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A taxa de desocupação no trimestre encerrado em maio ficou em 7,1%, alcançando o menor patamar para o período desde 2014. O índice representa um recuo em relação ao trimestre móvel anterior, terminado em fevereiro, quando marcou 7,8%. Além disso, fica abaixo do nível registrado no mesmo período de 2023, quando era 8,3%.

Se comparados com todos os trimestres da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, iniciada em 2012, o indicador é o menor desde o período de três meses encerrado em janeiro de 2015. Na época, a taxa ficou em 6,9%. O menor índice já registrado foi 6,6% no fim de 2014.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento aponta que, em maio, a população desocupada - pessoas com 14 anos ou mais de idade que não tinham trabalho e procuravam emprego – era de 7,8 milhões. Isso representa uma diminuição de 751 mil pessoas em relação ao trimestre encerrado em fevereiro de 2024 e de 1,2 milhão em comparação ao trimestre encerrado em maio de 2023.

A Pnad apura todas as formas de ocupação, seja emprego com ou sem carteira assinada, temporário e por conta própria, por exemplo.

Ocupados

A população ocupada chegou a 101,3 milhões de pessoas, um recorde da série histórica do IBGE. Esse contingente é 1,1 milhão superior ao do trimestre encerrado em fevereiro e 2,9 milhões acima do registrado no mesmo período de 2023.

De acordo com a coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, “o crescimento contínuo da população ocupada tem sido impulsionado pela expansão dos empregados, tanto no segmento formal como informal. Isso mostra que diversas atividades econômicas vêm registrando tendência de aumento de seus contingentes”.

Para ilustrar a avaliação, o número de empregados com carteira assinada (38,3 milhões) foi recorde. “Esse recorde não acontece de uma hora para outra. É fruto de expansões a cada trimestre”, diz Adriana Beringuy.

O contingente de empregados sem carteira também foi o maior já registrado (13,7 milhões).

Na passagem de três meses, se destacaram na criação de vagas os grupamentos de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais (4,4%, ou mais 776 mil pessoas). Apresentaram redução os setores de transporte, armazenagem e correio (2,5%, ou menos 146 mil pessoas). Os demais grupamentos não tiveram variações significativas.

Recorde na massa salarial

O rendimento médio dos trabalhadores no trimestre encerrado em maio ficou em R$ 3.181, estável em relação ao trimestre anterior (R$ 3.161) e 5,6% maior na comparação anual. Esse valor é o mais alto já registrado para um trimestre encerrado em maio. Quando a comparação é geral, é o maior desde o outubro de 2020.

“Em 2020 havia rendimento elevado, mas com perda de população ocupada”, explica Adriana, se referindo ao período em que a economia sofria efeitos da pandemia, que forçaram o corte de postos de trabalho de menor remuneração e informais, principalmente.

A massa de rendimentos, que é o total de renda que os trabalhadores recebem, atingiu o recorde de R$ 317,9 bilhões. Esse valor funciona como um combustível para movimentar a economia, seja com consumo ou poupança.

A taxa de informalidade foi 38,6% da população ocupada, o que representa 39,1 milhões de trabalhadores informais. No trimestre anterior o índice era de 38,7 % e, um ano atrás, de 38,9%.

Esse grupamento informal inclui, principalmente, empregados sem carteira, empregador e trabalhador por conta própria sem CNPJ. Contribuição para a previdência

A pesquisa do IBGE revelou que o país alcançou recorde no número de trabalhadores com contribuição para a previdência social. Foram 66,171 milhões no trimestre encerrado em maio. Esse volume tem crescido seguidamente desde o início de 2023.

Esse dado representa que 65,3% dos trabalhadores contribuíram para a previdência no trimestre terminado em maio. O maior patamar registrado foi 66% no início de 2016.

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O país criou um milhão de empregos formais (com carteira assinada) de janeiro a maio deste ano. A marca foi alcançada com o saldo positivo, em maio, de 131.811 novos postos formais.

Com isso, o país chegou, entre janeiro e maio deste ano, a um saldo positivo de 1.088.955 empregos formais. O estoque, ou seja, o total de pessoas trabalhando no Brasil com carteira assinada, alcançou 46,6 milhões, um recorde na série histórica.

O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou os dados relativos a maio do Novo Caged na tarde desta quinta-feira (27). O ministro Luiz Marinho (PT), em coletiva à imprensa, salientou a geração de 2,54 milhões de vagas de trabalho com carteira assinada nos 17 meses de governo.

Em maio, o setor com maior geração de postos de trabalho foi o de Serviços, com saldo de 69.309 vagas, seguido pela Agropecuária (19.836), Construção (18.149), Indústria (18.145) e Comércio (6.375).

Entre os estados, com exceção do Rio Grande do Sul, que teve uma grande queda na geração de postos (-22.180) em razão das enchentes ocorridas, todos os estados apresentaram saldo positivo.

A maior geração ocorreu em São Paulo, com saldo de 42.355 postos (+0,3%), destaque para serviços (18.781) e agropecuária (14.476). Em seguida, vem Minas Gerais, que teve saldo positivo de 19.340 postos (+0,4%) e o Rio de Janeiro, com geração de 15.627 postos (+0,4%).

Resultados acumulados

No acumulado de janeiro a maio, o emprego ficou positivo em todos os cinco grandes grupamentos de atividades econômicas. O setor de serviços registrou o maior crescimento, com saldo de 623.920 postos formais, totalizando 57,3% dos empregos gerados no ano.

O setor de serviços tem como destaque as atividades de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, que geraram 244.444 postos. Outro destaque são as atividades de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, com geração de 230.689 postos formais.

O setor da Indústria apresentou saldo de 209.575 postos de trabalho no ano, com destaque para a fabricação de produtos alimentícios (19.388) e fabricação de veículos automotores (19.267). A Construção Civil também foi outro gerador de empregos, com saldo de 159.203 postos. A geração de vagas também foi positiva no Comércio (50.374) e na Agropecuária (45.888).

Entre os estados, São Paulo teve o maior saldo, com criação de 287.968 postos no ano, (+2,4%); Minas Gerais gerou 133.412, (+2,8%), e o Paraná, com 96.019 postos gerados no ano, (+3,1%).

Salários

O valor médio real de admissão em maio foi de R$ 2.132,64, mantendo estabilidade com o valor de abril, que foi de R$ 2.135,94. Em comparação ao mesmo mês do ano anterior, o que desconta mudanças decorrentes da sazonalidade do mês, o ganho real foi de R$ 61,20 (+3,0%).

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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) ingressou com uma ação judicial contestando a realização da 5ª Rodada de Licitação do Pré-Sal. Cerca de 16,5 bilhões de barris em cinco blocos das bacias de Santos e de Campos serão leiloados. A Petrobras e 11 multinacionais farão parte da disputa, que ocorre na sexta-feira (28).

A entidade questiona o valor que o governo, através da Agência Nacional do Petróleo, pretende arrecadar com o leilão: R$ 7 bilhões. Segundo a ação, protocolada na terça-feira (25), o país terá prejuízos diante da alta do valor do petróleo no mercado internacional se mantiver essa estimativa. Gerson Castellano, integrante da diretoria da FUP, chama a postura do governo de “entreguista”.

“[Contestamos] principalmente pelo preço que a gente está colocando essa questão. 15 bilhões de barris, a 80 dólares, daria 1,6 trilhão de dólares. Eles querem arrecadas sete bilhões de reais nesse leilão. É um valor extremamente baixo. O valor que está sendo leiloado seria hoje 5,4 trilhões de reais. É uma diferença astronômica”, diz.

A ação também questiona a constitucionalidade da mudança que retirou da Petrobras a operação exclusiva do pré-sal, ou seja, a obrigatoriedade de ter uma participação mínima em todas as áreas de exploração. Cloviomar Caranine, analista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), explica que no modelo de partilha, ganha o leilão aquele que apresentar o maior percentual de lucro a ser repassado para o Estado brasileiro, e que, hoje, é a Petrobras a que apresenta as melhores condições para isso.

“No caso do modelo de partilha, o modelo adotado para o pré-sal, ganha o leilão quem ofertar mais parcela de lucro do petróleo para o Estado. Eu tenho um custo para produzir, tiro ele, tiro os royalties, e o que sobra é o lucro. Como eu tirei o custo, se meu custo for maior, sobra menos para a União. Quando a Petrobras não faz a exploração, o custo aumenta, e sobra menos para o Brasil”, explica.

Isto ocorre, em outras palavras, porque a Petrobras é a empresa que extrai petróleo do pré-sal com o menor custo. A sua não participação em todas as áreas de exploração, segundo Caranine e Catellano, não apresenta justificativa técnica ou econômica, tendo sido uma decisão do atual governo e da gestão da Petrobras a partir de 2016, mesmo momento em que a estatal foi obrigada a compartilhar tecnologias com empresas estrangeiras.

A diferença é perceptível entre os dois momentos. Na 1ª Rodada de Licitação, em 2011, quando ainda vigorava a operação exclusiva da Petrobras, o percentual de lucro repassado ao Estado era de 40%. Na 4ª Rodada, realizada em junho de 2018, o percentual médio cegou ao patamar de 13,5%.

Os petroleiros devem realizar um protesto no Rio de Janeiro caso o leilão seja mantido.

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Um estudo sobre os critérios adotados pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), para estabelecer o valor das ações da Sabesp foi divulgado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), nesta quinta-feira (27).

O documento é assinado por especialistas do setor e tem como principal coordenador o economista André Locatelli. No texto, o Sintaema afirma que o valor justo a ser recebido por cada ação da Sabesp seria de R$ 103,90. O governo de Freitas fixou o preço em R$ 72.

Na apresentação do documento à imprensa, Locatelli afirmou que a Sabesp tem um fluxo de caixa de R$ 90,5 bilhões. Desse total, foi descontado a quantia da dívida da empresa, R$ 19,5 bilhões, para estimar o valor da empresa: R$ 71 bilhões. O valor da empresa dividido pela quantidade de ações que serão disponibilizadas, 683 milhões de papéis, resulta no valor unitário de R$ 103,90.

