Bunker da Esquerda

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BEM VINDOS(AS) AO BUNKER

👥COMUNIDADE voltada para os progressistas de diversas vertentes para discutirem temas sensíveis do cenário político e social do nosso país e do mundo.

PALAVRAS-CHAVE: Brasil, Esquerda, Marxismo, Brics, América do Sul, Sul Global.

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Mundo e Conflitos:


Chat em Sala XMPP 💬

Optamos por uma sala xmpp para socializar e conversar sobre temas do cenário político e social do nosso país de forma mais descontraída e com leveza

founded 2 years ago
MODERATORS
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cross-posted from: https://lemmygrad.ml/post/6124720

Alguém está acompanhando a situação na Bolívia?

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Na Casa Rosada estão festejando: outubro foi o melhor mês desde que a gestão libertária assumiu. A inflação e o risco-país abaixam, a "brecha cambial" (diferença entre o valor oficial do dólar e do dólar paralelo) é reduzida e o Banco Central compra dólares ajudado pelo sucesso do "blanqueo" (regularização de depósitos em dólares na Argentina). Mas o paraíso de Milei é para poucos. Quem são os macacos que não estão convidados para a festa?

Texto de Diego Iglesias para a Revista Anfibia, em espanhol.

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Imagina se fossem os Correios @bunkerdaesquerda

Acho que falta privatizar o #MercadoLivre

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A métrica que melhor mostra a força dessa continuidade é comparar o número de prefeituras que cada partido venceu com quantas governava na véspera da eleição - e não com as vitórias obtidas em 2020. Isso porque, nos últimos quatro anos, houve muita migração partidária. Assim, comparar apenas os resultados das urnas ao de quatro anos atrás não traz um retrato fiel do desempenho dos partidos.

Por essa ótica, houve muito mais continuidade que mudança. O resultado obtido pelo PSD é ilustrativo dessa diferença. O partido elegeu 654 prefeitos em 2020, e 887 este ano, o que o fez ser visto como o grande vitorioso. Mas, na véspera do pleito, governava 1.040 municípios - logo, perdeu 153 prefeituras (14%). Já o MDB entrou na disputa com 916 prefeituras e saiu com 853, uma perda de 63 municípios. PL e Republicanos tiveram os maiores ganhos, mas menores que os obtidos em 2020. Enquanto isso, o PT tinha 265 prefeituras na véspera da eleição, e conquistou 252.

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submitted 7 months ago* (last edited 7 months ago) by brasil@ayom.media to c/bunkerdaesquerda
 
 

Pessoal que acompanha as comunidades @bunkerdaesquerda

@comunismo e @anarquismo

Elas possuem grupos no xampu (#xmpp)

todas no mesmo endereço, mas no subdominio chat, assim:

- xmpp:bunkerdaesquerda@chat.lemmy.eco.br?join
- xmpp:comunismo@chat.lemmy.eco.br?join
- xmpp:anarquismo@chat.lemmy.eco.br?join

Sua instância não dá conta XMPP? Fale com seu admin para entrar em contato com o @xmppbrasil ou crie sua conta em https://xmpp.eco.br

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re-publicado de: https://lemmy.eco.br/post/8482854

Mais um convite ao debate que uma conclusão bombástica, mas algo para a gente colocar no radar.

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Réus confessos do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz não irão até o 4º Tribunal do Júri, na região central do Rio de Janeiro (RJ), onde acontecerá o júri popular que julgará o caso.

O depoimento da dupla, momento mais aguardado do julgamento, será feito por videoconferência às 9h desta quarta-feira (30), por determinação do juiz Gustavo Kalil, que conduzirá o juri popular, acatando um pedido das defesas de Lessa e Queiroz.

O depoimento dos réus ocorrerá das unidades prisionais onde estão encarcerados. Ronnie Lessa, falará da Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo (SP), e Élcio Queiroz, do Centro de Inclusão e Reabilitação, em Brasília (DF).

A expectativa de especialistas é que o julgamento dure ao menos uma semana. Os dois réus, Lessa e Queiroz, já confessaram participação no assassinato de Marielle e Anderson. O primeiro foi o executor e o segundo dirigia o veículo utilizado no atentato.

Além de admitir ser o autor dos disparos que culminaram na morte de Marielle e Anderson, Lessa disse à Polícia Civil que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão foram os mandantes do crime, e que a dupla teria sido acobertada pelo delegado Rivaldo Barbosa, que chegou a ser o responsável pelas investigações sobre o atentado.

