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Geopolítica

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Geopolítica é a congruência entre demasiados grupos de estratégias adotadas pelo Estado para administrar seu território, e anexar a geografia cotidiana com a história. Desta forma, Geopolítica é um campo de conhecimento multidisciplinar, que não se identifica com uma única disciplina, mas se utiliza principalmente da Teoria Política e da Geologia e Geografia ligado às Ciências Humanas e Ciências Sociais aplicadas.

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A hegemonia do dólar no sistema econômico mundial faz com que transferências entre países, quase sempre, precisem ser intermediadas por bancos dos Estados Unidos, mesmo que a nação norte-americana não esteja envolvida no processo de forma direta. Por exemplo, caso uma transferência seja feita do Brasil para o Peru, os reais virarão dólares para depois serem transformados em sol peruano em transações que demoraram pelo menos dois dias.

Diante desta soberania imposta, um grupo de economistas da América Latina, incluindo antigos membros de Bancos Centrais dos países da região, e para “ir além da retórica internacional”, sugeriram uma via alternativa para a dominância da moeda norte-americana. Foi o que declarou Andrés Arauz, ex-diretor do Banco Central do Equador, durante o Festival de Ideias, realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) na quinta-feira (20/06) e organizado pela Internacional Progressista (IP), Transforma-Unicamp e Phenomenal World.

“Precisamos do Pix Sul. No Brasil, todo mundo adora o pix, e precisamos aplicar esse conceito na região”, disse Arauz durante o painel “Dominância do dólar e mutações da hierarquia monetária internacional”.

Para tornar a proposta viável, o também ex-ministro do Conhecimento do Equador explicou a necessidade dos países latinos terem uma instituição financeira como base e, assim, facilitar as questões de transferências imediatas.

“A região já tem um banco central, o FLAR (Fundo Latino-Americano de Reservas), na Colômbia. O Brasil, apesar de ainda não fazer parte, pode se filiar a ele e pedir para que aja como um ponto para pagamentos em tempo real”, explicou.

Em relação à unidade contábil usada, o economista que estudou o sistema de pagamento mundial afirmou que o “Sul” pode ser usado, inclusive como uma possibilidade de criação de crédito.

Hegemonia do dólar

Arauz expôs a ideia ao lado de outros dois participantes: o professor de Política da Universidade da Virgínia Herman Mark Schwartz e o docente de Economia da Universidade Bucknell Matías Vernengo.

Em comum acordo, os palestrantes declararam não acreditar na decadência do dólar como moeda central do sistema econômico mundial. Para Arauz, a hegemonia do dólar para o futuro próximo vai continuar. “Quem entrou nas entranhas desse sistema sabe que ele vai persistir por bastante tempo”, avaliou.

Assim, na análise do equatoriano, o Pix Sul seria uma “vantagem sob o sistema tradicional” diante da hegemonia do dólar, que não deve eliminar a moeda norte-americana, mas sim criar uma “competição para evitar a privatização e externalização das reservas internacionais”, que obrigatoriamente são feitas em dólares atualmente.

Arauz explicou que uma “grande parcela dessa hegemonia acontece não porque o dólar é a unidade contábil, mas sim porque as transações internacionais são feitas em bancos dos EUA”.

Segundo ele, os bancos norte-americanos agem como instrumentos para criação de crédito, “podendo congelar, descongelar, censurar e forçar o planeta inteiro a cumprir um poder hegemônico e político”. Para Arauz, tudo isso é feito de forma “institucionalizada e de propósito”.

Por sua vez, Schwartz avaliou que o sistema global financeiro é unificado, “de forma que o dólar é dominante e âncora, funcionando quase como um dinheiro estatal desse sistema”. O professor da Universidade da Virgínia explicou que além das transferências serem feitas na unidade norte-americana, quase toda a fatura do comércio internacional também usa a moeda.

“Sabemos que há um império porque tem essas características: hierarquia, assimetria e heterogeneidade. Hierarquia porque grande parte dos dólares no mundo não são criados por bancos que estão nos EUA, e isso é um grande problema. Assim, um banco fora do território norte-americano fazer empréstimos em dólar é assimétrico. E heterogeneidade porque nem todos os países têm acesso aos mesmos acordos: há países que são melhor tratados que os outros, havendo quatro tipos de acordos de crédito segundo suas proximidades aos EUA”, disse.

Por isso, os países que não têm reservas de câmbio e dependem do Fundo Monetário Internacional (FMI) estão em “grave apuros” e “não gostam desse sistema”. “Assim, tentam criar fluxos e formas alternativas”, afirmou.

Mencionando o BRICS, Schwartz não se mostrou confiante quanto às iniciativas do bloco para mudar o sistema financeiro unipolar. Ele questionou até que ponto há um interesse coletivo entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul para criar um novo fluxo, mencionando o “colapso” de acordos entre os países membros, como as negociações de petróleo entre Índia e Rússia.

“A discussão da desdolarização não é nova. Nos anos 1940 e 1950 já se falava sobre isso. Já se via que esse sistema monetário era disfuncional e precisava mudar. Mas é muito difícil mudar a hegemonia porque tem impactos estruturais”, concluiu.

Já o economista argentino Vernego reconheceu que a hegemonia imposta pelo dólar é prejudicial a países como Cuba e Venezuela, mas não prevê “nenhuma mudança significativa na hierarquia monetária internacional em um futuro razoável”.

“A permanência dessa hegemonia precisa ser analisada. Há ainda um poder muito grande para manter o dólar como principal moeda. Ele não vai parar de ser hegemônico, mas sim precisamos pensar em formas de superar essas questões”, avaliou.

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