“Não houve debate regulatório e por isso é importante a intermediação do poder judiciário para que haja debate esclarecedor e profissional”, afirmou o advogado Rubens Naves, que participou da elaboração do estudo.

José Antônio Faggian, presidente do Sintaema, criticou a oferta de ações da empresa abaixo do valor e reafirmou a importância da Sabesp e do conjunto de trabalhadores que atuam na empresa.

“A Sabesp é a maior empresa de saneamento da América Latina e a maior do mundo. Nossa capacidade de atuação foi comprovada recentemente na catástrofe do Rio Grande do Sul e no litoral norte, quando a Sabesp conseguiu, rapidamente, reestabelecer o fornecimento de água”, finalizou.

O documento elaborado pelo Sintaema será protocolado no Tribunal de Contas do Estado (TCE) na próxima segunda-feira (27), em São Paulo.

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O uso da maconha não está legalizado no Brasil. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), consolidada nesta quarta-feira (26), em descriminalizar o porte da maconha para uso pessoal não significa a legalização da substância.

A descriminalização é quando um ato deixa de ser enquadrado como um ato ilícito criminoso, ou seja, sem punição no âmbito penal, mas ainda pode ser um ato ilícito de outra natureza com outros tipos de sanções.

A legalização, por sua vez, prevê que o ato passa a ser permitido por uma lei, que regulamenta a prática, estabelecendo restrições, condutas e regras para quem desobedecer a legislação.

Em relação ao uso da maconha, o que mudou é que agora o porte da cannabis sativa para uso pessoal não pode ser enquadrado como um crime, mas como um ato ilícito de natureza administrativa, com sanções de cunho educativo, como advertência sobre os efeitos das drogas e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. A droga também continua a ser apreendida, uma vez que ainda é ilegal.

O STF também determinou regras de transição para a aplicação do novo entendimento. Cabe ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a formulação e aprovação de um novo regulamento para que o usuário passe pelo processo de natureza administrativa. Até lá, os Juizados Especiais Criminais encaminharão os casos. A decisão da Corte, inclusive, não exclui que o usuário seja levado para a delegacia para procedimentos como a pesagem da maconha, até que um novo espaço seja elaborado.

O próprio presidente do STF, o ministro Luís Roberto Barroso, destacou que não houve a legalização. "Importante a gente falar também sobre o que não muda, ou seja, se for pego andando com uma quantidade pequena na rua. Se estiver fumando na rua, vai continuar sendo abordado pela polícia, levado para a delegacia, vai tomar esses esculachos, esses baculejos que a polícia faz. Isso aí é uma luta que continua", disse Barroso.

Casos ainda podem ser enquadrados como ato ilícito criminoso

O STF definiu 40 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas como critério objetivo para diferenciar o usuário de maconha do traficante. O advogado Cristiano Maronna, especialista em cannabis law, com ênfase em design regulatório, no entanto, afirma que, na prática, a diferenciação ainda é frágil.

“Apesar da presunção relativa de até 40 g de uso ser digna de aplauso, é uma presunção relativa que pode ser afastada quando houver circunstâncias como o modo de acondicionamento, a diversidade [de maconha], as circunstâncias da apreensão, a presença de balança e anotações sobre contabilidade de tráfico, mensagens de celular sobre venda e compra de drogas, [bem como a existência de contatos de usuários e traficantes]”, explica Maronna.

Soma-se a isso o testemunho policial e as provas sustentadas pelo agente de segurança. “O Supremo está permitindo que a insegurança e a injustiça, quando usuários são tratados como traficantes, permaneçam existindo. Isso é muito grave, porque justamente essas outras circunstâncias que compravam o tráfico estão ligadas, na verdade, ao testemunho policial e às provas ancoradas a ele”, afirma o advogado.

“Numa base epistemológica processual penal própria de um Estado de Direito, necessariamente, o standard probatório do crime de tráfico exige uma corroboração externa, não bastando apenas a palavra do policial ou testemunha policial e as provas ancoradas.”

Para Maronna, perdeu-se uma oportunidade para qualificar a investigação criminal e exigir standard probatório que, de fato, “comprove o tráfico de drogas além do mero testemunho policial”. Em suas palavras, “a montanha pariu um rato. A decisão de descriminalização é muito recuada. Do jeito que está, acaba tendo um impacto muito reduzido”.

Na mesma linha, Emílio Figueiredo, da Rede Jurídica pela Reforma da Política de Drogas, afirma que pouco muda com o julgamento do STF. “Muda muito pouco. O sistema de Justiça Criminal vai continuar sendo um sistema racista, que tem por objetivo encarcerar, constranger e até exterminar determinadas pessoas e criar uma violência de Estado em determinados territórios”, diz.

“O que vai acontecer agora é que o policial vai ter um critério objetivo, que vai ter que seguir, junto com critérios subjetivos. Então, se a pessoa for flagrada até 40g e não tiver outros elementos, mas se a polícia quiser submeter essa pessoa à sujeição criminal, a polícia vai arrumar de colocar umas coisas em cima dessa pessoa. A gente sabe como a polícia brasileira trabalha”, destaca o advogado.

PEC das Drogas

Paralelamente à descriminalização do usuário pelo STF, tramita no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que criminaliza o porte de drogas independentemente da quantidade apreendida, o que confronta diretamente a tese dos ministros.

A PEC 45/2023 foi aprovada pelo Senado Federal em abril deste ano, e agora aguarda votação na Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, o deputado Arthur Lira (PP-AL), criou uma comissão especial, nesta terça-feira (25), para analisar a proposta.

Se a PEC das Drogas for aprovada, uma nova ação deve ser enviada ao STF questionando a constitucionalidade da nova legislação. “Se a PEC for aprovada, vai ter que ter uma medida judicial no Supremo para suspender seus efeitos. Após a aprovação, o Supremo sendo provocado por alguma entidade a se manifestar sobre essa PEC, acredito que vai suspender os efeitos da PEC”, explica Figueiredo.

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Realizada com colaboração das Lojas Americanas, a operação conjunta da Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF) para apurar uma fraude contábil na companhia não afetou os sócios bilionários da empresa. Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles, e Beto Sicupira – três dos homens mais ricos do país – controlaram a companhia durante o período em que balanços contábeis dela esconderam perdas de R$ 25,3 bilhões.

A operação desta quinta-feira (27) visa esclarecer como essas fraudes foram cometidas. Ela foi autorizada pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Envolveu cerca de 80 policiais federais para o cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão.

Todos os alvos são ex-diretores da Americanas, os quais desligaram-se da empresa após a fraude ser publicamente anunciada, em janeiro do ano passado. Procurados, o ex-presidente da Americanas, Miguel Gutierrez, e a ex-executiva Anna Saicali não foram encontrados no Brasil e acabaram incluídos numa lista da Interpol.

Gutierrez já afirmou em depoimento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que obedecia a ordens de Sicupira. Disse também que Sicupira tinha total conhecimento de todas as decisões estratégicas sobre a Americanas.

"O Beto era o meu chefe. E toda a interligação minha com o conselho das Americanas era através do Beto. E o Beto saiu da chefia do conselho em 2020 – que foi um plano programado em 2019, ele ia sair para depois eu ir pro conselho novamente. Então, nesse período, meu contato com Beto sempre foi muito intenso", disse Gutierrez. "Eu tinha uma relação com o Beto de 20 anos de trabalho. Você cria, obviamente, uma proximidade."

Sicupira – assim como Lemann e Telles – não foram citados em informes sobre a operação. O processo que a autorizou está em sigilo na Justiça.

Versão da Americanas

De acordo com a PF, a atual direção da empresa colaborou para as investigações do órgão. Essa mesma direção, em junho do ano passado, já havia acusado antigos executivos da companhia pela fraude e poupado os sócios bilionários.

De acordo com a própria empresa, seus antigos diretores simularam contratos, tomaram empréstimos e manipularam dados sobre dívidas para simular lucro. Ainda segundo a empresa, eles fizeram tudo isso sem as devidas aprovações dos sócios da companhia e sem que eles soubessem das manipulações nas contas apresentadas ao público.

Naquela época, essa versão gerou desconfiança, já que a Americanas pertence a Lemann, Sicupira e Telles desde 1983. Eles mantiveram pessoas de sua confiança no conselho de administração da empresa – instância máxima da gestão e que supervisiona os diretores. O próprio Sicupira presidiu o órgão. Sua filha, Cecília Sicupira Giusti, e Paulo Alberto Lemann, filho de Jorge Paulo Lemann, também integraram o grupo.

O economista André Roncaglia, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), viu naquela versão uma estratégia jurídica de defesa dos bilionários. "A assessoria jurídica contratada tenta nitidamente blindar os acionistas controladores", afirmou. "Há um esforço nítido de jogar a conta na diretoria anterior. Mas isso não cola."

Discussão em CPI

A fraude na Americanas também motivou a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados. O relatório final da CPI não apontou responsabilidade dos sócios na fraude.

Os deputados Tarcísio Motta (Psol-RJ) e Fernanda Melchionna (Psol-RS), que integraram a comissão, votaram para que eles fossem responsabilizados. Lembraram que eles já se envolveram em casos semelhantes no passado.

Em 2005, eles foram acusados de irregularidades envolvendo a Ambev. O caso foi tema de um processo da CVM, que foi encerrado após um acordo e o pagamento de R$ 15 milhões.

Em 2019, os três teriam supervalorizado os bens da empresa Kraft Heinz em 15,4 bilhões de dólares. Pagaram 62 milhões de dólares num acordo para encerramento de investigações por autoridades dos EUA.

"Há elementos e indícios suficientes para apontar a responsabilidade dos acionistas de referência, Carlos Sicupira, Jorge Lemann e Marcel Telles; afinal eles são corresponsáveis pelos danos decorrentes da fraude contábil nos balanços da companhia divulgados com inverdades e informações falsas, seja por dolo ou culpa, ação ou omissão, negligência, imprudência ou imperícia, eis que se estavam no controle da companhia, com alto grau de influência, sabiam da fraude e das inverdades lançadas em balanço, e tinham o dever estatutário de saber, devendo por consequência, serem todos indiciados", escreveram os deputados aos seus colegas de CPI.