Lessa e Queiroz estão presos desde março de 2019 e já passaram por diversas unidades prisionais, enquanto aguardam o julgamento. Os irmãos Brazão e Barbosa foram presos também no mês de março, mas deste ano. O trio não foi arrolado por nenhuma parte para testemunhar no júri popular.

Edição: Martina Medina

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Ian Neves: O Caminho da Esquerda Pós Eleição @bunkerdaesquerda

https://youtube.com/watch?v=pnyOHHsQ5Cg

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É um fio do Jones Manoel, do PCBR, vou colocar aqui na íntegra pra evitar que precisem entrar no Twitter:

No começo do ano, para salvar o Novo Teto de Gastos, divulgaram em massa a mentira de que o Governo Lula liberou 60 bilhões para reconstrução do Rio Grande do Sul. Depois, novamente para salvar o Novo Teto, foram contra a anistia da dívida do Rio Grande.

Mentir na internet é fácil. Difícil é mentir sobre valores e ter obra para mostrar. Olhem a propaganda de Maria do Rosário nas redes sociais e no Youtube. Simplesmente não tem imagens de obras feitas com recursos do Governo Federal. A direita, como esperado, fez a festa.

Bastou divulgar em massa que Maria do Rosário votou contra a anistia da dívida (e, infelizmente, isso é verdade) e falar em corrupção ou mentira, afirmando que o dinheiro prometido (60 bilhões!) não chegava. O resultado está nas urnas.

Agora os negacionistas "progressistas" vão dizer que Maria do Rosário perdeu porque passou anos defendendo os direitos humanos.

Parabéns, Fernando Haddad. Você salvou o Novo Teto de Gastos e reverteu a vitória que o PT teve em Porto Alegre em 2022.

eu discordo completamente do jones nesse papinho de debochar o haddad, pq pra mim já é o pressuposto de um governo burgues q satisfaça a burguesia, ainda mais em tempos q a burguesia não vê o proletariado como ameaça

enfim, fico curioso pra ver se esse Efeito Novo Teto de Gastos se replicou em outros lugares tbm? fora do RS por assim dizer, pq realmente, do q adianta uma campanha dizer "é candidato do Lula" mas isso nao estar relacionado a obras q o governo fez, ou programas sociais q o governo expandiu pra região? assim, só a figura msm fica bem dificil né kk

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Um artigo recente do Peoples Dispatch revela como o bilionário Elon Musk está tentando comprar influência política em toda a América. Isso é um exemplo clássico de como o poder econômico pode ser usado para controlar a política e manipular a opinião pública.

Musk e sua Rede de Influência

Musk, dono da SpaceX e da Tesla, tem uma rede de influência que abrange desde políticos até jornalistas e celebridades. Ele usa sua riqueza e seu status para promover seus interesses e moldar a opinião pública. Isso inclui doações para campanhas políticas, investimentos em mídia e até mesmo a compra de influenciadores digitais.

A Compra de Mídia

Um dos exemplos mais gritantes é a compra da revista Time Magazine por Musk. Isso lhe dá o controle sobre uma das principais publicações de notícias do mundo, permitindo que ele promova sua agenda e suprima críticas. Além disso, Musk também investiu em outras publicações e plataformas de mídia, expandindo sua influência sobre a opinião pública.

A Influência em Políticos

Musk também tem uma rede de contatos políticos que inclui figuras poderosas como o presidente dos EUA, Joe Biden. Ele usa esses contatos para promover seus interesses e influenciar políticas públicas. Isso inclui a defesa de subsídios para sua empresa de energia solar e a promoção de políticas que beneficiem seus negócios.

A Ameaça à Democracia

A compra de influência política por Musk é uma ameaça à democracia. Quando bilionários como ele podem usar sua riqueza para controlar a opinião pública e influenciar políticas públicas, a voz do povo é silenciada. Isso é um exemplo clássico de como o poder econômico pode ser usado para subverter a democracia.

Conclusão

Em resumo, o artigo do Peoples Dispatch revela como o bilionário Elon Musk está tentando comprar influência política em toda a América. Isso é uma ameaça à democracia e um exemplo clássico de como o poder econômico pode ser usado para controlar a política e manipular a opinião pública. É importante que nós, cidadãos, estejamos atentos a essas práticas e lutemos para proteger a democracia.

