O governo da Rússia voltou a criticar nesta sexta-feira (12/07) o comunicado final da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), realizada em Washington, e alertou que o envio de mísseis norte-americanos de longo alcance para a Ucrânia constitui uma “escalada perigosa” do conflito.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, apontou que os dispositivos bélicos fornecidos pela OTAN a Kiev “já estão sendo usados para atacar a Rússia”, mas os planos de implantação de mísseis de longo alcance, anunciados recentemente pelos Estados Unidos, podem agravar a situação.
“Estes mísseis já estão atingindo o nosso território. Trata-se de pura provocação, uma nova e muito perigosa escalada de tensão”, afirmou o porta-voz durante uma conferência de imprensa.
Questionado pelos jornalistas, Peskov desmentiu que a inteligência russa tenha preparado um plano para assassinar Armin Papperger, diretor-geral da empresa alemã Rheinmetall, que fornece armas à Ucrânia.
“Tudo isso é apresentado no estilo de notícias falsas, por isso elas não podem ser levadas a sério”, criticou o russo. “É muito difícil para nós comentarmos informações midiáticas que não contenham argumentos sérios e sejam baseadas em fontes anônimas”.
Na quinta-feira (11/07), a emissora norte-americana CNN relatou que os Estados Unidos e a Alemanha frustraram, neste ano, um suposto projeto costurado pelas autoridades russas para assassinar o chefe da fabricante de armas alemã.
Segundo a veículo, o plano fazia parte de uma série de projetos articulados por Moscou descobertos pela inteligência norte-americana e que consistiam em assassinar líderes da indústria de defesa europeia envolvidos no apoio à Ucrânia contra a Rússia.
As declarações de Peskov desta sexta-feira refletem a tensão gerada após a cúpula da OTAN, cujo comunicado final define o apoio bélico norte-americano no território europeu, uma possível adesão de Kiev à aliança como “irreversível”, e ainda acusa a China de fornecer apoio “material e político” à Rússia.
No dia anterior, o governo russo ameaçou que a decisão de fornecer dispositivos bélicos de longo alcance terá uma “resposta militar à altura” por parte das forças armadas do país euroasiático.