Apuração pode avançar

O presidente da Associação Brasileira dos Investidores (Abradin), o economista Aurélio Valporto, ratificou que, até agora, as investigações não chegaram aos bilionários. Ressaltou que eles podem vir a ser investigados no futuro.

"Essa pressão da Polícia Federal sobre os dois ex-diretores pode fazer com que, se houver de fato envolvimento Sicupira, pode fazer com que eles abram a boca", disse.

Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles já negaram qualquer envolvimento na fraude. Informaram via sua assessoria que perderam R$ 1,6 bilhão com as Americanas ao longo de dez anos. Investiram R$ 2,3 bilhões e receberam 700 milhões.

Disseram confiar nas autoridades para esclarecer a culpa sobre a fraude. Declararam também estar comprometidos com a recuperação da empresa.

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Perguntaram uma vez a uma cigana se ela não gostaria de morar em uma casa. ”Claro”, respondeu ela, ”desde que tenha rodas”. Assim são os Calon, tribo cigana, gente da estrada. Em contraposição a outros grupos sedentários, os Calon resistem à diluição da etnia e não abandonam a vida nômade. Muito antes que os gadjés (não ciganos, em romanês) iniciassem sua própria história, os ciganos já haviam percorrido todos os caminhos do planeta e traçado sua cultura.

Originários da Índia – de acordo com grande número de ciganólogos – os ciganos circulam há aproximadamente 2 mil anos. Sua língua, o romanês, por sua gramática e vocabulário, aproxima-se do sânscrito. Durante centenas de anos foram artesãos apreciados e respeitados em suas primeiras pátrias da Europa Central e Oriental, até que a Revolução Industrial os empurrasse para a marginalidade.

O surgimento da indústria pôs em dificuldade o pequeno artesanato. Muitos artesãos sedentarizados, de origem cigana, vieram engrossar as fileiras dos proletários e dos desempregados. Os que não estavam bem assimilados foram rejeitados por uma sociedade em luta com as dificuldades e progressos da industrialização. O uso crescente das máquinas agrícolas e veículos a motor levaram grande parte dos ciganos a abandonar seus ofícios tradicionais para se colocar como operários ou a procurar empregos sazonais que lhes oferecessem fonte de recursos suplementares. As ocupações mais correntes dos ciganos eram aquelas que melhor respondiam às necessidades reais dos países hospedeiros e forneciam emprego temporário, como metais e madeiras, cestaria e alvenaria. As famílias ou os grupos trabalhavam coletivamente.

Os ciganos reagiram à perda de seus meios de subsistência e à discriminação, fechando-se bastante em si mesmos. Em face da sociedade externa, encontraram apoio em seus laços comunitários e não tardaram em formar um sistema social à parte. Suas roupas, sua fala, seus costumes, tudo os fazia temidos e desprezados. O cristianismo da época não podia tolerar suas magias e sortilégios. Essa rejeição fez nascer nos ciganos orgulho e altivez, a aprender a servir-se da astúcia como arma. Muitas vezes eram punidos com chicotadas, mutilações, escravidão, ou ainda queimados em público como bruxos por sua mera presença nas aldeias, uso da própria língua e vestimentas ou atitudes rebeldes. Bodes expiatórios de todas as culpas, havia um grande rancor contra sua maneira insubmissa de viver.

O povo cigano teve de se proteger criando sua própria sociedade dentro da sociedade ambiente; teve de ditar suas próprias leis e regras morais que cumpriam seguir à risca. A regra de partilha adotada em um acampamento cigano demonstra bem isto, e é uma forma autêntica de democracia. Os rendimentos obtidos pelos diversos membros do acampamento são repartidos por igual, independentemente do trabalho realizado por cada um; quando alguém adoece e não pode trabalhar sua parte continua igual à dos outros.

O extermínio dos ciganos estava incluído no programa da Alemanha nazista. Em fins de 1937, início de 1938, efetuaram-se prisões em massa dos ciganos, e lhes foi reservada uma ala especial no campo de concentração de Buchenwald. Em Ravensbruck, inúmeras mulheres ciganas foram vítimas de experiências realizadas por médicos da SS, sendo esterilizadas 120 meninas ciganas. Trinta mil deles foram deportados para a Polônia e poucos sobreviveram. Alguns historiadores calculam que em torno de dois milhões de ciganos foram mortos por Hitler. O Baro Porrajmos (Grande Consumação), ou o holocausto cigano, é negligenciado de uma maneira geral.

O que há de admirável no povo cigano é sua resistência, sua espantosa resiliência, capacidade de continuar sempre o mesmo em toda parte, seguir seu destino ao longo dos muitos caminhos da história, transmitir novas forças de uma geração para outra e lutar para preservar sua vitalidade, seu impulso criador e a memória de seus antepassados.

Os governos deveriam lhes garantir o direito de estacionamento em todas as cidades, direito de assistência à saúde, alfabetização em sua língua, o romanês, e na língua do país hospedeiro, proporcionando-lhes o ensejo de manutenção de sua cultura. E deveriam assinalar a presença dos ciganos nas artes, nas letras, nos costumes, enfim, na vida tradicional de cada nação.

“Começa o choro da guitarra, rasgam-se as copas da madrugada”… Assim cantou Garcia Lorca em seu “Cancioneiro Cigano”. Não sabemos que caminhos encontrarão os ciganos no futuro. O certo é que os que resistirem ainda cantarão:

“A Terra é minha pátria, O Céu, meu teto, A Liberdade, minha religião”

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A Polícia Militar de São Paulo lançou a chamada “Operação Impacto” em Paraisópolis no dia 27 de junho. A operação ocorre um dia antes da 4° audiência dos 13 policiais militares envolvidos no massacre de 9 jovens que ocorreu na mesma favela em 2019. Moradores denunciam que a nova invasão à favela é uma tentativa de intimidar as mobilizações populares pela punição dos assassinos.

A operação levou a tropa de choque e cães farejadores para a comunidade e envolveu buscas domiciliares sob a alegação de “combate ao tráfico de drogas”. Objetivamente, a mobilização de tropas dificulta a articulação dos moradores que planejam, para o dia 28/6, uma manifestação em frente ao Fórum Criminal de Barra Funda, às 12 horas.

Desde o início do julgamento dos policiais envolvidos na chacina, as ações policiais se tornaram mais ostensivas em Paraisópolis. Diversas operações foram deflagradas na comunidade e em uma delas uma criança foi baleada na cabeça pela PM-SP. Os policiais foram flagrados alterando a cena do crime para não serem incriminados.

O de Paraisópolis ocorreu durante o baile funk DZ7, realizado na própria favela. Policiais que rondavam a festa encularraram os participantes do baile nos estreitos becos da comunidade e dispararam tiros e bombas de gás. Os jovens morreram asfixiados, com os pulmões incapazes de realizarem movimentos básicos. Familiares dos assassinados denunciam ainda que eles foram espancados pelos policiais.

Até hoje, não está claro o motivo que os PMs estavam no baile, ainda mais que o rádio dos policiais ficou em silêncio por 21 minutos.

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Há 10 anos, o borracheiro Antônio Cláudio Barbosa foi preso injustamente acusado de cometer uma série de estupros em Fortaleza, no Ceará. À ele, foi atribuído o “apelido” de "maníaco da moto", pois era em cima de uma motocicleta que o verdadeiro maníaco, armado com uma faca, ameaçava as vítimas nos bairros Porangaba, Maraponga e Vila Peri.

Embora o crime, que foi relembrado no programa Linha Direta, da TV Globo, nesta quinta-feira (26), tenha acontecido em uma cidade que fica a mais de 3.000 quilômetros de São Paulo, foi um perito do interior de Sorocaba (SP) quem ajudou a provar a inocência do borracheiro Antônio, preso injustamente por cinco anos.

José Fernando Cabral de Vasconcellos trabalha como perito forense e também faz perícias independentes. Ele foi convidado pelo Innocence Project Brasil, que atua na defesa de condenados erroneamente pelo poder judiciário, para ajudar na defesa de Antônio. O borracheiro teve sua inocência comprovada por causa de sua estatura.

📏 Como a estatura de alguém pode provar sua inocência?

Ao g1, José Fernando explica que solicitou à equipe de investigação o envio das fotografias do maníaco em cima da moto. Ao analisá-las, selecionou uma, entrou no site da montadora da motocicleta utilizada e anotou a ficha técnica do veículo.

Conforme o perito, com as informações em mãos foi possível obter todas as dimensões da moto, como a altura da roda e do guidão e até mesmo a distância entre os eixos. Por meio de um software, Cabral pôde calcular o comprimento de cada parte do corpo do homem em cima do veículo, chegando, assim, à verdadeira altura do maníaco.

“Eu peguei justamente a medida do aro da moto, que era de 45 centímetros. Como ele estava sentado na foto que eu pedi, alimentei um software com a fotografia e falei ‘olha, essa o aro dessa roda mede 45 centímetros’. Aí, marco a tíbia, o fêmur, o tronco e a cabeça do elemento. Baseado naqueles 45 centímetros que eu alimentei por aquela linha, o sistema fez o cálculo: a tíbia mede tanto, o fêmur tanto, o troco tanto [...] Tudo em paralelo com aqueles 45 centímetros”, explica.

“Na proporcionalidade da roda de 45 centímetros, ela é como se pegasse a roda e a tíbia [...] a tíbia tem, vamos supor, 52 centímetros. O fêmur tem mais tantos centímetros. O tronco tem mais tantos centímetros. E a cabeça... tudo somado deu um 1,85m”, completa.

José Fernando então solicitou ao defensor público responsável pela defesa de Antônio o resultado do exame do corpo de delito no momento de sua prisão. No laudo, estava a altura do homem: 1,58m, 27 centímetros a menos do que a estatura do verdadeiro maníaco.

