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- Diário do Centro do Mundo
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- Revista Oeste
- Terra Brasil Notícias
Essa lista está em constante atualização. Portais e jornais que divulgarem notícias falsas ou desinformação terão seu nome incluído nesta lista. / This list is constantly updating. Newspapers that publish fake news or disinformation will be included in this list.
Autoridade da Ucrânia informou que brasileiro chegou à guerra por meio de uma falsa promessa de emprego em uma empresa da Rússia.
Taxa acumulada em 12 meses desacelerou de 4,50% para 4,24% no mês, segundo o IBGE.
Isso porque:
- país ta de baixo de fumaça tem semanas
- anunciaram ontem que o pantanal ta em risco de virar deserto
- o cara usou literalmente derivados de armas químicas pra fazer isso, pondo em enorme risco todos ao redor
Realmente acabou a seriedade do país bicho. Esse juíz aí ta de parabéns...
A Comissão de Legislação Participativa da Câmara discute, às 15h desta segunda-feira (9), o uso de câmeras corporais nos uniformes de agentes de segurança pública,
A audiência pública foi solicitada pelo deputado federal Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), para quem “o debate sobre o uso das câmeras corporais como um elemento de controle e garantia de segurança dos agentes policiais ganhou força no país a partir de 2020”.
O parlamentar afirma, no requerimento para a realização da audiência, que “mais de 25 países compartilham essa experiência, não só como uma medida de vigiar aqueles que vigiam, mas também proteger agentes públicos que possuem riscos reais contra sua integridade física”.
As câmeras corporais são adotadas em dez estados brasileiros: Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e São Paulo. Já no Ceará e Espírito Santo, as câmeras são utilizadas apenas pela Polícia Penal, não pela PM.
Há, porém, divergências sobre o uso e especialmente se gravações devem ser contínuas ou não. Em maio deste ano, o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, assinou a portaria nº 648/2024, com diretrizes e indicações para o uso dos equipamentos.
A reunião terá a participação de familiares de vítimas de violência policial, defensores públicos, de um policial militar e de um representante do Ministério dos Direitos Humanos.
Também estarão presentes Thallita Lima. doutora em relações internacionais e coordenadora de pesquisa do Panóptico; Carolina Ricardo, do Instituto Sou da Paz; Daniel Edler, pesquisador da Universidade de São Paulo, e Gabriel Sampaio, da Conectas.
Indígenas Avá-Guarani do município de Terra Roxa, no Paraná, derrotaram uma tentativa de expulsão da retomada no latifúndio Fazenda Brilhante movida pela Força Nacional e pela Polícia Militar (PM) no dia 6 de setembro. Em meio ao conflito, um oficial da Força Nacional perdeu o próprio fuzil, que foi confiscado pelos indígenas.
Um vídeo, gravado pelo que parecem ser latifundiários que observam o confronto de longe junto de tropas da PM e Força Nacional, registra o momento em que os militares, acuados, são forçados a recuar pelos indígenas, que avançam com flechas e pedras contra o comboio. “Está enfrentando a Força Nacional… apontando flecha, pau. Fazendo os caras recuar, olha”, diz um homem, por trás das câmeras.
Ao perceberem a derrota iminente, os militares começaram a disparar contra os Avá-Guarani. “Tá tendo conflito aqui. Força Nacional está atirando contra os indígenas, não tem jeito, olha”, continua a narrar o homem. Nesse momento, os indígenas passam a avançar pelos flancos da estrada e voltam a atacar os militares, que fogem da área dentro das camionetes.
O clima segue tenso na região. A Força Nacional está com cerca de sete viaturas nas fronteiras do latifúndio e a PM, duas. Latifundiários também acompanham a situação.
Os povos originários da região reivindicam o território do latifúndio desde o dia 5 de julho. Latifundiários já tentaram, por meio dos bandos pistoleiros, expulsar os guerreiros da região, mas fracassaram. Em um dos assaltos, no dia 19/7, os mercenários chegaram a atropelar dois indígenas e incendiar barracos com suprimentos.
A Força Nacional está na região há meses, mas não faz nada quanto aos ataques da pistolagem que ocorrem em todo o estado do Paraná. No dia 28 de agosto, indígenas Avá-Guarani da Tekoha Y’Hovy, em Guaraíra, denunciaram ao AND que, apesar da presença das tropas federais no município, pistoleiros atacaram livremente a retomada. Ao menos quatro indígenas foram feridos no ataque.
O episódio recente no Paraná faz parte da escalada na luta pela terra por todo o país, já na forma de uma verdadeira guerra civil entre latifundiários e povos do campo. Uma tendência clara nesse fenômeno é a resposta armada dos camponeses, indígenas e quilombolas às ofensivas e assaltos terroristas que sofrem por parte dos latifundiários e bandos pistoleiros.
No mês passado, a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) reforçou, em um comunicado, a necessidade dos povos do campo “armarem as organizações de autodefesa da luta pela terra na mesma proporção e calibre!“.
A organização também convocou “as lideranças camponesas que não dobraram os joelhos, as lideranças de posseiros, os povos indígenas, as organizações quilombolas, as populações atingidas por barragens, por mineração e por cultivos de eucalipto, as massas proletárias e demais trabalhadores da cidade, que cada vez mais lutam em defesa de seus direitos pisoteados, a cerrar fileiras com nosso bravo campesinato, com o caminho da Revolução Agrária.“
Essa matéria foi atualizada no dia 7 de setembro com a informação de que o fuzil apreendido era de um oficial da Força Nacional, e não de um PM, como foi inicialmente divulgado logo após o fato.
No dia 05/06, cerca de 100 ribeirinhos de comunidades amazonenses confiscaram mais de 1 tonelada de alimentos de uma balsa encalhada no Rio Madeira, próximo ao município de Manicoré. O caso retrata mais um caso da insatisfação popular perante a fome se traduzindo em ação pelas massas.
Segundo as informações divulgadas à imprensa, a balsa em questão era da empresa AC de Oliveira Navegação e Transporte LTDA e havia partido de Rondônia com destino a Manaus, tendo, entretanto, ficado encalhada em um banco de areia nas proximidades do Distrito de Auxiliadora.
Nesse momento, os camponeses que moravam na região abordaram a embarcação e confiscaram apenas alimentos, tendo levado itens como fardos de açúcar, caixas de óleo, farinha de trigo, ração e caixas de leite condensado. Segundo os tripulantes, muitos desses camponeses estariam armados.
A persistência da fome no Amazonas
Dados divulgados pelo IBGE em 2020, afirmaram que no estado do Amazonas, a fome atinge ao menos cerca de 2,7 milhões de pessoas, deixando o estado na segunda pior posição no país no que diz respeito à insegurança alimentar.
Esses dados, entretanto, são frutos de pesquisas realizadas ainda em 2017 e 2018, tendo os pesquisadores sobre o tema estimado que hoje em dia, as condições podem estar ainda piores. Segundo Adjalma Nogueira, um dos divulgadores da pesquisa do IBGE, os dados apresentados desenham uma situação catastrófica no que diz respeito à realidade da população local.
“Os números mostram que três em cada dez amazonenses passaram privações em quantidade de alimentos, e em alguns casos, até mesmo a fome. Todos os percentuais da situação de insegurança alimentar do Amazonas são superiores à média nacional e regional. A pesquisa mostra que a região Norte apresenta os piores indicadores do país”, disse.
A crise alimentar tem aumentado ainda mais durante os recentes períodos de estiagem e seca, impulsionados pelo avanço do latifúndio na região, a baixa dos rios afetou a renda de milhares de pescadores e pequenos produtores do estado, que permanecem sem contar com qualquer ajuda significativa do velho Estado.
Apesar das tropas genocidas de Netanyahu terem se retirado na sexta-feira, 6, da cidade e do campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia, após 10 dias de invasão com numerosas tropas, tanques e escavadoras blindadas que fizeram dezenas de mortos e destruíram infraestrutura e demoliram casas , os militares israelenses continuam executando ataques diários contra a população palestina.
Forças da ocupação e extermínio de Netanyahu abriram fogo contra um carro na aldeia de Kharsa, ao sul da cidade cisjordana de Hebron. Como resultado de mais um crime contra a população palestina, dois jovens ficaram feridos. Testemunhas disseram à agência Wafa que depois de atacarem o carro, as tropas invasoras impediram a chegada de ambulâncias e ainda por cima sequestraram os dois jovens feridos.
Segundo a Wafa, a extensão dos ferimentos causados pelo tiroteio não foi revelada.
Em paralelo às razias militares, colonos judeus assaltantes de terras palestinas, seguem realizando pogroms diários, como aconteceu neste domingo, 8, no ataque a cidadãos na cidade de El Bireh.
Os colonos se reuniram em uma rua de sua vila denominada Beit El (Casa de Deus), construída sobre terras roubadas aos palestinos, e atacaram pedestres e veículos com pedras.
Tais práticas vandálicas, assim como as recentes razias ampliam a devastação na região que passam de ocupada a anexada, de forma cada dia mais acelerada, contra todas as resoluções da ONU.
É neste contexto que as cidades de Jenin, Tulkarem e Tubas, todas no norte da Cisjordânia, têm sofrido ataques em grande escala executados por tropas de Israel desde 28 de agosto, quando invadiram a região.
