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O presidente queniano, William Ruto, voltou atrás e declarou nesta quarta-feira (26/06) que não assinará a Lei de Finanças de 2024. A polêmica medida debatida no Parlamento provocou uma onda nacional de protestos violentos que durou dias e resultou em dezenas de mortes e prisões.

“Tendo refletido sobre a conversa em curso em torno do conteúdo da Lei de Finanças de 2024 e ouvindo atentamente o povo do Quênia, que disse em voz alta que não quer nada com esta Lei, afirmo que não a assinarei. Ela será retirada em seguida”, declarou Ruto, em rede nacional.

As manifestações começaram na última semana na capital queniana de Nairóbi e em outras cidades contra os novos impostos previstos no projeto de orçamento 2024-2025, apresentado pelo Executivo. O texto prevê a taxação de diversos artigos de necessidade básica para a população, como remédios e itens de alimentação, incluindo um imposto sobre valor agregado (IVA) de 16% sobre o pão e 2,5% sobre veículos automotores, além de aumentar alguns impostos existentes.

“Após a aprovação do projeto de lei, o país experimentou uma manifestação generalizada de insatisfação, o que infelizmente resultou na perda de vidas, destruição de propriedades e profanação das instituições constitucionais”, acrescentou o mandatário que, na terça-feira (25/06), ordenou a intervenção das forças militares e autorizou o confronto contra os manifestantes que ocuparam a sede do Parlamento, em Nairóbi.

Durante a repressão policial, a Comissão de Direitos Humanos, uma organização não governamental local, relatava em tempo real que a polícia “atirou em quatro manifestantes, […] matando um deles”. Jornalistas da AFP presentes no local também afirmaram ter testemunhado “três corpos inertes no chão entre poças de sangue”.

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O presidente da Bolívia, Luis Arce, deu posse a novos comandantes militares na tarde desta quarta-feira (26) em resposta à tentativa de golpe de Estado mobilizado pelo então comandante do Exército, Juan José Zúñiga.

A cerimônia de posse dos novos comandantes ocorreu na Casa Grande del Pueblo, residência oficial do presidente boliviano. Os novos comandantes são José Wilson Sánchez Velasquez, no Exército; Gerardo Zabala Alvarez, na Força Aérea, e Wilson Ramírez, na Marinha.

Durante seu pronunciamento logo após a posse, o novo comandante do Exército, Sánchez Velasquez, ordenou que as tropas mobilizadas nas ruas durante o golpe se desmobilizem e voltem imediatamente aos quartéis. Ele também fez referência a seu predecessor, Juan José Zúñiga, que mobilizou suas tropas para o golpe. “O comandante José Zúñiga foi um bem comandante. O pedimos que não deixe que se derrame o sangue de nossos soldados”, declarou.

Logo após o pronunciamento do comandante do Exército, o presidente legítimo da Bolívia, Luis Arce, fez uma declaração na qual afirmou ter apoio de militares legalistas. “Hoje estamos vivendo um golpe de estado por parte de militares que estão manchando a farda. Mas também contamos com militares que sabem que nossa Constituição e o respeito à normativa vigente é o mais importante. Saudamos que os que são militares vistam sua farda com orgulho e façam valer a constituição frente um governo democraticamente eleito”, disse o presidente, sua voz concorrendo com o barulho de bombas explodindo fora do palácio. “Faremos com que se respeite a democracia conquistada pelo povo boliviano com o voto nas urnas.”

Luis Arce também fez menção às organizações internacionais e aos países que se pronunciaram contra a tentativa golpista, e agradeceu a Polícia Boliviana e seu comandante. “Saudamos o comandante da Polícia Boliviana e toda a Polícia, que se mantiveram apegados à norma e à lei”.

Tentativa de golpe

O ex-comandante do Exército boliviano Juan José Zúñiga liderou uma tentativa de golpe nesta quarta-feira (26/06) contra o governo de Luis Arce. Com tanques grupos militares armados, os golpistas cercaram a Praça Murillo em La Paz, local no qual está situado o Palácio Presidencial do país.

No dia anterior, Zúñiga foi afastado do cargo que ocupava desde 2022 após ameaçar Evo Morales por se opor a uma possível candidatura do ex-presidente para a disputa das eleições de 2025.

Zúñiga e os militares invadiram o prédio falando em ‘recuperar a Pátria’.

Após esse primeiro momento, Arce denunciou uma “mobilização irregular de algumas unidades do Exército Boliviano”, enquanto Morales afirmou que os militares estavam “se preparando um golpe de Estado”.

A tentativa foi frustrada após Arce encarar o ex-general e dar posse a novos comandantes militares, sendo eles: José Wilson Sánchez Velasquez, no Exército; Gerardo Zabala Alvarez, na Força Aérea, e Wilson Ramírez, na Marinha.

Durante seu pronunciamento logo após a posse, o novo comandante do Exército, Sánchez Velasquez, ordenou que as tropas mobilizadas nas ruas durante o golpe voltassem imediatamente aos quartéis, o que foi cumprido pelos soldados que, minutos antes, estavam obedecendo a Zúñiga.

Por usa vez, o presidente Arce agradeceu aos bolivianos que se mobilizaram para rechaçar o golpe.

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Toda quinta-feira, um grupo de funcionários públicos holandeses sacrifica sua pausa para o almoço para se reunir em frente ao Ministério das Relações Exteriores para protestar contra a posição da Holanda em relação a Israel. Funcionários públicos são esperados para seguir as instruções dos políticos eleitos — e, portanto, raramente criticam abertamente os líderes políticos.

Mas desta vez, eles não têm muita escolha. Como funcionários do governo, eles juraram lealdade à constituição — um documento que afirma claramente que a Holanda “promove a ordem jurídica internacional”. Portanto, muitos funcionários públicos argumentam que é seu dever resistir à posição pró-Israel do governo.

No entanto, promover a ordem jurídica internacional não é o objetivo do governo holandês. Em resposta aos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro, o primeiro-ministro Mark Rutte declarou imediatamente “apoio incondicional” a Israel e “seu direito de se defender”. Muitos críticos observaram que isso essencialmente deu carta branca à resposta de Israel. Mas Rutte há muito tempo se mostrava relutante em pedir restrição.

Além disso, a Holanda contribui ativamente para a guerra de Israel. Ela fabrica várias peças necessárias para construir caças F-35 que depois são enviados para Israel. Isso continuou mesmo depois que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia afirmou que era “plausível” que Israel estivesse cometendo genocídio. Mesmo quando um tribunal holandês bloqueou essas exportações, o governo não apenas recorreu da decisão do tribunal, mas também começou a explorar maneiras de ainda exportar peças do F-35 para Israel por outros meios, como enviá-las primeiro para os Estados Unidos.

Revertendo a autoimagem holandesa

Junto com Alemanha e Grã-Bretanha, a Holanda tem sido um dos maiores apoiadores de Israel na Europa Ocidental. Rutte visitou Israel duas vezes no último ano para expressar apoio e tem mantido contato com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu mais de uma vez por mês. Ele afirmou que um ataque terrestre a Rafah seria um “fator de mudança”, mas quando Israel, após sete meses de massacres de palestinos, efetivamente iniciou o ataque terrestre, ele declarou que “nenhuma linha vermelha foi ultrapassada”. Embora a Holanda tenha sido historicamente uma aliada persistente de Israel, também se considera um dos mais fortes defensores diplomáticos dos direitos humanos desde a Segunda Guerra Mundial.

Anteriormente, a Holanda se alinhava com os países nórdicos ao falar a favor do direito internacional, especialmente quando seus representantes visitavam países com governos opressivos. Diante de eventos como os Jogos Olímpicos ou a Copa do Mundo da FIFA, ministros frequentemente se manifestavam contra violações de direitos humanos nos países anfitriões, ou até mesmo organizavam boicotes. A Holanda se orgulha — assim como Rutte pessoalmente — do teórico holandês do século XVII, Hugo Grotius, que lançou as bases para o direito internacional. Além disso, Haia é sede da CIJ e do Tribunal Penal Internacional. Portanto, a autoimagem dos holandeses sempre foi construída sobre julgamento correto e justiça moral.

“Embora a Holanda tenha sido historicamente uma aliada persistente de Israel, também se considera um dos mais fortes defensores diplomáticos dos direitos humanos desde a Segunda Guerra Mundial.”

Esta imagem começou a mudar nos anos 2000, com vários relatos de que a Holanda tinha corresponsabilidade pelo genocídio contra a população muçulmana bósnia em Srebrenica, em 1995. A situação se deteriorou ainda mais quando a Holanda apoiou politicamente a invasão dos EUA ao Iraque — posteriormente também enviou 1100 tropas — com base em informações falsas, enquanto ignorava relatórios internos de funcionários públicos. (Segundo Richard Armitage, vice-secretário de Estado na época, isso também ajudou na nomeação do último secretário-geral da OTAN holandês em 2003.)

Rutte, que foi eleito deputado dois meses antes da invasão do Iraque, apoiou a invasão de 2003. Ele logo se tornaria um ministro júnior e depois líder do free-market conservative party (partido conservador de mercado livre (VVD)) em 2007. Três anos depois, em 2010, ele se tornou primeiro-ministro no governo holandês mais de direita desde 1945, apoiado pelo Wilders’s Freedom Party (Partido da Liberdade de Wilders), sendo aclamado como um marco na consolidação da extrema direita.

Alinhamento com os EUA

Nos primeiros anos como primeiro-ministro, frequentemente argumentava-se que Rutte carecia de visão. Ele era ocasionalmente elogiado ou criticado por suas habilidades retóricas, assim como por minimizar problemas sociais sérios — sendo chamado variadamente de “Teflon-Mark”, um “Houdini político” ou “escorregadio como uma enguia”. Antes de entrar na política, ele foi chefe em uma fábrica de manteiga de amendoim, e seu estilo político era mais pragmaticamente gerencial do que moralmente principista.