“É o documento oficial. No software, eu obtive 1,85m para o verdadeiro maníaco da moto. Então, no laudo eu concluí que o suspeito que vimos no vídeo com a moto não se tratava de Antônio Claudio Barbosa. Não é a mesma pessoa porque ele não tem 1,85m, tem 1,58m. Então, quem está no vídeo, não se trata de Antônio Claudio”, concluiu o perito.

O laudo de uma perícia costuma ser concluído em até 30 dias após o início dos trabalhos. No entanto, segundo José Fernando, a perícia que inocentou Antônio foi concluída em cinco dias e com 98% de nível de certeza.

“Para você chegar à conclusão de uma perícia, você tem que rever aquela conclusão 15 vezes para ter realmente um nível de garantia o mais alto possível. Essa perícia é determinante. É a mãe das provas. Ela é ou não é”, afirma.

Inocente livre

Antônio Cláudio foi acusado pelos crimes hediondos que não cometeu e permaneceu preso por engano durante quatro anos e 11 meses. Ele foi encarcerado em agosto de 2014 e voltou à liberdade somente em julho de 2019, quando a Justiça o inocentou em novo julgamento. Antônio Cláudio era dono de uma borracharia no Bairro Mondubim, em Fortaleza, e não tinha passagens pela polícia.

No dia em que ganhou liberdade, Cláudio foi recebido sob os abraços e lágrimas de alívio dos familiares que o aguardavam do lado de fora do Centro de Execução Penal e Integração Social Vasco Damasceno Weyne (Cepis), conhecido como CPPL V, em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza

“Muita coisa que a gente passou junto, minha família, meus irmãos, eu não tenho nem palavras, eu não estou nem acreditando. Pra ser sincero, muita fé eu tive. É muito difícil porque eu não consigo imaginar como pessoas que se consideram seres humanos colocam uma pessoa inocente dentro de um lugar desse aqui onde passei todo tipo de coisa horrível", afirmou Antônio Cláudio, logo ao sair do presídio.

Relembre o crime

O caso ficou conhecido como o "maníaco da moto". Um criminoso que utilizava uma motocicleta de cor vermelha para abordar as vítimas, ameaçando as mulheres com uma faca e cometendo os estupros nas ruas de Fortaleza.

Uma vítima de 11 anos fez o primeiro reconhecimento de Antônio Cláudio como o agressor e ele acabou preso injustamente.

Mesmo após a prisão de Antônio, os crimes continuaram acontecendo. A liberdade veio após uma ex-namorada do borracheiro procurar ajuda da Defensoria Pública e dos Advogados do Innocence Project Brasil.

Na época, a advogada Flávia Rahal, integrande do projeto, afirmou ao g1 Ceará que "a única coisa que sustentou a condenação foi o reconhecimento feito pela vítima" – não houve exame de DNA, por exemplo. O reconhecimento foi feito por uma criança de 11 anos, vítima de estupro. Conforme Rahal, a criança se equivocou ao se convencer de que o borracheiro foi o autor do crime.

"Não estamos falando de um reconhecimento feito por má fé. Ela foi vítima de abuso, deve ser uma coisa que deixa marcas muito doloridas. E quando ela viu a foto dele [Antônio], se convenceu que ele era a pessoa que a atacou. No momento em que ela se convence – tem uma tese de direito com psicologia que fala da falta de memória – ela interioriza que foi ele", ponderou a advogada.

Após o encarceramento por engano do borracheiro Antônio Cláudio Barbosa de Castro pelo estupro de oito mulheres, a Polícia Civil do Ceará identificou, em 2019, o verdadeiro criminoso e pediu a prisão preventiva do homem, que também ficou conhecido como o "maníaco da moto". A Justiça negou o pedido em julho de 2020.

Ele chegou a ser preso por um ano e dois meses por ter atacado outras duas mulheres quando Antônio ainda estava na cadeia, porém, foi liberado.

Com a ajuda da irmã de Antônio, de uma inspetora policial e de advogados da ONG, Antônio teve a inocência comprovada. No entanto, até os dias atuais o Estado não lhe pediu desculpas.

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A Defesa Civil do Rio Grande do Sul confirmou mais uma morte provocada pelas enchentes no estado. Com isso, o número de óbitos causados pelas chuvas chegou a 179. Há ainda 34 pessoas que seguem desaparecidas. De acordo com o último boletim, os temporais afetaram 478 municípios gaúchos e 2,3 milhões de pessoas.

Em nota, a Defesa Civil informou que, para aumentar o nível de prevenção, as pessoas podem se cadastrar para receber alertas meteorológicos.

Para isso, é necessário enviar o Código de Endereçamento Postal (CEP) da localidade por SMS para o número 40199. Em seguida, uma confirmação é enviada e o número passa a receber informações sempre que elas forem divulgadas.

Também é possível se cadastrar via aplicativo WhatsApp. É necessário se registrar pelo telefone (61) 2034-4611. Em seguida, é preciso interagir com o robô de atendimento enviando um simples "Oi". A partir daí, o usuário pode compartilhar sua localização atual ou qualquer outra de seu interesse para receber mensagens encaminhadas pela Defesa Civil estadual.

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"A Câmara Legislativa de São Paulo aprovou, em primeira votação, na última quarta-feira, 26, o projeto de lei que pode multar, em R$ 17,6 mil, cidadãos e entidades não-governamentais que desrespeitarem uma conjunto de regras na hora de realizarem doações de comida a pessoas em situação de vulnerabilidade social."

O PL 0445/2023, apresentado em agosto do ano passado, é de autoria do vereador Rubinho Nunes (União Brasil) e ainda passará por uma segunda votação no plenário antes de ir para a sanção do prefeito Ricardo Nunes (MDB). O objetivo da proposta, como definida no texto do projeto, é "estabelecer protocolos de segurança alimentar para pessoas em vulnerabilidade social" em São Paulo.

Na prática, porém, o projeto impõem restrições às ações assistenciais ao determinar que os doadores só podem praticar o gesto de caridade se cumprirem com uma série de regras, como:

  • ter cadastro em secretarias na Prefeitura;

  • ter autorização da administração municipal;

  • apresentar um plano detalhado que define onde, quando e quanto será distribuído de alimento (veja mais abaixo sobre o que a lei determina).

  • Caso essas regras não sejam cumpridas, a pessoa física ou as entidades seriam obrigadas a pagar, como multa, 500 Ufeps (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo).

  • Como cada Ufeps tem o valor atual de R$ 35,36, o pagamento de 500 dessas taxas corresponde a R$ 17.680.

  • Além disso, no caso de reincidência, os doadores perderiam o credenciamento por três anos.

Na justificativa do projeto, Rubinho Nunes diz que a medida busca dar maior segurança, qualidade e transparência às ações assistenciais, e que a obrigatoriedade de autorizações prévias para fazer as doações "garante que as atividades sejam realizadas por entidades idôneas".

"Além do mais é dever do município cuidar da zeladoria urbana e a vedação de distribuição de alimentos impróprios para consumo, visando preservar a higiene e a saúde dos beneficiários", afirma o parlamentar.

Autor da proposta já quis abrir CPI para investigar Padre Júlio Lancellotti

Em dezembro do ano passado, Rubinho Nunes propôs a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as entidades sem fins lucrativos da capital que recebem recursos públicos da Prefeitura de São Paulo.

Apesar de não ter o nome citado no requerimento de instauração, o próprio Rubinho afirmou que a CPI, se instalada, teria como um dos alvos o padre Júlio Lancellotti, a quem o parlamentar acusa de fazer parte da "máfia da miséria" e de ganhar politicamente com as ações sociais que pratica.

A CPI não foi aberta e a Polícia Civil investiga se o vereador cometeu abuso de autoridade contra o pároco, algo que o parlamentar nega.

Entidades criticam aprovação do PL em primeiro turno

A aprovação em 1º turno foi criticada pelas entidades, que entendem que o projeto vai burocratizar o gesto de ajudar quem precisa. Nas redes sociais, o Padre Júlio se manifestou. "Quantas vezes Jesus seria multado por alimentar as multidões famintas?", questionou o pároco.

O movimento Na Rua Somos, diz que a PL 445 impõe "burocracias que dificultam as doações de alimentos para os mais necessitados", e que as pessoas precisam "se mobilizar para impedir que essa medida seja implementada".

Quais as regras que o projeto de Rubinho Nunes determina?

  • Para o caso de entidades interessadas em fazer as doações, o PL determina, entre as principais obrigações, que as instituições tenham razão social registrada e reconhecida pelos órgãos competentes; identifiquem os membros do quadro administrativo do grupo e façam a zeladoria da área onde as refeições serão distribuídas.

  • Além disso, os voluntários da entidade precisam ter autorização da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) e da Secretaria Municipal da Subprefeitura para realizar atividade, bem como estar identificados com crachá da instituição no momento da entrega do alimento.

  • No caso de pessoas físicas, as determinações são semelhantes: fazer a limpeza do local da doação, ter autorização de secretarias da administração municipal e ter cadastro atualizado na Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social.

O projeto ainda determina que:

  • As autorizações concedidas tenham validade de um ano, devendo ser renovadas na SMADS;

  • O armazenamento e transporte de alimentos devem ser realizados conforme as regras previstas pela vigilância sanitária

  • As doações devem ocorrer em locais e horários previamente agendados e autorizados pela SMADS

  • As ONGs e pessoas físicas devem elaborar um plano detalhado da distribuição dos alimentos, descrevendo onde e quando as doações serão feitas, e qual a quantidade de comida distribuída.

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Tales de Carvalho, filho de Olavo de Carvalho, nega acusações de estupros, tortura e violência psicológica feitas por ex-mulheres.

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(Folhapress) — Entre as crianças de 0 a 6 anos mais pobres do país, ou seja que vivem em famílias com renda mensal de até meio salário-mínimo, 59,8% nunca frequentaram creche ou pré-escola.

Os dados são de um levantamento da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal para um balanço da progressão das metas do Plano Nacional de Educação, que completou uma década de vigência nesta terça-feira (25).