Os atos assassinos são acompanhados de detenções arbitrárias. Forças especiais secretas e franco-atiradores sitiaram casas na rua Nablus, no bairro de Al-Marah e na cidade de Al-Yamoun, nos arredores de Jenin. Durante as últimas horas de sexta-feira (6) e as primeiras horas deste sábado, pelo menos 16 palestinos foram sequestrados nas províncias de Ramallah, Hebron, Nablus, Jericó e Jerusalém. Os atos de vandalismo de residências e intimidação de familiares foram relatados por moradores entrevistados por informativos a exemplo da agência palestina Wafa.
Durante os nove dias anteriores à retirada de Jenin, os ocupantes invadiram as proximidades do Hospital Governamental da cidade e colocaram escavadeiras militares em frente às suas portas para barrar a chegada de ambulâncias com feridos.
Além disso, cercaram o edifício do governo municipal, dispararam munições reais e bombas sonoras contra o prédio enquanto os funcionários estavam no interior e depois prenderam vários deles.
Desde 28 de Agosto, quando começou a agressão contra estas cidades ao norte da Cisjordânia, as tropas israelenses genocidas assassinaram 39 palestinos, dos quais além dos 21 em Jenin, oito em Tulkarem, sete em Tubas e três em Hebron. Com estes, o número de palestinos mortos pela ocupação nessa região desde 7 de outubro último até à data chega a 699. As prisões em massa já chegam a milhares somente neste período.
Só de juros nos últimos 12 meses foram transferidos R$ 870 bilhões do orçamento público para os bancos. E mesmo assim, como alertou o economista Paulo Kliass, a dívida seguiu crescendo, num esquema criminoso semelhante à pirâmide Ponzi O economista norte-americano Michel Hudson, professor de economia na Universidade do Missouri, no Kansas, já vem chamando a atenção há algum tempo em seus artigos para o fato de que o cassino em que se transformou o mercado financeiro, aprisionando a maioria dos países do mundo, está se tornando, na verdade, num grande esquema “Ponzi”.
PIRÂMIDE
O esquema Ponzi é uma operação fraudulenta sofisticada do tipo “pirâmide”, que envolve a promessa de pagamento de rendimentos anormalmente altos (“lucros”) aos aplicadores à custa do dinheiro pago por novos aplicadores. Se parar de entrar, desaba tudo. O nome técnico, “Ponzi”, se refere a um grande golpista, o italiano Charles Ponzi, que criou o esquema anos atrás nos Estados Unidos.
É nesse tipo de “pirâmide” que se transformou o sistema da dívida pública no Brasil e em várias partes do mundo. No caso da ciranda com os títulos públicos brasileiros, quem sustenta o “esquema” é a população, através do desvio de recursos do Orçamento Geral para a remuneração desses títulos.
Este verdadeiro crime só funciona e se mantém com a retirada crescente e alucinada de recursos do orçamento, da produção, da área social, em suma, do conjunto da sociedade para injetar no buraco negro da especulação.
JUROS ALIMENTANDO JUROS
É exatamente isso o que estamos assistindo no Brasil. Só de juros dos títulos nos últimos doze meses até julho foram transferidos R$ 870 bilhões do orçamento público para os bancos. E mesmo assim, como alertou o economista Paulo Kliass, a dívida seguiu crescendo descontroladamente.
Com juros nominais, determinados pelo BC, de 10,5%, o país está se endividando cada vez mais só para pagá-los. O Orçamento Geral da União está espremido para garantir que a ciranda continue.
E agora o que vemos é uma pressão criminosa do mercado financeiro para reduzir as despesas obrigatórias do governo como garantia de que este esquema não será paralisado. Ou seja, querem retirar dinheiro destinado pela Constituição para a Saúde, Educação, Previdência e salários de servidores para seguir alimentando seu esquema “Ponzi”.
Mas, eles não são bobos. Mentem, dizendo que os cortes nas despesas obrigatórias seriam para suprir os recursos para investimentos. Pura falácia. Ele não querem que se toque na taxa alucinada de juros, taxa que vem alimentando os seus superlucros os últimos anos. Foram R$ 4,7 trilhões nos últimos dez anos, segundo a FIESP.
Entre juros e amortizações o país está transferindo praticamente metade de seu orçamento aos bancos. A outra metade é dividida para toda a sociedade. As despesas financeiras somam R$ 2,77 trilhões do total do Orçamento União. Destes, R$ 870 bilhões são juros. Na lei orçamentária de 2025, as despesas primárias – tudo menos as financeiras – somam R$ 2,93 trilhões.
SOCIEDADE QUE PAGA
Na metade do orçamento destinada à sociedade, as despesas obrigatórias consomem 92% enquanto as despesas discricionárias, onde se encontram as verbas para investimento, ficam com 8% deste total. O montante previsto de investimento para 2025 será de R$ 74,5 bilhões, enquanto só os juros aos bancos consomem mais de dez vezes o valor destinado aos investimentos.
Ao invés de aceitarem que o país não aguenta as despesas gigantescas e descontroladas com um dos juros reais mais altos do mundo, os sanguessugas que parasitam a sociedade iniciaram, neste segundo fim de semana de setembro, uma campanha estridente, através de sua mídia, para que o governo reduza as despesas obrigatórias. Ou seja, para que o governo esprema ainda mais a sociedade.
Desmontar a máquina pública, fechar hospitais, piorar a Educação Pública e abater aposentados é a “solução” que o “mercado” – leia-se monopólios financeiros – apresenta para manter seu criminoso esquema Ponzi.
REDUZIR OS JUROS
Não há menor explicação para que os juros continuem nas alturas como se encontram atualmente. Eles têm que ser reduzidos imediatamente e não subir, como defendem os operadores dos sistema e alguns integrantes do governo.
A cada um ponto percentual de redução da dívida, são R$ 40 bilhões que o governo pode economizar para puxar os investimentos. Dizerem que defendem os cortes das despesas obrigatórias para que o país possa investir, como fazem os bancos, é uma grande falácia. Eles querem é seguir ganhando com os juros. Para elevar os investimentos, tanto público como privado, o governo tem que, necessariamente, reduzir as despesas com os juros lunáticos que temos hoje.
O Brasil foi o país que mais consumiu agrotóxicos em 2022, segundo dados levantados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Além disso, o país se notabilizou nos últimos anos por ser o principal importador de pesticidas proibidos na União Europeia (UE).
De acordo com o estudo encomendado pela Pesticide Action Network Europe (PAN Europe) — uma coalizão de associações da sociedade civil de países europeus intitulada “Pesticidas da UE, proibição de exportação: quais podem ser as consequências?” —, em 2018, o Brasil foi apontado entre os países em desenvolvimento como o principal importador de pesticidas proibidos na Europa.
A investigação mostra que o Brasil importou, na ocasião, 10.080.462 quilos de pesticidas proibidos na UE, o equivalente a 36%. Entre os 18 países que mais fizeram esse tipo de transação, seis são sul-americanos. Na lista, além do Brasil, estão Chile, Peru, Argentina, Colômbia e Equador.
“A Europa está enriquecendo às custas dos países sul-americanos. Eu vou dar dois dados muito claros disso. O primeiro é de que, nos últimos dez anos, o uso de agrotóxicos na União Europeia diminuiu cerca de 3% e, no Brasil, no mesmo período, aumentou 78%”, argumenta Larissa Mies Bombardi, professora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), pesquisadora associada do Centro de Estudos sobre a América, a Ásia e a África (CESSMA) da Universidade de Paris e autora de “Agrotóxicos e colonialismo químico”, publicado em 2023.
A professora revela também que a América Latina é o lugar do mundo em que mais cresce o uso de agrotóxicos. “Nos últimos 20 anos, o uso de agrotóxicos na América Latina aumentou 143%”, diz.
“Nenhum outro lugar do mundo aumentou tanto assim o uso de agrotóxicos. A Europa enriquece às custas de países sul-americanos, e o Brasil é o principal deles”, completa.
O relatório da PAN Europe mostra que a UE foi a principal exportadora de pesticidas em 2022. Ao todo, 714 mil toneladas de defensivos agrícolas foram exportados em um valor avaliado em 6,6 bilhões de euros (R$ 41,11 bilhões). Desse montante, 81.615 toneladas de 41 pesticidas proibidos foram exportados para uso agrícola em outros países.
Nova Lei dos Agrotóxicos ou ‘PL do Veneno’?
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou, com vetos, no final do ano passado, a Lei nº 14.785/2023, que ficou conhecida como Nova Lei dos Agrotóxicos. A norma é originária do Projeto de Lei nº 1.459/2022, proposto inicialmente pelo então senador Blairo Maggi em 1999 e modificado na Câmara dos Deputados na forma de um substitutivo. Em maio deste ano, o Congresso Nacional derrubou parte dos vetos do chefe do Executivo Federal, e a lei passou a ter vigência.
O tema dos agrotóxicos também está diretamente ligado à Reforma Tributária, uma vez que não foram incluídos no Imposto Seletivo pelo governo federal e pela Câmara dos Deputados. Além disso, uma reportagem publicada pelo O Joio e O Trigo, em parceria com a Fiquem Sabendo, mostra que a reforma prevê que os agrotóxicos recebam 60% de descontos no Imposto de Valor Agregado (IVA).
Eliane Kay, diretora-executiva do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), entende que a lei, resultante de um projeto de lei que tramitou por mais 20 anos no Congresso Nacional, “foi amplamente debatida com a sociedade civil organizada”.
“O texto aprovado reflete o anseio do setor por uma regulamentação mais moderna sem nenhum prejuízo do rigor técnico e da segurança ao trabalhador rural, à população e ao meio ambiente. O uso de defensivos agrícolas e o sistema regulatório brasileiro são rígidos e seguem os padrões de órgãos internacionais”, diz.
