasceu em Longyan, no sudeste da China, em 1983.

Antes de criar sua própria empresa – a ByteDance, em 2012 –, ele trabalhou na Microsoft e no Kuxun, um dos principais sites de busca de viagens e transporte da China, que depois foi adquirido pelo TripAdvisor.

O engenheiro de software começou a trajetória de sua empresa com um agregador de notícias baseado em inteligência artificial que teve muito sucesso na China.

Ele mesmo o definiu como "um negócio de buscas" ou uma "rede social", mais do que apenas uma empresa de notícias, em entrevista para a Bloomberg em 2017.

Depois de investir em vários aplicativos, a ByteDance desenvolveu o precursor do TikTok, chamado Douyin, que foi lançado localmente em 2016. A ideia era criar vídeos musicais de 15 segundos para serem compartilhados na internet.

Em 2017, o Douyin chegou ao mercado internacional rebatizado de TikTok. Isso foi no mesmo ano em que a ByteDance comprou o aplicativo Musical.ly, herdando mais de 20 milhões de usuários ativos, que ajudaram na expansão do TikTok.

Num perfil na revista americana Time, Zhang é descrito como uma pessoa "discreta, mas carismático"; "jovem, mas sábio".

Zhang deixou o cargo de presidente da ByteDance em 2021, após renunciar como CEO no início daquele ano, supostamente sob pressão do governo chinês.

Bilionários da Tecnologia

Zhang Yiming não é o único representante do gigantesco setor de tecnologia da China na lista.

Pony Ma, chefe do conglomerado tecnológico com atuação na indústria de jogos eletrônicos Tencent, ocupa o terceiro lugar na lista.

No entanto, a fortuna deles não é explicada apenas pelo sucesso de suas empresas, já que seus concorrentes ganharam menos dinheiro em um ano em que a economia da China apresentou dificuldades.

Apenas cerca de 30% das pessoas na lista tiveram um aumento em seu patrimônio líquido no último ano; o restante viu uma diminuição.

"A lista dos mais ricos da China encolheu pelo terceiro ano consecutivo, de forma inédita, já que a economia e os mercados de ações da China tiveram um ano difícil", disse Rupert Hoogewerf, chefe do instituto Hurun.

"O número de indivíduos na lista caiu 12% no último ano, para pouco menos de 1.100, uma redução de 25% em relação ao pico de 2021."

Hoogewerf explicou que foi um bom ano para fabricantes de smartphones, como a Xiaomi, enquanto o mercado de energia verde enfrentou dificuldades.

"Fabricantes de painéis solares, baterias de lítio e veículos elétricos tiveram um ano desafiador, com a intensificação da concorrência levando a um excesso de oferta, e com a ameaça de tarifas", afirmou.

"Os fabricantes de painéis solares viram sua riqueza cair até 80% em relação ao pico de 2021, enquanto as empresas de baterias e veículos elétricos caíram pela metade e por um quarto, respectivamente.

Nunca mais compartilho matéria da BBC falando de nenhum bilionário ou milionário, qualquer que seja!

Ninguém me obrigou, o pior é que eu fiz isso comigo mesmo.

ಥ_ಥ

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submitted 4 days ago by NoahLoren to c/noticias

"Donald Trump é o Grinch que quer roubar o Natal."

A declaração é de autoria de Mark Cuban, talvez um dos bilionários mais conhecidos dos Estados Unidos, um cara eloquente que fala sobre política de uma maneira que poucos super-ricos falam.

Ele disse isso em 17 de outubro, quando subiu ao palco durante um ato de campanha da candidata democrata à presidência, Kamala Harris, na cidade de La Crosse, em Wisconsin, um dos sete Estados que podem decidir as eleições americanas.

Mal havia se passado uma semana desde que o homem mais rico do mundo, Elon Musk, discursou ao lado do candidato republicano à presidência, Donald Trump, durante um comício na cidade de Butler, na Pensilvânia, a joia da coroa dos Estados decisivos.

Cuban e Musk estão imersos em uma batalha nas redes sociais e nos palanques, competindo para ver quem consegue angariar mais apoio para um ou outro candidato na reta final da campanha para as eleições de 5 de novembro.

Empreendedor rico e midiático

Pouca gente pode não ter ouvido falar de Elon Musk. Cuban, no entanto, é um nome menos conhecido fora dos EUA.

O início da sua carreira como empreendedor remonta a quando, aos 12 anos, começou a vender sacos de lixo de porta em porta em Mt. Lebanon, no subúrbio de Pittsburgh, cidade industrial da Pensilvânia, onde nasceu, em 1958.

Mas suas iniciativas empreendedoras se tornaram mais lucrativas depois de se formar em administração na Universidade de Indiana.

O primeiro exemplo foi a MicroSolutions, uma empresa de consultoria em informática, que ele vendeu por US$ 6 milhões em 1990, antes de fundar a empresa de capital de risco Radical Computing Inc. e fazer uma pausa para estudar teatro em Los Angeles.

E nenhuma de suas empresas foi tão bem-sucedida quanto a Broadcast.com, um serviço de streaming de áudio e vídeo que ele cocriou em 1995 — e que, três anos depois, foi comprada pelo Yahoo! por US$ 5,7 bilhões.

Hoje, após ter investido em uma série de startups, ele está à frente da Cost Plus Drugs, que desde 2022 vende medicamentos a preços mais baixos.

Mas talvez ele seja mais conhecido pelo público em geral como proprietário do Dallas Mavericks, um time da NBA, a liga de basquete americana, avaliado em 2022 pela revista Forbes em US$ 4,5 bilhões — cuja participação majoritária ele vendeu no final do ano passado, embora ainda mantenha uma participação.

Ou por suas participações no reality show de empreendedorismo Shark Tank, em que os participantes apresentam produtos ou ideias de negócio a um painel de potenciais investidores.

Com esse perfil , seria de se esperar que ele tivesse mais afinidade com Trump, também empresário e com experiência televisiva — no caso do ex-presidente, no reality show O Aprendiz.

Na verdade, houve uma época em que ele tinha, mas…

Da afinidade com Trump ao convite de Hillary

"Eu o conheço há muito tempo e, embora não fosse um grande admirador dele, fizemos coisas juntos, como um evento de artes marciais mistas (MMA, na sigla em inglês)", disse Cuban recentemente ao jornalista Astead Herndon, do jornal americano The New York Times, sobre Trump.

"Depois, tivemos nossas desavenças no Twitter, mas ele não era político e isso, para mim, representava uma grande oportunidade", explicou ao podcast The Run-Up, apresentado por Herndon, em episódio que foi ao ar em 1º de outubro.

Era 2015, e Cuban se sentia atraído pelo fato de que o magnata do setor imobiliário, que tinha acabado de se interessar por política, era um outsider.

Mas seu apoio durou pouco. Mais especificamente, até uma conversa que tiveram em 2016, quando o debate dos aspirantes a candidato republicano estava se aproximando, e Trump decidiu não participar.

"Disse a ele que era um bom momento para se dirigir aos pequenos empresários, mostrar a eles seu tino para negócios, e conhecê-los melhor. E a resposta dele foi: 'Mark Cuban e Donald Trump não vão às casas das pessoas, nem se sentam às suas mesas de jantar'", ele contou a Herndon.

"Então eu perguntei a ele: 'E o que vai acontecer se você tiver que decidir se alguém vive ou morre? Ele ficou em silêncio, e não quis continuar a conversa", lembrou Cuban, afirmando que foi isso que levou ao seu afastamento.

"Honestamente, eu achava que não tinha nenhuma chance de ele vencer (a eleição de 2016). Então, quando começou a ficar claro que havia uma chance de ele ganhar — o que, como bem sabemos, acabaria acontecendo —, comecei a ficar nervoso."

Convencido de que Trump não era a pessoa ideal para ocupar a Casa Branca, Cuban partiu para a ofensiva, criticando-o em todas as entrevistas, programas e eventos que podia.

Tanto que a então candidata democrata à presidência , Hillary Clinton, o convidou para se sentar na primeira fila de um dos debates com Trump.

'Eu confio em Harris'

Oito anos depois, Cuban continua a defender que Trump não deve assumir o comando do país.

"Prefiro votar em um sanduíche de presunto", disse ele ao jornalista do The New York Times na entrevista já mencionada, depois de garantir que havia decidido votar em Joe Biden — que não o convencia —, quando ele ainda estava concorrendo à reeleição.

"Se (Trump) estivesse aqui e estivéssemos apenas falando merda, eu me daria muito bem com ele. Mas isso é diferente de querer que ele volte a ser presidente dos Estados Unidos", afirmou ele, no fim de setembro, em outro podcast, This Past Weekend, apresentado pelo comediante Theo Von.