Segundo a lei do PNE, o Brasil deveria chegar até o fim de 2024 com metade das crianças de até 3 anos do país com a garantia de vaga em creche. Também previa a universalização da pré-escola para todas as crianças de 4 e 5 anos até o fim de 2016.

Nenhuma das duas metas foi cumprida e, nas duas, o país segue longe de alcançar o patamar proposto uma década atrás. Em 2014, 29,6% das crianças de 0 a 3 anos estavam em creche –essa proporção passou a 40,1% no ano passado.

No acesso à pré-escola, a proporção de matrículas passou de 89,1% para 93,9%, nesse período. Para as crianças mais vulneráveis, como as mais pobres, o acesso à educação infantil avançou ainda menos.

“As crianças, que mais precisam e mais se beneficiariam do acesso à educação infantil, são as menos contempladas. A escola, especialmente nesses primeiros anos de vida, é uma porta de entrada para segurança alimentar, acesso a atendimento de saúde, mais estímulos para o desenvolvimento”, diz Mariana Luz, CEO da fundação.

Importância da educação para as crianças

Pesquisas nacionais e internacionais apontam que crianças que frequentam a educação infantil (dos 0 aos 5 anos) têm mais chances de se desenvolverem de forma plena e, consequentemente, de ter melhores resultados educacionais no restante da trajetória escolas e depois na vida profissional.

Andressa Pellanda, coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, avalia que a lenta progressão na garantia de vagas na educação infantil se deve ao alto custo dessa etapa e ao subfinanciamento para os municípios, que constitucionalmente são responsáveis por ofertá-la.

“A creche é a etapa que mais custa na educação, já que os estudantes são bebês, e então precisam não só de uma infraestrutura diferenciada como também de menor relação professor/aluno”, diz.

“Ainda é a etapa que historicamente foi mais subfinanciada, dado que é de responsabilidade prioritária dos municípios e, antes dos ajustes recentes no repasse do Fundeb pelos fatores de ponderação para educação infantil, o financiamento era muito aquém do necessário”, completa Andressa.

O país também não conseguiu garantir a universalização da pré-escola, expansão que vinha ocorrendo desde 2014, mas entrou em queda depois da pandemia.

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No Quênia, especialistas forenses encontraram um lugar transformado em ossário de centenas de fiéis do Good News International Ministries (Ministérios Internacionais das Boas Notícias) de Paul Nthenge Mackenzie, identificada como seita suicida.

Detido pelas autoridades, o chefe do culto Shakahola responderá a graves delitos contra a integridade física e mental de seguidores.

As versões da imprensa queniana deram mais detalhes acerca de um processo de convencimento ideológico sobre a possibilidade do fim do mundo para cujo advento se requeria um jejum até a morte.

Caso se negassem a obedecer, os seguidores de Nthenge Mackenzie poderiam receber golpes e até mesmo morrer em consequência deles, o que desmente o suposto livre consentimento de pelo menos 436 integrantes do grupo para passar fome.

“O pastor enfrenta acusações de crueldade com crianças, sequestro e assassinato, além de terrorismo. A maioria de suas vítimas morreu de fome, mas diz-se que outras foram asfixiadas, estranguladas ou golpeadas até a morte”, cita julieroys-com.

Suicídio coletivo, um problema social

O suicídio é uma decisão autodestrutiva individual, mas quando é um ato coletivo assume outra conotação, a de perigoso problema social, quando desideologização e religião disputam a primazia global.

Nas últimas quatro décadas a África registrou um notável aumento de grupos religiosos, que acadêmicos associaram à variação ideológica causada pela ausência de modelos com vitais conteúdos sociais suplantados por formas neoliberais de vida.

Persistem ainda fenômenos pontuais que engrossam este processo, entre outros a crise da convivência tradicional que ainda enfrenta comunidades etno-confessionais adversas, mas com notórias gestões proselitistas.

“Alguns destes agrupamentos carecem das características que (definem) uma igreja. Acabamos de vê-los surgir. Não sabemos a que escolas teológicas assistiram seus líderes. Só os vemos emergir e buscarem ser glorificados”, opinou Joachim Omollo Ouko, sacerdote católico da arquidiocese de Kisumu, no ocidente do país

Segundo ele, tais “líderes deveriam ser interrogados e controlados”; a proposta induz a decantar nesse universo o aceitável e o que não é, para evitar tristes sequelas. Unida à proibição das sessões do culto de Mackenzie as autoridades também prescreveram o Centro de Oração Nova Vida, de Ezekiel Odero, pregador que a polícia suspeita de estar vinculado com lavagem de dinheiro e outros delitos.

Também excluíram a Igreja de Cristo Helicóptero na capital, Nairobi, missão dirigida por Thomas Wahome; e a Kings Outreach Church, filiada ao Ministério do Arrependimento e Santidade do tele-evangelista David Owuor.

A de Wahome é ligada à apropriação ilegal de terras, que, caso comprovada, trasladaria o assunto do âmbito religioso para o judiciário, afirmam juristas.

Na África há graves precedentes de crimes massivos convocados por chefes religiosos, que para seus propósitos particulares invocaram a divindade.

Liberdade religiosa e risco à vida

Uma seita terrorista denominada Restauração dos Dez Mandamentos de Deus causou a morte de mais de 900 pessoas, conforme lembrou o site digital infobae.com sobre o fato ocorrido em março de 2000 em Uganda.

Para fiéis e historiadores, este foi o pior crime deste tipo ocorrido no país e evidenciou a insegurança a que poderia levar uma interpretação incorreta da liberdade religiosa.

As vítimas foram queimadas no interior do templo do qual previamente os homicidas taparam portas e janelas. O fogo arrasou o lugar e muitos cadáveres ficaram calcinados, asseguraram os forenses, depois de encontrar mais uma fossa comum.

Fontes da Polícia consideraram muito difícil determinar o número de mortos naquele evento, que identificaram como um dos maiores suicídios massivos na história recente africana.

Em Uganda ganhou força o Movimento do Espírito Santo – messiânico – que da serenidade litúrgica passou à violência antigovernamental (1986-1987); mas a tendência destes grupos formados sobre plataformas religiosas chegou a um alto grado de perigosidade com o agressivo Exército de Resistência do Senhor (LAR, na sigla em inglês).

Em 2004, os partidários do ex-catequista Joseph Kony “o messias”, com sua filosofia da crueldade massacraram mais de 200 deslocados no acampamento de Barlonyo. Durante três horas de terror os atacantes destruíram também cerca de 480 cabanas.

O LAR, agora em fase terminal e saqueando vilas na vizinha República Democrática do Congo, dedicou-se ao sequestro de crianças e adolescentes para recrutá-los como soldados, usá-los como impedimento ou escravos sexuais.

Esta aberração uniu ignorância com interpretações torcidas de preceitos cristãos, em meio à tormentosa transformação dos principais paradigmas sociopolíticos e de reações falidas junto à falta de equidade humana.

Também os defeitos na construção ideológica deixam vazios tendentes a serem preenchidos com empenhos doutrinários extremistas forjados pela realidade imediata ou que emergem na luta pelo poder, como na Nigéria, com o integrismo de Boko Haram.

O fanatismo religioso pode confluir com o terrorismo quando suicidas carregados com explosivos se fazem explodir em lugares públicos para destroçar a confiabilidade dos padrões de segurança dos Estados e assim – dizem – apressar o Apocalipse.

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A China voltou a ser o país cujos cidadãos gastaram mais dinheiro fazendo turismo pelo mundo, 196,5 bilhões de dólares, ao consolidar-se em 2023 a recuperação da Ásia e do Pacífico depois da pandemia da covid-19, segundo dados da organização de turismo das Nações Unidas, ONU Turismo. Esta posição foi dos Estados Unidos em 2022, agora em segundo lugar de acordo com os gastos de seus turistas, 150 bilhões de dólares, seguido da Alemanha (112 bilhões), Reino Unido (110 bilhões) e França, com 49 bilhões de dólares.

Por outro lado, a França decolou como o país com mais chegadas de turistas internacionais, 100 milhões no ano passado, seguida pela Espanha (85 milhões), Estados Unidos (66 milhões), Itália (57 milhões) e Turquia, com 55 milhões de visitantes do estrangeiro. O México, em sexto lugar, com 42 milhões de visitas, é o único país latino-americano entre os 10 primeiros.

As chegadas de turistas internacionais alcançaram 89% dos níveis de 2019 e, no primeiro trimestre de 2024, chegaram a 97% destes níveis, razão pela qual a ONU Turismo prevê uma recuperação total este ano, com um crescimento das chegadas de 2% sobre os níveis prévios à pandemia.

Quanto ao dinheiro que deixaram os turistas estrangeiros, os Estados Unidos foram o país que mais se beneficiou, com 176 bilhões de dólares, seguido da Espanha (92 bilhões), Reino Unido (74 bilhões), França (69 bilhões) e Itália, com 56 bilhões de dólares. Os ingressos totais de exportação do turismo internacional, incluindo o transporte de passageiros, chegaram a 1,7 trilhões de dólares em 2023, cerca de 96% dos níveis pré-pandemia.

Recuperação pós-pandemia

O produto interno bruto direto do turismo recuperou-se em 2023, alcançando uma cifra estimada de 3,3 trilhões de dólares, 3% do PIB mundial.

O Oriente Médio viveu o maior crescimento relativo, com chegadas internacionais 36% superiores às dos níveis anteriores à pandemia no primeiro trimestre de 2024, e 4% mais do que no primeiro trimestre de 2023. Este crescimento tem lugar depois de um rendimento extraordinário em 2023, quando o Oriente Médio chegou a ser a primeira região do mundo a recuperar as cifras anteriores à pandemia, com um incremento de 22%.

A Europa, maior região de destinos do mundo, superou os níveis anteriores à pandemia em um trimestre pela primeira vez: 1% a mais este ano. A África recebeu 5% mais de chegadas no primeiro trimestre de 2024 do que no primeiro de 2019, e 13% mais do que no primeiro trimestre de 2023.