Por outro lado, segundo Bombardi, o projeto de lei, que tem recebido a alcunha de PL do Veneno, “rasgou o princípio de precaução que havia na Lei dosAgrotóxicos.
A especialista comenta que, enquanto a lei de 1989 diz que se “uma substância tiver indícios de que possa ser cancerígena, de que possa trazer efeitos sobre a formação dos fetos, de que cause problemas hormonais, essa substância pode ser revista e pode vir a ser banida”, enquanto a Nova Lei de Agrotóxicos diz que há determinações se a substância trouxer riscos considerados “inaceitáveis” de câncer. Para ela, a ideia de risco inaceitável pode abrir precedentes do que pode ser ou não considerado aceitável.
“O que é risco inaceitável de câncer? Do que a gente tá falando? Cria-se uma janela jurídica enorme”, argumenta.
Além disso, a professora e pesquisadora destaca outra mudança: se antes os ministérios da Saúde, Agricultura e Meio Ambiente tinham equivalência na decisão ou não da aprovação do uso de determinada substância no Brasil, agora, com a nova lei, a competência para registros de pesticidas caberá apenas ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
“Isso também coloca em risco, obviamente, que substâncias que são nocivas ao meio ambiente, à saúde humana, possam ser aprovadas”, salienta.
Lobistas no páreo?
O tema é fruto de discussões entre setores políticos, econômicos e de saúde. Um relatório publicado neste mês pela Fiquem Sabendo — organização sem fins lucrativos especializada no acesso a informações públicas —, mostra que o governo federal, no período de tramitação e aprovação do projeto de lei e da Reforma Tributária, recebeu agentes privados identificados como lobistas, conforme a definição de lobby adotada no relatório.
Segundo a investigação, o governo federal teve 752 reuniões com participação de ao menos um lobista ou companhia que defende ou produz agrotóxicos entre 18 de outubro de 2022 e 5 de agosto de 2024.
Conforme a própria organização, a análise tem como intuito problematizar “a atuação e influência exercida por lobistas dos agrotóxicos, que integram o setor do agronegócio, nos espaços de poder público entre 2022 e 2024, considerando ainda o embate entre interesses empresariais e a saúde coletiva na elaboração de políticas de controle e redução dos agrotóxicos”.
O lobby é “objeto de discussão parlamentar já há muitos anos”, afirma o cientista político e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Paulo Roberto Figueira Leal. A Câmara dos Deputados aprovou, em 2022, um projeto de lei que regulamenta as atividades de lobby, mas a proposta está parada no Senado.
O projeto, segundo o cientista político, prevê uma série de obrigações, como registro em agenda do encontro com agentes públicos e clareza de identificação de quem os lobistas estão representando. A proposta, entretanto, criou insatisfação em parte do segmento, revela Leal.
“Algumas instituições são favoráveis, outras são contra, mas eu acho que [o que] interessa à sociedade brasileira é: quais são as obrigações no sentido de aumentar a transparência desses instrumentos de pressão sobre o Parlamento que, obviamente, representam riscos”, analisa.
Uso de agrotóxicos no Brasil
Dados disponibilizados pelo Mapa ao relatório da Fiquem Sabendo mostram um aumento considerável da aprovação de agrotóxicos em território brasileiro desde 2000. No ano de 2017, foi a primeira vez que o país registrou mais de 400 substâncias autorizadas. Entre 2021 e 2023, 1.769 produtos foram liberados.
A diretora-executiva da Sindiveg, Eliane Kay, ressalta que “todo produto utilizado no Brasil foi avaliado pelas autoridades regulatórias nacionais e atende aos requisitos legais vigentes, que são tão rígidos quanto os de qualquer outro país de relevância agrícola mundial”.
Ou seja, ao serem avaliados e liberados para comercialização, são passados por uma série de estudos, como “análises toxicológicas e ecotoxicológicas conduzidas sob boas práticas laboratoriais e avaliadas pelas autoridades regulatórias — Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) —, segundo os critérios estabelecidos na legislação”, afirma. Apesar dos processos legais, pesquisadores questionam alguns padrões brasileiros. Citando o livro “Agrotóxicos e colonialismo químico”, Evelize Folly das Chagas, professora associada do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), destaca que o tebuconazole, proibido na Europa, no Brasil, “é permitido estar presente na água potável em torno de 1.800 vezes mais do que o que está estabelecido na União Europeia”.
“Já foi constatado que ele causa problemas de má formação fetal e no sistema reprodutivo”, argumenta.
“O glifosato, que foi considerado potencialmente cancerígeno para seres humanos em 2015 pela Organização Mundial da Saúde [OMS], a gente autoriza um resíduo dessa substância 5 mil vezes maior na água, na água potável no Brasil do que na União Europeia”, ressalta Bombardi.
Quando a nova Lei de Agrotóxicos foi aprovada pelo Senado e seguiu para a sanção do presidente da República, o Instituto Nacional de Câncer(Inca) publicou uma nota em oposição ao projeto, afirmando que o Senado ignorou uma consulta pública na qual 80% dos respondentes votaram contra o projeto de lei.
No posicionamento, além de se opor à norma, o Inca ressaltou “os impactos nocivos à saúde humana e ambiental decorrentes da exposição a esse contaminante químico”, afirmando que “em torno de 80 a 85% dos casos de câncer são decorrentes de exposições a agentes químicos, físicos ou biológicos presentes no meio ambiente”.
Como cada país segue sua própria legislação, Bombardi afirma que a COP 30 tem um papel central nessas discussões e que ela, enquanto coordenadora da Aliança Internacional de Normas para Pesticidas (IPSA, na sigla em inglês), pretende propor a discussão da necessidade de um marco regulatório internacional para agrotóxicos.
“Temos hoje três convenções mundiais para substâncias tóxicas, mas nenhuma delas é diretamente endereçada a agrotóxicos”, argumenta, destacando diferenças entre o que vale para a Europa e o que a Europa acha que vale para o resto do mundo.
“Do mesmo modo que durante o período colonial histórico, na Europa, não era tolerada a escravização de pessoas [atividade econômica rentável nas colônias das Américas], hoje, na Europa, algumas substâncias, como atrazina, que está ligada a diversos tipos de câncer, mal de Parkinson, infertilidade, malformação fetal, são substâncias proibidas na União Europeia há 20 anos, e essas substâncias continuam a ser vendidas pela União Europeia para os países do Sul [Global], e o Brasil é um dos principais consumidores”, finaliza.
Visto que a comunidade /c/Notícias foi criada logo no início da instância Brasil (lemmy.eco.br), a descrição da comunidade não apresentava expressamente as regras permitidas. Além disso notei que os moderadores estavam sem atividade a aproximadamente 1 ano, sendo eu o único moderador da comunidade ativo (com exceção dos administradores da instância, que também fazem a moderação e estão ativos)
Dito isto, decidi fazer uma atualização nas regras da comunidade para explicitar melhor o que é e o que não é permitido, garantindo uma maior padronização na avaliação do que deve e não deve ser aceito nesta comunidade
Como entrei em contato com a moderação mas não obtive resposta, fiz as novas regras sozinho, portanto essas novas regras podem ser discutidas pela comunidade e podemos fazer alterações caso necessário. Considero a participação da comunidade muito importante para fazermos regras adequadas, portanto não se acanhem em criticar ou sugerir algo!
Segue a nova descrição:
**Comunidade para publicação de notícias brasileiras ou mundiais**
**Regras**
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6. Notícias de jornais não confiáveis não são permitidas; [Veja lista aqui](https://lemmy.eco.br/post/7435701);
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RISCO À IMAGEM. Em fev.2024, a Secom lançou novos critérios para cadastrar veículos aptos à publicidade digital para "mitigar riscos à imagem das instituições do Poder Executivo Federal decorrentes da publicidade na internet".
Segundo a pasta, empresas que violarem normas legais poderão ser suspensas do Midiacad.
Quatro anos após a aprovação da Lei 14.026 de 2020, que alterou o marco legal do saneamento de 2007 (Lei 11.445 de 2007) ao facilitar a entrada do setor privado por meio do enfraquecimento das empresas públicas, o Brasil já registra 321 iniciativas de concessões, privatizações e parcerias público-privadas no setor. A nova lei, aprovada sob a promessa de acelerar a universalização do saneamento com maior participação de empresas privadas, foi justificada pela suposta incapacidade das empresas públicas de atingir essa meta até 2030. No entanto, ao completar quatro anos em julho, os resultados práticos ainda estão longe do esperado.
Apesar do aumento da presença de empresas privadas no setor, os avanços na universalização dos serviços permanecem insignificantes. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) revelam que a promessa de melhorar substancialmente o acesso à água e ao esgotamento sanitário não se concretizou para a maioria dos brasileiros. Desde 2019, o atendimento de água no país cresceu apenas 1,3%, enquanto a coleta de esgoto aumentou 2,8%, e o tratamento de esgoto, 5,9%. Mesmo o indicador com a maior evolução, o tratamento de esgoto, ainda está muito distante da meta de universalização prevista para 2033. Mantendo-se o ritmo atual, a universalização completa só seria alcançada em 2070, o que seria 37 anos após o prazo estipulado pela nova lei. Enquanto isso, a população continua aguardando as tão esperadas melhorias, que, até o momento, têm se mostrado mais discurso do que realidade.