Para escárnio de muitos, Rutte se apropriou de sua reputação como “homem sem visão” — infamemente declarando que “visão é um elefante que obstrui a vista”. No entanto, apesar de sua suposta falta de visão, Rutte permaneceu como o primeiro-ministro com mais tempo de serviço na história holandesa. Mas até o dia 7 de outubro e o início da resposta desproporcional de Israel, ele já havia indicado que renunciaria assim que um novo gabinete pudesse ser formado.

Mas não parou por aí. No final de outubro, Rutte expressou abertamente seu interesse em suceder Jens Stoltenberg como novo secretário-geral da OTAN. No entanto, para conquistar esse papel na OTAN, Rutte acreditava que precisava provar ser capaz de direcioná-la na direção desejada pelo membro mais poderoso, os Estados Unidos. Para convencer os Estados Unidos, ele usou sua influência para alinhar a posição do governo holandês o máximo possível com a administração Biden. Por exemplo, Rutte só pediu “uma cessação imediata da violência” após o Conselho de Segurança da ONU aprovar uma resolução pedindo um cessar-fogo imediato em 25 de março de 2024 (com os Estados Unidos se abstendo).

Dois meses antes, a Holanda foi o único Estado membro da UE a se juntar aos Estados Unidos e ao Reino Unido no ataque aos rebeldes Houthi que sequestraram navios ligados a Israel no Mar Vermelho. Enquanto isso, o julgamento da CIJ no caso genocídio África do Sul vs. Israel em Haia — que ocorreu a poucos passos do escritório de Rutte — não recebeu tanta atenção quanto em outros lugares e teve pouco efeito na posição do governo holandês.

Enganando o público

Aposição da administração Rutte, no entanto, resultou em vários conflitos com funcionários do Ministério das Relações Exteriores — muitos dos quais fazem esforços sinceros para melhorar as condições para o povo palestino e garantir a prevalência do direito internacional. Apelos para evitar a cumplicidade em genocídio foram ignorados pelos ministros — mas provocaram respostas de vários partidos do governo, insistindo que funcionários públicos deveriam renunciar ao invés de criticar a política.

Em novembro de 2023, um memorando interno da embaixada holandesa em Israel vazou para a imprensa, confirmando que o governo de Rutte está bem ciente de que as Forças de Defesa de Israel “pretendem causar destruição massiva deliberadamente à infraestrutura e centros civis”. Segundo o memorando, isso explicaria o “alto número de mortes em Gaza” e “viola tratados internacionais e leis de guerra”. O memorando também afirmava que o objetivo de Netanyahu de eliminar o Hamas é “um objetivo militar virtualmente impossível de alcançar”.

“Rutte está bem ciente de que as Forças de Defesa de Israel ‘pretendem causar destruição massiva deliberadamente à infraestrutura e centros civis’”

Em dezembro de 2023, a Assembleia Geral da ONU votou a favor de uma resolução pedindo um cessar-fogo imediato em Gaza. Funcionários públicos aconselharam os Países Baixos a apoiar a resolução, junto com a maioria esmagadora de outros países, incluindo países ocidentais como França, Bélgica, Suíça, Espanha, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e os países nórdicos. No entanto, pouco antes da votação, Rutte e seus subordinados diretos intervieram para anular o Ministério das Relações Exteriores. Os Países Baixos, assim como Alemanha, Grã-Bretanha e Itália, se abstiveram.

Isso foi posteriormente revelado em uma carta enviada anonimamente por um grupo de altos funcionários do Ministério das Relações Exteriores, pedindo uma proibição das exportações de armas para Israel. Os funcionários públicos expressaram uma frustração geral com o fato de que, de repente, não era seu ministro, mas Rutte quem determinava a posição em relação a Israel. A carta parafraseou um pedido interno dos subordinados de Rutte ao Ministério das Relações Exteriores perguntando: “O que podemos dizer para parecer que Israel não está cometendo crimes de guerra?”

Um Boris Johnson entediante

Esta tentativa de enganar o público se encaixa em um padrão de esforços para reter informações que cada vez mais determinaram a reputação doméstica de Rutte nos últimos anos. Se Rutte, autodeclarado anglófilo, nos primeiros anos poderia ser descrito como uma versão um tanto descontraída de David Cameron, mais tarde se transformou mais em um Boris Johnson entediante: dando ao parlamento informações vagas e alegando não se lembrar de nada. No caso holandês, no entanto, a controvérsia não foi apenas sobre as acrobacias pessoais de Rutte.

Esta mudança de reputação começou em 2017, quando ele utilizou todo seu capital político para pressionar pela abolição de um imposto sobre dividendos para acionistas, na esperança de persuadir a Unilever a (re)colocar sua sede de Londres para Roterdã. Como essa política não constava em nenhuma das plataformas partidárias, a oposição questionou de onde ela havia surgido — e se o plano fora impulsionado por lobistas. Inicialmente, Rutte negou que houvesse esses memorandos. Mas, graças a um pedido de acesso à informação, logo ficou claro que havia vários deles. Rutte timidamente afirmou que não se lembrava dos memorandos — mas conseguiu reunir seus parceiros de coligação ao seu redor.

Um ano depois, surgiram dúvidas novamente quando foi revelado que o governo não havia informado o parlamento sobre setenta civis mortos pelas forças holandesas no Iraque durante uma tentativa de ataque aéreo contra o chamado Estado Islâmico, ocorrida em 2015. Nem o Ministério da Defesa, nem o primeiro-ministro informaram o parlamento. Muitos partidos de oposição acharam implausível que Rutte não tivesse sido informado sobre tantas vítimas fatais, mas ele continuou repetindo que não se lembrava disso. Como era impossível provar o contrário, ele permaneceu no cargo.

A “Doutrina Rutte”

Muito mais relevante do que o ataque aéreo mortal foi o escândalo conhecido como “escândalo dos benefícios para creche”, no qual milhares de famílias foram falsamente acusadas de fraude e tiveram que pagar multas altíssimas, muitas vezes empurrando-as para uma dívida profunda. Nos esforços oficiais para comprovar a má conduta, elas enfrentaram uma autoridade tributária muito suspeita que se recusava a divulgar informações sobre suas decisões. Quando, após anos de negação, ficou claro que as alegações de fraude eram falsas, as vítimas tiveram que apresentar uma quantidade interminável de documentos para obter compensação.

Rutte próprio havia tornado medidas rigorosas contra fraudes um foco político, e até presidiu um comitê que fez recomendações de políticas. Quando o escândalo veio à tona, documentos desses comitês foram divulgados e Rutte foi chamado para uma audiência parlamentar. Os parlamentares ficaram surpresos ao descobrir que havia tão poucos documentos e ficou claro que Rutte fez esforços deliberados para minimizar todas as evidências do processo de tomada de decisão. A prática de escrever o mínimo possível do que é discutido a portas fechadas foi rotulada como a “Doutrina Rutte” pelos funcionários públicos. A frase foi rapidamente adotada por jornalistas e parlamentares, frustrados com sua aparente evasão.

“Muitos partidos de oposição acharam implausível que Rutte não tivesse sido informado sobre tantas vítimas fatais, mas ele continuou repetindo que não se lembrava disso.”

Falta de oposição

Embora Rutte tenha prometido aumentar a transparência, há poucos sinais de que ele o fez. Logo foi revelado que, mesmo após fazer essa promessa, ele apagou a maior parte de suas mensagens de texto. Ele se defendeu alegando que não havia espaço em seu telefone — até o ano passado ele dependia de um antigo Nokia 301. No entanto, isso também significa que informações cruciais sobre decisões governamentais durante os lockdowns da COVID-19 nunca serão disponibilizadas ao público.

Poderíamos nos perguntar por que Rutte permaneceu por tanto tempo apesar de sua conveniente amnésia ou mentiras descaradas. Uma explicação é que ele sempre enfrentou uma oposição amigável e parceiros de coligação pouco exemplares. Suas mentiras não são patológicas, mas simplesmente oportunistas; nesse sentido, seus motivos não são muito diferentes de outros líderes que, sem posições principais fortes, podem facilmente se solidarizar com Rutte.

O mesmo vale para a mídia. Quando, em março de 2021, outra mentira veio à tona que quase selou o destino de Rutte, um dos principais comentaristas políticos da emissora pública twittou: “O problema real, é claro, não é que ele viole a verdade. Qual político não faz isso? […] Seu problema é que ele não conseguiu mais escondê-la”. Os principais analistas políticos holandeses não estão interessados em descobrir a verdade, mas no teatro de se os políticos conseguem ou não escondê-la.

Implicações para a OTAN

Muitos argumentariam que a OTAN deveria ter sido dissolvida décadas atrás, juntamente com o Pacto de Varsóvia, no espírito de encerrar a Guerra Fria e melhorar as relações com a Rússia para construir um novo acordo internacional. Ainda assim, essa já não parece ser uma opção viável a curto prazo. Hoje, a OTAN está redefinindo seu papel e, portanto, também é um dos jogadores mais importantes na formação de uma ordem mundial diferente. Se haverá paz entre a Rússia e a Ucrânia em grande parte depende da postura e do apoio da OTAN em relação à Ucrânia.

Não se espera que Rutte se desvie muito da posição política de seu antecessor Stoltenberg. Mas ele provou ser extremamente obediente aos Estados Unidos e disposto a se ajustar flexivelmente quando garantir sua posição exigir. Igualmente preocupante é que, nos últimos anos, Rutte cortejou especialmente a extrema direita. Ele visitou Giorgia Meloni durante sua última campanha política em março de 2023 e anteriormente mostrou-se surpreendentemente amigável com Donald Trump — o que lhe rendeu uma reputação internacional como um conselheiro de Trump, enquanto domesticamente pedia “para considerar Trump como uma oportunidade”.

Sua deferência à extrema direita também se traduziu em políticas. Rutte é considerado um dos arquitetos dos acordos entre a UE e a Turquia (em 2016) e entre a UE e a Tunísia (em 2023) para transferir refugiados para esses países. A dependência desses estados para limitar os movimentos de refugiados para a Europa resultou em inúmeras violações dos direitos humanos — algo que os membros da UE estavam bem cientes que aconteceria ao assinarem os acordos. Nesse sentido, a liderança de Rutte é particularmente preocupante, dada a presença crescente da OTAN no Mediterrâneo para monitorar os fluxos de refugiados da Turquia para a Grécia.

