Ao explodir duas estradas simbólicas que permitiam a conexão com o território do país vizinho nesta terça-feira (15/10), a Coreia do Norte também causou um prejuízo financeiro de cerca de US$ 130 milhões ao governo sul-coreano, responsável pelos investimentos das estruturas alvejadas, segundo a agência de notícias Yonhap.
“A Coreia do Norte explodiu partes das estradas Gyeonggi e Donghae ao norte da Linha de Demarcação Militar (MDL) por volta do meio-dia”, confirmou o Estado-Maior Conjunto sul-coreano, em comunicado à imprensa local. As ações da nação liderada por Kim Jong Un formalizaram hoje a separação dos dois Estados, além da consolidação deles como “hostis um ao outro”.
A Estrada Gyeonggi era usada principalmente por empresários sul-coreanos que trabalhavam em fábricas no Complexo Industrial Kaesong, no Norte. O local funcionava como uma espécie de “zona de desenvolvimento econômico de cooperação”, sendo considerado o único remanescente das relações bilaterais com Seul. Enquanto a Estrada Donghae, ao longo da costa leste, era utilizada por turistas que visitavam o Monte Kumgang, também da Coreia do Norte.
O projeto de ligação terrestre das duas linhas foi apoiado por empréstimos do governo em Seul, entre 2002 e 2008, no valor de US$ 132,9 milhões. De acordo com a agência Yonhap, ao explodir “irreversivelmente” as duas estradas estratégicas, Pyongyang também teria provocado um prejuízo considerável ao “orçamento investido pelo povo sul-coreano por meio de impostos”.
Diante da situação, a imprensa sul-coreana especula uma possível medida a ser tomada pelo governo do presidente Yoon Suk Yeol para responsabilizar a Coreia do Norte pela destruição dos ativos investidos, que até o momento não foram “reembolsados” por Kim.
Resposta imediata da Coreia do Sul
Depois das explosões, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul relatou que, em resposta, suas forças armadas também dispararam “vários tiros” contra a Linha de Demarcação Militar (MDL, por sua sigla em inglês) logo após as explosões, acrescentando que endureceu suas medidas de vigilância.
O Ministério da Unificação sul-coreano, por sua vez, condenou as ações tomadas por Pyongyang, classificando-as como uma “clara violação do acordo intercoreano”.
“A destruição das partes setentrionais das estradas Gyeonggi e Donghae pela Coreia do Norte é uma clara violação do acordo intercoreano. É deplorável que a Coreia do Norte tenha repetido seu comportamento, após a destruição do escritório de ligação (intercoreano) há quatro anos. Nosso governo deixou claro que o Norte é totalmente responsável por todos os incidentes que poderão ocorrer por causa desta (explosão)”, disse em comunicado.
Escalada de tensões
As tensões se intensificaram ainda mais nos últimos dias, quando Pyongyang acusou seu vizinho de ter lançado drones contra o seu território, jogando folhetos de propaganda “anti-Coreia do Norte”. A Coreia do Sul, entretanto, não reivindicou as ações, mas também não as negou. Por outro lado, apenas alertou que responderia “decisivamente” se a segurança de seus cidadãos fosse ameaçada.
Em 9 de outubro, o líder norte-coreano Kim Jong Un já havia antecipado que cortaria completamente todas as ferrovias e estradas ligadas ao seu país vizinho, diante de uma “iminente crise de guerra” fomentada pelos “imperialistas dos Estados Unidos” na península coreana, tratando-se, portanto, de uma medida para prevenir conflitos e salvaguardar a segurança nacional.
“Em resposta à grave situação em que a iminente crise de guerra aumenta dia a dia na zona da fronteira sul do país, o Estado-Maior do Exército Popular Coreano anuncia que tomará medidas militares práticas para separar completamente o território da Coreia do Norte com a Coreia do Sul”, disse o Exército norte-coreano, segundo a Agência de Notícias local (KCNA).
Em meio à escalada de tensões, Kim Jong Un convocou uma reunião extraordinária sobre defesa e segurança nacional nesta terça-feira. A sessão contou com altos funcionários do gabinete do líder norte-coreano, sobretudo os ministros da Defesa e da Segurança, secretários do Partido dos Trabalhadores e comandantes do Exército popular.
De acordo com a KCNA, durante o encontro foi apresentado um relatório referente às “graves violações do inimigo à soberania da República”, incluindo um plano de ação militar de resposta contra a Coreia do Sul e medidas para modernizar a tecnologia e o equipamento militar em defesa do povo.
this post was submitted on 17 Oct 2024
3 points (100.0% liked)
Geopolítica
34 readers
1 users here now
Geopolítica é a congruência entre demasiados grupos de estratégias adotadas pelo Estado para administrar seu território, e anexar a geografia cotidiana com a história. Desta forma, Geopolítica é um campo de conhecimento multidisciplinar, que não se identifica com uma única disciplina, mas se utiliza principalmente da Teoria Política e da Geologia e Geografia ligado às Ciências Humanas e Ciências Sociais aplicadas.
founded 8 months ago
MODERATORS
3
Coreia do Sul vê projeto de US$ 130 milhões afundar após explosões nas vias que ligavam ao Norte
(operamundi.uol.com.br)
there doesn't seem to be anything here