O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pronunciou-se nesta sexta-feira (21/06) sobre sua denúncia ao governo norte-americano de Joe Biden por supostamente reter remessas de armas a Israel. Em entrevista ao site de notícias Punchbowl, o premiê alegou que tentou resolver a questão em particular durante meses. No entanto, não obteve sucesso.
“Tentamos, em muitas, muitas conversas tranquilas entre nossos funcionários e autoridades norte-americanas, e entre mim e o presidente, tentar resolver essa diminuição da oferta”, contou Netanyahu. “Senti que me manifestar no ar era absolutamente necessário após meses de conversas tranquilas que não resolveram o problema.”
Questionado, a autoridade israelense avaliou que o problema da suposta lentidão no envio de recursos bélicos poderia ser resolvido “instantaneamente” e apenas “com boa vontade”
O atrito entre a autoridade e a Casa Branca começou na terça-feira (18/06), quando o premiê publicou um vídeo criticando a postura “inconcebível” dos Estados Unidos (EUA) por suposto bloqueio no envio de armas e munições a Tel Aviv.
Na publicação, alegou que a questão havia sido, inclusive, discutida durante sua última reunião com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e que o diplomata havia garantido que Washington trabalharia “dia e noite” para remover “esses gargalos”.
Segundo o jornal The Times of Israel, os comentários do aliado israelense teriam “chocado” o governo Biden, que rebateu ao afirmar que não sabia do que essas falas se tratavam.
“Nós genuinamente não sabemos do que ele está falando”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, na ocasião, acrescentando que “houve um carregamento específico de munições que foi pausado” devido aos temores de que ele seria usado na ofensiva contra Rafah, no sul de Gaza, mas garantindo que “não há outras pausas ou retenções no lugar”.
Na quinta-feira (20/06), ainda em clima de tensão, a Presidência norte-americana disse que o vídeo do premiê é “profundamente decepcionante”, tendo em vista que “não há outro país que tenha feito mais ou continuará a fazer mais do que os EUA para ajudar Israel”.
“Estou falando sobre o que é necessário agora para vencer a guerra em Gaza rapidamente e evitar uma guerra no Líbano que, na ausência de tal correção, os riscos dela eclodir estão aumentando”, afirmou Netanyahu, em entrevista ao Punchbowl.
Ao The Times of Israel, uma autoridade israelense relatou que a decisão do premiê de expor publicamente suas queixas havia sido contestada pelos seus principais assessores, o ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e o conselheiro de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, que estiveram em Washington na quinta-feira para reuniões com seus homólogos norte-americanos.
Planos pós-guerra
Em entrevista ao site Punchbowl, Netanyahu foi questionado sobre as críticas do governo Biden referente à sua recusa em planejar adequadamente uma gestão em Gaza num cenário pós-guerra.
“Acho que teremos que ter uma desmilitarização sustentada, que só pode ser feita por Israel contra qualquer esforço terrorista ressurgente”, respondeu Netanyahu. ”Acho que tem que ter uma gestão civil para coordenar não só a distribuição de ajuda humanitária, mas também a administração civil. Isso tem que ser feito com a cooperação de um patrocínio interárabe e assistência de países árabes”.
Segundo o The Times of Israel, numa entrevista anterior, o premiê havia mencionado a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos como parceiros em potencial, o que teria resultado numa “reação feroz” das nações. Ambos insistiram que não participariam da estabilização de Gaza no pós-guerra sem um caminho para um futuro Estado palestino. Netanyahu, no entanto, rejeitou a ideia categoricamente.