“A reputação de Rutte como um político desonesto não fará maravilhas para a própria reputação da OTAN.”

De maneira mais geral, a liderança de Rutte na OTAN não está no interesse dos países membros, nem de uma ordem internacional segura. A reputação de Rutte como um político desonesto não fará maravilhas para a própria reputação da OTAN. Mas, mais importante, na construção de uma ordem internacional de paz, devemos estar atentos a um líder que direciona de maneira niilista todos os seus esforços para atender aos interesses mais poderosos, apenas para salvaguardar sua própria posição. Ainda assim, podemos ter esperança no fato de que sua longevidade política nos Países Baixos se deve à falta de uma oposição feroz ou persistente. Isso pode mudar agora que ele está liderando no cenário global; pelo menos, tal oposição é urgentemente necessária.

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Agentes saíram para cumprir 2 mandados de prisão preventiva e 15 de busca e apreensão.

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Na imprensa francesa, a marca da contagem regressiva de 30 dias para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, nesta quarta-feira (26/06), ficou à sombra das repercussões sobre o primeiro debate na TV entre as três principais forças que concorrem nas eleições legislativas na França, ocorrido na noite de terça-feira (25/06) no canal TF1.

Apesar da presença no debate do primeiro-ministro francês Gabriel Attal, da maioria presidencial, de Jordan Bardella, presidente do Reunião Nacional (RN, extrema direita), e do coordenador do partido A França Insubmissa (LFI, extrema esquerda), Manuel Bompard, representando a coligação de esquerda Nova Frente Popular, jornalistas da rádio FranceInfo destacaram que o embate acabou focado entre o atual primeiro-ministro, Attal, e o possível futuro premiê, Bardella.

O jornal Le Figaro destaca em sua capa “a batalha pela credibilidade” por trás dos programas propostos pela base macronista, pela frente de esquerda e pela extrema direita. O diário aponta que Emmanuel Macron repete que a maioria presidencial tem a “credibilidade” contra os outros dois blocos que ele julga “irresponsáveis”, tanto o RN quanto a Nova Frente Popular. O chefe de Estado até insiste que uma vitória dessas duas forças opostas poderia levar o país diretamente a uma “guerra civil”, pois seus programas seriam muito perigosos.

Para Le Monde, a extrema direita de Bardella mostra “um programa revisado e discriminatório”, com planos de privar os cidadãos franceses com dupla nacionalidade de certos direitos, incluindo o acesso a “posições estratégicas” na administração pública, além de destacar várias das propostas do RN sobre segurança, justiça e imigração que seriam contrárias aos princípios constitucionais da República francesa. Na área econômica, o jornal afirma que o partido de extrema direita se inspira fortemente nas políticas do atual governo de Macron.

O La Croix destrincha, nesta quarta-feira, o programa da Nova Frente Popular. Segundo a reportagem, o documento, que contém quase 200 medidas em 24 páginas, embora tenha uma influência menor da França Insubmissa, por ser um documento conjunto do bloco de esquerda, ele é, no entanto, “um ‘programa de ruptura’, com um forte retorno às questões econômicas e sociais”, diz o jornal católico.

Já o jornal de esquerda Libération, enfatiza a mobilização de jovens da periferia contra a extrema direita para as eleições do fim de semana. Na capa, as ações evocadas pela cineasta negra, Alice Diop, “diante do racismo desenfreado” na sociedade francesa, que necessita de “uma reação de combate”, de acordo com ela “uma questão de vida ou morte”.

Ela lançou um coletivo com amigos, artistas e figuras culturais chamado “Nous, on vote” (“Nós votamos”) visando mobilizar os jovens dos bairros populares, sobretudo convencer os abstencionistas a irem às urnas contra a extrema direita.

Apenas o Le Parisien, nesta quarta-feira, imprimiu na capa a marca dos 30 dias pré-Olimpíadas, com uma entrevista do ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, em que ele fala sobre expectativas de ameaça de terrorismo e protestos na capital, a segurança da delegação israelense nos Jogos e a mobilização das polícias francesas para os próximos dias e durante o evento tão esperado por Paris, que o ministro conta estar em preparação há três anos.

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O governo da Alemanha promulgou, na última terça-feira (26/06), uma nova lei de cidadania, exigindo que a partir de agora os requerentes devem declarar o direito de existência do Estado de Israel.

Para obter a dupla nacionalidade, o governo do chanceler Olaf Scholz colocou como exigência que os solicitantes declarem tal apoio a Israel, em meio ao que identifica como uma onda de antissemitismo na Alemanha desde o início da ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza, em 7 de outubro.

Segundo o jornal Financial Times, o Ministério do Interior da Alemanha adicionou “novas perguntas de teste sobre os temas do antissemitismo, o direito de existência do Estado de Israel e a vida judaica na Alemanha” no processo de requerimento da cidadania.

“Qualquer pessoa que partilhe os nossos valores e se esforce para tal pode agora obter um passaporte alemão mais rapidamente e já não tem de abdicar de parte da sua identidade, abdicando da sua antiga nacionalidade”, declarou sobre a nova lei a ministra do Interior, Nancy Faeser.

No entanto, a representante também “deixou igualmente claro” que aqueles que “não partilham os nossos valores não podem obter um passaporte alemão”

“Traçamos uma linha vermelha nítida aqui e tornamos a lei muito mais rigorosa do que antes”, reconheceu Faeser.

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O 6º Tribunal Federal de Buenos Aires deu início nesta quarta-feira (26/06) ao julgamento do brasileiro Fernando Sabag Montiel, que tentou matar a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em atentado frustrado ocorrido no dia 1º de setembro de 2022.

Montiel, de 37 anos, é acusado de tentativa de homicídio duplamente qualificado, crime que, pelo código penal argentino, pode resultar em uma pena máxima de 15 anos de prisão.

Além dele, outras duas pessoas estão sendo julgadas por sua participação no atentado: a artista de rua Brenda Uliarte, ex-namorada de Montiel, que teria ajudado no planejamento e execução do plano, e o vendedor ambulante Nicolás Carrizo, amigo do brasileiro e, segundo os investigadores, a pessoa que forneceu a arma sabendo que ela seria usada no ataque.

Atentado frustrado

No dia 1º de setembro de 2022, Montiel se infiltrou em um grupo de simpatizantes de Kirchner que se reunia em frente à residência da então vice-presidente argentina – cargo que ela ocupou durante o governo de Alberto Fernández, entre 2019 e 2023 –, junto com sua então namorada, Brenda Uliarte, que também participou do planejamento da ação.

Enquanto a política cumprimentava seus apoiadores, o brasileiro se aproximou dela e, uma vez cara a cara com Cristina, sacou a arma emprestada por Carrizo e apertou o gatilho duas vezes. A perícia realizada na pistola mostrou que a arma estava destravada no momento do atentado, mas devido a uma imperfeição interna o gatilho acabou não acionando os disparos, o que evitou a consumação do crime.

O brasileiro tentou fugir, mas foi rapidamente contido por agentes da Polícia Federal argentina que faziam a custódia da vice-presidente, configurando uma prisão em flagrante. Sua namorada conseguiu escapar, mas foi encontrada e detida dias depois. Carrizo foi preso após Montiel envolvê-lo em um dos seus depoimentos sobre o caso.

Segundo a imprensa local, os investigadores do caso ouviram mais de 200 testemunhas, além de contar com ao menos dois vídeos que mostram o ataque a Cristina de ângulos diferentes.

O relatório da investigação descreve Fernando Sabag Montiel como um “motorista de aplicativos” e enfatiza o fato de ele ter uma “personalidade narcisista” e algumas tatuagens com símbolos neonazistas, além de apresentar um “discurso no qual evidencia seu ódio à figura de Cristina Kirchner”.

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Na terça, a Corte já havia formado maioria tanto para declarar a inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas, descriminalizando assim o uso pessoal, como para estipular os parâmetros de diferenciação.

Durante a sessão, o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, explicou como os magistrados chegaram à quantidade fixada.

“Nós havíamos chegado a um acordo interno, que precisa, evidentemente, ser ratificado na sessão pública, de ficarmos a um meio caminho em 40 gramas, que é a quantidade adotada no Uruguai, que é a experiência que nós temos notícia", afirmou.

Os magistrados ainda fixaram as teses resultantes do julgamento.

(Em atualização)

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David Martins Miranda foi criado em sítios e fazendas na cidade de Reserva, no interior do Paraná. Depois foi mecânico e escriturário numa fábrica de papel, a Klabin – tudo isso antes de se tornar um dos pastores mais populares no Brasil.

Católico fervoroso, era congregado mariano – seguidor da Congregação Mariana, uma associação de leigos católicos. Foi para São Paulo em 1957.

Passou a frequentar, no centro da capital paulista, um templo evangélico, “Maravilhas de Jesus”, e se converteu.

Em junho de 1962, disse ter recebido uma “revelação” e um chamado de Deus para fundar a sua própria denominação, a Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA).

À frente de sua igreja, Miranda arregimentou fiéis que tornaram a Deus é Amor a 11ª maior denominação evangélica do país, com 845 mil fiéis – uma lista liderada pela Assembleia de Deus, com 12,3 milhões, segundo os dados mais recentes do IBGE (2010).

Depois de um período de ascensão – a igreja diz em seu site estar presente em quatro continentes, com 17 mil templos -, a Deus é Amor vive momentos conturbados.

Após a morte do líder David Miranda em 2015, aos 78 anos, o comando da igreja passou à sua mulher Ereni, hoje também com 78 anos.

Agora, a matriarca e três dos quatro filhos do casal, além de netos e genros, estão envolvidos numa acirrada disputa. Em jogo estão tanto o patrimônio milionário deixado pelo patriarca como o controle da igreja e sua doutrina, segundo denúncias de ex-fiéis.

O valor dos bens partilháveis de David Miranda foi estimado em seu inventário, em 2015, em R$ 86,3 milhões, de acordo com documento obtido pela BBC News Brasil.

Ele deixou aos seus herdeiros uma agência de turismo, emissoras de rádio, dezenas de imóveis, salas comerciais e carros luxuosos, além de aplicações financeiras.

