O diagnóstico publicado na última terça-feira (18) fornece uma diversidade de dados sobre as áreas queimadas no país, a partir da análise de imagens de satélites.
A Amazônia e o Cerrado foram os biomas mais queimados nas últimas décadas, representando 86% das áreas afetadas pelo fogo no Brasil. Na Amazônia, foram 82,7 milhões de hectares queimados. No Cerrado, foram 88,5 milhões de hectares em chamas.
Os dois biomas são afetados pela expansão das atividades agropecuárias, mas com impactos distintos para cada ecossistema, como explicaram as coordenadoras técnicas do MapBiomas Fogo. “O fogo, embora seja um componente natural do cerrado, está ocorrendo com uma frequência e intensidade que a vegetação não pode suportar”, explica Vera Arruda.
Já a Amazônia, “enfrenta um risco elevado com a ocorrência de incêndios devido à sua vegetação não ser adaptada ao fogo, agravando o nível de degradação ambiental e ameaçando a biodiversidade local, enquanto a seca histórica e as chuvas insuficientes para reabastecer o lençol freático intensificam a vulnerabilidade da região”, explica Ane Alencar.
O Pantanal também foi destaque do relatório por ter sido o bioma que mais queimou proporcionalmente à sua área total, foram 9 milhões de hectares queimados, equivalente a 59% do bioma. Segundo material divulgado à imprensa pelo MapBiomas, “o Pantanal, também adaptado ao fogo, enfrenta incêndios intensos principalmente devido às secas prolongadas, em função das dificuldades de contenção das queimadas, qualquer foco pode gerar impactos significativos na fauna e flora locais”.
Outros dados que chamam atenção para compreender a dimensão do problema é a relação das queimadas com o tipo de cobertura e uso da terra e com o tipo de imóvel. Mais de dois terços (68,4%) do fogo no período ocorreu em vegetação nativa, enquanto 31,6% ocorreram em áreas antropizadas. Os imóveis privados foram responsáveis por 60% da área queimada.
Estas informações permitem compreender o quanto os ecossistemas naturais estão sendo afetados pelo uso do fogo, principalmente para transformar o uso da terra em agropecuário, sob o regime da propriedade privada. Ao confrontar os dados das queimadas por estado, é nítida a predominância daqueles que representam o arco do desmatamento na Amazônia e a expansão agropecuária no Cerrado, conforme a figura abaixo.
A distribuição temporal das áreas queimadas, considerando a última ocorrência de fogo, demonstra a atualidade, assim como a urgência de enfrentar o problema. Quase metade (43%) de toda área queimada no Brasil desde 1985 teve sua última ocorrência de fogo entre 2013 e 2023. Somente no ano passado, 16 milhões de hectares sofreram com as chamas no país.