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A trajetória política de Ciro Gomes nos últimos anos, especialmente a partir das eleições de 2018, apresenta uma série de decisões que culminaram na sua perda de relevância no cenário nacional. Após uma campanha presidencial em que se posicionou como uma alternativa à polarização entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, Ciro fez uma escolha que muitos consideraram um erro estratégico: decidiu se afastar do debate político e passar um tempo em Paris. Essa pausa não apenas distanciou-o das discussões cruciais do momento, mas também fez com que sua imagem se tornasse mais nebulosa para o eleitorado.

No pleito de 2022 Ciro se colocava como terceira via e acabou em quarto perdendo para Simone Tebet.

  1. Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
    Votos: 57.259.504
    Percentual: 48,43%

  2. Jair Bolsonaro (PL)
    Votos: 51.072.345
    Percentual: 43,20%

  3. Simone Tebet (MDB)
    Votos: 4.915.423
    Percentual: 4,16%

  4. Ciro Gomes (PDT)
    Votos: 3.599.287
    Percentual: 3,04%

Ao mesmo tempo, Ciro começou a adotar uma postura de crescente antagonismo em relação ao PT, partido com o qual havia uma história de apoio e colaboração. Suas críticas se tornaram cada vez mais contundentes, e sua revolta contra a legenda e seus líderes parecia, em muitos momentos, pouco justificada. Essa ruptura não só alienou eleitores de esquerda, mas também contaminou a imagem do PDT, seu partido, que começou a se afastar das suas raízes progressistas em busca de uma nova identidade política.

Um dos erros mais notáveis de Ciro foi o apoio velado ao deputado federal bolsonarista André Fernandes, que disputou o segundo turno em Fortaleza contra Evandro Leitão, candidato do PT. Essa escolha, que poderia ser vista como uma tentativa de ampliar sua base de apoio, resultou em um grande fiasco. Fernandes acabou perdendo para Leitão, demonstrando que a estratégia de alinhamento com figuras da extrema direita não apenas falhou, mas também desestabilizou ainda mais a posição de Ciro dentro do seu próprio partido e no cenário político local.

O ex-governador Ciro Gomes (PDT) atacou o candidato Evandro Leitão (PT) durante o debate da TV Verdes Mares à Prefeitura de Fortaleza. Em um comentário na página “Fortaleza Ordinária”, Ciro disparou: “Evandro ridículo”. Brasil 247

Além disso, sua tentativa de se aproximar da extrema direita, em busca de um eleitorado alternativo, gerou confusão e críticas tanto da esquerda quanto da direita. Ciro passou a ser visto como um político em constante mutação, sem uma clara definição de seu posicionamento ideológico. Essa ambiguidade o levou a ser considerado, por alguns bolsonaristas, como uma figura de esquerda, enquanto muitos esquerdistas o viam como um traidor de seus princípios.

A bancada do PDT na Câmara dos Deputados se reunirá, na próxima quarta-feira (30), para discutir, entre outras coisas, uma possível expulsão do ex-ministro e ex-deputado Ciro Gomes. Revista Fórum

Esses movimentos contribuíram para a sua queda em termos de relevância e influência. Ciro não conseguiu consolidar um espaço que o colocasse como a terceira via desejada por muitos eleitores insatisfeitos com a polarização entre PT e Bolsonaro. Em vez disso, sua imagem se deteriorou, resultando em uma percepção de que ele estava perdido entre duas correntes, sem conseguir se firmar como uma alternativa viável.

Em resumo, os erros de Ciro Gomes após as eleições de 2018, incluindo seu afastamento do debate político, a ruptura com o PT, o apoio velado a um bolsonarista em sua cidade natal e a confusa tentativa de aproximação com a extrema direita, culminaram em sua gradual perda de relevância. Essa trajetória deixou-o em uma posição desconfortável, sendo visto como um político sem um claro compromisso ideológico, o que prejudicou suas aspirações políticas e sua imagem pública.

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26 de outubro de 2024, 19:07

Sobrinho da ex-presidenta Dilma Rousseff, Pedro Rousseff criticou o "discurso identitário", que é forte entre os setores progressistas, defendendo uma 'volta' a questões que realmente "importam para o povo", como emprego e renda.

“A nossa eleição foi muito no sentido contrário, de voltar às pautas que importam para o povo: emprego, renda, empreendedorismo social, cuidar de quem mais precisa e fazer o embate com a extrema direita. Precisamos abandonar o discurso identitário”, disse Pedro Rousseff, que é vereador eleito de Belo Horizonte (MG), em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, publicada neste sábado (26).