Impactos na População e Lucros para Corporativismo
Embora a promessa de universalização ainda esteja distante, os grandes grupos empresariais do setor foram os que mais se beneficiaram com as mudanças. Entre as quatro principais empresas de saneamento no Brasil — Aegea, BRK, Equatorial e Iguá Saneamento — todas registraram faturamentos recordes. A BRK, por exemplo, destacou-se com um aumento superior a 15% de receita operacional, enquanto a Iguá Saneamento praticamente dobrou sua receita operacional, alcançando um crescimento de 20% nos lucros. Com lucros bilionários estão a Aegea e a Equatorial, que recentemente arrematou a oferta de 18% ações da Sabesp, tornando-se investidor preferencial na empresa paulista.
Os resultados financeiros das cinco gigantes do setor são impressionantes; no entanto, não refletem melhorias proporcionais nos serviços oferecidos à população. Dentre as estratégias adotadas pelas empresas, esses lucros são atribuídos ao aumento das tarifas, com alguns reajustes superiores a 10%, além da incorporação de percentuais relativos à inflação acumulada de anos anteriores. O impacto disso é sentido diretamente pelos consumidores, especialmente aqueles das camadas mais vulneráveis, que enfrentam dificuldade crescente para pagar por um serviço que deveria ser acessível e de qualidade.
O Contexto Global e o Neoextrativismo
O processo de privatização do saneamento no Brasil não é um fenômeno isolado, mas parte de uma tendência regional que Maristella Svampa, socióloga argentina, descreve como “neoextrativismo”1. Este conceito refere-se a um modelo sociopolítico contemporâneo caracterizado pela intensa acumulação de capital, baseada na superexploração de recursos naturais em países do Sul Global, destinada à exportação para os países do Norte. No caso do saneamento, não é a água em si que é exportada, mas os lucros gerados por seu uso intensivo e exaustivo — o verdadeiro produto exportado sob essa lógica.
Um exemplo claro dessa dinâmica é o caso da Equatorial, uma empresa de saneamento cuja estrutura acionária inclui 35% de investidores estrangeiros. Apesar de ter registrado lucros de 2,8 bilhões de reais em 2023, a Equatorial é a concessionária responsável pelo saneamento no Amapá, a capital com os piores índices de saneamento do Brasil. Isso evidencia o paradoxo do neoextrativismo: altos lucros para investidores, mas serviços de baixa qualidade para a população local.
Essa abordagem reflete o imaginário neocolonial dos países ricos, em que o binômio “menos Estado, mais mercado” é apresentado como uma solução universal para os problemas de infraestrutura. A estratégia não é nova no Brasil; desde os anos 1990, políticas neoliberais vêm sendo implementadas sob a justificativa de manter as contas públicas sob controle. Com o tempo, o investimento em serviços públicos é reduzido, levando ao sucateamento da infraestrutura e das companhias estatais, o que, por fim, justifica a transferência desses ativos para a iniciativa privada.
Outro ponto em comum entre as quatro gigantes do saneamento no Brasil, é a inserção de todas elas em redes financeiras globais (gráfico 1). Entre os sócios e acionistas dessas corporações estão grandes grupos financeiros transnacionais, fundos de pensão e de investimento, como a canadense Brookfield Asset Management e o fundo de pensão GIC, de Singapura. Essa internacionalização do capital faz com que o saneamento, um serviço essencial, passe a ser visto como uma oportunidade de investimento altamente rentável, em detrimento das necessidades sociais da população brasileira.
Investidores enxergam no setor de saneamento uma oportunidade para garantir retornos consistentes a longo prazo. Em relatório recente, a Brookfield Asset Management destacou que o déficit orçamentário enfrentado por governos locais, que dificulta o financiamento necessário para a expansão e melhoria da infraestrutura, torna o setor ainda mais atraente para o capital privado. Além disso, a grande demanda não atendida por serviços de água e esgoto sugere um mercado em expansão com considerável potencial de crescimento. Para a gestora de fundos, o saneamento é associado a fluxos de caixa estáveis e seguros, proteção contra quedas de mercado, diversificação de outras classes de ativos, proteção contra a inflação e uma estratégia eficaz para o equilíbrio das contas a longo prazo. Enquanto isso, a função essencial do serviço, que é garantir o acesso à água e ao saneamento para todos, fica em segundo plano.
A presença dessas grandes corporações financeiras globais significa que o foco dessas empresas tende a ser na maximização dos lucros e na geração de dividendos para os acionistas, muitas vezes priorizando o retorno financeiro sobre o investimento em infraestrutura e na melhoria dos serviços. Esse fenômeno levanta preocupações sobre a capacidade de tais empresas atenderem adequadamente às necessidades de saneamento da população brasileira, especialmente nas regiões mais vulneráveis, onde os serviços ainda são precários.
A experiência internacional demonstra os perigos potenciais da privatização do saneamento, como exemplificado pela Thames Water, no Reino Unido. Privatizada em 2001 e posteriormente adquirida por um consórcio liderado pela Macquarie Capital Funds em 2006, a empresa tem sido associada a uma série de controvérsias ao longo da última década. Problemas como despejos ilegais de esgoto, deterioração da qualidade da água e aumentos significativos nas tarifas cobradas dos consumidores têm marcado sua gestão.
Simultaneamente, a Thames Water tem se destacado por distribuir elevados dividendos a seus acionistas, que receberam, apenas este ano, um montante próximo a 1 bilhão de reais. Esse cenário ilustra os desafios que surgem quando a busca pelo lucro se sobrepõe à prestação de serviços essenciais de qualidade.
O Futuro do Saneamento no Brasil
A trajetória dos últimos quatro anos deixa claro que a privatização do saneamento não trouxe os benefícios prometidos à população. Pelo contrário, os resultados indicam um cenário em que as grandes corporações se fortalecem financeiramente, enquanto a universalização do acesso ao saneamento segue distante. A situação exige uma reflexão profunda sobre as políticas públicas adotadas e a necessidade de um modelo mais inclusivo e voltado para o bem-estar social.
Alternativas à privatização devem ser consideradas, como o fortalecimento das empresas públicas por meio de uma gestão mais eficiente e a promoção de políticas públicas que priorizem o interesse da população em vez dos lucros corporativos. A crise do saneamento no Brasil não é apenas uma questão de eficiência econômica, mas também de justiça social e direitos humanos. O futuro desse setor crucial depende de decisões políticas que coloquem o bem-estar da população acima dos interesses de mercado.
O deputado federal alemão Anton Hofreiter afirmou que plataformas precisam ser responsabilizadas e até bloqueadas em caso de inação contra a disseminação de extremismo nas redes e que isso vale para o X do bilionário Elon Musk – cujo serviço foi bloqueado no Brasil por determinação do STF, após a plataforma desrespeitar ordens judiciais.
"Temos que impedir a disseminação de conteúdo misantrópico e anticonstitucional na internet", disse o deputado do Partido Verde, em entrevista ao grupo de mídia Funke, publicada no último sábado (07/09).
Hofreiter defendeu que as plataformas de mídia social que se recusarem a cumprir a lei sejam responsabilizadas "e bloqueadas, se necessário".
"Estado deve tomar medidas duras" A afirmação do político ambientalista foi feita semanas após o atentado a faca executado por um cidadão sírio que seria ligado ao grupo terrorista "Estado Islâmico" e que deixou três mortos no mês passado em Solingen, oeste da Alemanha, e poucos dias após o tiroteio ocorrido semana passada em frente ao Consulado Geral de Israel em Munique, cujo suspeito era um jovem radical islâmico austríaco de 18 anos que foi morto pela polícia.
Hofreiter afirmou que um dos maiores problemas ligados ao extremismo é radicalização através da internet. "Precisamos atacar a raiz do problema e impedir a radicalização tanto no espaço digital como na sociedade", acrescentou o político.
As falas de Hofreiter provocaram críticas por parte de perfis da ultradireita alemã na rede X. Algumas contas acusaram o político de tentar "censurar" a rede e "impor uma ditadura". O tom das reclamações foi similar ao usado por bolsonaristas no Brasil contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, que determinou o bloqueio do X de Musk, bilionário que é alinhado politicamente com diversos membros da cena de extrema direita mundial.
No momento o X vem sendo alvo de uma investigação por parte da União Europeia (UE) por suspeita de violação de suas obrigações relativas ao combate à disseminação de conteúdos ilegais e desinformação. O procedimento, aberto em dezembro em 2023, foi a primeira ação aberta contra uma grande plataforma online desde que o bloco implementou a chamada Lei de Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês), em novembro do ano passado.
A DSA reforça a responsabilidade das empresas de internet pela moderação dos conteúdos compartilhados em suas plataformas, exigindo que elas se esforcem mais para combater conteúdo ilegal e seus riscos para a segurança pública.
Agentes no Telegram
Na entrevista publicada sábado, o deputado Hofreiter, que também é presidente do Comitê de Assuntos Europeus do Parlamento alemão também defendeu o uso de "agentes virtuais" para participar de grupos no serviço de mensagens Telegram, a fim de identificar possíveis criminosos.
Em 2022, a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, chegou a cogitar publicamente a possibilidade de bloquear o Telegram no país após a plataforma, que oficialmente tem sede em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, ter ignorado várias tentativas de contato por parte das autoridades do país europeu. À época, o Telegram foi acusado rotineiramente por autoridades alemãs de não se adaptar às exigências da Netzwerkdurchsetzungsgesetz, ou NetzDG (Lei de Fiscalização da Rede, em tradução livre), que regula o combate à propagação de conteúdo extremista nas redes sociais e aplicativos de mensagens.