"Acho que você precisa de alguém em quem possa confiar. Kamala é perfeita? Não. Concordo com tudo o que ela vai fazer, dizer ou fazer? Não. Mas eu confio nela."

Ele disse que a vice-presidente é minuciosa, que avalia as propostas com cuidado, que, diferentemente de Trump, não é "uma ideóloga" — mas, sim, alguém que se concentra na resolução de problemas, e que está disposta a ouvir a comunidade empresarial .

E, acima de tudo, é melhor para a economia do país. E, portanto, para todos os americanos.

Apoio não oficial, mas forte Especialistas e analistas destacam que a missão de Cuban é justamente difundir essa mensagem, já que as pesquisas mostram que os eleitores confiam mais na capacidade de Trump de lidar com a economia.

Assim, no ato de campanha de Harris em La Crosse, o mesmo evento em que ele falou sobre Grinch e o Natal, o empresário atacou as propostas tarifárias do republicano — que propôs aumentar os impostos sobre produtos importados a um nível nunca visto, em décadas, nos EUA.

"Ele acha que a China vai desembolsar o dinheiro", Cuban alertou os presentes. "Estamos falando do cara que, em 2016, achava que o México ia pagar pelo muro", acrescentou ele, em tom de gozação.

E, embora de forma velada, ele também falou para sua própria comunidade de empresários abastados do setor de tecnologia, assegurando que, em questões econômicas, Harris, se eleita, se moveria para o centro político.

"Sou socialmente liberal, mas fiscalmente conservador (...). E acho que a vice-presidente Harris se encaixa perfeitamente em nossa missão", disse ele ao podcast do New York Times.

Mark Cuban discursando em evento de campanha de Kamala Harris em La Crosse, no Estado de Wisconsin, em 17 de outubro de 2024Crédito,Getty Images Legenda da foto,Quando perguntaram a Cuban se ele coordenava sua participação com a campanha de Harris, ele disse que cuidava da sua própria 'programação' Ben Wikler, presidente do Partido Democrata de Wisconsin, é um dos que acreditam que o perfil de Cuban e suas palavras podem influenciar o eleitorado, sobretudo um dos segmentos mais disputados da população e mais resistentes a Harris: homens com menos de 50 anos.

"Seus inúmeros seguidores, incluindo os do Shark Tank e os aspirantes a empresários em Wisconsin, sabem que ele fala sério e diz o que pensa", afirmou Wikler à NBC News.

Mas também há democratas que têm sido cautelosos, advertindo que Cuban teria sua própria agenda, e questionando que benefícios poderiam advir do alinhamento com sua candidata. Perguntas semelhantes às que estão sendo levantadas pelo apoio de Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, a Trump.

A congressista democrata Alexandria Ocasio-Cortez, que representa um distrito de Nova York na Câmara dos Representantes, é uma das que alertaram sobre isso.

É que Cuban pediu a demissão do chefe da Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês), Gary Gensler, por sua posição em relação à regulamentação de criptomoedas, assim como de Lina M. Khan, que chefia a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês).

"Se os bilionários que estão tentando flertar" com Harris pressionarem pela demissão, haverá "uma briga completa", afirmou Ocasio-Cortez.

Talvez seja por isso que Harris tenha evitado ser fotografada ao lado dele, diferentemente de Trump com Musk, embora Cuban continue fazendo campanha para ela extraoficialmente e tenha ajudado a fundar os grupos Venture Capitalists for Kamala ("Capitalistas de risco por Kamala") e Business Leaders for Harris ("Líderes empresariais por Harris").

Quando o jornal britânico The Guardian perguntou a Cuban na semana passada se ele coordenava suas aparições e mensagens com a campanha de Harris, o empresário respondeu: "Eu cuido da minha própria programação".

Ele tampouco é um grande doador. De acordo com uma investigação da rede NBC News, os registros da Comissão Eleitoral Federal mostram uma única doação de US$ 1 mil à deputada democrata Zoe Lofgren, em 2002, sob o nome de Cuban.

Algo que também o diferencia de Musk, cujo comitê de ação política criado para apoiar Trump — o America PAC— já investiu mais de US$ 119 milhões (R$ 678 milhões) nesta campanha eleitoral, de acordo com a organização de monitoramento sem fins lucrativos Open Secrets.

E agora o America PAC está sorteando US$ 1 milhão por dia até a eleição para um eleitor aleatório — não importa sua filiação partidária —, desde que tenha se registrado para votar e assinado uma petição. Uma prática que, conforme advertiu o Departamento de Justiça na quarta-feira, poderia violar a lei eleitoral.

Isso, além de suas contribuições pessoais, tornou o proprietário da SpaceX um dos maiores doadores individuais em toda a corrida presidencial.

Harris x Trump… ou Harris x Musk? Por tudo isso, Cuban chegou a dizer que, na verdade, o adversário de Harris na corrida pela Casa Branca não é Trump.

"Tudo se resume a querer obter votos", afirmou Cuban ao programa Squawk Box, da rede CNBC, ao comentar o sorteio diário de US$ 1 milhão realizado por Musk.

"E o mais louco é que não se trata mais da campanha de Harris contra a (campanha) de Trump, é Harris contra Elon."

"No caso dos republicanos, quem manda na área é Elon. É sobre isso que a corrida (pela presidência) tem sido realmente nas últimas duas semanas", afirmou o juiz de Shark Tank, em comunicado enviado à revista Fortune.

"Gosto do cara de uma maneira geral", disse ele sobre Musk ao podcast do New York Times.

"Acho que ele é um dos maiores empreendedores de todos os tempos. Respeito o que ele faz no âmbito empresarial."

Ele também reconheceu que se diverte ao confrontá-lo nas redes sociais.

"É engraçado, considerando quem ele é, o que ele representa, e que esta é a plataforma dele. O Twitter (agora X) é o bebê dele. E eu estou entrando pela porta da frente da casa dele", acrescentou, ressaltando que não faz isso para insultar, mas para confrontá-lo com os fatos.

"Essa é a criptonita deles: confrontá-los com os fatos."

Nesse sentido, ele já o alertou sobre Trump, como contou ao apresentador da NBC News, Chuck Todd.

"Ele vai queimar tudo o que tocar. Ele não se importa."

"Vai chegar um momento em que você vai precisar de algo de Donald Trump, e ele vai te desapontar. Te garanto."

Essa é a penúltima notícia envolvendo um bilionário que eu trago hoje!

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submitted 4 days ago by NoahLoren to c/noticias

Quando os ataques aéreos israelenses atingiram a casa dos seus patrões no sul do Líbano, Andaku (nome fictício) se viu sozinha, trancada lá dentro e aterrorizada.

A queniana de 24 anos trabalha no Líbano como trabalhadora doméstica há oito meses, mas diz que o último mês foi o mais difícil, uma vez que Israel intensificou os bombardeios no sul do país.

"Houve muitos bombardeios. Estava demais. Meus patrões me trancaram em casa, e saíram para salvar suas próprias vidas", ela contou à BBC.

O som das explosões deixou Andaku traumatizada. Ela perdeu a conta de quantos dias ficou sozinha em casa até seus patrões voltarem.

"Quando eles voltaram, me expulsaram. Nunca me pagaram, e eu não tinha para onde ir", ela disse, acrescentando que teve a sorte de ter dinheiro suficiente para pegar um ônibus para a capital, Beirute.

A história de Andaku não é a única — tampouco a primeira deste tipo.

Na sexta-feira (4/10), autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) informaram que a maioria dos quase 900 abrigos do Líbano estavam lotados, manifestando preocupação com dezenas de milhares de trabalhadores domésticos, na sua maioria mulheres, que estão sendo "abandonados" pelos patrões desde a escalada da tensão no mês passado.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), uma agência da ONU, há cerca de 170 mil trabalhadores migrantes no Líbano; muitos deles são mulheres do Quênia, Etiópia, Sudão, Sri Lanka e Bangladesh.

"Estamos recebendo cada vez mais denúncias de trabalhadores domésticos migrantes sendo abandonados pelos patrões libaneses, sejam deixados nas ruas ou nas casas, enquanto os patrões fogem", afirmou Mathieu Luciano, chefe do escritório da OIM no Líbano, durante uma coletiva de imprensa em Genebra.

Muitos trabalhadores domésticos estrangeiros viajam para trabalhar no Líbano para poder ajudar financeiramente suas famílias em seus países de origem.

O salário médio mensal dos trabalhadores domésticos africanos é estimado em cerca de US$ 250 (R$ 1,4 mil), enquanto os asiáticos podem ganhar até US$ 450 (R$ 2,5 mil).