O hemisfério americano recuperou praticamente as cifras anteriores à pandemia no primeiro trimestre de 2024: as chegadas chegaram a 99% dos níveis de 2019. Por sub-regiões, a África do Norte teve o rendimento mais importante no primeiro trimestre de 2024, com 23% mais de chegadas internacionais do que antes da pandemia, seguida pela América Central (+15%), o Caribe e a Europa Ocidental, ambas com 7% de incremento.

A Europa mediterrânea meridional superou em 1% os níveis anteriores à pandemia, enquanto a América do Sul os igualou.

Neste primeiro trimestre do ano sobressaíram os incrementos em sua acolhida de turistas o Catar (177% mais do que no primeiro trimestre de 2019), Albânia (121%), Arábia Saudita (98%), El Salvador (90%), Tanzânia (53%), Curaçao (45%), Sérvia (43%), Ilhas Turcas e Caicos (42%) e Guatemala, com 41% mais.

Notícia é boa, mas é preciso sustentabilidade e inclusão

Zurab Pololikashvili, secretário-geral da ONU Turismo, disse, ao divulgar as cifras, que “a recuperação do setor é uma notícia muito satisfatória para nossas economias e os meios de vida de milhões de pessoas”.

“Ainda assim, nos lembra também da necessidade de garantir políticas em matéria de turismo e uma gestão dos destinos adequada, com o objetivo de promover a sustentabilidade e a inclusão, abordando, ao mesmo tempo, as externalidades e repercussões do setor nos recursos e nas comunidades”, acrescentou.

Sua organização prevê que os turistas continuarão buscando a relação qualidade-preço e viajando para lugares mais próximos em resposta aos elevados preços e aos desafios econômicos gerais, e que as temperaturas extremas e outros acontecimentos climáticos podem repercutir na escolha dos destinos de muitos viajantes.

A incerteza derivada das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, e outras tensões geopolíticas crescentes são também importantes riscos para o turismo internacional, junto com as perturbações econômicas que dão lugar a altos custos de transporte e alojamento, conclui a organização.

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O presidente queniano, William Ruto, voltou atrás e declarou nesta quarta-feira (26/06) que não assinará a Lei de Finanças de 2024. A polêmica medida debatida no Parlamento provocou uma onda nacional de protestos violentos que durou dias e resultou em dezenas de mortes e prisões.

“Tendo refletido sobre a conversa em curso em torno do conteúdo da Lei de Finanças de 2024 e ouvindo atentamente o povo do Quênia, que disse em voz alta que não quer nada com esta Lei, afirmo que não a assinarei. Ela será retirada em seguida”, declarou Ruto, em rede nacional.

As manifestações começaram na última semana na capital queniana de Nairóbi e em outras cidades contra os novos impostos previstos no projeto de orçamento 2024-2025, apresentado pelo Executivo. O texto prevê a taxação de diversos artigos de necessidade básica para a população, como remédios e itens de alimentação, incluindo um imposto sobre valor agregado (IVA) de 16% sobre o pão e 2,5% sobre veículos automotores, além de aumentar alguns impostos existentes.

“Após a aprovação do projeto de lei, o país experimentou uma manifestação generalizada de insatisfação, o que infelizmente resultou na perda de vidas, destruição de propriedades e profanação das instituições constitucionais”, acrescentou o mandatário que, na terça-feira (25/06), ordenou a intervenção das forças militares e autorizou o confronto contra os manifestantes que ocuparam a sede do Parlamento, em Nairóbi.

Durante a repressão policial, a Comissão de Direitos Humanos, uma organização não governamental local, relatava em tempo real que a polícia “atirou em quatro manifestantes, […] matando um deles”. Jornalistas da AFP presentes no local também afirmaram ter testemunhado “três corpos inertes no chão entre poças de sangue”.

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O presidente da Bolívia, Luis Arce, deu posse a novos comandantes militares na tarde desta quarta-feira (26) em resposta à tentativa de golpe de Estado mobilizado pelo então comandante do Exército, Juan José Zúñiga.

A cerimônia de posse dos novos comandantes ocorreu na Casa Grande del Pueblo, residência oficial do presidente boliviano. Os novos comandantes são José Wilson Sánchez Velasquez, no Exército; Gerardo Zabala Alvarez, na Força Aérea, e Wilson Ramírez, na Marinha.

Durante seu pronunciamento logo após a posse, o novo comandante do Exército, Sánchez Velasquez, ordenou que as tropas mobilizadas nas ruas durante o golpe se desmobilizem e voltem imediatamente aos quartéis. Ele também fez referência a seu predecessor, Juan José Zúñiga, que mobilizou suas tropas para o golpe. “O comandante José Zúñiga foi um bem comandante. O pedimos que não deixe que se derrame o sangue de nossos soldados”, declarou.

Logo após o pronunciamento do comandante do Exército, o presidente legítimo da Bolívia, Luis Arce, fez uma declaração na qual afirmou ter apoio de militares legalistas. “Hoje estamos vivendo um golpe de estado por parte de militares que estão manchando a farda. Mas também contamos com militares que sabem que nossa Constituição e o respeito à normativa vigente é o mais importante. Saudamos que os que são militares vistam sua farda com orgulho e façam valer a constituição frente um governo democraticamente eleito”, disse o presidente, sua voz concorrendo com o barulho de bombas explodindo fora do palácio. “Faremos com que se respeite a democracia conquistada pelo povo boliviano com o voto nas urnas.”

Luis Arce também fez menção às organizações internacionais e aos países que se pronunciaram contra a tentativa golpista, e agradeceu a Polícia Boliviana e seu comandante. “Saudamos o comandante da Polícia Boliviana e toda a Polícia, que se mantiveram apegados à norma e à lei”.

Tentativa de golpe

O ex-comandante do Exército boliviano Juan José Zúñiga liderou uma tentativa de golpe nesta quarta-feira (26/06) contra o governo de Luis Arce. Com tanques grupos militares armados, os golpistas cercaram a Praça Murillo em La Paz, local no qual está situado o Palácio Presidencial do país.

No dia anterior, Zúñiga foi afastado do cargo que ocupava desde 2022 após ameaçar Evo Morales por se opor a uma possível candidatura do ex-presidente para a disputa das eleições de 2025.

Zúñiga e os militares invadiram o prédio falando em ‘recuperar a Pátria’.

Após esse primeiro momento, Arce denunciou uma “mobilização irregular de algumas unidades do Exército Boliviano”, enquanto Morales afirmou que os militares estavam “se preparando um golpe de Estado”.

A tentativa foi frustrada após Arce encarar o ex-general e dar posse a novos comandantes militares, sendo eles: José Wilson Sánchez Velasquez, no Exército; Gerardo Zabala Alvarez, na Força Aérea, e Wilson Ramírez, na Marinha.

Durante seu pronunciamento logo após a posse, o novo comandante do Exército, Sánchez Velasquez, ordenou que as tropas mobilizadas nas ruas durante o golpe voltassem imediatamente aos quartéis, o que foi cumprido pelos soldados que, minutos antes, estavam obedecendo a Zúñiga.

Por usa vez, o presidente Arce agradeceu aos bolivianos que se mobilizaram para rechaçar o golpe.

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Toda quinta-feira, um grupo de funcionários públicos holandeses sacrifica sua pausa para o almoço para se reunir em frente ao Ministério das Relações Exteriores para protestar contra a posição da Holanda em relação a Israel. Funcionários públicos são esperados para seguir as instruções dos políticos eleitos — e, portanto, raramente criticam abertamente os líderes políticos.

Mas desta vez, eles não têm muita escolha. Como funcionários do governo, eles juraram lealdade à constituição — um documento que afirma claramente que a Holanda “promove a ordem jurídica internacional”. Portanto, muitos funcionários públicos argumentam que é seu dever resistir à posição pró-Israel do governo.

No entanto, promover a ordem jurídica internacional não é o objetivo do governo holandês. Em resposta aos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro, o primeiro-ministro Mark Rutte declarou imediatamente “apoio incondicional” a Israel e “seu direito de se defender”. Muitos críticos observaram que isso essencialmente deu carta branca à resposta de Israel. Mas Rutte há muito tempo se mostrava relutante em pedir restrição.

Além disso, a Holanda contribui ativamente para a guerra de Israel. Ela fabrica várias peças necessárias para construir caças F-35 que depois são enviados para Israel. Isso continuou mesmo depois que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia afirmou que era “plausível” que Israel estivesse cometendo genocídio. Mesmo quando um tribunal holandês bloqueou essas exportações, o governo não apenas recorreu da decisão do tribunal, mas também começou a explorar maneiras de ainda exportar peças do F-35 para Israel por outros meios, como enviá-las primeiro para os Estados Unidos.

Revertendo a autoimagem holandesa

Junto com Alemanha e Grã-Bretanha, a Holanda tem sido um dos maiores apoiadores de Israel na Europa Ocidental. Rutte visitou Israel duas vezes no último ano para expressar apoio e tem mantido contato com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu mais de uma vez por mês. Ele afirmou que um ataque terrestre a Rafah seria um “fator de mudança”, mas quando Israel, após sete meses de massacres de palestinos, efetivamente iniciou o ataque terrestre, ele declarou que “nenhuma linha vermelha foi ultrapassada”. Embora a Holanda tenha sido historicamente uma aliada persistente de Israel, também se considera um dos mais fortes defensores diplomáticos dos direitos humanos desde a Segunda Guerra Mundial.

Anteriormente, a Holanda se alinhava com os países nórdicos ao falar a favor do direito internacional, especialmente quando seus representantes visitavam países com governos opressivos. Diante de eventos como os Jogos Olímpicos ou a Copa do Mundo da FIFA, ministros frequentemente se manifestavam contra violações de direitos humanos nos países anfitriões, ou até mesmo organizavam boicotes. A Holanda se orgulha — assim como Rutte pessoalmente — do teórico holandês do século XVII, Hugo Grotius, que lançou as bases para o direito internacional. Além disso, Haia é sede da CIJ e do Tribunal Penal Internacional. Portanto, a autoimagem dos holandeses sempre foi construída sobre julgamento correto e justiça moral.