A briga foi parar nos tribunais, mas as ações em que irmãos e parentes disputam uns contra os outros seguem em segredo de Justiça.

Posts em redes sociais, blogs e sites veem divulgando alegações sobre supostos desvios e condutas supostamente inadequadas de membros da família, alimentando uma espécie de novela em capítulos, com influenciadores do mundo religioso comentando o tema.

A BBC News Brasil pediu posicionamentos dos citados na trama, mas ninguém havia se pronunciado até a publicação desta reportagem (leia mais abaixo).

Quem é quem na disputa

O clã Miranda está, no momento, dividido em dois grupos, num embate que põe os gêmeos da família, primogênitos do casal fundador, em lados opostos.

O primeiro grupo está no controle da igreja – e do dinheiro – e é formado pela matriarca, uma filha e um dos netos.

No segundo grupo, estão dois irmãos que contestam as decisões dos controladores.

Não tem lado evidente na disputa o caçula dos irmãos, que mora nos Estados Unidos.

A matriarca Ereni é a líder da igreja e também presidente da Fundação Reviver, ligada à instituição.

Ela tem o apoio de sua filha Débora Miranda, de 58 anos, que é vice-presidente do Conselho Deliberativo da Deus é Amor e também pregadora.

O filho de Débora, David Miranda Neto, é aliado da mãe e da avó e, com 34 anos, vem sendo preparado como um possível novo líder da agremiação.

Mas, no caminho de Miranda Neto para chegar a ser sucessor de Ereni, ele terá que vencer os fiéis que preferem que sua mãe seja a nova líder após a morte da matriarca, e não ele.

Do outro lado do embate está David Miranda Filho, de 58 anos. Gêmeo de Débora, David já rompeu com a Deus é Amor e fundou sua própria igreja.

O primogênito também escolheu apoiar a irmã do meio, Leia Miranda, um ano mais nova, na mais nova fase da disputa. Cantora e pregadora com 144 mil seguidores no Instagram, Leia critica, inclusive nas redes sociais, o atual controle da igreja.

Não há comentário oficial sobre o racha e o assunto nunca é tratado nos cultos. No entanto, em uma de suas últimas aparições públicas, no final de janeiro, a matriarca Ereni admitiu dificuldades na igreja, sem mencionar divergências entre seus filhos e netos.

“Tudo que é pecado não pode entrar na igreja. Sei que muitas pessoas estão aborrecidas com a nossa igreja, porque [há] muito pecado, muita vaidade, muita coisa que antes não tinha e agora tem. Estou vendo tudo”, disse Ereni, em vídeo veiculado no site da instituição.

“Eu sei disso, estou enxergando. Jesus está triste... Mas eu conto com vocês para orar pela igreja Deus é Amor, para orar por mim e para eu sempre falar o que Deus mandar”, disse a matriarca que, segundo relatos de membros da igreja nas redes sociais, estaria com problemas de saúde após ter sido atacada por um cão em sua residência.

Conflito de interesses e patrimônio turbinado

Disputas pelo poder em instituições religiosas após a morte de seu principal líder são comuns, segundo o cientista da religião Leonildo Silveira Campos, ex-coordenador do programa de pós-graduação de Ciências da Religião das universidades Mackenzie e Metodista de São Paulo.

“Toda igreja fundada por um líder carismático sofre um baque quando morre o seu líder máximo. A saída dessa situação é sempre tumultuada e, às vezes, demora muito tempo para a poeira assentar e a igreja retomar uma única linha de ação”, afirmou.

Para o especialista, o fundador David Miranda não teria conseguido se preparar para a sucessão em sua igreja assim como o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus. Ele lembra que Macedo, por exemplo, indicou o seu genro, bispo Renato Cardoso, como o herdeiro da instituição.

“Creio que o David Miranda não imaginava que poderia morrer tão cedo”, disse Campos.

Todo o desenrolar da disputa familiar é comentado em sites e canais no YouTube seguidos pelos religiosos e por ex-fiéis. Um deles é mantido por uma ex-fiel da igreja e amiga de infância dos irmãos Miranda, Malú Lima.

Com mais de 42 mil inscritos em seu canal no YouTube, Malú Lima se dedica quase exclusivamente a falar da disputa da família em seus vídeos, alguns com mais 30 mil visualizações – procurada pela BBC News Brasil, no entanto, ela não quis conceder entrevista.

Na versão de Malú, a tensão atual é porque os filhos que não estão no controle da igreja querem a divisão dos bens da família e da própria instituição antes da troca de comando, com a morte de Ereni. David e Leia receberiam uma mesada, mas, também segundo a ex-fiel, não estão de acordo com os valores.

“Eles querem a parte da herança antes da partida da Ereni, pois haverá muitas brigas depois”, disse Malú Lima.

O advogado Francisco Tenório, ex-fiel da Deus é Amor que teve bastante proximidade com líderes e dirigentes da instituição até virar um dissidente, em 2004, estima que o patrimônio em jogo no embate pode ser ainda bem maior do que o que consta no inventário do fundador, entre outros motivos, porque em documentos do tipo costuma-se subestimar o valor de mercado de imóveis, por exemplo.

Segundo Tenório, atualmente consultor de instituições religiosas, a administração da igreja teria meta de faturamento com a venda de amuletos e outros artigos.

“Antes a meta era o maior número de pessoas”, criticou.

Dois pastores da Deus é Amor que apoiam a presidente Ereni Miranda foram procurados, mas também preferiram não falar com a reportagem.

A BBC News Brasil também fez questionamentos a todos os citados nesta reportagem, mas não recebeu respostas até a publicação deste texto.

A presidente da Deus é Amor, Ereni, não atendeu aos pedidos para dar esclarecimentos, bem como seus filhos e David Miranda Neto, procurados por meio da assessoria da igreja. Leia Miranda foi contatada por uma de suas redes sociais e David Filho, por telefone, mas ambos também não retornaram.

Sem futebol e televisão

A Deus é Amor emergiu na chamada segunda onda do pentecostalismo no Brasil - como definiu o sociólogo Paul Freston -, entre os anos 1950 e 1960, ao lado de igrejas como a Brasil para Cristo, Evangelho do Quadrangular e Casa da Benção, que enfatizavam a cura divina, as profecias e o dom de falar línguas estranhas.

A primeira onda, no final de 1910, surgiu com a Congregação Cristã do Brasil e a Assembleia de Deus. A terceira veio no final dos anos 1970, com as chamadas igrejas neopentecostais, entre elas a Universal do Reino de Deus, a Renascer em Cristo e a Sara Nossa Terra.

Para o líder David Miranda, a televisão seria “a imagem e o olho eletrônico da besta”.

Líderes condenam a prática do futebol. As mulheres da Deus é Amor são proibidas de cortar o cabelo, usar maquiagem ou depilar a sobrancelha, defendeu a presidente da Igreja Ereni Miranda, em um vídeo no ano passado.

“Calça comprida é coisa para homem”, disse também Ereni Miranda. Homens também não podem ter barba.

Pelas normas, os homens precisam usar sempre, em público ou privado, calça comprida e camisas, no máximo, de mangas curtas.

Camisetas regatas, jamais.

Andar sem camisa é proibido em qualquer hipótese.

As mulheres devem usar saia ou vestido que cubra o joelho, e as roupas não podem mostrar a barriga ou axilas. Homens e mulheres jamais devem usar sunga ou biquínis.

Parte dessas instruções, no entanto, acabariam descumpridas por integrantes do clã, provocando embates internos na igreja, que começaram já em 2005, dez anos antes da morte de David Miranda.

Naquele ano, Leia e o seu então marido Sergio Sora - que chegou a ser vice-presidente da instituição e era apontado até então como o provável sucessor na Igreja -, foram expulsos, por conta de divergências com a cúpula da igreja.

Logo em seguida, eles fundaram uma nova denominação, a Igreja Evangélica Vida em Cristo. O casal se separou depois e Leia voltou para a Deus é Amor em 2015.

David Miranda Filho foi afastado no ano seguinte, também por suposta conduta inadequada.

Já fora, David Filho também abriu a sua própria instituição religiosa, a Igreja Pentecostal Santificação no Senhor, no bairro do Brás, na região central de São Paulo.

“As lutas internas na Igreja ainda estão sendo controladas. Mas esse processo começou a ser abalado no momento em que David Filho saiu da organização”, observou o especialista Leonildo Campos.

Em setembro de 2022, Leia Miranda foi novamente afastada pela mãe Ereni, por um período de cinco anos, por suposto comportamento tido como inadequado.

Leia, à época, foi ao púlpito da igreja, na sede mundial no Parque Dom Pedro II, na região central de São Paulo, e iniciou uma pregação. Houve tumulto e a polícia foi chamada.

Em uma sala ao lado, ela passou a falar ao vivo nas redes sociais, contando com o apoio de um grupo de fiéis. Leia rebateu as acusações e criticou duramente a atual direção da igreja, principalmente a irmã Débora e o sobrinho David Miranda Neto.

Ela reivindicava a eleição para a escolha de uma nova direção da igreja. Para deixar o local, exigia a presença de um membro da direção que assinasse um documento se comprometendo a convocar eleições.

“Quero uma nova eleição. Eles [a direção] estão pintando e bordando e agindo de maneira muito reprovável. Não agem como homens de Deus”, protestou em um vídeo. Pediu, em seguida, o imediato afastamento da irmã Débora. Leia acabou expulsa da instituição.

David Miranda Neto também provoca reações de fiéis por tentar modernizar os cultos da igreja, com a introdução de uma linguagem pop, luzes e outras tecnologias nos cultos, além de permitir que pastores usem camisetas e tênis, relatam os seguidores mais antigos.

Ele também contrariou as normas ao jogar no time de base da Portuguesa de São Paulo, mesmo com a rejeição da Deus é Amor ao futebol.

Ele foi afastado em setembro de 2022, quatro dias depois da punição imposta à sua tia Leia, devido ao vazamento de fotos dele com a mulher, Karina, em trajes de banho em uma piscina.

David Neto contesta essas restrições. A punição que recebeu foi abrandada logo depois pela avó Ereni.