Os trabalhadores domésticos estrangeiros precisam se submeter ao sistema da Kafala (patrocínio) no Líbano, que grupos de direitos humanos descrevem como "perigoso".

O sistema não garante direitos de proteção aos trabalhadores migrantes — e permite que os empregadores confisquem seus passaportes e retenham seus salários. Os trabalhadores passam por agências com sede no Líbano.

"A falta de proteção legal no sistema da Kafala, combinada com a restrição da circulação, significa que muitos podem ficar presos em condições de exploração. Isso resultou em casos de abuso, isolamento e trauma psicológico entre os trabalhadores migrantes", afirmou Luciano.

"Além disso, temos conhecimento de casos de migrantes que foram trancados dentro das casas de cidadãos libaneses que estão fugindo, para cuidar das propriedades."

Mina (nome fictício), que é de Uganda, trabalha como trabalhadora doméstica no Líbano há um ano e quatro meses.

Ela contou à BBC que foi maltratada pela família para quem trabalhava e decidiu fugir e voltar para sua agência.

Na esperança de receber ajuda, Mina disse que ficou chocada ao saber que teria que trabalhar para outra família em um contrato de dois anos antes de poder voltar para casa.

"Quando voltei ao escritório [da agência], disse a eles que já havia trabalhado o suficiente para poder pagar a passagem e voltar para casa. Eles pegaram meu dinheiro, e me pediram para trabalhar em uma casa por dois anos para poder voltar", relata a trabalhadora doméstica de 26 anos.

O fato de ter que conviver com os sons ensurdecedores das explosões fez com que a saúde mental de Mina fosse afetada. Ela não conseguia realizar adequadamente as tarefas domésticas que eram atribuídas a ela e, por isso, pediu ao novo patrão para ir embora.

Ela estava trabalhando para uma família em Baalbek, uma cidade no nordeste do Líbano, no Vale do Bekaa.

"[A família] me bateu, me empurrou e me expulsou... Havia muitas bombas naquela época. Quando saí, não tinha para onde ir", diz ela.

Outra trabalhadora doméstica do Quênia compartilhou sua história com a BBC.

Fanaka, de 24 anos, conta que sua agência a enviava para trabalhar em casas diferentes a cada dois meses — e que tem sofrido com dores de cabeça constantes.

"Tenho tentado dar o meu melhor no trabalho, mas ninguém nasce perfeito", diz ela.

As mulheres revelam que enfrentaram muitos desafios enquanto viviam nas ruas, já que muitos abrigos se recusaram a acolhê-las, alegando que estavam reservados para libaneses desalojados, e não para estrangeiros.

Todas as três conseguiram chegar até a Caritas Lebanon — uma ONG libanesa que oferece ajuda e proteção aos trabalhadores migrantes desde 1994.

Em gravações de áudio enviadas à BBC, trabalhadores migrantes de Serra Leoa afirmam que dezenas deles permanecem nas ruas de Beirute e necessitam desesperadamente de alimentos.

Outros relataram à imprensa local que tiveram a entrada negada em abrigos organizados pelo governo porque não são libaneses.

A BBC entrou em contato com as autoridades locais, que negam qualquer forma de discriminação.

Fontes do Ministério da Educação disseram à BBC: "Nenhum centro específico foi designado para trabalhadores domésticos estrangeiros, mas, ao mesmo tempo, eles não tiveram sua entrada recusada".

Entende-se que alguns trabalhadores estão evitando os abrigos oficiais, temendo repercussões em relação à sua documentação legal incompleta.

Hessen Sayah Korban, chefe do departamento de proteção da Caritas Lebanon, diz que sua ONG está abrigando atualmente cerca de 70 trabalhadores domésticos migrantes, que são principalmente mulheres com filhos.

Ela afirma que é necessário mais financiamento para poder fornecer abrigo para até 250 trabalhadores domésticos; todos foram abandonados pelos patrões ou estão sem teto e tiveram seus documentos oficiais confiscados.

"Estamos tentando fornecer a eles toda a ajuda necessária; pode ser jurídica, mental ou física", explica Korban.

Ela acrescenta que muitos trabalhadores domésticos precisam de ajuda com sua saúde mental, porque ficaram traumatizados, devido a conflitos dentro das famílias para as quais trabalharam, ou como resultado do conflito mais amplo no país.

Desde o início de outubro, a OIM recebeu mais de 700 novas solicitações de pessoas em busca de ajuda para voltar aos seus países de origem.

A Caritas, junto a outras ONGs, está em contato com várias embaixadas e consulados para organizar a deportação segura de trabalhadores domésticos abandonados de volta aos seus países.

"É um processo que está em andamento. Estamos buscando um retorno seguro às suas cidades de origem, em coordenação com a OIM e os serviços de segurança libaneses", diz ela.

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submitted 4 days ago by NoahLoren to c/geopolitica

O grupo libanês Hezbollah nomeou nesta terça-feira (29/10) Naim Qassem, 71 anos, como sucessor do secretário-geral Hassan Nasrallah, que foi assassinado em um ataque de Israel no sul do país em setembro.

Segundo informou o grupo, o Conselho Shura do Hezbollah elegeu o sucessor conforme os dispositivos estabelecidos no que tange a escolha de uma nova liderança.

Qassem foi durante muito tempo o vice-secretário-geral do Hezbollah, ele se tornou o segundo homem do grupo em 1991, após ser nomeado pelo então líder Abbas al-Musawi. Porém, antes dele, o sucessor mais considerado era Hashem Safieddine, mas que também foi vítima de um ataque nos subúrbios da capital libanesa em outubro.

Por conta disso, Qassem vinha sendo o rosto do Hezbollah desde a morte de Nasrallah, mas não desfruta da mesma popularidade. Ele disse, há algumas semanas, que nomear um novo líder era tarefa complexa que levaria algum tempo.

Em comunicado, o Hezbollah prometeu continuar a “resistência” contra Israel e hastear sua bandeira “até a vitória”. “Trabalharemos juntos para alcançar os objetivos”, diz a nota do grupo.

Hezbollah é alvo de uma ofensiva de Israel no Líbano desde meados de setembro.

Diversos líderes do grupo foram mortos. Segundo o jornal britânico Guardian, praticamente toda a liderança política e militar mais experiente do Hezbollah teria sido assassinada por Israel nos últimos três meses.

Com os ataques das Forças de Defesa israelenses (IDF, por sua sigla em inglês), um quarto da população do Líbano foi obrigada a abandonar sua casa para fugir dos bombardeios ou atendendo às ordens de evacuação desse país, informou a Organização das Nações Unidas (ONU).

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submitted 5 days ago by NoahLoren to c/comunismo

Na última semana do mês de setembro de 2024, foi aprovado por unanimidade na Câmara de Vereadores da Cidade Piumhi-MG o PL 48/2023, que cria a Área de Preservação Ambiental (APA) Serras e Águas de Piumhi, garantindo assim a proibição de atividades mineradoras na região do Vale do Araras e na Serra do Andaime, que estavam na mira da Empresa Minérios e Jazidas Minerais FME Ltda, contando com a “simpatia” do Poder Executivo e figuras do Poder Legislativo municipais, além de outros setores das classes dominantes locais. Alguns dias depois, o PL 48/2023 foi sancionado pelo Prefeito da Cidade, transformando o Projeto em Lei, e sacramentando a derrota das intenções da mineradora citada acima.

Essa luta, ao contrário da aparência, não partiu de aparentes “bons” sentimentos dos vereadores e do prefeito da cidade, mas sim de longo e vigoroso trabalho do Movimento Amigos do Araras e Belinha, que conseguiu mobilizar a maioria absoluta da População da cidade Piumhi pela defesa dos bens naturais do município e do principal manancial de abastecimento de água da cidade.

A mobilização da população de Piumhi através do Movimento Amigos do Araras e Belinha atravessou vários meses promovendo marchas, manifestações, abaixo assinado e audiências públicas envolvendo políticos, intelectuais e diversas personalidades da cidade. Em conversa com um correspondente do AND, um dos criadores do Movimento Amigos do Araras e Belinha, Igor Messias, relatou que no início o Movimento era pouco conhecido na cidade, e graças a uma audiência chamada pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto São Francisco no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG – Campus Piumhi) a fim de discutir os potenciais impactos da mineração na cidade, foi possível angariar apoio da vereadora Shirley Elaine Gonçalves (União Brasil) que se comprometeu a criar um Projeto de Lei munido com as informações levantadas pelo Movimento Amigos do Araras e Belinha objetivando criar Área de Preservação Ambiental na região alvo da especulação das mineradoras.

