O governo federal investe publicidade digital em sites propagadores de desinformação, games para celular e até mesmo apps de relacionamento, de acordo com lista da Secretaria de Comunicação Social (SECOM) da Presidência obtida via Lei de Acesso à Informação (LAI) pelo Núcleo.
Ao todo, são mais de 10,1 mil empresas cadastradas e aptas para receber publicidade do governo federal por diversos meios, como rádio, TV ou jornais. Cerca de 2,6 mil desse total são apps, sites ou plataformas na internet.
🥷 A Secom disponibilizou o arquivo com seu cadastro de publicidade em uma lista com mais de 10 mil linhas em formato .pdf, o que dificulta a análise e consulta dos dados. Para extrair informações do documento, a equipe do Núcleo precisou desenvolver um script em python. Você pode consultar o script criado aqui. Nosso jornalismo precisa de você Clique aqui, assine por R$10 e receba vantagens exclusivas.
FAKE NEWS. Entre os sites cadastrados junto à Secom estão o veículo bolsonarista Jornal da Cidade Online, que publicava colunas apócrifas para atacar políticos e magistrados, e o Terra Brasil Notícias, que liderou a disseminação de conteúdos bolsonaristas durante o último governo.
O registro, chamado de Midiacad, também inclui uma eclética lista de páginas na internet aptas à publicidade governamental, que vão dos sites Folha Evangélica e Golpel+ ao Guia Gay de São Paulo e o Grindr, um app de encontros focado no público LGBTQIA+.
📲 PLATAFORMAS. Além do Grindr, outras plataformas e big techs aptas a receberem diretamente publicidade digital do governo federal incluem Google, LinkedIn, Deezer, Kwai, Mercado Livre, Magalu, Meta, Hornet, OLX, Shazam, Spotify e X, entre outros.
JOGUINHOS. O governo federal também inclui em sua publicidade digital apps de jogos para celular, como Candy Crush e desenvolvedores cujo modelo de negócio é disponibilizar jogos mobile grátis e monetizá-los por meio da exibição de anúncios. Não identificamos bets ou caça-níqueis virtuais nesse rol.
RISCO À IMAGEM. Em fev.2024, a Secom lançou novos critérios para cadastrar veículos aptos à publicidade digital para "mitigar riscos à imagem das instituições do Poder Executivo Federal decorrentes da publicidade na internet".
Segundo a pasta, empresas que violarem normas legais poderão ser suspensas do Midiacad.