'Todas as igrejas têm problemas. Qual não tem?'

“David Miranda Neto agora está agitando as estruturas internas e sempre teve o apoio da avó Ereni, da mãe Débora e do pai, o pastor Lourival de Almeida [hoje também com problemas de saúde após um AVC, mas ainda um líder da igreja]”, observou o especialista Leonildo Campos.

Para Campos, é Débora que, com o apoio da mãe, “consegue hoje manter um capital simbólico” da Deus é Amor.

Entre os fiéis, a disputa não é um segredo.

Ouvido pela BBC News Brasil, o obreiro (auxiliar de pastor) e vendedor de frutas Robson Machado de Pinto, 42 anos, morador da Pavuna, na zona norte do Rio de Janeiro, diz que a Deus é Amor é a melhor igreja que encontrou desde que se converteu à fé evangélica, aos 18 anos.

“É uma igreja abençoada por Deus. É uma igreja que funciona na base da oração. Me sinto bem na igreja.”

Robson sabe das divergências entre filhos e netos de David Miranda, mas não vê nisso um problema. “Todas as igrejas têm problemas. Qual não tem? Mas isso é de menos.”

“A família é unida, eles se entendem e resolvem lá. Acabam resolvendo. O importante é que Deus tem operado e curado pessoas, e pessoas estão voltando para Jesus através da Igreja Deus é Amor”, finalizou.

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A fila dava volta no Parque Villa Lobos, área nobre de São Paulo, em uma tarde de junho.

Depois de minutos de espera, algumas pessoas choravam de emoção pela chance de encontrar a youtuber brasileira Adeline Camargo, que mora nos Estados Unidos e virou uma referência em vídeos de dumpster diving.

A expressão em inglês significa “mergulhar na lixeira” — e quer dizer isso mesmo: pessoas que entram e vasculham caçambas de lixo em busca por produtos em boas condições e até novos que são descartados pelos americanos.

“Sei que muita gente quer uma lembrancinha do dumpster”, registra no vídeo Adeline, que trouxe para o encontro no Brasil dezenas de produtos que ela encontrou assim para sortear entre os seguidores. São maquiagens, bolsas, objetos de decoração…

O encontro em São Paulo reflete o fenômeno entre brasileiros ávidos por vídeos sobre o lixo dos Estados Unidos.

São dezenas de canais no YouTube e perfis no Instagram, alguns de famílias inteiras, que mostram essa prática comum no país.

“Os brasileiros ficam muito curiosos, porque os americanos esbanjam muita coisa, é um desperdício que te deixa alucinado. Tem muita coisa nova”, diz Alessandra Gomes, capixaba que também se filma “mergulhando” no lixo, no Estado de Massachusetts. Ela já recolheu edredons, sofás, mesas e muita comida.

Nos Estados Unidos, de forma geral, a atividade não é ilegal, mas navega em uma zona cinzenta.

Em 1988, no caso que ficou conhecido como California contra Greenwood, a Suprema Corte do país decidiu que não há “privacidade” no lixo deixado na calçada.

Mas regras específicas em Estados e cidades sobre a questão das lixeiras podem se sobrepor.

A atividade, por exemplo, pode ser considerada ilegal se envolver invasão de propriedade privada, se houver alguma placa indicando que é proibido mexer ou a lixeira estiver fechada com algum cadeado.

Entrar nessas áreas sem permissão pode resultar em acusações de invasão. Também pode haver denúncias sobre incômodo público ou risco à segurança na atividade.

Nos vídeos gravados pelos brasileiros, em geral, não é possível saber se eles invadiram propriedades ou se desrespeitaram proibições.

Ao menos uma destas pessoas disse à BBC News Brasil que já foi detida pela polícia após uma loja denunciá-la e precisou pagar fiança e passar por uma audiência na Justiça.

Vídeos que mostram os brasileiros sendo “pegos no flagra” acumulam muita audiência — na maioria, são funcionários de lojas que pedem para eles saírem ou simplesmente permitem que continuem.

“Já fui flagrado pela polícia algumas vezes”, diz André da Silva, de 49 anos, que se mudou do Rio de Janeiro para Rhode Island há 23 anos e hoje tem mais de 300 mil seguidores apenas no Facebook com seus vídeos.

"Mas, em geral, só perguntam o que estou fazendo, e eu explico que gravo vídeos. Eles ficam até chocados com as coisas que encontramos."

Apesar do fenômeno recente nas redes sociais em países como Brasil ou El Salvador, a atividade faz parte da rotina de americanos há décadas, explica Jeff Ferrell, sociólogo e professor emérito da Universidade Cristã do Texas (TCU, na sigla em inglês) que, há 50 anos, se debruça sobre o fenômeno — seja como pesquisador ou "mergulhando" ele mesmo em lixeiras.

Autor do livro Empire of Scrounge: Inside the Urban Underground of Dumpster Diving, Trash Picking, and Street Scavenging (Império dos catadores: dentro do submundo urbano da busca em lixeiras, coleta de lixo e garimpagem na rua, em tradução livre), ele passou oito meses sobrevivendo apenas com o que achava no lixo.

Ferrell explica que o perfil de "mergulhadores" de lixeiras é variado. Alguns, como ele, são movidos por ideologia.

Podem ser os chamados freegans, que por princípio de vida boicotam o consumo e sobrevivem com o que é descartado, ou organizações de caridade que distribuem esses bens e comida a moradores de rua ou necessitados.

“Muitas pessoas acreditam em uma redistribuição de recursos. Isso é tirar dos ricos e dar para os pobres, porque o lixo dos ricos em geral tem coisas de muita qualidade, coisas que ainda são muito úteis”, diz o pesquisador.

Mas os imigrantes, na maioria sem os documentos necessários para residir nos Estados Unidos, diz Ferrell, também sempre formam um grupo relevante nessa caça ao tesouro nas lixeiras.

Entre o consumismo e desperdício

Alessandra Gomes chegou nos Estados Unidos há cinco anos, aos 19, em busca de um futuro melhor para ela e seu filho, na época com menos de 2 anos.

Ela saiu de Ecoporanga, no Espírito Santo, onde vivia uma relação conturbada com a família humilde na zona rural da cidade, para cruzar a fronteira do México rumo aos Estados Unidos.

Quando chegou a Massachusetts, ela conta, via muitas pessoas fazendo o dumpster diving.

“Foi quando fiz o primeiro vídeo, mostrando umas vasilhas e louças que achei. O vídeo viralizou, e eu vi que era um ramo que dava muita audiência”, diz Alessandra, que foca nas lixeiras de lojas e supermercados, porque encontra nelas muitos produtos ainda novos que foram descartados.

Segundo a capixaba, os brasileiros que assistem aos seus vídeos se dividem em dois grupos: os que se revoltam com o consumismo americano e a cultura do desperdício e os que ficam fascinados com os produtos e desejam imigrar para fazer o mesmo.

Os "mergulhadores" que se aventuram no lixo aprendem o dia da coleta de cada região e ficam ligados quando há uma renovação no estoque de uma loja.

O carioca André da Silva, de 49 anos, explica, por exemplo, que quando há uma nova coleção de roupas de cama, as lojas tendem a jogar fora edredons, fronhas e lençóis que são da temporada passada.

Ex-dançarino no Brasil e ex-lavador de pratos nos Estados Unidos, André administra o tempo entre sua empresa de demolição e a busca por caçambas.

Foi em um trabalho para uma loja há seis anos que ele percebeu o quanto os americanos jogavam coisas novas no lixo.

“Quando cheguei no dumpster, eu tomei um susto”, diz André.

“Era tudo novo, empacotado, toalhas caras, travesseiros. Chamei o gerente da loja, porque achei que eles tinham se enganado. Aí, ele disse que era o lixo mesmo, porque eles perdem dinheiro guardando isso no estoque.”

André teve que alugar um caminhão para buscar o tanto de produtos que estavam sendo descartados naquele dia.

Para o professor Jeff Ferrell, que aos quase 70 anos segue vasculhando os lixos alheios no Estado do Texas, como os EUA são o principal país capitalista do mundo, a produção incessante de bens de consumo estimula o descarte.

“É inerente à cultura do consumo: haverá uma grande quantidade de lixo toda vez que um estilo de moda mudar ou novas tecnologias forem introduzidas”, diz Ferrell.

"Quanto mais orientamos nossa economia em torno da produção e consumo de bens, inevitavelmente, mais resíduos produzimos."

Além dos objetos em si, a comida também é parte importante do trabalho dos catadores-produtores de conteúdo.

Hoje, Alessandra e o marido focam na busca em caçambas de mercados que vendem alimentos. Esse, inclusive, é o aspecto que mais tem chocado a família.

“Tem muita coisa boa para consumo que jogam fora. Algumas passaram da validade, mas ainda servem. É chocante”, diz.

Segundo o Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar dos Estados Unidos (FSIS, na sigla em inglês), "os fabricantes fornecem datas para ajudar consumidores e varejistas a decidir quando os alimentos estão na melhor qualidade".

"Exceto para fórmulas infantis, as datas não são um indicador da segurança do produto e não são exigidas pela lei federal", diz o FSIS em seu site oficial. Mas, ainda assim, muito é jogado fora.

Segundo Alessandra, a atividade de vasculhar o lixo rende de US$ 200 (cerca de R$ 1.100) a US$ 300 (R$ 1620) por mês com o que ela consegue vender. A audiência dos vídeos chega a render mais US$ 100 (R$ 540). O marido também trabalha como pintor.

É lixo ou luxo?

Tocadores de música, bolsas, brinquedos caros, joias, relógios… O que mais chama atenção dos brasileiros nos vídeos de fato são os produtos caros que vão parar na lixeira dos americanos.

Os comentários vão desde um “fico babando com tantas coisas maravilhosas” a “meu sonho é ter essas coisas, queria ir praí”.

Para o pesquisador Jeff Ferrell, que já encontrou abotoaduras da marca de luxo Tiffany e pulseiras de diamantes, a ênfase dada às marcas e ao valor dos produtos nas redes sociais acaba desviando a filosofia por trás do movimento de dumpster diving.