No prosseguimento da luta, segundo Igor Messias, o Movimento Amigos do Araras e Belinha, fizeram um brilhante trabalho de pesquisa ambiental na região onde seria criada a APA, chegando até mesmo a descobrir novas espécies de plantas na flora da região, dando maior peso a necessidade de barrar a ação de mineradoras no local. Por outro lado, o lobby da mineradora FME não dava trégua, concedendo entrevistas nos jornais locais apresentando supostas “benfeitorias” que seriam trazidas para a cidade com a atividade mineradora, buscando deslegitimar as ações do movimento; enquanto isso, buscando enfraquecer o projeto de APA do Movimento Amigos do Araras e Belinha – de olho em também não ficar “queimado” com a população – o Prefeito da Cidade, Dr Paulo Cezar Vaz (PSD), apresentou a proposta de uma APA menor, chamada pela população de “Apinha do prefeito”, que custou aos cofres públicos do município R$ 200.000,00 para ser elaborada, mas sequer recebeu atenção da população ou dos vereadores. Enquanto isso, a população seguia engajada nas mobilizações chamadas pelo Movimento Amigos do Araras e Belinha, lotando as audiências na Câmara de Vereadores voltadas para a discussão do projeto da APA.

O Povo Piumhiense saiu vitorioso nessa luta, mas os integrantes do Movimento Amigos do Araras e Belinha sabem que a mobilização deve prosseguir para garantir a aplicação da Lei de criação da APA Serras e Águas de Piumhi, pois, sabe-se que cedo ou tarde as mineradoras e seus representantes escondidos no meio do povo podem ressurgir com nova ofensiva contra as riquezas naturais da cidade de Piumhi, devendo o povo estar alerta e organizado quando isso vier a acontecer.

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Maior marcha militar do mundo, a coluna Prestes, que alguns historiadores dizem que mais apropriadamente deveria ser chamada de coluna Miguel Costa - Prestes, completa 100 anos nesta segunda-feira (28). Com 1.500 homens e mulheres, a maioria soldados de baixa patente, a marcha percorreu cerca de 25 mil quilômetros, em dois anos e meio, passando por vários estados, e jamais chegou a ser oficialmente derrotada.

Apesar de mais conhecida como Coluna Prestes por causa de seu líder mais famoso, Luís Carlos Prestes, o movimento rebelde teve também o comando de Miguel Alberto Crispim Rodrigo da Costa. Argentino naturalizado brasileiro, militar da Força Pública de São Paulo, ficou notabilizado por sua participação na Revolta Paulista de 1924, conflito entre militares de São Paulo e o governo de Artur Bernardes, embrião da coluna. Por isso, muitos nomeiam o famoso movimento como Coluna Miguel Costa – Prestes.

“Se não fosse Miguel Costa, não existiria Luís Carlos Prestes na história, pois foi a coluna Miguel Costa que salvou da fome e do frio os gaúchos de Prestes”, disse o jornalista Yuri Abyaza Costa, autor dos livros Miguel Costa, um herói brasileiro e Marchando com Miguel Costa – ação da Coluna Paulista no Interior de São Paulo, Paraná e a ligação com a Coluna Prestes. Yuri é neto de Miguel Costa.

Yuri Abyaza refere-se ao episódio quando, derrotados na Revolta Paulista pelas forças do governo federal, os revoltosos paulistas juntaram-se aos comandados por Prestes, que liderava o agrupamento no Rio Grande do Sul, que estaria com seu contingente bastante debilitado física e militarmente. A partir daí, iniciou a marcha da famosa coluna, acontecimento mais emblemático do que ficou conhecido como “Tenentismo”.

Se Miguel Costa era o estrategista militar da Coluna, Prestes, por seu lado, é lembrado pelo seu lado mais “humano” junto aos comandados, conforme depoimento do jornalista Domingos Meirelles, ao programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, exibido em 2015. Meirelles, autor do livro As Noites das Grande Fogueiras, também sobre a Coluna, disse que “Prestes era muito querido pela tropa”.

Segundo o jornalista, “ele usava alguns horários livres para alfabetizar os soldados, ficava sempre ao lado daqueles que eram vítimas de ferimentos graves e com chances remotas de sobreviver”. Meirelles lembrou ainda que, apesar de o principal adversário da Coluna ser o Exército Brasileiro, os maiores inimigos da coluna no dia a dia das batalhas foram os latifundiários, “que armando os seus capangas, incentivados pelo governo, formaram os chamados batalhões patrióticos”. “E aí é que começa realmente a desgraça dos jovens rebeldes. Esses homens do campo é que infernizaram a vida da coluna muito mais do que o Exército Brasileiro”, completou.

Mas o movimento nunca chegou a ser efetivamente derrotado. A coluna Prestes (ou Miguel Costa-Prestes) foi marcada pelo aspecto insurrecional contra o poder das oligarquias das primeiras décadas do século passado, a chamada política do café com leite, quando se revezavam na Presidência da República políticos da São Paulo cafeeira e Minas, grande produtor de leite. Também ficou conhecida pela formação de seus quadros, militares dos escalões inferiores do Exército sendo muitos deles analfabetos ou semiletrados e trabalhadores do campo.

O jornalista e historiador, especializado no período, Moacir Assunção, autor de São Paulo deve ser destruída: a história do bombardeio à capital na revolta de 1924, comentou que “a Coluna tem o lugar que merece (na História do Brasil), foi a maior marcha militar da história do mundo, com 25 mil quilômetros percorridos e a derrota de 11 generais da legalidade pelos rebeldes, permanecendo invicta durante todo o tempo e inspirando revolucionários como Mao Tse Tung e Fidel Castro, que confessam a inspiração de suas marchas na Coluna Miguel Costa-Prestes, além de ter influenciado no fim da chamada vocação agrária do Brasil, que passou a se tornar um país industrial depois da vitória da Revolução de 1930”.

As principais reivindicações da Coluna eram a implementação do voto secreto (contra o chamado “voto de cabresto”, praticado à época quando os chefes da política local controlavam o voto da população local), a defesa do ensino público e a obrigatoriedade do ensino secundário para a população, somando-se as bandeiras do fim da miséria e da injustiça social no país.

“A grande força da coluna foi sua associação com as bandeiras populares que ela defendia, como o direito ao voto universal, o direito à alfabetização, a reforma agrária, o fim da pobreza e ter conseguido transmitir esse ideal de que era preciso trazer o Brasil para os brasileiros”, disse a socióloga, cientista política e escritora Ana Prestes, neta do revolucionário, que se tornou a principal referência do movimento comunista do país e uma das personalidades políticas mais influentes do século passado.

“A Coluna foi formada por homens e mulheres (poucas e resistentes) que amaram o Brasil por dentro e que se conectaram com a população brasileira abandonada pela República Velha”, completou Ana.

Como o movimento nunca foi, de fato, debelado pelo poder oficial sua herança foi ter deixado o governo oligárquico com suas bases enfraquecidas. As críticas manifestadas pelos integrantes da Coluna, ecoadas por outros setores políticos dissidentes da sociedade, foram reforçadas.

E também contribuiu fortemente para a revolução de 1930, ou Revolução de Outubro, ocasião em que os governos rebeldes de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, deram um golpe de estado tirando o então presidente Washington Luís da presidência da República e impedindo a posse de seu substituto Júlio Prestes. Getúlio Dornelles Vargas, militar e político do Rio Grande do Sul, inaugurando a chamada “era Vargas”, período que foi de 1930 a 1945, sendo que de 1937 a 1945 instalou a ditadura do Estado Novo.

Edição: Aécio Amado

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Entre os dias 24 a 26 de outubro, mais de 340 educadoras e educadores das escolas do campo na Bahia participaram do 24o Encontro Estadual das Educadoras e Educadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para debater os desafios e as perspectivas da educação no campo, com o compromisso de fortalecer o ensino para as comunidades rurais e a luta pela terra. Com o tema 40 Anos do MST e a Função Social das Escolas do Campo na atualidade, o encontro trouxe reflexões sobre o papel dessas escolas na formação de sujeitos críticos e na defesa da reforma agrária.

Durante o encontro, foram compartilhadas práticas pedagógicas, estratégias de ensino e metodologias que conectam a educação às vivências e lutas dos trabalhadores do campo. As educadoras e educadores puderam discutir formas de promover a autonomia, a consciência crítica e o fortalecimento da identidade camponesa, na construção de uma educação que valorize a diversidade, o respeito ao meio ambiente e a justiça social.

A coordenadora do Setor de Educação do MST na Bahia, Sintia Paula, reiterou a importância do encontro e seu objetivo de discutir a função social das escolas do campo.

“O encontro tem uma importância de estudo e organização para o MST, no sentido dos educadores e educadoras estarem reunidos para estudar, planejar e refletir. Mas também nos ajuda a compreender qual importância das escolas do campo para áreas de assentamento e acampamento da reforma agrária. Entender qual é a função social das escolas do campo nos ajuda a refletir qual é a escola que queremos, qual assentamento que queremos”, afirma.