Pedro Rousseff defendeu ainda que seu partido, o PT, passe por uma mudança interna profunda. “Temos de mudar o PT por dentro. Não adianta adotar o discurso de renovação se os novos quadros não fazem parte das decisões do partido. O PT, para crescer, tem que renovar. Os quadros mais antigos têm que dar espaço para as novas lideranças. É um movimento que eu, como vereador, vou batalhar dentro do partido”, acrescentou.

xiii já morreu na praia?

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DOSSIÊ RICARDO NUNES (m.youtube.com)
submitted 7 months ago by NoahLoren to c/bunkerdaesquerda
 
 

Eu adorei a frase:

"Caso você não seja de São Paulo e não saiba quem é o prefeito da capital, relaxa. A galera da capital também não sabe quem é o prefeito".

Se aplica a tantas capitais do Brasil a fora...

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submitted 7 months ago* (last edited 7 months ago) by kariboka@social.harpia.red to c/bunkerdaesquerda
 
 

Laura Sabino - Comunismo E Política - Kritikê #387 @bunkerdaesquerda

▶️️
https://youtube.com/live/dGAS5dqOxDg

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Imperialismo - Webcomunistas Com Laura Sabino E Ian Neves - 17/10/24 @bunkerdaesquerda

▶️ https://youtube.com/watch?v=0ZiAQbgLqRE

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A qualidade disso aqui ta absurda.

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Queria conhecer mais comunicadoras mulheres de esquerda só sigo comunicadores homens e queria variar nas vozes que escuto, vocês poderiam me indicar algumas?

Não importa em qual plataforma pode ser um canal do youtube, peertube, mastodon ou podcast.

Já conheço a Laura Sabino e recentemente descobri a Kamarada Luna.

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O primeiro Encontro de Think Tanks do BRICS começou em Moscovo, reunindo mais de 10 líderes de instituições de pesquisa dos países do grupo, como Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Irã, Etiópia e os Emirados Árabes Unidos.

O evento, organizado pelo centro de pesquisa TRENDS, visa aumentar a influência dos think tanks na formulação de políticas e desenvolvimento sustentável. O diretor do TRENDS, Dr. Mohammed Abdullah Al-Ali, destacou a importância de compartilhar ideias para fortalecer a cooperação entre os países do BRICS.

Os participantes discutirão como os think tanks podem contribuir para o crescimento econômico e a cooperação comercial, além de explorar o papel da mídia na divulgação de pesquisas e na promoção do diálogo entre os membros do BRICS. O encontro busca estabelecer uma rede de colaboração que ajude a moldar políticas e estratégias para enfrentar desafios comuns.

Ler em: Agência Tass

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Um estudo lançado nesta terça-feira (22) em Brasília pelo Observatório do Clima (OC) afirma que o Brasil pode reduzir em até 80% as emissões de dióxido de carbono no setor de energia sem afetar o crescimento da economia. De acordo com os pesquisadores, o país pode chegar a 2050 com 102 milhões de toneladas de CO2 emitidas anualmente "sem recorrer a soluções falsas como captura e armazenamento de carbono (CCS) e sem a necessidade de expandir a produção de combustíveis fósseis", mantendo um crescimento médio de 1,3% a 2,8% ao ano.

O documento, intitulado Futuro da Energia: visão do Observatório do Clima para uma transição justa no Brasil, alerta que, caso as tendências atuais para o setor de energia se mantenham, ele deverá ser responsável pela emissão de 558 milhões de toneladas de CO2 em 2050, número superior ao pico alcançado em meados da década passada. Esse dado considera as medidas já adotadas e os compromissos já firmados pelo país em relação à produção de biocombustíveis e o aumento de fontes renovável. Em 2022, as emissões do setor ficaram em 490,6 milhões de toneladas de CO2, de acordo com os dados do Observatório do Clima.

Foram 23 organizações envolvidas no processo de pesquisa, desde o estabelecimento das diretrizes e princípios até a coleta e análise de dados. A publicação propõe diretrizes a serem adotadas em matéria de transportes de carga e de passageiros, produção de combustíveis e biocombustíveis, indústria e geração de eletricidade, além de abordar as "perspectivas para a produção de hidrogênio verde, o fechamento de termelétricas a carvão, o crescimento das fontes eólica e solar e o papel das térmicas a gás fóssil em médio e longo prazos".