“Acho irônico que as pessoas estejam nessa busca por bens de consumo em lixeiras. Em outras palavras, elas estão tentando transformar o lixo de volta em um estilo de vida de consumo”, opina.

Mas os brasileiros angariam fãs mesmo com as doações que fazem.

André da Silva explica que basicamente doa tudo que encontra para famílias em necessidade ou para igrejas de Massachusetts e Rhode Island.

Já Alessandra, que cuida de dois filhos, se divide entre doações para famílias de imigrantes na vizinhança e para o próprio consumo.

“Não tenho vergonha nenhuma de estar dentro do lixo. Vim de uma família muito pobre, então, tudo que eu puder aproveitar, eu vou pegar mesmo”. E, segundo ela, postar.

A capixaba diz que “segura na mão de Deus” e segue realizando a atividade.

É que, na região onde vive, as lojas ficaram mais hostis aos “mergulhadores" de lixeiras, já que muitas pessoas acabam mexendo e deixando lixo espalhado na calçada.

Para quem há décadas explora o lixo americano, “há uma outra ironia” no sucesso digital da prática nos Estados Unidos.

“Qual é a chave para ser um bom dumpster diver? É ser discreto e nunca chamar atenção para si mesmo. Nunca postaria nas redes sociais”, aconselha Ferrell.

Odeio trazer matérias da BBC e da CNN mas achei essa aqui interessante.

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Ativistas pelos direitos das mulheres disseram nesta terça-feira que lamentam que Julian Assange não tenha sido julgado por acusações de estupro e crimes sexuais na Suécia, no momento em que o fundador do WikiLeaks vê a liberdade no horizonte após uma longa odisseia legal no Reino Unido.

O australiano deve fechar um acordo em um tribunal dos Estados Unidos na quarta-feira que o libertará após cinco anos em uma prisão britânica.

Entre 2012 e 2019, Assange se refugiou na embaixada do Equador em Londres para evitar extradição à Suécia pelas acusações de 2010 relacionadas a crimes sexuais, alegando que o país nórdico poderia extraditá-lo para os Estados Unidos, onde ele enfrenta acusações de espionagem. 

Assange negou as acusações suecas. 

Em 2019, promotores suecos desistiram do restante da investigação sobre estupro, dizendo que o relato da autora da ação sobre os eventos era crível, mas que os muitos anos passados haviam enfraquecido as evidências.

"É uma traição contra as mulheres que o denunciaram e que não tiveram a chance de obter reparação legal", disse Clara Berglund, líder do Lobby das Mulheres Suecas, uma organização guarda-chuva de grupos que defendem direitos das mulheres. 

"É um capítulo de vergonha e traição que termina com sua libertação", afirmou. "Isso é sobre um caso que aconteceu nos grandes palcos políticos e a violência dos homens contra as mulheres recebe um peso incrivelmente pequeno".

Um porta-voz de Assange não estava disponível para comentar em um primeiro momento. 

Elisabeth Massi Fritz, advogada da autora do caso de estupro, disse que é ruim que Assange não possa ser julgado na Suécia. 

"Havia evidências e teria sido muito importante que as evidências fossem testadas em um tribunal sueco. Para a autora da ação, é extremamente importante", afirmou.

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Polícia alemã pede a torcedores ingleses que troquem álcool por maconha.

As autoridades de segurança dizem querer evitar agressividade na partida da seleção inglesa contra a Sérvia pela Eurocopa.

A polícia alemã literalmente dizendo que maconha é, no mínimo, menos perigoso para os jogos em estádios do que álcool. Se tem motivo melhor para apoiar a legalização da maconha, desconheço.

Notícia atrasada, mas que me fez rir muito enquanto eu ouvia Xadrez Verbal !

https://www.poder360.com.br/internacional/policia-alema-pede-a-torcedores-ingleses-que-troquem-alcool-por-maconha/

@noticias@lemmy.eco.br

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Segundo um grupo de mães de estudantes diagnosticados como pessoas com deficiência (PCDs), a instituição não tem um plano pedagógico adequado para os alunos considerados atípicos. A informação é do jornalista Francisco Dutra, do site Metrópoles.

“A escola não apresenta o apoio para que o aluno seja acolhido e tenha a autoestima necessária para alcançar um futuro digno. Nosso sentimento é de muita tristeza”, disse uma mãe. As identidades dela e das demais mães, assim como as dos filhos, serão mantidas em sigilo.

“É um colégio que tem tudo para oferecer o ensino adequado para os estudantes típicos e atípicos, mas marginalizou os PCDs dentro da instituição. A PMDF tem conhecimento da situação, mas, infelizmente, nada foi feito. A escola está na contramão da legislação”, acrescentou.

PM nega acusações

Procurada, a Polícia Militar negou as acusações e informou que expulsou um dos alunos por não atender aos requisitos do regimento. Outros dois foram jubilados por terem sido reprovados duas vezes, o que está previsto no regulamento da entidade.

A PM afirmou ainda que que “nenhum estudante foi expulso devido às suas características individuais” e todos os alunos com neurodivergências ou deficiências têm acesso a assistentes técnicos e são atendidos por equipe multidisciplinar com psicopedagogos, psicólogos, orientadores educacionais e docentes especializados.

Segundo a PMDF, dos 1.270 estudantes matriculados, 87 possuem algum transtorno de aprendizagem ou deficiência, e que “cada um desses estudantes é acompanhado de forma personalizada, respeitando suas características individuais e necessidades específicas”.

Mães reclamam de reprovações

Na denúncia, as mães acusam o colégio de não ter um plano de ensino individualizado (PEI) para garantir o aprendizado adequado de estudantes PCDs.

Na reclamação, elas ainda afirmam que, em 2024, 58 alunos com algum tipo de transtorno ficaram de recuperação. Deste total, sete foram reprovados.

Acessibilidade

As mães alegam ainda que a acessibilidade somente tem sido oferecida nos dias de provas. Segundo elas, estudantes PCDs fazem o teste em local separado, com tempo ampliado, obrigatoriamente no período vespertino e com a presença de um auxiliar que lê as questões.

Elas alegam, contudo, que as provas não seriam devidamente adaptadas, e o profissional não teria a capacitação para a função.

Bullying

As famílias dos estudantes atípicos acusam ainda a instituição de não adotar projeto pedagógico e cultura de respeito aos PCDs. Segundo elas, os alunos têm sido alvo de preconceito e bullying.

Na nota divulgada pela PMDF, a corporação reiterou “que a afirmação de que nossos estudantes neuroatípicos estão sendo perseguidos não condiz com a realidade. Trabalhamos continuamente para criar um ambiente inclusivo, onde todos os alunos são respeitados e valorizados”, acrescentou em nota.

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Julian Assange está livre!

Julian Assange está livre. Ele deixou a prisão de segurança máxima Belmarsh na manhã de 24 de junho, após ter passado 1901 dias lá. Ele recebeu fiança do Tribunal Superior em Londres e foi libertado no aeroporto de Stansted durante a tarde, onde embarcou em um avião e deixou o Reino Unido.

Isso é o resultado de uma campanha global que envolveu organizadores de base, defensores da liberdade de imprensa, legisladores e líderes de todo o espectro político, até as Nações Unidas. Isso criou espaço para um longo período de negociações com o Departamento de Justiça dos EUA, levando a um acordo que ainda não foi formalmente finalizado. Forneceremos mais informações assim que possível.

Depois de mais de cinco anos em uma cela de 2×3 metros, isolado 23 horas por dia, ele em breve se reunirá com sua esposa Stella Assange e seus filhos, que só conheceram o pai atrás das grades.

O WikiLeaks publicou histórias revolucionárias sobre corrupção governamental e abusos de direitos humanos, responsabilizando os poderosos por suas ações. Como editor-chefe, Julian pagou severamente por esses princípios e pelo direito do povo de saber.

Enquanto ele retorna à Austrália, agradecemos a todos que nos apoiaram, lutaram por nós e permaneceram totalmente comprometidos na luta por sua liberdade.

A liberdade de Julian é a nossa liberdade.

Via @wikileaks

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A Câmara dos Deputados dos EUA votou, na última quarta-feira, pelo bloqueio ao financiamento da reconstrução de Gaza, cuja destruição foi, em grande parte, financiada pelos próprios EUA.

A disposição foi apresentada por deputados do Partido Republicano – Brian Mast, do estado da Flórida, Claudia Tenney, do estado de Nova York, e Eli Crane, do estado do Arizona – como uma emenda à Lei de Autorização da Defesa Nacional de 2025, o orçamento anual de defesa do país. Embora os deputados do Partido Democrata se opusessem à emenda, que foi aprovada por uma simples votação oral, não solicitaram o registro dos votos.

“Eles estão em plena guerra contra um dos nossos maiores e melhores aliados em todo o mundo”, disse Mast no plenário da Câmara antes da votação, referindo-se a Gaza de forma geral, sem especificar o Hamas. O republicano da Flórida, um ex-voluntário nas Forças de Defesa de Israel que tem repetidamente feito comentários incendiários contra a Palestina desde 7 de outubro, disse que é “absurdo ” sugerir a reconstrução do local que há oito meses vem sendo arrasado por bombas israelenses e americanas.

Os EUA enviaram US$12,5 bilhões (R$67 bilhões) a Israel apenas este ano, complementando os US$3,8 bilhões (R$20 bilhões) anuais com mais US$8,7 bilhões (R$47 bilhões) aprovados em abril. O ataque de Israel a Gaza já destruiu mais de metade dos edifícios do enclave sitiado, desalojou cerca de 1,7 milhão de palestinos e matou mais de 37 mil pessoas.

O dispositivo que trata da reconstrução é apenas uma das várias emendas parlamentares voltadas para Gaza, que republicanos e democratas moderados introduziram no orçamento de defesa obrigatório. Algumas das propostas, como a de reconstrução, devem enfrentar mais resistência no Senado.