A atividade também é um espaço de renovação das energias e de reafirmação dos valores coletivos, onde cada educador e educadora se reconecta com a essência da luta e se compromete a continuar semeando o conhecimento e a transformação social.

A secretária da Educação da Bahia, Rowenna Brito, ressaltou que o encontro acontece em diálogo com os projetos estratégicos da pasta para os próximos anos nas zonas rurais e nos territórios quilombolas.

“Quero reafirmar meu compromisso com a luta da educação no campo, com a luta da educação das escolas de assentamento, que precisamos dizer isso todos os dias: Reforma Agrária já, e é preciso garantir a educação de qualidade para quem vive no campo! É por isso que estamos lá todo os dias tentando fazer a diferença na Secretaria de Educação. Esse espaço é um espaço extremamente importante para os professores e professoras da educação do campo”, disse.

Passaram por esses três dias, profissionais engajados na luta pela educação do campo e pela reforma agrária, como a secretária de Educação da Bahia Rowena Brito; a coordenadora da Educação do Campo e da Educação Escolar Quilombola na Secretaria da Educação do Estado da Bahia, Poliana Reis; o deputado federal Valmir Assunção; a deputada estadual Lucinha do MST; o governador da Bahia Jerônimo Rodrigues; e o diretor da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), Jeandro Ribeiro.

Fonte: BdF Bahia

Edição: Gabriela Amorim

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Réus confessos do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz não irão até o 4º Tribunal do Júri, na região central do Rio de Janeiro (RJ), onde acontecerá o júri popular que julgará o caso.

O depoimento da dupla, momento mais aguardado do julgamento, será feito por videoconferência às 9h desta quarta-feira (30), por determinação do juiz Gustavo Kalil, que conduzirá o juri popular, acatando um pedido das defesas de Lessa e Queiroz.

O depoimento dos réus ocorrerá das unidades prisionais onde estão encarcerados. Ronnie Lessa, falará da Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo (SP), e Élcio Queiroz, do Centro de Inclusão e Reabilitação, em Brasília (DF).

A expectativa de especialistas é que o julgamento dure ao menos uma semana. Os dois réus, Lessa e Queiroz, já confessaram participação no assassinato de Marielle e Anderson. O primeiro foi o executor e o segundo dirigia o veículo utilizado no atentato.

Além de admitir ser o autor dos disparos que culminaram na morte de Marielle e Anderson, Lessa disse à Polícia Civil que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão foram os mandantes do crime, e que a dupla teria sido acobertada pelo delegado Rivaldo Barbosa, que chegou a ser o responsável pelas investigações sobre o atentado.

Lessa e Queiroz estão presos desde março de 2019 e já passaram por diversas unidades prisionais, enquanto aguardam o julgamento. Os irmãos Brazão e Barbosa foram presos também no mês de março, mas deste ano. O trio não foi arrolado por nenhuma parte para testemunhar no júri popular.

Edição: Martina Medina

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Neste domingo (27), enquanto saía o resultado das urnas confirmando a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) contra a candidatura de Guilherme Boulos (Psol), famílias da Frente de Luta por Moradia (FLM) ocupavam quatro prédios na região central da capital paulista. Todas as ocupações foram despejadas pela Polícia Militar (PM).

As famílias sem-teto, com dezenas de crianças, ocuparam prédios na av. Brigadeiro, na rua Major Quedinho, na av. Nove de Julho e na rua São Bento. Nesta última, foram despejadas pela Tropa de Choque, sob o sobrevoo de um helicóptero da PM, aos gritos de “o povo na rua, prefeito a culpa é sua”.

Na rua Major Quedinho, onde o prédio foi ocupado por cerca de 80 pessoas no fim da tarde, “as pessoas foram recebidas com bomba de gás, estilhaço, alguns se feriram”, de acordo com Osmar Borges, da coordenação da FLM. “Em todas as ocupações foi usada a Tropa de Choque para retirar os sem-teto na marra, mesmo sem liminar de reintegração de posse”, afirma.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, comandada pelo ex-policial da Rota Guilherme Derrite, três homens foram detidos na ocorrência da Bela Vista. Em nota, a pasta do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) informou que a PM foi acionada “para atuar em ocorrências de invasão de propriedade entre o final da tarde e a noite de domingo (27)” e que “a situação foi controlada”.

Por volta das 22h o 3º pelotão de Choque se posicionou em frente ao prédio na av. Nove de Julho que, até então abandonado, tinha sido ocupado três horas antes por cerca de 60 pessoas. Um vídeo mostra policiais se posicionando na porta de entrada, enquanto outro agente aponta a arma de bala de borracha para uma janela. “Tem crianças aí dentro”, alerta uma pessoa atrás da câmera.

“A tropa invadiu o prédio, fazendo a identificação de todas as famílias, como se fossem criminosas, mães, crianças”, narra o coordenador da FLM. Durante a retirada da área, os sem-teto estenderam uma faixa com os dizeres “Nenhuma mulher sem casa”.

O despejo do prédio na rua da Mooca aconteceu nesta segunda-feira (28), com participação da Guarda Civil Metropolitana (GCM).

Por acesso à moradia no centro

Apesar de terem sido feitas no domingo em que Nunes venceu segundo turno com 59,35% dos votos contra 40,65% de Boulos, deputado federal e liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Osmar Borges explica que as quatro ocupações não ocorreram por conta da eleição municipal.

“Fazem parte de uma agenda que a FLM realiza todos os anos para falar sobre a questão da moradia no centro da cidade, dialogar com os poderes locais, reivindicar a retomada de políticas como locação social e programas habitacionais que assegurem o acesso à moradia por famílias que ganham de um até três salários-mínimos”, pontua Borges.

“Reivindicamos o aumento desses investimentos, principalmente nessas regiões mais privilegiadas de estrutura para a população de menor renda, que é a grande maioria que gera riqueza nos centros urbanos da cidade”, afirma o coordenador da FLM. “Agora vamos nos reorganizar a prepara novas jornadas de luta”, ressalta.

Edição: Nathallia Fonseca

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O sexismo é tão endêmico hoje que é difícil imaginar uma sociedade que não degrade e desvalorize as mulheres. A sociedade capitalista moderna é uma forma da sociedade de classes, e na sociedade capitalista de hoje, as mulheres enfrentam o machismo em todos os lugares para onde nos voltamos – nas próprias casas e nas relações pessoais, na escola e nas carreiras profissionais, até mesmo quando caminhamos na rua.

Mas nem sempre as coisas foram assim e, apesar de sua prevalência na sociedade atual, a opressão das mulheres não faz parte da natureza humana. O sexismo não é natural, o que significa que podemos eliminá-lo.

A opressão das mulheres está enraizada em um sistema hierárquico que valoriza os homens em detrimento das mulheres, um sistema organizado em torno de normas patriarcais, mas que é muito mais amplo do que o patriarcado, no qual a opressão das pessoas não se baseia simplesmente no sexo, mas na classe.

Sociedade de classes: a raiz da opressão feminina

Durante a maior parte da história humana, a sociedade foi organizada em torno de grupos comunitários, e as mulheres não foram especialmente oprimidas. Foi o surgimento da sociedade de classes que formou a base para as normas patriarcais e a opressão das mulheres.

A sociedade de classes é a organização da sociedade baseada na exploração econômica. As pessoas são separadas em duas classes com interesses opostos: um é o grupo de pessoas que possui os meios de produção, que usam essa propriedade de recursos e forças produtivas para acumular riqueza para si mesmos – a classe dominante; a outra classe é o grupo de pessoas que não possuem os meios de produção, mas que, através de seu trabalho, de fato produzem a riqueza da sociedade – os trabalhadores. A classe dominante explora a classe trabalhadora para acumular riqueza.

Feudalismo e capitalismo são dois exemplos de sociedades de classe. Na sociedade feudal, os servos e os camponeses trabalhavam a terra, mas não eram donos da terra e não mantinham o valor total do que produziam. Grande parte dos frutos de seu trabalho foi entregue aos senhores, os proprietários das terras, os quais eram membros da classe dominante, que enriqueceram com a terra. Na sociedade capitalista, os trabalhadores produzem os bens e prestam serviços, mas não são donos de fábricas e corporações. Os capitalistas donos das fábricas, dos bancos e das corporações, membros da classe dominante, enriquecem pagando aos trabalhadores menos do que o valor dos bens produzidos e enchendo os bolsos com a diferença – os lucros.

