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Notícias

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Print Friendly, PDF & Email Estudantes protestam na reitoria da Universidade de Brasília (UnB), no dia 05/09, denunciando o arquivamento do processo de sindicância contra o professor Ricardo Parreira da Silva, acusado de ter agredido um estudante dentro da sala de aula no dia 9/4. O estudante agredido relata que o professor lhe prensou contra a parede, deixando marcas no seu rosto, chegando inclusive a rasgar sua mochila e a amassar sua garrafa de água. Apesar de denúncias na polícia e na universidade, o professor segue dando aulas normalmente.

O ato foi marcado em conjunto com o Centro Acadêmico de Matemática (CAMAT), tendo sido realizada uma panfletagem denunciando o caso. No panfleto, os estudantes relatam, usando dados do monopólio de imprensa, que nos últimos 10 anos, entre 2013 e 2023, apenas 6 processos administrativos disciplinares foram abertos na UnB, um único foi punido e os outros 4 foram arquivados. Outro chegou a prescrever. Categoricamente afirmam que os estudantes não podem permitir que o mesmo aconteça neste processo.

Estudantes adentram reitoria e encaram reitora Posterior à panfletagem, os estudantes adentraram a reitoria e denunciaram o caso em uma reunião que ocorria, de frente à reitora Márcia Abrahão e de diversos docentes. Em fala, um dos estudantes, chamado Thiago, que cursa matemática, afirmou sua indignação quanto ao arquivamento do processo. Relatou ter ele próprio acompanhado o estudante agredido no exame de corpo de delito. Afirma ainda que apesar dos diversos atos e notícias do caso, além de terem seguido o devido processo legal na polícia e na universidade, os estudantes não conseguiram o que queriam.

“A decisão da sindicância foi o arquivamento. Até o momento a gente não tem resposta do que ocorreu, e a gente precisa de uma resposta, e precisa do afastamento desse professor”, relata o estudante.

O estudante alega ainda que o professor Ricardo tem um histórico imenso de denúncias na ouvidoria, por assédio moral. “ele xinga os estudantes de ‘burro’ fala que deveria voltar para o curso de calculo 1, xinga de ‘idiota’”, diz em sua fala. Questiona, em seguida, aos presentes: “Que universidade queremos criar aqui? A gente quer criar uma universidade que passa pano pra esse tipo de ação? A gente precisa mudar! A gente precisa levar com seriedade casos como estes! Podia ser qualquer um aqui! Se a gente não tomar as devidas providências, isso aqui vai virar uma balbúrdia completamente!”

Em resposta ao estudante, a reitora Márcia Abrahão alega que os processos são sigilosos e, portanto não sabia a situação do processo. No entanto, o despacho apresentado por Thiago aos presentes, que declarava o arquivamento do processo, estava assinado pela própria reitora. Márcia Abrahão confronta ainda os dados apresentados pelo estudante, e respaldados pelo monopólio de imprensa, de que apenas 6 processos disciplinares foram abertos nos últimos dez anos, mas não apresenta dados contrários aos apontados. Se contenta em afirmar que “não é verdade que [os processos] foram todos arquivados. Os processos estão em seus andamentos com suas conclusões feitas. (…) O que eu estou dizendo é que muitas pessoas ganham na justiça e retornam à universidade. Temos muitos casos desse tipo.”

A reitora, em sua fala, acusa ainda os estudantes, que filmavam a reunião, de querer editar o vídeo para distorcer suas palavras. Thiago afirma que não faria isso. “Nós somos um centro acadêmico sério, que se articula em defender o que é nosso”, afirma. Ao que Márcia Abrahão replica que os estudantes “não vieram aqui [na reitoria] com esse objetivo com certeza”. Por fim, a reitora contesta as críticas do estudante à universidade e o microfone de Thiago é desligado, impedindo-o de responder, e sendo ainda silenciado pelas palmas dos docentes, que se alongam a fim de impedir que o estudante discursasse.

Relato do estudante agredido O estudante agredido, que preferiu não se identificar, deu uma entrevista exclusiva ao Correspondente Local do AND em Brasília, na qual relata os detalhes do ataque. Conta que entrou na sala de aula com sua garrafa em mãos e molhou acidentalmente o professor agressor.

“A água caiu nele, ele veio para cima de mim. Bateu minha cabeça na parede, me pegou assim [faz um gesto com as mãos mostrando que o professor prensou ele na parede com o braço em seu pescoço] e me segurou um pouco. A mochila até rasgou um pouco, chegou a amassar a garrafa, que não é um material frágil”, relata o estudante.

Ele informa que saiu correndo da sala e o professor, muito irritado, o perseguiu gritando que ele seria expulso da universidade.

“Eu tive que correr pro CAMAT, porque achei que ele ia me bater mais. Tem várias testemunhas e uma gravação dele correndo”, conta. A própria reitora Márcia confirmou na reunião relatada que estes vídeos estão anexados no processo.

O estudante afirma ainda que nas aulas anteriores esse mesmo professor gritou com um funcionário da guarita por pegar uma cadeira na sala de aula. Já Thiago conta que os relatos de estudantes acerca do professor Ricardo Parreira da Silva são recorrentes desde ao menos 2019, com casos semelhantes de assédio moral e ameaças.

Este novo caso de agressão em abril deste ano, no entanto, trouxe tanta revolta dentre os estudantes que eles chegaram a colar denúncias na sala de aula e na sala do professor, e mobilizaram a imprensa com o ocorrido. Ainda assim, o caso foi abafado pela Universidade de Brasília, que segue com o processo arquivado.

Este não é um caso isolado. Os estudantes denunciam ser frequente o fato da Universidade encobrir vários casos de assédios, o que gera grande revolta entre estudantes dos mais diversos cursos, tendo casos até de pessoas que desistem de seguir cursando, ou mesmo tentam suicídio. Em resposta aos absurdos que a Universidade acoberta, os estudantes do Coletivo de Base – Honestino Guimarães (CB-HG) convocaram um ato com panfletagem para o dia 10 de setembro no Restaurante Universitário da UnB.

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