Criada em 2017, a lei estabelece a obrigação da remoção de conteúdos "claramente ilegais" em até 24 horas, a previsão de multas de até 50 milhões de euros em caso de descumprimento e a instituição de canais de denúncia. O texto mira especialmente redes sociais com mais de 2 milhões de usuários na Alemanha. Em 2021, uma emenda foi adicionada à lei, obrigando as redes a reportarem conteúdo ilegais específicos para a polícia federal alemã, como crimes contra o Estado democrático de direito e à ordem pública e pornografia infantil.
Pavel Durov, criador e proprietário do Telegram, a terceira rede de mensagens mais importante do mundo, atrás apenas do Whatsapp e do Facebook Messenger (ambos da Meta), terá de depositar uma caução de cinco milhões de euros, comparecer duas vezes por semana na delegacia e está proibido de sair do território francês. Com as medidas de precaução tomadas em 28 de agosto, chega ao fim um episódio iniciado no dia 24.
Seu caso é inédito até agora, já que ele é o primeiro magnata da economia da atenção a enfrentar um julgamento criminal pela atividade realizada na plataforma que dirige. As autoridades francesas emitiram o mandado de prisão em março passado, embora só na sua chegada a Paris é que Durov foi detido e os motivos concretos da denúncia foram revelados. Segundo o site Politico, além do mandado de prisão contra Pavel Durov, a face visível do Telegram, também foi emitido um mandado contra seu irmão Nikolai, considerado o cérebro tecnológico da empresa.
Durov, que foi detido no sábado, 24 de agosto, no aeroporto Le Bourget, em Paris, quando o seu avião privado aterrissou vindo do Azerbaijão, nasceu na Rússia há 39 anos. O magnata mora desde 2013 nos Emirados Árabes Unidos, país para o qual tem passaporte, além de nacionalidade do paraíso fiscal de São Cristóvão e Névis, tal como seu irmão Nikolai. Pavel Durov também possui passaporte francês, conforme publicado pelo Le Monde, resultado de um processo express de nacionalização realizado em 2021 através de um “procedimento excepcional e altamente político” destinado a VIPs.
Com o passar dos dias, as informações sobre as causas da sua prisão tornaram-se mais refinadas. A ação judicial se deve à falta de cooperação do Telegram na identificação de um determinado usuário, suspeito de ter cometido crimes de abuso sexual contra menores. As acusações específicas limitaram-se a “cumplicidade no crime de disponibilização sem motivo legítimo de programa ou dados destinados à distribuição organizada de imagens de menores que apresentam pornografia infantil e tráfico de drogas”.
Não há indícios, aponta o processo, de que os Durov estejam envolvidos em atividades criminosas, mas o Telegram é acusado de ter se recusado a entregar dados de “arquivos sujos” e de ter uma política de laissez-faire, deixando as coisas passarem sem moderação de conteúdo ou cooperação com as autoridades. A Procuradoria de Paris detalhou as doze acusações pelas quais Durov foi interrogado, podendo enfrentar uma pena de dez anos de prisão e uma multa de 750 mil euros.
Mas, no atual contexto internacional, a prisão de Durov foi mais um episódio de desestabilização política e, como tal, gerou um problema diplomático para a França. A prisão de Durov só pode ser comparada com a prisão de Meng Wanzhou, diretora financeira da Huawei, que esteve detida durante três anos sob acusações de fraude no contexto da batalha pela expansão da tecnologia 5G.
Neste caso, não é a infraestrutura que está em disputa, mas sim os aplicativos de mensagens, área em que o Telegram se expandiu geometricamente desde a sua fundação em 2013. Hoje ultrapassa os 900 milhões de usuários em todo o mundo e caminha para o bilhão. “Como apontado pelas autoridades francesas, gigantes como Meta ou X estabeleceram fluxos regulares de informações com agências governamentais — o caso dos aplicativos da China é semelhante — e a mensagem enviada com essa detenção é que o Telegram não pode continuar operando como tem operado até agora”. Especificamente, é rejeitada a recusa da empresa “em comunicar, a pedido das autoridades autorizadas, as informações ou documentos necessários à execução e exploração das intercepções autorizadas por lei”.
A operação insere-se numa dinâmica de bloco e o que no passado apenas implicava algumas advertências verbais, hoje adquiriu maior significado. A origem russa de Durov, o fato de o Telegram ser uma rede-chave na guerra da Ucrânia, usada tanto pelos exércitos russo como ucraniano, e a revelação de que neste mesmo ano esta rede foi usada para revelar dados sobre alguns dos militares israelenses responsáveis pela campanha de extermínio em Gaza, influenciam um caso que transcende fronteiras e que antecipa uma fase diferente na questão da moderação de conteúdos, comentários e contas na internet.
Os meios de comunicação ocidentais do establishment apontam a aparente melhora nas relações entre o criador do Telegram e o Kremlin — e, a partir da Rússia, os duplos padrões do Ocidente em relação à liberdade de expressão são criticados sem mostrar qualquer preocupação transcendental por Durov, para os propósitos de um cidadão francês. O ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, criticou o magnata por considerá-lo ingênuo por não ter se associado ao governo de Putin no passado, e aproveitou o caso para usar a carta da russofobia: “[Durov] calculou mal. Para os nossos inimigos comuns, ele continua a ser russo, imprevisível e perigoso, de sangue diferente.”
Mesmo assim, a Rússia solicitou que fosse prestada assistência consular ao detido, tal como também o fez o governo dos Emirados Árabes Unidos, país onde o Telegram está sediado e onde vive o próprio magnata. O presidente da República Francesa apressou-se na segunda-feira a distanciar-se da decisão judicial e garantiu que não se tratava de uma operação política.
A ação do sistema de justiça francês é, em qualquer caso, consistente com a narrativa promovida pelos Estados Unidos durante anos, de que o aplicativo Telegram é a “favorito dos terroristas”. Este é um debate entre privacidade e “segurança”, do qual o próprio Durov teve que se afastar no passado, transformando-se em alguém que afirmava que “a privacidade, em última análise, e o nosso direito à privacidade são mais importantes do que o nosso medo de que coisas ruins aconteçam, como o terrorismo” para se adaptarem, como exigem as normas europeias, a determinados níveis de regulamentação.
A empresa de Durov não mudou de posição oficial de que o Telegram cumpre os padrões internacionais, incluindo o Regulamento de Serviços Digitais (DSA) implementado pela Comissão Europeia. O objetivo do Telegram é ampliar o debate sobre liberdade de expressão e, para isso, Durov recebeu apoio online do dono do X, Elon Musk. Nesse sentido, os apoiadores de Durov se mobilizaram sob o símbolo de um cachorro com capuz, adotado pelo milionário desde sua passagem pela Rússia. O Liberation relatou uma série de ataques realizados por hackers em diferentes portais de instituições francesas, aparentemente coordenados sob os títulos #freedurov e #opDurov
O interesse por parte da justiça francesa é que o Telegram permita que sejam abertas as famosas “portas dos fundos” das comunicações para a investigação de crimes. Especialistas em direitos digitais esclarecem que, sob o argumento de persecução destes crimes, a abertura destas informações pode resultar em técnicas de controle social e individual. “Um direito humano é a privacidade. Se algum governo abrir uma porta dos fundos, o que aconteceria se esse governo fosse um governo autoritário? Essa porta dos fundos não afetaria também os cidadãos?”, apontou Eric Iriarte, advogado especializado em direito digital, à estação de rádio francesa RFI.
A ferramenta mais utilizada do Telegram não é totalmente “segura” na medida em que os chats não são criptografados end to end, ou de ponta a ponta (E2EE, na sigla em inglês); os chats secretos são, embora não sejam um tipo de mensagens muito conhecida por seus usuários. Desta forma, a grande maioria dos chats do aplicativo não são E2EE e estão, portanto, acessíveis nos servidores. No entanto, como o próprio aplicativo explica, quando se trata de chats na nuvem, todos os dados são armazenados fortemente criptografados e as chaves de criptografia em cada caso são armazenadas em vários outros data centers em diferentes jurisdições. Dessa forma, engenheiros locais ou invasores físicos não poderão acessar os dados do usuário. Isso torna a ferramenta uma rede não particularmente segura – apesar de Durov promover que ela é. Sobre as acusações de disseminação de conteúdo criminoso em chats, especialistas refutam que a ferramenta não possui algoritmo de disseminação de conteúdo, nem o conteúdo é indexado, o que significa que a plataforma não deveria ser obrigada a moderação.
Tal como Musk ou Andrew Tate, outros “criptobros” [fanáticos pelas criptomoeadas] que defendem a liberdade de expressão sem limites aparentes, Durov foi indiciado num caso que ameaça a sua liberdade pessoal ou, pelo menos, o que ele tinha em mente quando fundou o Telegram. Até agora, 31 países haviam banido completamente o aplicativo e outros, como a Noruega, estabeleceram medidas de restrição – ministros não podem usá-lo – mas elas não haviam sido tomadas diretamente contra Durov, outro ‘mano’ que se veste de preto, faz dietas e burpees, baseia seu senso de humor ao rir de pessoas menos ricas que ele, promoveu uma criptomoeda (toncoin) e reclama da migração e dos subsídios sociais que os parisienses recebem.
A ascensão do Telegram em meio mundo
Fundado em 2013 por Durov e seu irmão Nikolai, também programador e matemático, o Telegram se estabeleceu como a rede mais utilizada em dez países – incluindo a Ucrânia, mas não a Rússia, onde o WhatsApp continua sendo o serviço de mensagens mais utilizado. A ferramenta foi criada no contexto das revelações de Edward Snowden sobre o papel do Vale do Silício na transferência de informações para a Agência de Segurança Nacional (NSA). O modelo de atuação seguia a filosofia de seu proprietário: apenas cinquenta pessoas empregadas, num sistema de nomadismo digital que as levava a diversas cidades do mundo e quase sem equipamentos para moderação de canais.