“Embora a Holanda tenha sido historicamente uma aliada persistente de Israel, também se considera um dos mais fortes defensores diplomáticos dos direitos humanos desde a Segunda Guerra Mundial.”

Esta imagem começou a mudar nos anos 2000, com vários relatos de que a Holanda tinha corresponsabilidade pelo genocídio contra a população muçulmana bósnia em Srebrenica, em 1995. A situação se deteriorou ainda mais quando a Holanda apoiou politicamente a invasão dos EUA ao Iraque — posteriormente também enviou 1100 tropas — com base em informações falsas, enquanto ignorava relatórios internos de funcionários públicos. (Segundo Richard Armitage, vice-secretário de Estado na época, isso também ajudou na nomeação do último secretário-geral da OTAN holandês em 2003.)

Rutte, que foi eleito deputado dois meses antes da invasão do Iraque, apoiou a invasão de 2003. Ele logo se tornaria um ministro júnior e depois líder do free-market conservative party (partido conservador de mercado livre (VVD)) em 2007. Três anos depois, em 2010, ele se tornou primeiro-ministro no governo holandês mais de direita desde 1945, apoiado pelo Wilders’s Freedom Party (Partido da Liberdade de Wilders), sendo aclamado como um marco na consolidação da extrema direita.

Alinhamento com os EUA

Nos primeiros anos como primeiro-ministro, frequentemente argumentava-se que Rutte carecia de visão. Ele era ocasionalmente elogiado ou criticado por suas habilidades retóricas, assim como por minimizar problemas sociais sérios — sendo chamado variadamente de “Teflon-Mark”, um “Houdini político” ou “escorregadio como uma enguia”. Antes de entrar na política, ele foi chefe em uma fábrica de manteiga de amendoim, e seu estilo político era mais pragmaticamente gerencial do que moralmente principista.

Para escárnio de muitos, Rutte se apropriou de sua reputação como “homem sem visão” — infamemente declarando que “visão é um elefante que obstrui a vista”. No entanto, apesar de sua suposta falta de visão, Rutte permaneceu como o primeiro-ministro com mais tempo de serviço na história holandesa. Mas até o dia 7 de outubro e o início da resposta desproporcional de Israel, ele já havia indicado que renunciaria assim que um novo gabinete pudesse ser formado.

Mas não parou por aí. No final de outubro, Rutte expressou abertamente seu interesse em suceder Jens Stoltenberg como novo secretário-geral da OTAN. No entanto, para conquistar esse papel na OTAN, Rutte acreditava que precisava provar ser capaz de direcioná-la na direção desejada pelo membro mais poderoso, os Estados Unidos. Para convencer os Estados Unidos, ele usou sua influência para alinhar a posição do governo holandês o máximo possível com a administração Biden. Por exemplo, Rutte só pediu “uma cessação imediata da violência” após o Conselho de Segurança da ONU aprovar uma resolução pedindo um cessar-fogo imediato em 25 de março de 2024 (com os Estados Unidos se abstendo).

Dois meses antes, a Holanda foi o único Estado membro da UE a se juntar aos Estados Unidos e ao Reino Unido no ataque aos rebeldes Houthi que sequestraram navios ligados a Israel no Mar Vermelho. Enquanto isso, o julgamento da CIJ no caso genocídio África do Sul vs. Israel em Haia — que ocorreu a poucos passos do escritório de Rutte — não recebeu tanta atenção quanto em outros lugares e teve pouco efeito na posição do governo holandês.

Enganando o público

Aposição da administração Rutte, no entanto, resultou em vários conflitos com funcionários do Ministério das Relações Exteriores — muitos dos quais fazem esforços sinceros para melhorar as condições para o povo palestino e garantir a prevalência do direito internacional. Apelos para evitar a cumplicidade em genocídio foram ignorados pelos ministros — mas provocaram respostas de vários partidos do governo, insistindo que funcionários públicos deveriam renunciar ao invés de criticar a política.

Em novembro de 2023, um memorando interno da embaixada holandesa em Israel vazou para a imprensa, confirmando que o governo de Rutte está bem ciente de que as Forças de Defesa de Israel “pretendem causar destruição massiva deliberadamente à infraestrutura e centros civis”. Segundo o memorando, isso explicaria o “alto número de mortes em Gaza” e “viola tratados internacionais e leis de guerra”. O memorando também afirmava que o objetivo de Netanyahu de eliminar o Hamas é “um objetivo militar virtualmente impossível de alcançar”.

“Rutte está bem ciente de que as Forças de Defesa de Israel ‘pretendem causar destruição massiva deliberadamente à infraestrutura e centros civis’”

Em dezembro de 2023, a Assembleia Geral da ONU votou a favor de uma resolução pedindo um cessar-fogo imediato em Gaza. Funcionários públicos aconselharam os Países Baixos a apoiar a resolução, junto com a maioria esmagadora de outros países, incluindo países ocidentais como França, Bélgica, Suíça, Espanha, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e os países nórdicos. No entanto, pouco antes da votação, Rutte e seus subordinados diretos intervieram para anular o Ministério das Relações Exteriores. Os Países Baixos, assim como Alemanha, Grã-Bretanha e Itália, se abstiveram.

Isso foi posteriormente revelado em uma carta enviada anonimamente por um grupo de altos funcionários do Ministério das Relações Exteriores, pedindo uma proibição das exportações de armas para Israel. Os funcionários públicos expressaram uma frustração geral com o fato de que, de repente, não era seu ministro, mas Rutte quem determinava a posição em relação a Israel. A carta parafraseou um pedido interno dos subordinados de Rutte ao Ministério das Relações Exteriores perguntando: “O que podemos dizer para parecer que Israel não está cometendo crimes de guerra?”

Um Boris Johnson entediante

Esta tentativa de enganar o público se encaixa em um padrão de esforços para reter informações que cada vez mais determinaram a reputação doméstica de Rutte nos últimos anos. Se Rutte, autodeclarado anglófilo, nos primeiros anos poderia ser descrito como uma versão um tanto descontraída de David Cameron, mais tarde se transformou mais em um Boris Johnson entediante: dando ao parlamento informações vagas e alegando não se lembrar de nada. No caso holandês, no entanto, a controvérsia não foi apenas sobre as acrobacias pessoais de Rutte.

Esta mudança de reputação começou em 2017, quando ele utilizou todo seu capital político para pressionar pela abolição de um imposto sobre dividendos para acionistas, na esperança de persuadir a Unilever a (re)colocar sua sede de Londres para Roterdã. Como essa política não constava em nenhuma das plataformas partidárias, a oposição questionou de onde ela havia surgido — e se o plano fora impulsionado por lobistas. Inicialmente, Rutte negou que houvesse esses memorandos. Mas, graças a um pedido de acesso à informação, logo ficou claro que havia vários deles. Rutte timidamente afirmou que não se lembrava dos memorandos — mas conseguiu reunir seus parceiros de coligação ao seu redor.

Um ano depois, surgiram dúvidas novamente quando foi revelado que o governo não havia informado o parlamento sobre setenta civis mortos pelas forças holandesas no Iraque durante uma tentativa de ataque aéreo contra o chamado Estado Islâmico, ocorrida em 2015. Nem o Ministério da Defesa, nem o primeiro-ministro informaram o parlamento. Muitos partidos de oposição acharam implausível que Rutte não tivesse sido informado sobre tantas vítimas fatais, mas ele continuou repetindo que não se lembrava disso. Como era impossível provar o contrário, ele permaneceu no cargo.

A “Doutrina Rutte”

Muito mais relevante do que o ataque aéreo mortal foi o escândalo conhecido como “escândalo dos benefícios para creche”, no qual milhares de famílias foram falsamente acusadas de fraude e tiveram que pagar multas altíssimas, muitas vezes empurrando-as para uma dívida profunda. Nos esforços oficiais para comprovar a má conduta, elas enfrentaram uma autoridade tributária muito suspeita que se recusava a divulgar informações sobre suas decisões. Quando, após anos de negação, ficou claro que as alegações de fraude eram falsas, as vítimas tiveram que apresentar uma quantidade interminável de documentos para obter compensação.

Rutte próprio havia tornado medidas rigorosas contra fraudes um foco político, e até presidiu um comitê que fez recomendações de políticas. Quando o escândalo veio à tona, documentos desses comitês foram divulgados e Rutte foi chamado para uma audiência parlamentar. Os parlamentares ficaram surpresos ao descobrir que havia tão poucos documentos e ficou claro que Rutte fez esforços deliberados para minimizar todas as evidências do processo de tomada de decisão. A prática de escrever o mínimo possível do que é discutido a portas fechadas foi rotulada como a “Doutrina Rutte” pelos funcionários públicos. A frase foi rapidamente adotada por jornalistas e parlamentares, frustrados com sua aparente evasão.

“Muitos partidos de oposição acharam implausível que Rutte não tivesse sido informado sobre tantas vítimas fatais, mas ele continuou repetindo que não se lembrava disso.”

Falta de oposição

Embora Rutte tenha prometido aumentar a transparência, há poucos sinais de que ele o fez. Logo foi revelado que, mesmo após fazer essa promessa, ele apagou a maior parte de suas mensagens de texto. Ele se defendeu alegando que não havia espaço em seu telefone — até o ano passado ele dependia de um antigo Nokia 301. No entanto, isso também significa que informações cruciais sobre decisões governamentais durante os lockdowns da COVID-19 nunca serão disponibilizadas ao público.

Poderíamos nos perguntar por que Rutte permaneceu por tanto tempo apesar de sua conveniente amnésia ou mentiras descaradas. Uma explicação é que ele sempre enfrentou uma oposição amigável e parceiros de coligação pouco exemplares. Suas mentiras não são patológicas, mas simplesmente oportunistas; nesse sentido, seus motivos não são muito diferentes de outros líderes que, sem posições principais fortes, podem facilmente se solidarizar com Rutte.