Sociedade comunal

Se nós pensarmos em toda a história humana como um ano, ou 365 dias, a duração da sociedade de classes e do patriarcado seria de apenas cinco dias – menos de uma semana. Durante a grande maioria de nossa existência, vivemos em sociedades comunais. Nessas sociedades, mulheres e homens realizavam trabalhos diferentes, mas todas as pessoas eram valorizadas por suas contribuições para a sobrevivência do grupo.

Por milhares de anos, a humanidade lutou junta pela sobrevivência diante da escassez e da privação. Não havia classes sociais baseadas na riqueza ou no poder, e nenhum indivíduo ou família acumulava riqueza, tudo pertencia às comunidades com um todo. Cada tarefa era crítica para a sobrevivência e considerada uma responsabilidade comunal. Caçar, coletar, construir casas, criar filhos e cuidar de idosos – cada uma dessas tarefas era valorizada como crítica e era realizada por membros do grupo trabalhando juntos e não por indivíduos ou unidades familiares individuais. O valor de um indivíduo para a sociedade não se baseava em seu gênero, mas sim em sua capacidade de contribuir para cada uma dessas tarefas críticas, tarefas que podem ter sido realizadas por diferentes gêneros, mas que eram tidas em alta estima independentemente disso.

Em “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, Frederich Engels descreveu as razões materiais pelas quais as pessoas viviam comunitariamente:

Uma divisão da tribo ou da gens em classes diferentes era igualmente impossível. E isso nos leva ao exame da base econômica dessas condições. A população é extremamente escassa: é denso apenas no local de assentamento da tribo, em torno do qual se encontram em um círculo largo primeiro os campos de caça e, em seguida, o cinturão protetor da floresta neutra, que separa a tribo dos outros. A divisão do trabalho é puramente primitiva, apenas entre os sexos. O homem luta nas guerras, vai caçar e pescar, obtém as matérias-primas de alimentos e as ferramentas necessárias para isso. A mulher cuida da casa e do preparo de alimentos e roupas, cozinha, tece, costura. Cada um é senhor em sua esfera: o homem na floresta, a mulher na casa. Cada um é dono dos instrumentos que fabrica e usa: o homem das armas, os instrumentos de caça e pesca, a mulher dos equipamentos domésticos. A limpeza é comunitária entre várias e muitas vezes muitas famílias. O que é feito e usado em comum é a propriedade comum – a casa, o jardim, o barco longo.

A sociedade neste estágio era matriarcal: as mulheres, organizadoras da alimentação, do abrigo e da criação dos filhos, eram o centro da vida. A linhagem de qualquer pessoa era traçada através da linhagem materna. Os filhos não eram de responsabilidade exclusiva da mãe e/ou do pai biológicos, mas estavam ligados por parentesco ao que hoje chamamos de família extensa.

Sociedade de classes produz iniquidades

Como Engels explicou, a desigualdade surgiu pela primeira vez somente após milênios dessa existência comunitária e compartilhada. Com o surgimento do excedente, da riqueza e da sociedade de classes, veio o surgimento da sociedade patriarcal e a opressão das mulheres. Com o tempo, à medida que o desenvolvimento das ferramentas e métodos de produção produzia um excedente, um setor da sociedade, principalmente os homens como os principais caçadores e organizadores da pecuária, poderia acumular e acumular riqueza como propriedade privada¹. Antes do advento da propriedade privada, não havia poderes especiais ou privilégios associados com esse tipo de trabalho. Como explicado anteriormente, todos os tipos de trabalho foram valorizados como fundamentais para a sobrevivência da comunidade.

À medida que a capacidade de produção continuava a crescer além do mínimo para a sobrevivência, as relações sociais e produtivas das sociedades matriarcais pré-classe enfraqueceram.

O direito materno foi derrubado, e os homens passaram a controlar a riqueza e os recursos, usando a violência organizada e redefinindo as instituições familiares na forma de casamento monogâmico para manter sua nova posição na sociedade.

Engels descreve a magnitude desse desenvolvimento histórico:

A derrubada do direito materno foi a derrota histórica mundial do sexo feminino. O homem assumiu o comando da casa também; a mulher foi degradada e reduzida à servidão, tornou-se escrava de sua luxúria e mero instrumento para a produção de filhos. Esta posição degradada da mulher, especialmente conspícua entre os gregos da era heróica e ainda mais da idade clássica, tem sido gradualmente paliada e encoberta, e às vezes vestida de uma forma mais branda; em nenhum sentido foi abolido.

As origens da violência contra a mulher e a negação do direito das mulheres ao controle da reprodução podem ser rastreadas a esse desenvolvimento. A derrubada do direito materno fez com que as mulheres se tornassem essencialmente propriedade dos homens. A sexualidade feminina, antes livremente expressa, passou a ser severamente restringida para assegurar a linha “legítima” de descendência de pai para filho para fins de herança. Isso, por sua vez, estava ligado ao surgimento da própria sociedade de classes, inicialmente com base na escravidão por meio da guerra.

Engels explicou:

O aumento da produção em todos os ramos – pecuária, agricultura, artesanato doméstico – deu à força de trabalho humana a capacidade de produzir um produto maior do que o necessário para sua manutenção. Ao mesmo tempo, aumentou a quantidade diária de trabalho a ser feito por cada membro da gens, comunidade doméstica ou família única. Agora era desejável trazer novas forças de trabalho. A guerra os forneceu; prisioneiros de guerra foram transformados em escravos. Com o aumento da produtividade do trabalho e, portanto, da riqueza, e a ampliação do campo de produção, a primeira grande divisão social do trabalho foi obrigada, nas condições históricas gerais vigentes, a trazer a escravidão em seu trem. Da primeira grande divisão social do trabalho surgiu a primeira grande clivagem da sociedade em duas classes: senhores e escravos, exploradores e explorados.

Anteriormente, os vencedores na guerra matavam ou adotavam aqueles que derrotavam em suas próprias tribos para contribuir com tarefas críticas de sobrevivência, mas agora, eles escravizavam os perdedores para impulsionar a produção e criar riqueza. A escravidão foi uma forma primitiva de sociedade de classes. O desenvolvimento das forças produtivas e o advento da propriedade privada puseram em movimento: (1) o surgimento da família controlada pelos homens; (2) o surgimento da própria sociedade de classes. Estes estão intimamente relacionados, e na forma moderna do capitalismo, indissociáveis.²

Opressão das mulheres na sociedade capitalista

A opressão das mulheres mudou ao longo do tempo, à medida que a exploração econômica mudou. A escravidão, o feudalismo e o capitalismo demonstram a exploração das pessoas na sociedade de classes. A opressão das mulheres sob o capitalismo se manifesta de inúmeras maneiras.

O capitalismo é uma sociedade de classes movida pela geração de lucros. A classe capitalista é dona dos meios de produção. Isso inclui as fábricas e os recursos necessários para produzir bens materiais, que vão de sapatos a casas. Os recursos incluem os meios para acessar combustíveis, como o petróleo, e até mesmo necessidades como a água. A produção capitalista requer o emprego de trabalhadores masculinos e femininos. Desde a sua criação, as mulheres da classe trabalhadora foram retiradas da atmosfera isolada do lar e para a produção coletiva. Alguns dos primeiros operários da fábrica eram mulheres.

E desde a sua criação, o capitalismo gerou lucros explorando e desvalorizando as mulheres no local de trabalho em maior grau do que os homens. Isso afeta diretamente o status econômico, tanto ao remunerar mal as mulheres quanto ao excluí-las de cargos com salários mais altos – relegando-as a posições “de gênero” que são tipicamente orientadas para serviços e com salários mais baixos.

Nos Estados Unidos, as mulheres trabalham mais horas e ganham menos dinheiro do que os homens. Embora o salário igual para trabalho igual seja lei federal desde 1963, quando comparado aos homens com educação, habilidades e experiência semelhantes, as mulheres ganham menos de 76 centavos de dólar. Para as mulheres negras, isso se aproxima dos 50 centavos. Na verdade, a mulher trabalhadora média de 25 anos perderá quase US$500.000 devido à desigualdade salarial durante sua vida como trabalhadora. Entretanto, ela pagará o mesmo por aluguel, comida, serviços públicos e serviços que sua contraparte masculina. Além disso, é provável que ela pague mais por necessidades como cuidados de saúde e mais propensa a perder dinheiro quando está doente. Nos Estados Unidos, entre as mulheres trabalhadoras que ganham menos de US$40.000 por ano, até metade está sem benefícios básicos, incluindo seguro de saúde seguro e acessível, cobertura de medicamentos prescritos, benefícios de pensão ou aposentadoria ou licença médica remunerada.

