Alguém me explica porque que um "Vale Alimentação Universal" não é uma proposta grande no Brasil? Ia provavelmente sair mais barato que o próprio auxílio, e menos gente reclamando de besteira. Se deu pra ter o auxílio emergencial pra bem um quarto da população em menos de um ano, porque seria tão dificil dar uns 100 reais pra todo CPF só pra comprar comida pra daqui uns 2-3 anos? Quem não gostar pode ir pros EUA.
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Acho que um dos motivos é que tem muitos outros programas de fornecimento de comida e auxílios. Além é claro de muitas vezes o problema não ser só com o fornecimento de comida, mas de outras coisas que auxiliam a comida. Gás de cozinha é algo que aqui vai em botijão mas lá nos EUA normalmente é encanado.
Então tem diversos fatores culturais e de administração que influenciam nisso. O programa do Bolsa-família é uma mistura de diversos programas anteriores que incluem o vale gás e bolsa-escola por exemplo.
Além disso eu não acho que os EUA seja um exemplo de algo, lembremos que lá tem homeschooling por exemplo, que resulta em diversos casos de abuso infantil absurdos e que aqui é mitigado pela exigência da presença de alunos na rede básica de educação.
Ah o comentário de "ir pros EUA" foi só uma resposta ao "vai pra Cuba" ecoando na minha cabeça mesmo. Eu acho que eles são exemplo só do quão fundo o buraco pode ser. Eu acho o bolsa família legal, mas tem sempre gente reclamando de dar mais dinheiro pra quem precisa porque vai gastar em jogo do bixo ou seja o que for (que eu não acho criticas válidas). Usar a infraestrutura já existente do vale alimentação com a do auxilio emergencial me parece um jeito bem efetivo de garantir alimentação universal no nível nacional. Nunca que tem motivo pra um país que produz tanta comida como o Brasil ter gente passando fome. E se for pra aumentar uns imposto aqui ou ali pra garantir que toda família consiga ter no mínimo uns 20 Kg de feijão por pessoa, acho um preço muito pequeno a se pagar. Qualquer país com grande produção alimentícia deveria ter isso como garantido pra todo cidadão, que nem Roma só que melhor.
Como já dizia a Tia Rousseff, "país rico é país sem pobreza".
Mas a estrutura de vale alimentação é ruim, e impede que as famílias usem recursos básicos para poder sair da linha de pobreza. Inclusive um dos grandes benefícios do Bolsa família foi justamente ter saído dos projetos de vales(vale-gás por exemplo) e unificar as medidas enquanto dá autonomia às famílias para decidir como e com o que gastar.
Quanto a questão de que deveria ter alimentação garantida para toda a população, faz parte dos planos de basicamente todos os partidos de esquerda, mas eles nunca foram maioria em nenhum governo e portanto não conseguem enfrentar lobbies como o do Agro que é fortíssimo.
Sem contar de que tem famílias que tem acesso próprio para algo de alimentação, por exemplo peixaria ou cultivo de subsistência, pra quem 100R no supermercado não faz muita diferença, mas dinheiro que pode usar livremente, por exemplo pagando uma conta de Internet, pode mudar a vida da família.
Pois é, eu estava pensando como que aqui em BH tem muita gente mais na periferia que cria galinha, tem algum tipo de horta ou arvore frutífera. Fora que rola um escambo, minhas galinhas deram muito ovo eu dou alguns pro vizinho e ele me dá umas frutas da árvore dele e coisas do tipo.
Bons pontos. Meu maior problema com o Bolsa Família (como único auxílio) é só a questão de ele precisar de comprovar renda, que dificulta pra famílias sem acesso a informação e da pra os liberais limitarem quem tem acesso com facilidade. Não acho que a ideia do vale deveria substituir os outros auxílios nunca (diferente da maioria do povo que gosta de renda básica universal), só que não vejo muitas propostas pra erradicar fome pra toda eternidade sem condições ou requisitos.
Eu gosto muito mais de uma ideia como a dos Panteras Negra de ter restaurantes 100% gratuitos em bairros urbanos do que da do vale, mas quando você vê a implementação de coisas assim pelo governo sempre tem a tal da "taxa simbólica". O vale me parece mais palatável pra partidos mais liberais tipo o PT que gostam de manter o esquema de licitação, mas alguma coisa tem que ser feita pra impedir que isso se repita.
A explosão de insegurança alimentar se deve a escolhas políticas do governo Temer e Bolsonaro. Em especial a política de manter estoque zero na Conab. Essa política já vinha acontecendo desde o governo Temer e teve continuidade no governo Bolsonaro, mesmo quando ficou evidente que o mundo inteiro teria que interromper o comercio internacional( e tudo mais). Foi uma escolha do governo, em especial do Sr Paulo Guedes. Não se tomou nenhuma medida para refazer emergencialmente um estoque estratégico emergencial, pelo contrario se permitiu aos produtores que exportassem livremente comida para o exterior enquanto as pessoas aqui estavam passando fome e insegurança alimentar com o crescente preço dos alimentos. E veja bem, o governo poderia ter feito mil e uma medidas para compensar os produtores que em vez de venderem para o exterior, vendessem para o governo. Poderiam pagar até a nível ou acima do mercado internacional. E nesse caso estamos falando de produtores que a principio estavam produzindo para o mercado interno e por causa do cambio resolveram vender para o exterior. A mudança de política se deu agora no novo governo e é importante dizer que formar estoques não é algo trivial. É algo que leva algum tempo. Os alimentos já estão baixando mas para sentirmos os efeitos desses estoques refeitos vai se levar mais tempo, talvez no próximo ano já podemos ter conseguido formar estoque, depende de vários fatores.
Não vejo a relação disso com a proposta. Enquanto comida custar dinheiro, sempre vai ter o problema de quem não tem acesso a renda não conseguir comer dentro da lei, mesmo que o custo seja pouco. Garantir a alimentação de todo o cidadão independente da sua situação financeira deveria ser a prioridade número 1 de todo país agricultor.
Então cara, fazer comida custa recursos. E para resolver a questão não basta somente dar dinheiro para as pessoas. É importante tomar medidas tanto na esfera da demanda, quanto da oferta. Um salário mínimo decente, por exemplo é uma dessas medidas(no lado da demanda). Uma política de soberania alimentar, com compras publicas e manutenção de estoques estratégicos/ e de segurança, é outra medida, do lado da oferta, que também ajuda a manter os alimentos baratos. É importante tomar medidas dos dois lados, senão no fim a coisa não funciona.