O prestígio do Telegram, no entanto, vem crescendo como ferramenta comumente utilizada entre os líderes globais e pela capacidade de alcance de seus canais, que ganharam especial destaque tanto desde a invasão russa da Ucrânia que abriu a segunda fase da guerra no leste em fevereiro de 2024, tal como desde os ataques de 7 de outubro em Israel e o início da campanha de extermínio ordenada pelo regime de Benjamin Netanyahu.
Na Alemanha, o governo federal falou publicamente em emitir sanções, inclusive considerando o fechamento do Telegram, por ser um veículo de disseminação de teorias da conspiração e do crescimento de movimentos negacionistas da covid-19. Na Espanha, o juiz do Tribunal Nacional teve de recuar este ano na sua primeira tentativa de bloquear o Telegram por um crime de violação reiterada dos direitos de propriedade intelectual dos proprietários de alguns canais. Pedraz, o juiz, finalmente considerou a medida “excessiva”.
Apesar da reputação do Telegram de ser um canal de comunicação mais seguro do que o seu concorrente estadunidense, a empresa de Durov esteve envolvida em vários episódios de fechamento de canais alinhados com os interesses das principais potências. Em 2015, na sequência dos ataques na Sala Bataclan e arredores, em Paris, a gestão do Telegram anunciou que tinha fechado 78 canais públicos utilizados pelo Estado Islâmico (Daesh). Em 2021, e após o assalto ao Congresso em 6 de janeiro, a empresa sediada em Dubai decidiu encerrar quinze canais de grupos de supremacia branca.
Mais tarde, o Telegram cooperou com as autoridades russas para retirar dos seus serviços o sistema de votação “anti-Putin” desenvolvido pela comitiva do opositor Alexei Navalny, tendo em vista as eleições legislativas na Rússia em 2021. Nessa ocasião, porém, os gigantes do Vale do Silício, Google e a Apple, também retiraram o pedido, que se baseava na recomendação dos candidatos com maior probabilidade de derrotar o governo russo em cada distrito. Do lado do Telegram, é apontado que “não é verdade que o Telegram tenha ‘cooperado’ com as autoridades russas ao remover temporariamente o acesso ao bot vinculado a Navalny. O Telegram teve que tomar esta decisão a pedido da Apple e do Google, para evitar ser retirado de suas respectivas lojas. O bot voltou a funcionar em poucos dias e permanece acessível até hoje.”
Histórias de russos e americanos
O Telegram não deixou de ser notícia pelo seu papel ambíguo ao longo dos seus onze anos de vida. No Ocidente, foi celebrado o seu papel na organização dos opositores durante os protestos na Bielorrússia no início desta década. No caso da Ucrânia, Durov foi celebrado como corajoso por se recusar a fornecer dados sobre cidadãos ucranianos do VKontakte às autoridades russas do FSB. VKontakte, o equivalente russo do Facebook, foi a primeira plataforma criada pelos Durov, que se livraram deles em 2014 devido a esse episódio, ocorrido durante os protestos na Praça Maidan que provocaram a mudança de tendência política na Ucrânia.
Hoje ainda existe o VKontakte, controlado por agentes próximos do governo. Foi depois desse episódio que Durov decidiu se exilar e lançar o Telegram com o dinheiro da venda da plataforma e sua fortuna pessoal – estimada em US$ 15,5 bilhões pela Forbes – obtida em grande parte graças à sua criptomoeda.
Em 2018, a Rússia bloqueou o acesso ao Telegram por ordem de um tribunal de Moscou, num caso relacionado com o ataque de 3 de abril do ano anterior no metro de São Petersburgo, atribuído ao Estado Islâmico. O bloqueio, que foi parcialmente contornado pelos usuários do aplicativo, durou até 2020, ano em que as autoridades russas utilizaram a ferramenta em medidas de saúde pública relacionadas à pandemia. Desde 2020, e desde a proibição da candidatura de Navalny, considera-se que a relação de Durov com o Kremlin melhorou. Esta semana, após a sua detenção, especulou-se que o CEO do Telegram teria se reunido com agentes do governo russo no Azerbaijão e tentado fazê-lo, sem sucesso, com Putin. Informações de um portal anti-Putin refletiam que, exceto no período de 2018 a 2020, Durov continuou viajando do seu exílio para a Rússia.
E, desde o início da segunda fase da guerra da Ucrânia, em fevereiro de 2022, o Telegram tornou-se uma fonte indispensável em ambos os lados da fronteira. Na Ucrânia, o canal DeepState, com mais de 785 mil seguidores, tem sido uma fonte fundamental de informação sobre o andamento da guerra. Na Rússia, o canal Rybar (1,3 milhão de seguidores) desempenha um papel semelhante. Além disso, os meios de comunicação ocidentais reconhecem o papel que o Telegram desempenhou na organização dos opositores ao regime de Putin e na guerra na Ucrânia. O fato é que, segundo o centro independente Levada, considerado hostil ao governo, uma em cada duas pessoas na Rússia utiliza o Telegram. Talvez, por isso, o aplicativo atingiu seu auge em termos de difusão quando foi utilizado pelo chefe do grupo mercenário Wagner, Yevgeny V. Prigozhin, para realizar sua marcha sobre Moscou em junho de 2023.
O representante do “Estado Privado” da Rússia, Yevgeny Prigozhin, tornou-se um “traidor” após a marcha do seu exército para Moscou. O Ocidente e o governo ucraniano apontam Putin como possivelmente responsável pelo acidente que lhe custou a vida.
Para Durov, as suas ligações com a Rússia devem-se a teorias da conspiração, embora deva ser notado que o fundador do Telegram tem sido negligente no seu julgamento sobre a conspiração como argumento para defender a política de laissez-faire da sua plataforma: “O que ontem foi considerado uma conspiração a teoria pode se tornar a visão oficial hoje. E como plataforma, você nem sempre conseguirá acompanhar as mudanças.” O fato é que a sua prisão deu origem a novas teorias, que sugerem que Durov queria ser detido para se proteger da retaliação russa. Sugere-se que a tentativa fracassada de ver Putin no Azerbaijão seja o motivo oculto por trás do desembarque em Paris, onde havia um mandado de prisão pendente contra ele.
O debate entre o governo de Putin gira em torno de se é seguro continuar usando o Telegram, uma vez que o proprietário da empresa permanece sob vigilância na França, sob ameaça de prisão, caso não coopere. O canal Rybar explicou que a prisão de Durov deverá implicar mudanças nos sistemas de comunicação do setor público e do exército russo e avançou num dos seus postos aqueles que ganharam com a prisão do magnata, que foi lembrado, em termos semelhantes aos usados por Dmitry Medvedev, que não pode ser equidistante na luta entre os Estados Unidos e a Rússia.
As denúncias de assédio sexual e a demissão de Silvio Almeida do comando do Ministério dos Direitos Humanos (MDH) levaram artistas negros a se manifestarem nas redes sociais. Lázaro Ramos, Taís Araújo, Camila Pitanga e Edvana Carvalho foram algumas das personalidades que lamentaram publicamente te os prejuízos que o episódio causa às causas do feminismo e antirracismo. Também se solidarizaram com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que disse ter sido uma das assediadas.
O apoio a Anielle foi o principal foco da atriz Camila Pitanga. “Como mulher e mulher preta, quero expressar meu profundo apoio e carinho à @aniellefranco, uma mulher de luta que eu admiro muito. Ela, e todas as mulheres que ousam falar sobre casos de assédio, têm toda a minha solidariedade”, escreveu.
Edvana Carvalho, que interpretou a personagem Inácia, na novela Renascer, se manifestou no Instagram: ” Chocada com as revelações de ontem onde o machismo estrutural é capaz de ser maior do que a luta de todos contra o retrocesso”.
Lázaro se solidariza com Anielle, que confirmou assédio
O ator Lázaro Ramos fez uma longa postagem, expressando a solidariedade à ministra. “Precisamos de rigorosa apuração e justiça. E em primeiro lugar, quero deixar meu apoio total e irrestrito à ministra Anielle Franco e a todas as mulheres que tiveram a coragem de expor uma denúncia de assédio sexual”, escreveu.
Lázaro comentou também o prejuízo às lutas por conquista de direitos da sociedade civil. “Em 24 horas, retrocedemos alguns anos. Vivemos um capítulo triste e devastador na luta pelo direito das mulheres, na luta antirracista, no campo político e na luta dos direitos humanos”, lamentou.
Lázaro Ramos
Tais Araújo foi outra a repudiar o acontecido. “Essa história não deveria acontecer. E ela é diretamente sobre nós, sobre mulheres, sobre mulheres negras. Quando uma violência é sofrida por uma mulher, todas sofre. Mas quando isso acontece com a nossa comunidade da maneira como aconteceu nas últimas 24 horas é um soco na alma”, escreveu, no Instagram.
Uma mulher de 34 anos e seus dois filhos de 2 e 4 anos de idade foram encontrados carbonizados em um carro no bairro Dalbérgia, em Ibirama, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, nesta quinta-feira (29).
O autor do crime é Gilson Haskel, marido da vítima e pai das crianças. Ele foi preso em Cascavel, no Paraná, quando tentava fugir para o Paraguai. À PM, ele disse que “foi motivado pelas dívidas acumuladas pelo casal e pela intenção da esposa de se divorciar.”
