Economia

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O nível das reservas internacionais atingiu o maior patamar em cinco anos, fechando setembro em US$ 372 bilhões, segundo o Banco Central (BC). Em dezembro do ano passado, esse valor era de US$ 355 bilhões. Especialistas atribuem o crescimento à valorização no preço dos títulos públicos americanos, que compõem boa parte das reservas brasileiras, e das receitas com juros.

As reservas internacionais funcionam como um “colchão” de segurança para a economia brasileira em momentos de choques, como crises cambiais. Esse “colchão”, segundo o BC, ajuda a atenuar oscilações bruscas do câmbio e a manter a funcionalidade do mercado, “dando maior previsibilidade e segurança para os agentes”.

Os dados do Banco Central mostram que os três principais fatores do crescimento das reservas em 2024 foram o ganho de preços (quando há mudança nos preços de ativos que compõem as reservas), em US$ 6,7 bilhões; a receita de juros, US$ 6,4 bilhões; e as variações por paridade (impactada pelas taxas de câmbio das moedas que compõem as reservas), US$ 3,6 bilhões. A política de investimentos da autarquia segue um tripé de segurança, liquidez e rentabilidade, nessa ordem.

O BC informou que, apesar de não haver consenso sobre a melhor métrica para avaliar o “nível ótimo” das reservas em um país, “avaliações internas periódicas indicam que o Brasil está alinhado à prática de outros países semelhantes”.

O economista Sílvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, afirma que o Brasil já possui um nível de reservas “volumoso” e ressalta que o próprio valor do início do ano já representava uma situação favorável para as contas externas. “Esse movimento marginal favorece porque valorizou os ativos que nós temos em reserva, mas de certa forma não muda muito o que é relativamente confortável.”

O BC pode utilizar as reservas para intervenções quando considera que há disfunções no mercado. Neste ano, houve apenas uma intervenção com dólar à vista, na venda de US$ 1,5 bilhão anunciada em agosto. Apesar da escalada da divisa na semana passada, a autoridade monetária não voltou a intervir no câmbio à vista.

Membros da diretoria do BC, como o presidente Roberto Campos Neto e o diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, que comanda a diretoria responsável pela execução da política cambial, sempre reforçam que o Brasil tem um regime de câmbio flutuante. Assim, as intervenções do BC são feitas apenas quando há disfuncionalidade no mercado.

Campos Neto costuma defender que o câmbio é bom absorvedor de choques e que o BC tem volume suficiente de reservas para intervir quando necessário. Já Galípolo, que assumirá a autarquia em janeiro, destacou em mais de uma oportunidade que as discussões sobre intervir no câmbio são colegiadas.

Isso acaba aumentando a confiança inclusive dos investidores em relação à economia”

— Camila Abdelmalack

Victor Scalet, estrategista macro da XP, aponta que o Banco Central tem entrado de forma “bastante pontual” no mercado de câmbio nos últimos dois anos para casar fluxos de saídas conhecidos.

No caso da última intervenção, Campos Neto explicou, na época, que o BC havia identificado um movimento de fluxo atípico devido ao rebalanceamento de um índice, sendo necessária a intervenção para balancear. Naquele dia, havia um fluxo de saída de capital contratado pelo rebalanceamento do índice EWZ (MSCI Brasil ETF), que passou a incluir empresas como Nubank, XP, PagBank e Stone.

As reservas são aplicadas em títulos, depósitos em moedas estrangeiras, ouro e outros ativos. A maior parte, US$ 299 bilhões dos US$ 372 bilhões, está em títulos, que geram rentabilidade. Segundo o relatório das reservas internacionais de 2023, a maior parte do “colchão” está em dólares. Essa participação foi de cerca de 80% no ano passado.

Sílvio Campos Neto, da Tendências, destaca que, no caso das reservas aplicadas em títulos dos Estados Unidos, que representam a maior parte dos títulos, houve efeito da dinâmica dos juros e da alta no preço dos papéis. “Quando você tem uma perspectiva de queda de juros, as taxas de mercado caem e o preço do papel, que é, digamos, a promessa de um retorno que você vai ter lá na frente descontado com juro menor, vale mais.”

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, demonstra a importância das reservas mencionando o exemplo da Argentina, que não dispõe de um colchão semelhante ao brasileiro, o que limita sua capacidade de lidar com crises. Segundo ela, um nível importante de reservas cambiais ajuda o país a lidar com choques externos. “Isso acaba aumentando a confiança inclusive dos investidores em relação à economia em que eles estão aplicando seu dinheiro”, aponta.

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