“Que a Câmara aprove emendas legislativas contrárias à Palestina, a essa altura, reafirma que muitos no Congresso não valorizam a vida de seus eleitores palestinos”, diz Mohammed Khader, gerente de políticas da Campanha pelos Direitos Palestinos nos EUA. “Vetar fundos para a reconstrução de Gaza, ao mesmo tempo em que fornecem ativamente verba pública, armas e informações para destruir Gaza e a sociedade palestina, reafirma que os parlamentares pretendem que os EUA participem ativamente das atrocidades de Israel.”

Um trio de deputados republicanos do Texas apresentou uma emenda que visa a proibir a utilização de fundos do Departamento de Defesa para operar aviões de transporte de refugiados palestinos para os Estados Unidos. Os democratas solicitaram que os votos fossem registrados para esta medida.

Parlamentares republicanos também introduziram duas emendas relacionadas ao píer flutuante temporário do Pentágono em Gaza, que visa a facilitar a entrega de ajuda humanitária, mas tem falhado em servir a esse propósito. Uma delas proibiria a utilização de fundos para construir, fazer manutenção ou reparos em um píer na costa de Gaza, ou mesmo para transportar suprimentos para esse píer. Em outras palavras, os republicanos estão tentando encerrar o projeto completamente. Outra emenda proibiria que recursos dos EUA fossem gastos no píer ou outras estruturas semelhantes.

Outros republicanos apresentaram emendas contra o movimento de boicote, desinvestimento ou sanção contra Israel pela ocupação ilegal da Palestina.

Lauren Boebert, deputada do Partido Republicano do estado do Colorado, apresentou uma emenda para proibir o Departamento de Defesa de celebrar contratos com instituições envolvidas em boicotes a Israel. O deputado Andy Ogles, do Partido Republicano do estado do Tennessee, apresentou uma emenda para manifestar “a opinião unânime do Congresso” de que o Departamento de Defesa não deveria participar de uma exposição europeia sobre defesa que imponha restrições à participação israelense. A emenda foi aprovada por votação oral.

Entre as emendas de autoria de parlamentares democratas estão aquelas que expressam apoio aos esforços militares firmados entre os EUA e Israel.

O deputado Jared Moskowitz, do Partido Democrata do estado da Flórida, apresentou uma emenda para exigir uma avaliação da precisão da contagem do número de vítimas pelo Ministério da Saúde de Gaza. Ao longo dos últimos oito meses, apoiadores de Israel ressaltaram que o Hamas — como entidade governante de Gaza — controla o Ministério da Saúde, como argumento para descreditar a sua contagem de mortos. Ainda assim, os números do Ministério da Saúde já foram corroborados pelas Nações Unidas, pelos Médicos Sem Fronteiras e até mesmo pelo próprio Governo de Israel.

Considerando os danos causados à infraestrutura de Gaza e o número de soldados palestinos mortos, somados às milhares de pessoas desaparecidas sob os escombros, é possível que os números do Ministério estejam, na realidade, subestimados.

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Sem muito alarde, o governo israelense implementou no ano passado um programa de reconhecimento facial em larga escala em Gaza. A tecnologia passou a ser utilizada na Palestina após os ataques de outubro graças à Corsight, uma empresa israelense contratada pelo exército para desenvolver um programa que pudesse identificar reféns israelenses em Gaza e achar alvos militares do Hamas.

A milhares de quilômetros de Gaza, em Alagoas, no Brasil, essa mesma empresa está anunciando uma parceria que leva sua tecnologia de reconhecimento facial às escolas públicas do estado.

Em fevereiro, alguns portais estrangeiros de tecnologia e segurança noticiaram que a Corsight havia anunciado uma parceria com a Teltex, uma empresa brasileira de soluções em segurança eletrônica. Segundo uma destas notícias, a Teltex havia escolhido, em resposta a uma preocupação crescente com segurança nas escolas, incorporar a tecnologia de reconhecimento facial da Corsight.

A solução, ainda segundo essa notícia, seria integralmente implementada até o meio de 2024, com a instalação de licenças de uso da Corsight em centenas de escolas de Alagoas.

A Teltex, empresa com a qual a Corsight teria feito essa parceria, tem, desde abril de 2023, um contrato de R$ 18 milhões com a Secretaria de Educação de Alagoas, a Seduc. A finalidade é implantar um sistema de gestão de controle de entrada e saída de alunos nas escolas públicas alagoanas.

Mas não existe rastro da contratação da Corsight em documentos públicos de Alagoas e tampouco o governo foi avisado da incorporação dessa tecnologia, segundo informações obtidas pelo Intercept Brasil via Lei Acesso à Informação.

O contrato foi renovado por mais um ano no fim de maio. Em nenhum momento o documento fala em reconhecimento facial. Também não existe nenhum aditivo de contrato falando sobre a participação da Corsight.

Em resposta a um pedido de LAI, a Seduc disse não ter sido informada sobre a incorporação de solução de reconhecimento facial. Questionada via assessoria de imprensa, a Teltex disse desconhecer a parceria e informou, via nota por e-mail, que o projeto em implantação em Alagoas inclui a “utilização de várias tecnologias avançadas, como sistemas analíticos de vídeo”.

A empresa disse ainda que realizou apenas provas de conceito, um tipo de demonstração da funcionalidade, com a Corsight e que a plataforma “Corsight AI provavelmente não será utilizada neste contexto específico”.

‘Vamos em frente por mais’

Apesar de afirmar desconhecer a parceria, executivos da Teltex se mostraram entusiasmados com a notícia em uma publicação de LinkedIn em que a Corsight anunciava a colaboração. Marcado em um comentário por Geraldo Sanga, gerente de vendas da Corsight no Brasil, o gerente de pré-vendas da Teltex, Gabriel Duardes, respondeu: “conte conosco, vamos em frente por mais”.

Na mesma publicação, Sanga marcou também Thiago Duardes, que ocupa o cargo de gerente comercial na Teltex, agradecendo-o pela parceria, ao que Duardes respondeu: “vamos avançar em mais projetos, conte conosco”.

Uma publicação de fevereiro do site Aithority sobre a parceria também traz uma aspa de Gabriel Duardes, gerente de pré-vendas. “Nós embarcamos nessa iniciativa com a Corsight devido à sua ética em relação às nossas crianças, à sua precisão com muitos grupos éticos no Brasil e devido à velocidade sem paralelos da solução de inteligência facial da Corsight”, disse Duardes. Segundo a publicação, o objetivo da implementação da tecnologia é deter entradas não-autorizadas.

Se a tecnologia tiver sido, de fato, incorporada, como anunciado pela Corsight, o caso poderia ser considerado uma violação das normas de transparência e das condições contratuais estabelecidas.

“Caso a empresa vencedora de um processo licitatório estabeleça uma parceria para a prestação de serviços com outra empresa após vencer o processo licitatório, isso deve ser comunicado ao poder público”, disse Mariana Canto, diretora do Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife, o IP.Rec, e pesquisadora na área de privacidade e vigilância.

Caberia à Secretaria de Educação, como contratante, fiscalizar a execução desse contrato, disse Canto, mas as controladorias, Tribunais de Conta e até mesmo o Ministério Público também têm competência para investigar os contratos.

A situação é agravada pelo fato de que a solução estaria sendo utilizada em crianças e adolescentes. Segundo Canto, é preciso enfatizar “o risco de contratação de uma empresa estrangeira que pode estar coletando dados biométricos e outros dados sensíveis de crianças e adolescentes brasileiras para o treinamento de seus algoritmos”.

Como não há, até o momento, nenhum aditivo de contrato especificando como se dará essa parceria caso ela se concretize, também faltam informações sobre como os dados serão coletados, armazenados e tratados, e tampouco sobre os algoritmos usados pelo sistema.

Em Gaza, tecnologia define alvos a serem bombardeados

Desde o fim do ano passado, a divisão de inteligência do exército de Israel opera um sistema de reconhecimento facial que usa tecnologia da Corsight junto ao Google Fotos.

Inicialmente, o sistema foi usado para procurar por reféns que foram levados pelo Hamas em 7 de outubro, mas depois ele passou a ser usado para identificar pessoas supostamente ligadas ao Hamas ou a outros grupos militantes. O sistema funciona para identificar rostos em multidões e em vídeos de baixa qualidade obtidos por drones.

Mas, conforme reportado pelo New York Times, mesmo oficiais da inteligência israelense afirmaram que o sistema é falho, tendo por vezes erroneamente identificado civis como alvos militares do Hamas. As fontes que conversaram com o NYT manifestaram preocupação de que o sistema seria um “mau uso de tempo e recursos por Israel”.

O sistema desenvolvido pela Corsight não é a única frente em que Israel está usando inteligência artificial em Gaza. A +972 Magazine e Local Calls, dois veículos israelenses, reportaram que Israel conta com dois sistemas que usam IA para identificar e marcar alvos militares a partir do processamento massivo de dados. Segundo a reportagem, durante as fases iniciais da guerra, oficiais autorizaram ataques contra os alvos identificados sem que houvesse revisão humana.

Tecnologia se espalha por escolas do Brasil sem mitigação de riscos

Já foram encontrados casos de reconhecimento facial em escolas de pelo menos 10 estados brasileiros, segundo um mapeamento publicado pelo InternetLab em março de 2023.

Um dos estados que mais utilizam a tecnologia é Goiás, que recebeu mais de R$ 30 milhões em emendas parlamentares destinadas a reconhecimento facial. Mas ao que tudo indica, a tecnologia está sendo adotada sem nenhum estudo de seu potencial impacto e sem mitigação de riscos.

O mapeamento identificou que em nenhum dos 15 casos de uso o poder público informou ter realizado estudos de “impacto de risco aos direitos humanos ou análises sobre o potencial de discriminação resultante de softwares de reconhecimento facial” antes da execução do projeto.

Como justificativas para o uso da tecnologia, o InternetLab mapeou que otimização da gestão do ambiente escolar, combate à evasão e segurança aparecem como as mais frequentes. Uma das conclusões do mapeamento, para o qual foram ouvidos docentes e especialistas, é de que o reconhecimento facial não parece ser capaz de combater de forma eficiente essas questões.