Essa desigualdade permite que o capitalismo prospere. Salários mais baixos para um setor de trabalhadores – as mulheres – desempenham dois papéis críticos: (1) Isso se traduz diretamente em maiores lucros, porque os capitalistas mantêm mais do valor do bem ou serviço por não pagarem tanto aos trabalhadores. (2) Também cria uma divisão dentro da classe trabalhadora, colocando mulheres e homens uns contra os outros no local de trabalho, porque a disponibilidade de mão de obra mais barata pelas mulheres é uma moeda de troca que permite que os capitalistas paguem menos aos homens também.

Além de serem mal remuneradas no local de trabalho, as mulheres realizam uma grande quantidade de trabalho não remunerado na sociedade capitalista. Isso ocorre porque trabalhos como cuidar dos filhos, preparar alimentos em casa e outros trabalhos semelhantes que eram muito valorizados na sociedade pré-comunal não recebem um valor monetário na sociedade capitalista. Além disso, esse trabalho foi dessocializado. Muitas vezes referido como “o segundo turno”, o que costumava ser uma responsabilidade comunitária tornou-se o ônus de mulheres individuais para completar em cima do trabalho que realizam por pagamento fora de casa. É claro que essas tarefas não são menos necessárias para a sobrevivência da força de trabalho, independentemente do gênero. Como tarefas críticas realizadas sem custo para os capitalistas, esse trabalho não remunerado – a exploração das mulheres – é uma grande fonte de lucro na sociedade capitalista.

Tudo isso torna as mulheres mais propensas a serem pobres. Em 1978, a professora Diana Pearce usou o termo “feminização da pobreza” para descrever as tendências do padrão de vida nos Estados Unidos. O fato de que as mulheres realizam trabalho não remunerado, são mais propensas a desempenhar trabalhos com salários mais baixos e que, mesmo quando desempenham o mesmo trabalho, recebem menos significa que, sob o capitalismo, as mulheres sempre serão mais pobres do que seus colegas homens simplesmente porque são mulheres. Nos Estados Unidos, quase 60% dos adultos com renda inferior à metade da linha de pobreza são mulheres. Mulheres negras e latinas têm uma taxa de pobreza muito maior do que as mulheres brancas (geralmente duas a três vezes maior).

Além disso, a violência contra as mulheres que vemos na sociedade capitalista de hoje é um vestígio do status histórico das mulheres como propriedade – um status que emergiu e está inextricavelmente ligado à sociedade de classes. Mais do que um crime aleatório ou individual, a violência contra as mulheres é um sintoma da posição subalterna das mulheres na sociedade de classes moderna. A magnitude da violência contra as mulheres em todo o mundo, inclusive nas sociedades capitalistas mais avançadas, fala disso. Nos Estados Unidos, a cada dois minutos uma mulher é agredida sexualmente e a cada seis minutos uma é estuprada. Isso equivale a cerca de 200 mil vítimas por ano, com 17% das mulheres tendo sobrevivido a um estupro completo ou tentado. A violência doméstica é a maior forma de lesão contra as mulheres nos Estados Unidos, mais do que todas as outras causas combinadas.

Além disso, a emergência do “capitalismo global” significou que todas essas manifestações de opressão das mulheres estão sendo incorporadas às práticas empresariais e estratégias militares imperialistas em todo o mundo.

Globalmente, as mulheres ganham cerca de 50% do que os homens ganham e são a maioria dos 1,5 bilhão de pessoas que sobrevivem com um dólar ou menos por dia. Nas oficinas transnacionais que fazem negócios sob acordos de livre comércio como o NAFTA, mulheres jovens que trabalham por salários escravos são rotineiramente abusadas no trabalho. Desde 1993, mais de 1.000 mulheres e meninas foram mortas em Juarez, no México. A maioria eram trabalhadores das fábricas “maquiladoras” na zona de livre comércio na fronteira dos EUA com o México. Em todo o mundo, uma em cada três mulheres foi espancada, forçada a fazer sexo ou abusada durante a vida.

Apesar da luta militante e das muitas conquistas duramente lutadas do movimento de libertação das mulheres, a opressão continua em larga escala, e cada ganho enfrenta a ameaça de ser revertido. Nos Estados Unidos, uma em cada duas mulheres sofre assédio sexual na escola ou no trabalho; o homicídio é a principal causa de morte de gestantes; os direitos das mulheres em matéria de cuidados de saúde, incluindo os direitos reprodutivos, estão cada vez mais sob ataque; e embora o aborto seja legal, não há provedores de aborto em 83% dos condados dos EUA. Programas críticos como creche, moradia, educação e saúde estão constantemente sob ataque, se não totalmente negados ou zerados.

Em casos de violência contra a mulher, a polícia e a Justiça encontram todas as desculpas para não punir o agressor. Cada etapa é uma luta: ter isso registrado como crime, forçar uma investigação, forçar um processo, forçar um julgamento, ganhar uma condenação. Mesmo quando uma mulher vence em todas essas etapas, sua subjugação pela sociedade permanece sempre aparente. Foi o que aconteceu no recente e notório caso de estupro de Stanford, no qual, apesar de sua condenação por um júri por estuprar uma mulher inconsciente e de um pedido dos promotores por seis anos, o juiz Aaron Persky condenou Brock Allen Turner a apenas seis meses de prisão. A razão de Persky: uma sentença de prisão teria um impacto severo sobre Turner, e ele não seria um perigo para os outros.

Sob o capitalismo, as feministas lutam – e podem conquistar – direitos importantes e igualdade perante a lei. Mas o capitalismo depende da subordinação de setores da classe trabalhadora, incluindo as mulheres. Sem um Estado e uma sociedade determinados a fazer valer a igualdade de direitos e determinados a considerar a subordinação das mulheres e a violência contra as mulheres inaceitáveis — aos olhos da sociedade e na aplicação demonstrada da lei — as mulheres continuarão oprimidas. É exatamente por isso que uma mulher se tornar presidente dos Estados Unidos não sinaliza a libertação das mulheres. O Estado que ela lideraria é um Estado capitalista. É um Estado construído para defender, o que é necessário para sustentar o capitalismo – exploração, desigualdade e opressão – e não para eliminá-los. É exatamente por isso que a libertação plena das mulheres não é possível dentro do sistema capitalista.

O socialismo lança bases para a libertação das mulheres

O socialismo lança as bases para dois passos necessários para a libertação das mulheres: (1) remover a motivação inextricável para a opressão das mulheres – a necessidade de explorar os trabalhadores para gerar lucros; e (2) construir uma sociedade e um Estado comprometidos com o combate à opressão, e não apenas reconhecendo, mas também fazendo valer a igualdade de todos os trabalhadores.

Em relação a isso, Sarah Sloan observou em uma conferência do Partido para o Socialismo e a Libertação em 2014:

As revoluções socialistas não aconteceram nas sociedades ricas, mas nas partes mais pobres do mundo. Na época da Revolução Russa, em 1917, a economia russa era um duodécimo do tamanho da economia dos EUA. Ao eliminar os lucros de um pequeno punhado de capitalistas, mesmo um país pobre como a União Soviética, conseguiu na década de 1930 fornecer a todos os trabalhadores o direito a um emprego e o direito a cuidados de saúde gratuitos.

Em 1960, a União Soviética emergiu como a segunda maior economia do mundo. Não havia desemprego e havia direito à moradia – pagar no máximo 6% da renda pelo aluguel. Os despejos eram ilegais porque não havia senhorios. Era a sua moradia.

As mulheres tinham direito a creches gratuitas e a uma licença de maternidade remunerada de um ano, e tinham o direito de colocar os seus filhos em estruturas de acolhimento de crianças sem custos. As mulheres na União Soviética tinham o direito de se aposentar aos 55 anos de idade com metade do salário. E lembre-se, eles tinham assistência médica gratuita, então a aposentadoria não significava ser mergulhado na pobreza. Eles tinham um mês de férias remuneradas. Isso não significa que não houve problemas na União Soviética, ou que concordamos com todas as políticas de diferentes lideranças. Mas a União Soviética provou, assim como Cuba prova hoje, que quando você tira a riqueza das mãos dos capitalistas, ela pode ser usada para atender às necessidades das pessoas.

A Cuba socialista fez enormes avanços no combate à opressão das mulheres desde sua revolução em 1959, que foi declarada socialista em 1961. E, como as mulheres líderes de lá costumam afirmar, ainda há muito trabalho a ser feito para alcançar a plena igualdade.

Em 1966, Fidel Castro discursou na quinta plenária nacional da Federação Cubana de Mulheres. Ciente dos desafios que uma nova sociedade socialista enfrenta após a derrubada da classe dominante, ele descreveu a luta contra a opressão das mulheres como uma revolução dentro da revolução socialista. Os vestígios da opressão especial da sociedade capitalista sobre as pessoas com base na raça e no gênero não podem ser simplesmente varridos com uma revolução. A revolução começa o trabalho de desfazer esses vestígios.