Nas redes sociais, Gilson (38 anos) tinha um perfil compartilhado com a esposa, que estava desaparecida desde a última terça. A delegada Elisabete da Cruz Pardo, à frente do caso, confirmou que o homem também era pai das crianças.
Edinéia Telles (vítima) e os filhos estavam desaparecidos desde terça-feira (27). Familiares chegaram a compartilhar nas redes sociais pedidos de ajuda para encontrá-los.
A Polícia segue investigando o caso para saber como as vítimas morreram. O assassino disse que usou duas armas de fogo para cometer os crimes, mas não esclareceu se as vítimas estavam vivas quando incendiou o carro.
O empresário Gleison Luís Menegildo pagou uma fiança de R$ 15 mil para sair da prisão em Nova Granada (SP). Ele foi detido na terça-feira (27/8) por participação na morte da adolescente Giovana Pereira Caetano de Almeida, de 16 anos, que estava desaparecida desde dezembro de 2023.
Em depoimento à polícia, Gleison afirmou ter conhecido a vítima por meio de um aplicativo de relacionamento há cerca de um ano e meio. De acordo com o delegado Ericson Sales Abufares, em entrevista à TV TEM, o empresário relatou que, após um novo encontro para uma entrevista de estágio, a adolescente teria iniciado o consumo de drogas na presença dele. Segundo o policial, Gleison disse que retornou e encontrou Giovana passando mal após usar cocaína.
Em desespero, ele teria, então, decidido levar o corpo da adolescente para o sítio, em Nova Granada, no interior de São Paulo, e o enterrado com a ajuda do caseiro Cleber Danilo Partezani. Ele confessou à Polícia Civil de São Paulo que ocultou o corpo de Giovana. A confissão deu-lhe o direito de sair da cadeia mediante pagamento dos R$ 15 mil. Além de Gleison, o caseiro Cleber Danilo Partezani também foi preso e saiu da cadeia após confessar participação na ocultação do cadáver da adolescente e desembolsar R$ 7 mil.
Quem era a vítima
Segundo a mãe, Giovana Pereira era uma menina inteligente e muito dedicada. Patrícia Alessandra Pereira contou que a filha aprendeu a falar inglês sozinha e tinha o sonho de fazer um intercâmbio para o Canadá. “Ele conquistava todo mundo, era extrovertida e muito decidida a realizar os seus sonhos”, diz a mãe.
Giovana era a sua melhor amiga, lembrou Patrícia. “A gente dormia fazendo carinho uma na outra, assistíamos a séries juntas, com brigadeiro e pipoca”.
Mãe afirmou que a menina concluiu o ensino médio, sempre estudou em bons colégios e queria ter o próprio dinheiro. “Ela sempre falou que queria trabalhar, mas eu dizia que não tinha necessidade, meus filhos sempre tiveram o que precisavam”, diz Patrícia ao detalhar que a condição financeira da família era boa.
Patrícia tem dúvidas sobre a versão do empresário. “Eu não tinha conhecimento de que ela estava pedindo um estágio a ele. “Tenho dúvida se não foi ele que falou para ela ir ao local levar o currículo. É muito fácil jogar a culpa e toda responsabilidade para a minha filha, de que ela foi lá, que ela usou droga, que ficou beijando os homens, que estava com roupas inapropriadas, sendo que estava de calça jeans, camiseta e tênis. Estão culpando a única pessoa que sabe o que aconteceu e não pode dizer”, lamentou.
Troca de mensagens
Uma troca de mensagens ocorreu em maio de 2023. Patrícia Alessandra Pereira contou que mexeu no celular da filha e viu o conteúdo da conversa com Gleison. Segundo a mãe, na ocasião, Giovana admitiu que havia se relacionado com o empresário. “Ela disse que se relacionava com ele, que os dois tiveram uma relação e que ele ofereceu ajuda financeira para ela. Falei que ela não precisava disso. Ela me disse que não teria mais encontrado com ele”, explicou Patrícia.
Último contato de Giovana com a mãe foi no dia 20 de dezembro de 2023, um dia antes de desaparecer. “Conversei normalmente com ela no dia 20 de dezembro, mas no dia 21 ela não me mandou mensagem. Achei estranho porque a gente conversava muito. No dia 22, ela continuava sem me atender, e o seu celular já não recebia mensagens”, contou a mãe.
A mãe teme que a influência do empresário na região possa comprometer as investigações. “A lei não é para todos?. Vou continuar acompanhando de perto os passos da polícia. Ele destruiu a minha família, matou todos os sonhos dela”, finalizou Patrícia.
Caseiro diz que recebeu ordens do patrão
Caseiro do sítio indicou onde a jovem estava enterrada e confessou à PM que ajudou a abrir cova. Conforme o boletim de ocorrência, Cleber Danilo Partezani explicou que no dia 21 de dezembro de 2023 o patrão teria aparecido no sítio e pedido que ele abrisse um buraco em determinado local da propriedade.
O empresário, segundo versão do caseiro, pediu segredo e admitiu que iria enterrar um corpo humano. O patrão, porém, não teria informado se seria uma mulher ou homem, e teria retornado à propriedade em outros momentos para praticar tiro.
Foi solicitada perícia ao local e exames no Instituto Médico Legal. O caso foi registrado como morte suspeita, destruição, subtração ou ocultação de cadáver e posse irregular de arma de fogo de uso permitido na Delegacia de Nova Granada.
De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2023 a polícia foi responsável pela morte de 6.393 pessoas em todo o país. Destas, 71,7% eram crianças, adolescentes ou jovens com até 29 anos, sendo 82% negras. Nesta quinta-feira (22), a Plataforma de Direitos Humanos - Dhesca Brasil lança em Salvador um relatório que buscou medir os impactos dessa letalidade policial nas infâncias negras da Bahia e do Rio de Janeiro, estados com maiores índices de letalidade policial no país já há alguns anos.
De acordo com o documento, de 2015 a 2022, os indicadores de letalidade policial na Bahia quadruplicaram. Segundo monitoramento do Instituto Fogo Cruzado fornecido à Plataforma Dhesca, em média, quatro pessoas foram baleadas por dia em Salvador e região metropolitana somente em 2023. Sendo que 34% dos tiroteios ocorreram durante ações policiais.
“[O relatório] diz respeito a um cenário de genocídio, um fenômeno que coloca o Brasil no mapa de violações gravíssimas de direitos humanos. E temos um recorte assustador de como essa violência tem impactado as crianças que não estão seguras nos territórios onde moram, dentro de casa, a caminho da escola...”, destaca Iara Moura, integrante da Plataforma Dhesca e uma das relatoras do documento.
Um dos objetivos é que relatório sirva de ferramenta de fortalecimento da luta por memória, justiça e reparação para vítimas de violência policial, além de apoio à implementação de políticas públicas eficazes para combater o assassinato de crianças e adolescentes negros por parte de agentes de segurança pública.
O documento aponta que as operações policiais vitimaram perfis específicos e marcados pela violência racial e étnica, sendo, em Salvador e região metropolitana, 47% das vítimas negras e 94% meninos. No Rio de Janeiro, também em 2023, pelo menos 23 crianças e adolescentes foram baleados em ações policiais, resultando em dez mortes confirmadas.
“As famílias atravessadas por essa barbárie não têm encontrado respostas efetivas do Estado. A gente ouviu relatos de mães e familiares de vítimas que não tiveram tempo de enterrar seus filhos e já estavam se organizando na luta por justiça. Ou seja, são famílias que já se encontravam numa situação de violência e que, com esse evento trágico, bárbaro de morte de seus filhos, ainda têm que lutar por justiça”, acrescenta a relatora.
O relatório aponta que o assassinato de crianças e jovens é o ponto mais trágico de vidas atravessadas por outras violências e negação de direitos de uma grande parcela da população, principalmente pessoas negras. Como aponta Iara Moura, são infâncias marcadas pela negação de direitos básicos como acesso à educação de qualidade, lazer, cultura, comunicação, direitos econômicos, e que encontram na violência policial sua face mais dura.
Outro ponto destacado pela relatora é que os efeitos danosos dessa violência atingem não só as crianças mortas pela violência policial, mas também aquelas sobreviventes e seus irmãos, parentes, amigos, vizinhos. “O Estado, além de não garantir direitos, ele ativamente é o responsável por essa violência, que tem efeitos nefastos nas infâncias negras, infâncias marcadas por esse luto”, afirma.
Mídia e violação de direitos
Para a realização do relatório, foram ouvidas famílias de crianças e jovens vitimados no Grande Rio e em Salvador, especialmente no Nordeste de Amaralina e na Gamboa, dois territórios fortemente marcados pela violência policial. Nessas escutas, dois pontos em comum chamam a atenção: a ineficácia dos órgãos judiciais e a criação de narrativas midiáticas para justificar os assassinatos.
A relatoria tomou conhecimento de casos em que crianças foram assassinadas há mais de 10 anos, e ainda não houve a finalização do processo judicial contra os responsáveis pelos crimes. “Não houve investigações céleres, o necessário julgamento e muito menos ações de reparação”, aponta Iara Moura.
Outro ponto em comum trazido pelo relatório é que o Estado, junto à mídia, especialmente os programas policialescos, têm criado narrativas para tentar justificar essas mortes, como se fossem um mal menor diante do enfrentamento ao crime organizado ou ainda tentando criminalizar as vítimas, mesmo quando são crianças.