"O observatório resolveu pensar e ter uma visão para a transição energética baseados no melhor conhecimento disponível, no conhecimento dos setores, na análise dos setores de consumo, nas novas tecnologias, e na melhor ciência e informação disponível. Mas também tem aí uma visão política. Quer dizer, análise por si só não é exatamente o que as organizações da sociedade civil esperam ter", declarou Delcio Rodrigues, diretor-executivo do instituto ClimaInfo, uma das organizações que construíram o estudo.

O estudo do Observatório do Clima tem como referência a necessidade de redução em 92% as emissões líquidas até 2035 em relação aos níveis de 2005, parâmetro defendido pela organização para a proposta brasileira de atualização do Acordo de Paris.

Segundo a organização, o estudo foi motivado pelo entendimento de que, "embora imprescindível, zerar o desmatamento da Amazônia e de outros biomas não é o suficiente para que o Brasil cumpra as metas de Paris". "O país larga na frente por conseguir gerar 90% de sua energia elétrica a partir de fontes renováveis, mas ainda assim há um longo trabalho a ser feito nas atividades que mais emitem gases de efeito estufa do setor de energia", diz o documento. "A vantagem comparativa no setor de energia, especialmente na geração de eletricidade, é um dos motivos que levam o Observatório do Clima a afirmar que o Brasil, entre as grandes economias do mundo, é o único país com potencial para alcançar o status de carbono negativo até o ano de 2045", projeta o OC.

Representando o Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco, secretário-executivo da pasta, saudou a iniciativa e disse que o governo está comprometido com o processo de escuta da sociedade.

"O governo do presidente Lula é comprometido com esse processo de participação, comprometido com o processo de escutas e de envolvimento da cidade civil, e quando essa contribuição vem de uma forma estruturada, baseado em ciência, como são as contribuições do OC, baseadas em análises aprofundadas, envolvendo um conjunto de pessoas que são reconhecidamente de altíssima competência, tanto na produção da informação como na análise de informação, como na formulação de política pública. Isso é extremamente importante", disse o secretário.

Projeções

A partir dos estudos, o Observatório do Clima faz três projeções econômicas: a primeira, com um crescimento médio de 1,3% ao ano, descrito pela organização como uma "tendência linear que considera a série histórica de resultados do PIB brasileiro entre 1960 e 2023, segundo dados compilados e disponibilizados pelo Banco Mundial"; a segunda, com um crescimento médio de 2,8% ao ano até 2050, "valor definido a partir da média das taxas superior e inferior de evolução do PIB apresentadas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em seu Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2034"; e uma terceira, com crescimento médio de 2,1% ao ano, a partir da "adoção da média simples entre os crescimentos anuais das duas projeções anteriores".

Considerando as áreas de consumo de energia, o Observatório do Clima prevê uma redução de emissões de CO2 em 48% no transporte de cargas, 49% no transporte de passageiros, 80% na indústria de cimento, química, outras matérias-primas, 90% na indústria de aço, assim como na geração de eletricidade, 71% na construção civil, 61% na agropecuária, e 51% na produção de combustíveis.

A mobilidade urbana precisa mudar

O setor de transporte é o maior consumidor mundial de combustíveis derivados do petróleo, sendo responsável por cerca de 23% do consumo de energia e 14% das emissões antrópicas de GEE. "Apesar da participação relevante dos biocombustíveis na matriz energética brasileira, o setor de transporte ainda é responsável por 9,3% das emissões nacionais de GEE48, em função da predominância do uso de combustíveis fósseis", destaca o relatório.

Sendo assim, o Observatório do Clima defende descarbonizar o transporte de passageiros e de carga, para impedir o aumento da temperatura global em 1,5°C. Para isso, a organização propõe que os programas federais de apoio à renovação de frota de transporte contemplem recursos para acelerar a transição para a adoção de tecnologias de frota zero emissão. Além de incentivos ao aumento da participação de biocombustível na matriz energética.

O observatório defende ainda a promoção de modais de transporte sustentáveis, sobretudo de transporte coletivo, e de transporte ativo, como bicicleta e mobilidade a pé, o que demanda um planejamento urbano integrado.

Medidas

Para atingir os números alcançados pelo estudo, os pesquisadores indicam uma série de medidas a serem adotadas. Entre elas, "a construção de um modelo de desenvolvimento do setor elétrico que garanta maior inserção de renováveis e otimize sua operação", associado ao uso de novas tecnologias de armazenamento, além de garantir equidade e justiça no acesso à energia. O relatório indica ainda a necessidade de eliminação dos subsídios governamentais aos combustíveis fósseis, e direcionamento desses recursos para apoio à transição energética justa.