O mesmo vale para a mídia. Quando, em março de 2021, outra mentira veio à tona que quase selou o destino de Rutte, um dos principais comentaristas políticos da emissora pública twittou: “O problema real, é claro, não é que ele viole a verdade. Qual político não faz isso? […] Seu problema é que ele não conseguiu mais escondê-la”. Os principais analistas políticos holandeses não estão interessados em descobrir a verdade, mas no teatro de se os políticos conseguem ou não escondê-la.

Implicações para a OTAN

Muitos argumentariam que a OTAN deveria ter sido dissolvida décadas atrás, juntamente com o Pacto de Varsóvia, no espírito de encerrar a Guerra Fria e melhorar as relações com a Rússia para construir um novo acordo internacional. Ainda assim, essa já não parece ser uma opção viável a curto prazo. Hoje, a OTAN está redefinindo seu papel e, portanto, também é um dos jogadores mais importantes na formação de uma ordem mundial diferente. Se haverá paz entre a Rússia e a Ucrânia em grande parte depende da postura e do apoio da OTAN em relação à Ucrânia.

Não se espera que Rutte se desvie muito da posição política de seu antecessor Stoltenberg. Mas ele provou ser extremamente obediente aos Estados Unidos e disposto a se ajustar flexivelmente quando garantir sua posição exigir. Igualmente preocupante é que, nos últimos anos, Rutte cortejou especialmente a extrema direita. Ele visitou Giorgia Meloni durante sua última campanha política em março de 2023 e anteriormente mostrou-se surpreendentemente amigável com Donald Trump — o que lhe rendeu uma reputação internacional como um conselheiro de Trump, enquanto domesticamente pedia “para considerar Trump como uma oportunidade”.

Sua deferência à extrema direita também se traduziu em políticas. Rutte é considerado um dos arquitetos dos acordos entre a UE e a Turquia (em 2016) e entre a UE e a Tunísia (em 2023) para transferir refugiados para esses países. A dependência desses estados para limitar os movimentos de refugiados para a Europa resultou em inúmeras violações dos direitos humanos — algo que os membros da UE estavam bem cientes que aconteceria ao assinarem os acordos. Nesse sentido, a liderança de Rutte é particularmente preocupante, dada a presença crescente da OTAN no Mediterrâneo para monitorar os fluxos de refugiados da Turquia para a Grécia.

“A reputação de Rutte como um político desonesto não fará maravilhas para a própria reputação da OTAN.”

De maneira mais geral, a liderança de Rutte na OTAN não está no interesse dos países membros, nem de uma ordem internacional segura. A reputação de Rutte como um político desonesto não fará maravilhas para a própria reputação da OTAN. Mas, mais importante, na construção de uma ordem internacional de paz, devemos estar atentos a um líder que direciona de maneira niilista todos os seus esforços para atender aos interesses mais poderosos, apenas para salvaguardar sua própria posição. Ainda assim, podemos ter esperança no fato de que sua longevidade política nos Países Baixos se deve à falta de uma oposição feroz ou persistente. Isso pode mudar agora que ele está liderando no cenário global; pelo menos, tal oposição é urgentemente necessária.

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Agentes saíram para cumprir 2 mandados de prisão preventiva e 15 de busca e apreensão.

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Na imprensa francesa, a marca da contagem regressiva de 30 dias para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, nesta quarta-feira (26/06), ficou à sombra das repercussões sobre o primeiro debate na TV entre as três principais forças que concorrem nas eleições legislativas na França, ocorrido na noite de terça-feira (25/06) no canal TF1.

Apesar da presença no debate do primeiro-ministro francês Gabriel Attal, da maioria presidencial, de Jordan Bardella, presidente do Reunião Nacional (RN, extrema direita), e do coordenador do partido A França Insubmissa (LFI, extrema esquerda), Manuel Bompard, representando a coligação de esquerda Nova Frente Popular, jornalistas da rádio FranceInfo destacaram que o embate acabou focado entre o atual primeiro-ministro, Attal, e o possível futuro premiê, Bardella.

O jornal Le Figaro destaca em sua capa “a batalha pela credibilidade” por trás dos programas propostos pela base macronista, pela frente de esquerda e pela extrema direita. O diário aponta que Emmanuel Macron repete que a maioria presidencial tem a “credibilidade” contra os outros dois blocos que ele julga “irresponsáveis”, tanto o RN quanto a Nova Frente Popular. O chefe de Estado até insiste que uma vitória dessas duas forças opostas poderia levar o país diretamente a uma “guerra civil”, pois seus programas seriam muito perigosos.

Para Le Monde, a extrema direita de Bardella mostra “um programa revisado e discriminatório”, com planos de privar os cidadãos franceses com dupla nacionalidade de certos direitos, incluindo o acesso a “posições estratégicas” na administração pública, além de destacar várias das propostas do RN sobre segurança, justiça e imigração que seriam contrárias aos princípios constitucionais da República francesa. Na área econômica, o jornal afirma que o partido de extrema direita se inspira fortemente nas políticas do atual governo de Macron.

O La Croix destrincha, nesta quarta-feira, o programa da Nova Frente Popular. Segundo a reportagem, o documento, que contém quase 200 medidas em 24 páginas, embora tenha uma influência menor da França Insubmissa, por ser um documento conjunto do bloco de esquerda, ele é, no entanto, “um ‘programa de ruptura’, com um forte retorno às questões econômicas e sociais”, diz o jornal católico.

Já o jornal de esquerda Libération, enfatiza a mobilização de jovens da periferia contra a extrema direita para as eleições do fim de semana. Na capa, as ações evocadas pela cineasta negra, Alice Diop, “diante do racismo desenfreado” na sociedade francesa, que necessita de “uma reação de combate”, de acordo com ela “uma questão de vida ou morte”.

Ela lançou um coletivo com amigos, artistas e figuras culturais chamado “Nous, on vote” (“Nós votamos”) visando mobilizar os jovens dos bairros populares, sobretudo convencer os abstencionistas a irem às urnas contra a extrema direita.

Apenas o Le Parisien, nesta quarta-feira, imprimiu na capa a marca dos 30 dias pré-Olimpíadas, com uma entrevista do ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, em que ele fala sobre expectativas de ameaça de terrorismo e protestos na capital, a segurança da delegação israelense nos Jogos e a mobilização das polícias francesas para os próximos dias e durante o evento tão esperado por Paris, que o ministro conta estar em preparação há três anos.

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O governo da Alemanha promulgou, na última terça-feira (26/06), uma nova lei de cidadania, exigindo que a partir de agora os requerentes devem declarar o direito de existência do Estado de Israel.

Para obter a dupla nacionalidade, o governo do chanceler Olaf Scholz colocou como exigência que os solicitantes declarem tal apoio a Israel, em meio ao que identifica como uma onda de antissemitismo na Alemanha desde o início da ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza, em 7 de outubro.

Segundo o jornal Financial Times, o Ministério do Interior da Alemanha adicionou “novas perguntas de teste sobre os temas do antissemitismo, o direito de existência do Estado de Israel e a vida judaica na Alemanha” no processo de requerimento da cidadania.

“Qualquer pessoa que partilhe os nossos valores e se esforce para tal pode agora obter um passaporte alemão mais rapidamente e já não tem de abdicar de parte da sua identidade, abdicando da sua antiga nacionalidade”, declarou sobre a nova lei a ministra do Interior, Nancy Faeser.

No entanto, a representante também “deixou igualmente claro” que aqueles que “não partilham os nossos valores não podem obter um passaporte alemão”

“Traçamos uma linha vermelha nítida aqui e tornamos a lei muito mais rigorosa do que antes”, reconheceu Faeser.

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O 6º Tribunal Federal de Buenos Aires deu início nesta quarta-feira (26/06) ao julgamento do brasileiro Fernando Sabag Montiel, que tentou matar a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em atentado frustrado ocorrido no dia 1º de setembro de 2022.

Montiel, de 37 anos, é acusado de tentativa de homicídio duplamente qualificado, crime que, pelo código penal argentino, pode resultar em uma pena máxima de 15 anos de prisão.

Além dele, outras duas pessoas estão sendo julgadas por sua participação no atentado: a artista de rua Brenda Uliarte, ex-namorada de Montiel, que teria ajudado no planejamento e execução do plano, e o vendedor ambulante Nicolás Carrizo, amigo do brasileiro e, segundo os investigadores, a pessoa que forneceu a arma sabendo que ela seria usada no ataque.

Atentado frustrado

No dia 1º de setembro de 2022, Montiel se infiltrou em um grupo de simpatizantes de Kirchner que se reunia em frente à residência da então vice-presidente argentina – cargo que ela ocupou durante o governo de Alberto Fernández, entre 2019 e 2023 –, junto com sua então namorada, Brenda Uliarte, que também participou do planejamento da ação.

Enquanto a política cumprimentava seus apoiadores, o brasileiro se aproximou dela e, uma vez cara a cara com Cristina, sacou a arma emprestada por Carrizo e apertou o gatilho duas vezes. A perícia realizada na pistola mostrou que a arma estava destravada no momento do atentado, mas devido a uma imperfeição interna o gatilho acabou não acionando os disparos, o que evitou a consumação do crime.

O brasileiro tentou fugir, mas foi rapidamente contido por agentes da Polícia Federal argentina que faziam a custódia da vice-presidente, configurando uma prisão em flagrante. Sua namorada conseguiu escapar, mas foi encontrada e detida dias depois. Carrizo foi preso após Montiel envolvê-lo em um dos seus depoimentos sobre o caso.

Segundo a imprensa local, os investigadores do caso ouviram mais de 200 testemunhas, além de contar com ao menos dois vídeos que mostram o ataque a Cristina de ângulos diferentes.

O relatório da investigação descreve Fernando Sabag Montiel como um “motorista de aplicativos” e enfatiza o fato de ele ter uma “personalidade narcisista” e algumas tatuagens com símbolos neonazistas, além de apresentar um “discurso no qual evidencia seu ódio à figura de Cristina Kirchner”.

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