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Acidente de trem em Ohio espalhou resíduos tóxicos, principalmente fumaça química em 16 Estados norte-americanos e a poluição possivelmente chegou até o Canadá.A conclusão é de um estudo conduzido pelo Programa Nacional de Deposição Atmosférica (National Atmospheric Deposition Program), nos Estados Unidos, sobre os impactos da catástrofe ambiental criada pelo acidente de trem na cidade de Palestina Oriental.

A análise divulgada na quarta-feira (19) aponta que “estamos lidando com as consequências de um desastre que afetou milhares de vidas”, disse David Gay, um dos autores. “As conclusões do nosso estudo destacam a necessidade urgente de medidas abrangentes para abordar os impactos ambientais e de saúde de tais incidentes.”

Publicado no site ‘Enviromental Research Letters’, o trabalho constata que a poluição causada pelo acidente foi muito maior que o esperado.

Em 3 de fevereiro do ano passado, um trem da empresa Norfolk Southern descarrilou na cidade Palestina Oriental (East Palestine), Ohio. 11 carros do trem continham produtos químicos muito tóxicos, dentre eles, cloreto de vinila, altamente cancerígeno. Alguns desses carros pegaram fogo durante dias e os produtos químicos que não pegaram fogo foram drenados para uma vala e incinerados por receio de que poderiam causar uma explosão.

Críticos da incineração dos produtos químicos apontaram que isso violou leis ambientais e que foi uma medida desnecessária. Pessoas que viviam na proximidade do local do acidente relataram um odor químico que durou durante semanas e sintomas de náusea, alergias na pele, dores de cabeça e problemas respiratórios.

Coletando amostras de chuva e neve do norte de Winsconsin ao Maine e Carolina do Norte semanas após o acidente, os autores do estudo encontraram índices de ph mais altos dos últimos dez anos e compostos perigosos como o cloreto de vinila.

A empresa responsável pelo acidente, Norfolk Southern, concordou em pagar aproximadamente U$ 1 bilhão em danos. Em abril fez um acordo de U$ 600 milhões em um processo movido por moradores da região próximos do local do acidente e em maio concordou em pagar U$ 310 milhões ao governo federal americano. As atividades da Norfolk Southern geram lucros de bilhões por ano e a empresa concedeu ao seu CEO um aumento de salário de 37% no ano, além de gastar U$ 2.3 milhões fazendo lobby no congresso americano.

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Um tanque israelense disparou as balas que mataram a menina palestina de cinco anos de idade, Hind Rajab, e seis parentes quando estavam sentados em um carro no norte de Gaza em janeiro, de acordo com uma análise divulgada na sexta-feira (20), que comprovou que havia 335 perfurações de bala no veículo da família, um Kia Picanto.

Um massacre hediondo e estúpido de civis palestinos, que indignou o mundo, assim que foi divulgado o áudio do pedido de ajuda da prima dela, Layan Hamada, de 15 anos, encerrado abruptamente pelo som das rajadas e por seus gritos de agonia, e que entre os mortos havia uma criança de cinco anos de idade, Hind. No final de abril, nos EUA, manifestantes antigenocídio da Universidade de Columbia a homenagearam, rebatizando um prédio acadêmico como “Hind’s Hall”.

A chacina ocorreu em 29 de janeiro, quando a família Rajab, de sete membros, tentou fugir da Cidade de Gaza de carro. Os corpos dos sete familiares e de dois paramédicos, cujo veículo foi atacado nas proximidades, foram encontrados 12 dias depois, em 10 de fevereiro.

A análise foi realizada pela agência de pesquisa inglesa Forensic Architecture, da Universidade de Londres, em conjunto com a Al Jazeera e a ong Earshot. Segundo os autores, o tanque estaria posicionado entre 13 e 23 metros do carro da família quando disparou os tiros que mataram Layan Hamada e “não é plausível que o atirador não pudesse ter visto que o carro estava ocupado por civis, incluindo crianças”.

Ainda segundo a análise, o tanque israelense também provavelmente matou os dois paramédicos do Crescente Vermelho Palestino (PRCS) que chegaram ao local. A nova análise refuta a alegação de Israel de que suas forças não foram responsáveis pelas mortes.

Hamada permaneceu viva por pelo menos três horas depois que os outros seis foram mortos, inclusive a pequena Hind, e estava ao telefone com o Crescente Vermelho (equivalente à Cruz Vermelha), pedindo ajuda. “Estou com tanto medo, por favor, venha”, disse ela, de acordo com o jornal inglês The Guardian.

A nova análise se encaixa amplamente com as conclusões de uma investigação de abril do Washington Post sobre o assassinato da família palestina, adiciona novos detalhes e reforça a convicção de que os homicidas são as forças coloniais israelenses. Após essa nova análise, Medhi Hasan, editor-chefe do Zeteo News, argumentou que aqueles que continuam a apoiar o assassinato de crianças palestinas são sociopatas, registrou o Common Dreams.Na época em que o massacre veio a público, foi dito que a idade de Hind ao ser assassinada era de seis anos, mas o The Guardian emitiu uma correção em maio afirmando que ela tinha apenas cinco anos de idade.

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Milhões de dados sigilosos de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ficaram expostos e acessíveis a usuários externos devido à falta de controle sobre o Sistema Único de Informações de Benefícios (Suibe).

O incidente levou ao desligamento temporário do sistema no início de maio, impactando a produção das estatísticas da Previdência Social. A informação foi reportada inicialmente pela Folha de S. Paulo.

O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, confirmou que o Suibe, responsável pela geração do Boletim Estatístico da Previdência Social, havia acumulado centenas de senhas repassadas sem revisões adequadas de autorização. Dados como tipo de benefício, valor e data de concessão estavam entre as informações vazadas.

Segundo Stefanutto, não existem provas concretas de vazamento direto do Suibe, mas o histórico de reclamações sugere que informações foram obtidas e utilizadas por terceiros, principalmente para oferta de produtos financeiros como empréstimos consignados.

Após a descoberta do problema, o número de reclamações na ouvidoria do INSS sobre empréstimo consignado caiu significativamente.

A administração do sistema, que não contava com medidas de segurança robustas como duplo fator de autenticação ou VPN, permitiu a vulnerabilidade de informações de aproximadamente 39,5 milhões de beneficiários.

O INSS, juntamente com a Dataprev, que fornece a tecnologia para o Suibe, está revisando os protocolos de segurança para evitar futuras exposições.

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Um ataque aéreo israelense contra uma clínica médica na Cidade de Gaza matou o diretor do Departamento de Ambulâncias e Emergências de Gaza, informou o Ministério da Saúde do enclave. Os militares israelenses afirmaram que o ataque matou um alto comandante armado do Hamas.

O Ministério da Saúde disse que o assassinato de Hani Al-Jaafarawi elevou para 500 o número de profissionais médicos mortos por fogo israelense desde 7 de outubro. Pelo menos outros 300 foram detidos até agora.

Em um comunicado, os militares israelenses afirmaram que o ataque tinha como alvo Mohammad Salah, que seria responsável pelo desenvolvimento de armamentos do Hamas.

“Salah fazia parte de um projeto para desenvolver armamento estratégico para a organização terrorista Hamas e comandou vários esquadrões terroristas do Hamas que trabalhavam no desenvolvimento de armas”, afirmaram.

Após mais de oito meses de combate, a mediação internacional apoiada pelos Estados Unidos não conseguiu até agora chegar a um acordo de cessar-fogo. O Hamas afirma que qualquer acordo deve pôr fim à guerra, enquanto Israel afirma que concordará apenas com pausas temporárias nos combates até que o Hamas seja erradicado.

Em Rafah, perto da fronteira com o Egito, as forças israelenses que assumiram o controle das partes oriental, sul e central da cidade prosseguiram seu ataque às áreas oeste e norte, disseram os residentes, descrevendo intensos combates.

No domingo, os residentes afirmaram que os tanques israelenses tinham avançado para o limite do campo de deslocados de Mawasi, no noroeste de Rafah, forçando muitas famílias a partir para o norte, para Khan Younis e Deir Al-Balah, no centro de Gaza, a única cidade do enclave onde os tanques ainda não invadiram.

“A situação em Tel Al-Sultan, no oeste de Rafah, continua muito perigosa. Drones e atiradores israelenses estão caçando pessoas que tentam verificar suas casas, e tanques continuam a tomar conta das áreas que supervisionam Al-Mawasi mais a oeste”, disse Bassam, um residente de Rafah.

“Sabemos de pessoas mortas nas ruas e vemos que dezenas de casas foram destruídas pela ocupação”, disse ele à Reuters através de um aplicativo de bate-papo.

Israel nega ter como alvo civis e culpa o Hamas por provocar vítimas civis ao lutar entre eles, o que o Hamas nega.

Os militares israelenses disseram que as forças continuaram “operações direcionadas baseadas em inteligência” em Rafah, localizando armas e lançadores de foguetes e matando militantes “que representavam ameaças para eles”.

No norte do enclave, onde Israel disse que suas forças completaram as operações meses atrás, os residentes disseram que os tanques tinham voltado para o subúrbio de Zeitoun, na Cidade de Gaza, e estavam atacando várias áreas.

A campanha terrestre e aérea de Israel em Gaza foi desencadeada quando militantes liderados pelo Hamas invadiram o sul de Israel em 7 de outubro, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, segundo registros israelenses.

A ofensiva israelense em retaliação matou quase 37.600 pessoas, segundo as autoridades de saúde palestinas, e deixou Gaza em ruínas.

Desde o início de maio, os combates se concentraram em Rafah, no extremo sul de Gaza, onde cerca de metade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave estavam abrigados depois de fugirem de outras áreas.

Netanyahu disse que a fase de intensos combates contra o Hamas terminaria “muito em breve”, mas que a guerra não terminaria até que o grupo islâmico não controlasse mais o enclave palestino.

Em uma entrevista ao Canal 14 de Israel, ele disse que as forças baseadas em Gaza seriam liberadas para se deslocarem para o norte, onde Israel alertou sobre uma potencial guerra total contra o movimento Hezbollah do Líbano, que atingiu a região fronteiriça em solidariedade com os palestinos.

“Depois de terminada a fase intensa, teremos a possibilidade de deslocar parte das forças para o norte. E faremos isso”, disse Netanyahu na entrevista ao Canal 14 de Israel.

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