No mesmo sentido, o OC propõe o aumento do investimento em biocombustíveis, garantindo o devido controle ambiental e as normas socioambientais que regulam esses empreendimentos. Também defende que o governo retroceda na expansão da exploração de petróleo, sobretudo na Foz do Amazonas e outras bacias da Margem Equatorial brasileira. Assim o relatório propõe transformar a Petrobras em uma empresa de energia, focada na redução progressiva da produção de petróleo e investimento em fontes de baixo carbono.

Para tratar o maior dos problemas, o OC defende a priorização do transporte público coletivo sobre o transporte individual, com planejamento urbano que encurte as distâncias, além de eletrificar as frotas de ônibus, com apoio federal. O estudo também indica o desenvolvimento de uma indústria de hidrogênio com baixo teor de carbono, livre de gás fóssil, e a eliminação do uso do carvão mineral para geração de eletricidade até 2027.

As organizações também consideram necessária a reformulação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), "que deve ter foco maior em metas de não geração de resíduos, reuso e reciclagem, e renunciar à geração de energia via incineração".

Críticas ao governo

Durante a atividade de lançamento do relatório, Rodrigues afirmou que há uma "dissonância cognitiva" entre os diversos ministérios do governo.

"Por um lado, tem o Ministério do Meio Ambiente e vários outros, realmente numa intenção muito importante, muito forte, de combater o desmatamento, discutir NDC [Contribuição Nacionalmente Determinada na sigla em inglês], fazer o melhor NDC possível. Por outro lado, a gente tem o Ministério de Minas e energia com essa história de vamos ser o quarto maior explorador de maior exportador de petróleo do mundo, vamos abrir novas frente de exploração, precisamos do petróleo da arrecadação fiscal para financiar a transição, que são discursos bastante desconexos", afirmou, apontando ainda os obstáculos impostos pelo Congresso Nacional à transição energética real.

As críticas também estão inseridas no relatório divulgado nesta terça-feira, que afirma que "as emissões do setor de energia não têm sido tratadas com a atenção necessária no caso brasileiro". O documento aponta uma "priorização das fontes fósseis", e defende que o governo Lula reverta a contratação de energia carbonífera até 2040, prevista no Programa de Transição Energética Justa (Lei 14.299/2022).

"Ao mesmo tempo, o Congresso se mobiliza para aprovar ainda mais retrocessos, como a inclusão no Projeto de Lei (PL) 11.247/2018 , que cria o marco legal das eólicas offshore, do jabuti estendendo a contratação de térmicas de carvão até 2050", diz o relatório.

"Não é possível compreender, tampouco justificar, que as tarifas de energia elétrica ainda possam servir para dar continuidade aos subsídios da indústria carbonífera e das termelétricas que utilizam esse combustível fóssil. O consumidor acaba duplamente apenado: pela emissão de GEE e por mais poluição de ar, do solo e contaminação de água; e pelos subsídios que as usinas de carvão precisam para operar. Trata-se de uma energia suja e cara", registram as organizações.

Edição: Thalita Pires

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No percurso de casa até a escola na comunidade quilombola de Rio dos Macacos, em Simões Filho, região metropolitana de Salvador, Bahia, as irmãs Adriele, de 17 anos, e Adriana Santos, de 18, andam por quase uma hora no chão de terra. São vias estreitas, acidentadas e sem iluminação, ladeadas por um matagal. Não passam carros ou ônibus no trajeto.

As irmãs Adriana e Adriele querem chegar ao ensino superior. Elas ainda não escolheram suas futuras profissões, mas pensam em ajudar a ensinar as letras para os mais velhos do quilombo. E é por isso que encaram, na volta da aula, a correria contra a escuridão do início da noite, carregando cadernos, livros e sonhos nas costas.

A escola mais próxima do quilombo, a Vale de Sião, da rede municipal, fica a sete quilômetros de distância. “Nós queríamos ter melhores condições para nossa família, mas os políticos ignoram a gente”, lamenta Adriana, que votou pela primeira vez este ano. Mas, ainda que elas tenham aprendido na escola a importância do voto, o descaso dos políticos com a comunidade desanima. “Sei que é importante votar, mas a gente se sente abandonada”, diz Adriele.

