No dia 05/06, cerca de 100 ribeirinhos de comunidades amazonenses confiscaram mais de 1 tonelada de alimentos de uma balsa encalhada no Rio Madeira, próximo ao município de Manicoré. O caso retrata mais um caso da insatisfação popular perante a fome se traduzindo em ação pelas massas.
Segundo as informações divulgadas à imprensa, a balsa em questão era da empresa AC de Oliveira Navegação e Transporte LTDA e havia partido de Rondônia com destino a Manaus, tendo, entretanto, ficado encalhada em um banco de areia nas proximidades do Distrito de Auxiliadora.
Nesse momento, os camponeses que moravam na região abordaram a embarcação e confiscaram apenas alimentos, tendo levado itens como fardos de açúcar, caixas de óleo, farinha de trigo, ração e caixas de leite condensado. Segundo os tripulantes, muitos desses camponeses estariam armados.
A persistência da fome no Amazonas
Dados divulgados pelo IBGE em 2020, afirmaram que no estado do Amazonas, a fome atinge ao menos cerca de 2,7 milhões de pessoas, deixando o estado na segunda pior posição no país no que diz respeito à insegurança alimentar.
Esses dados, entretanto, são frutos de pesquisas realizadas ainda em 2017 e 2018, tendo os pesquisadores sobre o tema estimado que hoje em dia, as condições podem estar ainda piores.
Segundo Adjalma Nogueira, um dos divulgadores da pesquisa do IBGE, os dados apresentados desenham uma situação catastrófica no que diz respeito à realidade da população local.
“Os números mostram que três em cada dez amazonenses passaram privações em quantidade de alimentos, e em alguns casos, até mesmo a fome. Todos os percentuais da situação de insegurança alimentar do Amazonas são superiores à média nacional e regional. A pesquisa mostra que a região Norte apresenta os piores indicadores do país”, disse.
A crise alimentar tem aumentado ainda mais durante os recentes períodos de estiagem e seca, impulsionados pelo avanço do latifúndio na região, a baixa dos rios afetou a renda de milhares de pescadores e pequenos produtores do estado, que permanecem sem contar com qualquer ajuda significativa do velho Estado.