Entretanto, não há comparação entre a sociedade capitalista dos Estados Unidos e a socialista de Cuba. Às mulheres cubanas têm garantia de moradia, saúde, educação e emprego. Homens e mulheres têm licença parental garantida por até um ano. Direitos reprodutivos, aborto e controle de natalidade, por exemplo, são legais e previstos pelo sistema nacional de saúde. Estes são apenas alguns exemplos, mas são ilustrativos.

Os Estados Unidos não têm licença parental remunerada garantida. Os direitos reprodutivos estão constantemente sob ataque. Moradia, educação, saúde e emprego não são considerados direitos.

Nós lutamos por reformas e lutamos pela libertação plena através do socialismo

O que é, então, a libertação das mulheres? O termo evoca imagens de mulheres liderando marchas, comícios, greves e greves de fome para exigir o direito ao voto, exigir condições de trabalho seguras, exigir igualdade salarial, direito ao aborto e liberdade reprodutiva; mulheres se unindo para exigir o fim do machismo e contra a agressão sexual. É marcado pela luta militante diante da extrema repressão e por vitórias no reconhecimento de direitos e mudanças de atitudes da sociedade. O movimento de libertação das mulheres luta militantemente por direitos e status iguais para as mulheres.

Como revolucionárias feministas, devemos abraçar a militância do movimento de libertação das mulheres e levá-lo adiante. Temos de continuar fortes e inabaláveis na nossa exigência de igualdade de direitos. É fundamental lutar pelo maior número possível de direitos reconhecidos por lei, pelo maior número possível de reformas jurídicas, por tantas mudanças no pensamento e na ação da sociedade. Tudo isso ameniza a opressão enfrentada pelas mulheres.

Como socialistas, também entendemos que, embora a luta militante possa conquistar direitos importantes na sociedade capitalista, a luta de libertação das mulheres vai além do objetivo da igualdade de direitos. É revelador que, após séculos de luta, as mulheres ainda não tenham direitos iguais perante a lei. O que é ainda mais revelador é o outro componente da luta – que a sociedade capitalista continua a submeter as mulheres às normas patriarcais; que na sociedade capitalista, as mulheres continuam oprimidas.

Quando a sociedade é construída sobre a exploração, como é o capitalismo, a igualdade é contraditória com o sistema. Essa é a razão pela qual – mesmo diante da luta militante – as mulheres não têm direitos iguais, e por que mesmo os direitos que temos raramente são aplicados e continuamente ameaçados e corroídos por legisladores e tribunais, instrumentos da classe dominante capitalista. O capitalismo se baseia em construções sociais, como raça e gênero, para apoiar a exploração de grupos de pessoas que é necessária para gerar lucros com o trabalho dos trabalhadores. Ao recuperar o poder político dos capitalistas, atacamos a raiz de toda intolerância e desigualdade baseada nessas construções sociais. Ao fazê-lo, lançamos as bases para a libertação total das mulheres e de todas as pessoas oprimidas.

Notas finais

  1. Mulheres também participaram de caças, mas homens eram os principais caçadores e controladores do processo de domesticação dos animais.

  2. O surgimento da sociedade de classes não só levou à opressão das mulheres, mas também é a raiz da opressão e intolerância LGBTQ. Manter a concentração de riqueza na classe alta requer filhos que possam herdar essa riqueza – relações entre pessoas do mesmo sexo tornaram-se sem valor, embora naturalmente tenham continuado. Assim como a opressão das mulheres, a opressão das pessoas LGBTQ está intrinsecamente ligada à sociedade capitalista atual.

Esse texto contêm muitas ideias de A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado , esse livro não é uma boa fonte de Historia e Sociologia, mas sim para entender o método do Materialismo Histórico Dialético.

Existem pessoas que discordam dessa ideia de que a intolerância contra pessoas queer e o patriarcado surgiram com a criação da propriedade privada e do estado - Inclusive pessoas queer e mulheres.

Algumas observações apenas.

[-] NoahLoren 2 points 5 days ago* (last edited 5 days ago)

imagem do personagem Slim, um bicho-pau, da animação Vida de Inseto.

[-] NoahLoren 2 points 5 days ago

Quem criou essa nota fake colocou um dragão em cima da bandeira da China porque infelizmente não sobrou espaço nem para a Cidade Proibida nem para Muralha da China.

[-] NoahLoren 2 points 5 days ago

Versão caseira dos sucrilhos de chocolate.

[-] NoahLoren 4 points 5 days ago* (last edited 5 days ago)

A política externa do governo Lula era um das poucas coisas que ainda conseguia me surpreender positivamente... Hoje em dia nem isso mais!

A Nova Rota da Seda até onde eu sei, posso ter entendido errado, além de objetivos económicos também iria servir para fortalecer relações com outros países e realizar trocas culturais - Soft Power!? Até onde eu sei alguns públicos encaram até hoje conteúdo produzido na China como propaganda... Até pode ser mas eu acho que um jogo de Fantasia ambientado na China Antiga não está exatamente exaltando o Exército da Libertação Popular.

Considerando que a China é a fábrica do mundo eu acho que existem vários setores da elite política e económica dos Estados Unidos que tentariam no mínimo frear a presença desse país na América do Sul e no Caribe para frear concorrência por mercado, matéria prima e recursos - Mas estou supondo, não entendo porcaria nenhuma de economia.

Esse projeto até que poderia trazer alguns benefícios para o Brasil, provavelmente não traria apenas pontos positivos e muito menos melhoraria a vida da maior parte da população por motivos de capitalismo. Mas ainda seria benéfico para a economia de uma perspectiva governamental e estreitaria laços diplomáticos.

[-] NoahLoren 2 points 5 days ago

Legal, você poderia compartilhar eles qualquer dia conosco aqui no Lemmy.eco.br, mas apenas se você quiser.

[-] NoahLoren 7 points 6 days ago* (last edited 6 days ago)

Não faz muita diferença.

Independente das "pautas identitárias" ou das "questões económicas" gente como esse Zé-Ruela ai não vai conseguir garantir nenhuma dessas coisas para pessoas como nós.

Aposto que esse palhaço só se elegeu vereador por conta de apadrinhamento político.

Me pergunto que novos quadros são esses para os quais ele quer abrir espaço? Ex-membros do MBL? Rejeitados pelo Novo? Banidos do Partido Liberal?

Realmente, depois que o Lula morrer o PT vai se tornar o que o PDT virou após a saída do Brizola.

Não que o Lula, a Dilma e o Haddad sejam perfeitos. Os três já disseram coisas elitistas, sexistas, LGBTFobicas e até racistas. Eles já cometeram muitos erros quando não traições contra setores da classe trabalhadora que votaram neles em peso. Mas apesar disso, eu gosto de levar as ações antes das palavras, durante os governos deles os movimentos sociais conseguiram conquistar muitas coisas.

Pelo menos o PSOL parece ser uma alternativa excelente para a esquerda institucional.

[-] NoahLoren 5 points 1 week ago

Utilizar os serviços da Meta é exatamente como eu imagino que fazer um pacto com o Capiroto deva ser.

[-] NoahLoren 3 points 1 week ago

A Sabrina Fernandes do canal Tese Onze encerrou as atividades mas os vídeos dela são excelentes para consulta.

Eu copiei essa lista da descrição de uma live do Ian Neves do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora na qual ele divulgou algumas mulheres produtoras de conteúdo, algumas são da Soberana, outras não. Algumas não estão produzindo conteúdo atualmente. E algumas são de outros países e produzem conteúdo em inglês.

Isa / História da imagem https://linktr.ee/hist… 
Bebel Abelinha:   / bebel_abelhinha   
Naná:   / bruxacomunista   
Luna:    / @sovietlunox   
Dudabolche:    / @dudabolche3466   
Pedagolitica: https://linktr.ee/peda… 
Lumaplease:   / lumaplease   
Bomfimkim - https://beacons.ai/kim… 
Bea das makes - https://linktr.ee/bead… 
Isadora -   / isadorazagoup_   
Carol Sarda -    / @carollinesarda   
Sued Carvalho -   / suedcarvalhoup  
Luna Oi -    / @lunaoi   
LadyIzdihar - https://linktr.ee/lady… 
Juliane Furno -    / @jufurno   
Laura Sabino -    / @mylaura_m  

No YouTube só também pode encontrar uma mina anarquista, feminista e ateísta chamada Mari Campos.

O Pedro do Ateuinforma já fez uma live com ela e foi bem produtiva.

[-] NoahLoren 3 points 1 week ago

O equivalente brasileiro as flores de cerejeira.

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NoahLoren

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