As 140 famílias, aproximadamente mil pessoas entre adultos e crianças, que vivem no quilombo encaram esse mesmo trajeto todos os dias porque ele é a entrada e a saída da comunidade. Quando chove, a lama faz com que elas precisem se esgueirar por entre árvores para não cair em buracos, apoiando-se nos galhos e nas pegadas de quem já passou por ali, como forma de não afundar o pé. Para Rose Meire dos Santos Silva, 46 anos, coordenadora da Associação de Rio dos Macacos, a comunidade é esquecida pelos políticos locais. “De vez em quando, candidatos nos abordam, mas pouco conhecem nossa realidade”, diz.

Irmãs Adriana e Adriele Santos se arriscam diariamente voltando da escola em estrada de terra sem iluminação Ela lamenta que as dificuldades de acesso à escola tenham feito com que “muita gente desistisse de estudar”. Rose Meire é analfabeta. A maioria das famílias, geração após geração, teve que priorizar o trabalho na roça e não teve chance de conhecer o ensino formal e regular.

A falta de iluminação na via, em meio ao matagal, deixa as mães do quilombo com medo. Por segurança, elas decidiram andar juntas, em um “comboio a pé” para levar as crianças à escola. Simões Filho é uma das cidades mais perigosas do Brasil. Segundo o último Anuário Estatístico de Segurança Pública (2023), o município é o quinto mais violento do país, com 75,9 assassinatos a cada 100 mil habitantes.

As mães chegam a andar 28 quilômetros em um dia para levar as crianças para a escola municipal, porque precisam ir e voltar duas vezes ao dia. “Deixo meu filho, depois eu volto para casa. Na hora da saída, vou de novo”, diz Luzinede Araújo, de 27 anos. O filho dela, Joabe, tem apenas nove anos. “Às vezes, ele desiste de ir para a escola. Ele já chega cansado na aula”, conta a mãe. O menino gosta da aula de português e de se divertir com os amigos. “Eu fico triste porque alguns dias eu fico com muito sono”, conta.

No caminho para a escola, a criança Juliana, de 9 anos, amiga de Joabe, reclama do trajeto. “Eu fico muito cansada. É até difícil conseguir brincar depois”, diz.

Outro caminho possível para chegar à área asfaltada que dá acesso ao quilombo é pela Vila Naval da Barragem, um condomínio criado na década de 1960, onde estão as casas de mais de 500 militares que servem na Base Naval de Aratu. A estudante Vitória Santos, de 18 anos, faz esse trajeto, mas diz que é necessário se identificar todos os dias no portão da guarda. “Os meus ancestrais ocupam esse lugar há mais de dois séculos”, diz.

Mães chegam a andar 28 quilômetros em um dia para levar as crianças para a escola

O Rio dos Macacos, que banha a comunidade, também é motivo de embate dos moradores com a Marinha. Segundo moradores, militares impedem que os quilombolas cheguem perto do Rio. A Marinha informou que está em “fase avançada” um procedimento na Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal para uma solução negociada com a comunidade sobre a utilização do Rio dos Macacos.

“Convém mencionar que o relacionamento entre a Marinha e os moradores ocorre de forma amistosa e respeitosa, não havendo registros recentes de problemas envolvendo os moradores da comunidade e nossos militares”, diz a resposta.

Também “que sempre permitiu o acesso dos moradores, visitantes e serviços públicos, sem restrições”. E que repudia “toda e qualquer forma de violência, destacando que todas as denúncias envolvendo a instituição são apuradas de forma transparente, respeitando-se os princípios constitucionais”.

Primeira a entrar na faculdade

A primeira pessoa do quilombo Rio dos Macacos a entrar na faculdade foi Franciele Silva, de 24 anos, estudante da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ela também passou pelas caminhadas de madrugada indo para a escola. Atualmente, como ela estuda de noite, pede a companhia do pai para voltar para casa.

“Eu resolvi fazer o curso de direito para lutar por minha comunidade. A gente tem esses direitos negados pelo Estado e violados também. Então, eu acho que entrar na faculdade é uma ferramenta muito importante, fundamental para a vida da nossa sociedade”, diz a universitária.

“Minha mãe teve o direito negado a essa educação, não só ela, os irmãos dela e outras pessoas do território. Elas são inspirações para mim.” Juntas, mãe e filha entregaram, no ano passado, uma carta pessoalmente ao presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) pedindo mais direitos para a comunidade.

Na escola em que as crianças estudam, a Vale de Sião, a secretária Adriana Fonseca disse que “a unidade tem um projeto de busca ativa para resgatar alunos que deixam de aparecer para estudar”. Ela diz que o que causa a evasão escolar é a dificuldade de acesso ao quilombo.

“A prefeitura deveria ajudar a resolver esse problema. O rendimento das nossas crianças não está bom. Tive que me jogar debaixo do carro de um prefeito, há cinco anos, para pedir transporte”, afirma Rose Meire, coordenadora da associação do quilombo.

Além das dificuldades de acesso para crianças e adolescentes, Rose Meire diz que as crianças quilombolas sofrem violência de outros estudantes. “Quando nossas crianças se reconhecem como quilombola, sofrem bullying dos outros. É muita violência.” Ela reclama que temáticas quilombolas também não são trazidas para a sala de aula, embora a Lei n° 10.639/2003 determine o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas brasileiras.

Luta por direitos

Em Simões Filho, o prefeito eleito é o atual presidente da Câmara dos Vereadores, Devaldo Soares de Souza (União Brasil-BA), que é negro. Ele vai substituir Diógenes Tolentino Oliveira, que faz parte do mesmo grupo político. A gestão atual da prefeitura de Simões Filho não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre serviços básicos no quilombo. Não tivemos também retorno do prefeito eleito.

No programa de governo, o futuro prefeito garantiu que vai promover o fortalecimento de políticas públicas para valorização das comunidades quilombolas, incluindo a ampliação do programa Saúde Mais Perto de Você para esse público. Ainda no documento, há menção a uma cidade mais inclusiva para as comunidades tradicionais.

O estudante Uanderson Araújo, de 19 anos, diz que durante as eleições os candidatos prometeram via de acesso, iluminação e água para o quilombo. “Mas isso é sempre a cada quatro anos”, lamenta. Ele divide seu tempo entre estudar para o vestibular de medicina, cantar música gospel, trabalhar na roça e organizar rodas de conversas para falar de questões da comunidade. “Fazemos em todos os espaços que podemos, falamos sobre nossa realidade”, conta.

O quilombo Rio dos Macacos teve reconhecimento da Fundação Cultural Palmares em 2011 e título coletivo da terra expedido em 2019. Segundo informou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), atualmente são realizadas ações para que as famílias quilombolas sejam contempladas pelas políticas públicas do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA), o que inclui reconhecer o território, com pouco mais 97 hectares de área, com a construção de 135 casas, conforme publicação do Diário Oficial de dezembro do ano passado. Rose Meire diz que, por enquanto, 80 casas começaram a ser construídas no lugar.

Uanderson Araújo, 19, critica promessas eleitorais e divide seu tempo entre estudo, trabalho e ações comunitárias

Enquanto as condições de acesso à escola não melhoram, professores e estudantes da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, de Salvador, têm assistido a comunidade através de um projeto de extensão. “Fizemos um levantamento de demandas e foram levantadas, por exemplo, questões relacionadas a essa dificuldade do acesso aos serviços de saúde”, apontou o professor Thiago Souza. Ele acrescenta que as pessoas do quilombo não estavam cadastradas no sistema do SUS. Isso pode significar, por exemplo, que não havia o acompanhamento de equipes da saúde da família.

“Nós construímos uma fossa ecológica porque até hoje não tem saneamento nem água encanada.” Além disso, o grupo de pesquisadores apoia ações emancipadoras organizadas pelos jovens da comunidade. O grupo de pesquisadores ainda trabalha em prol da articulação política para a construção da estrada, para geração de renda, e em prol da saúde mental dos moradores. “Isso por conta das violências e dos conflitos [por quais passam]. Isso impacta na saúde mental das pessoas”, considera a professora de saúde coletiva Vanessa Rocha.

Em relação à influência da vida externa da comunidade, a professora Karine Santana explica que o grupo extensionista discutiu com os jovens estratégias de como engajar pessoas em prol da construção da via de acesso. “Eles viram que esse acesso era um fator principal que dificultava a chegada dessas políticas públicas. É necessário reconhecer o papel do racismo ambiental [contra a comunidade].” Ela acrescenta ainda que as mulheres costumam ser pilares dos quilombolas. “Elas são as guardiãs da cultura e diretamente impactadas com o racismo.”

Sobre as dificuldades de acesso à comunidade pela área militar, a Marinha informou “que sempre permitiu o acesso dos moradores, visitantes e serviços públicos, sem restrições”.

Edição: Mariama Correia

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