“A gente tem casos emblemáticos, como nos foi relatado no Nordeste de Amaralina, de crianças que estavam brincando, foram alvejadas pela polícia e morreram, e que depois saía nos noticiários e no discurso oficial da própria corporação, como se elas estivessem ligadas ao crime organizado. É esse nível de absurdo!”, detalha a relatora.
O relatório identificou ainda casos em que agentes de segurança pública realizam transmissões ao vivo, nas redes sociais, de ações policiais em territórios de vulnerabilidade social, com flagrante violação de direitos. Conteúdos que, inclusive, são monetizados pelas plataformas sem nenhuma restrição.
“São crianças, adolescentes e jovens violentados e assassinados pela polícia, que ainda têm a exposição indevida da imagem, com a construção de uma narrativa racista de criminalização dessas infâncias e juventudes. Tudo isso realizado por agentes públicos e sendo alimentado por um modelo de negócio das plataformas digitais que lucram em cima desse tipo de conteúdo. E, além disso, esses agentes têm usado as redes sociais para alimentar um capital político, com entrando na corrida eleitoral esse ano”, explica Moura.
Recomendações
A partir da escuta das famílias de vítimas da violência policial, o relatório conclui com recomendações para reverter a atual situação e permitir que as crianças negras tenham direito a suas infâncias. A relatora Iara Moura destaca que, infelizmente, esse não é um fenômeno isolado e não se restringe a Bahia e Rio de Janeiro, portanto, as recomendações também não são apenas para os dois estados.
Dentre essas recomendações está a criação de um sistema de amparo institucional para sobreviventes e familiares de pessoas vitimadas pelo Estado, com a criação de um fluxo de acolhimento emergencial, que tenha tanto a participação dos órgãos do Sistema de Justiça, como a Defensoria Pública e Ministérios Públicos, como também dos sistemas de saúde para atenção psicossocial dessas famílias.
Outro ponto diz respeito ao papel da mídia e das plataformas digitais na criação de narrativas revitimizadoras e criminalizadoras das infâncias negras marcadas pela violência policial. O relatório aponta a necessidade de um esforço conjunto do Estado, sociedade civil organizada e especialistas para a responsabilização de emissoras de rádio e televisão, anunciantes e apresentadores de programas policialescos.
“Considerando o cenário de convergência, passa também, e urgentemente, por um olhar apurado e por políticas públicas efetivas de combate às violações e abusos cometidos por agentes de segurança pública influenciadores digitais e toda a rede que os mantém e lucra com eles, incluindo as plataformas digitais”, defende o relatório.
O evento de lançamento do relatório em Salvador será exclusivo para familiares e representantes de movimentos sociais. O público em geral poderá acompanhar a transmissão ao vivo pelo canal da Plataforma Dhesca Brasil no YouTube.
Numa Salvador inundada por uma tsunami, quando a inteligência artificial suprimiu a memória social e em um mundo com eminentes pandemias, um menino negro encontra na espiritualidade ancestral uma via de salvação. Essa é a história contada por Kairu-Edé – guerreiro fantasma, primeiro livro do quadrinista soteropolitano Darwiz Bagdeve.
A HQ será lançada esta semana em três eventos diferentes: nos dias 14 e 15, nos Polos Criativos Boca de Brasa, no Centro Comunitário Mãe Carmem do Gantois e na Sede do Malê Debalê, em Itapuã; e no dia 17, na Sala de Arte do Cinema do Museu, no Corredor da Vitória. Em entrevista ao Brasil de Fato Bahia, Darwiz Bagdeve conta mais sobre a obra e sua trajetória.
Darwiz Bagdeve, te agradeço por aceitar esse convite. Queria te pedir para começar essa conversa se apresentando: quem é Darwiz Bagdeve?
Darwiz Bagdeve é um homem cis, preto de descendência árabe, pai de uma linda menina, companheiro, filho, professor de inglês... Que por acaso decidiu aos 9 anos de idade que seria quadrinista quando crescesse. E aqui estamos!
Kairu-Edé é o seu primeiro livro publicado, mas a sua trajetória de quadrinista não começa aqui, né?! Poderia contar pra gente um pouco desse percurso?
Sim! Comecei minha trajetória de quadrinhos após ganhar pela terceira vez o concurso 24 Horas de Quadrinhos que era sediado pela Galeria RV Cultura e Arte daqui de Salvador. Aquilo me deu a autoestima que eu precisava pra criar um [perfil no] Instagram em 2017. Comecei a escrever então a "Dango Tirinhas", uma série que conta a história de Daniélio Goldano, um menino que, assim como eu, quer se tornar quadrinista. Por algum motivo misterioso que nem eu entendo, decidi começar a escrever a história do Dango pela infância da mãe dele, Lucília, uma garotinha de orfanato que é adotada por André e Eduardo, um casal LGBTQ+.
E quem é Kairu-Edé, o guerreiro fantasma? Qual a história que ele nos conta?
Dentre os vários temas sobre mudanças climáticas, governos colonizadores, tecnologia nocivas e guerra às drogas, a principal mensagem de Kairu é sobre como a noção de identidade pode nos dar a esperança para sobreviver a cenários desanimadores. No início, Kairu não faz ideia de quem ele é, nem o que significa ser nordestino dentro do cenário que tanto trata seu povo como lixo. Quando ele recebe o contexto de seu nome através de uma iniciação espiritual guiada por Exu, a perspectiva dele muda completamente. O Guerreiro Fantasma atua como uma espécie de "anjo da guarda", protegendo todos do plano terrestre lá do plano espiritual. Mas é só um adolescente realizando uma porção de descobertas de explodir a cabeça! Espero trazer esse sentimento divisor de águas pra quem for ler!
O projeto foi contemplado em um edital público, né?! Você acredita que esse tipo de incentivo do Estado pode contribuir para uma maior democratização do que é publicado na Bahia e no Brasil?
Poxa, com certeza! Os preços dos livros atualmente estão bastante altos e isso em competição com outros itens necessários do dia a dia desanima muito em adquirir leitura. Fica como um luxo pra poucos. A parte principal de nosso projeto, escrito pelas produtoras Ojú Odé Produções e Obá Cauê Produções, é de que dos 1000 livros impressos 600 seriam distribuídos para o público e para escolas convidadas em eventos de lançamento. Saber que meu livro será impresso e distribuído para tanta gente ter o alcance gratuito dele é a definição de um sonho de leitor e escritor se tornando realidade. Sou eternamente grato por minhas produtoras terem possibilitado isso!! E claro, à influência de Paulo Gustavo em todos os setores da cultura cativando e motivando nossos agentes culturais a materializar projetos!
Como você percebe a relação do mercado editorial com os quadrinhos/arte sequencial/mangás?
Bom, aqui eu posso ser um pouco duro. E não quero ser injusto, pois vejo cada vez mais algumas editoras investindo em produtos nacionais, como é o caso da JBC, e espero que a tendência siga em frente. Mas a real é que o mercado tem preferência por produções estrangeiras de sucesso, tornando o avanço do brasileiro um enorme desafio. Há quem lance livros por aí narrando a dificuldade que é (risos)! A gente luta pra ter nossa profissão reconhecida, nossas histórias e mensagens passadas adiante, mas o mercado nos avalia com critérios que não necessariamente pautam a qualidade de nosso material, mas sim o valor do lucro através dele. Alguém conhece esse artista? Ele é popular? Quantos títulos já escritos ele possui? Em quantos países ele já publicou? Fora a ótica que muitas vezes prestigia mais autores homens do que mulheres, mais brancos do que pretos. É necessário uma boa reforma pra alterarmos essa visão, pois literatura transforma a cultura de um povo! Falta no mercado brasileiro mais vaidade em se embelezar consigo próprio e menos com importados.
Ouvidorias de 173 órgãos públicos federais, como ministérios, universidades, hospitais, empresas estatais e autarquias, registraram neste ano 571 denúncias e reclamações de assédio sexual.
O número consta no painel “Resolveu?”, da Controladoria-Geral da União (CGU). Mais de 97% das manifestações são denúncias, e 2,5%, reclamações.
A lista é puxada pela Universidade Federal de Rondônia (32 registros), pelo Ministério da Saúde (23), pela Universidade Federal de Pernambuco (20) e pela própria CGU (20).
A relação segue com manifestações originárias do Complexo Hospitalar de Clínicas da Universidade Federal do Paraná e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, cada um com 11 casos. A Universidade Federal do Rio de Janeiro tem dez ocorrências. A universidade Federal do Ceará e o Ministério das Mulheres, nove registros cada.
O Comando da Aeronáutica, a Universidade Federal do Pará e a Universidade de Brasília, com oito ocorrências cada, formam a lista das instituições com mais denúncias e reclamações.
Cerca de 60% dos registros no painel da CGU identificam o tipo de denúncia. A maioria é de “conduta de natureza sexual”. No mês de agosto, houve alta de registros, com 122 casos ou 21% das ocorrências anotadas pelas ouvidorias de órgãos públicos federais.
Há pouca informação sobre os denunciantes e reclamantes. Três quartos não informaram a localização ou a cor. Entre as 88 pessoas que identificaram sexo, 66 eram mulheres (75%) e 22 eram homens. Você pode acessar o painel aqui.
Nessa sexta-feira (6) à noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania (MDH), Silvio Almeida, depois de denúncias de assédio sexual. Não há, até o momento, nenhuma denúncia ou reclamação de assédio sexual no MDH registrado no painel “Resolveu?”, da Controladoria-Geral da União.
A China conquistou, pela sexta vez consecutiva, a liderança do quadro de medalhas dos Jogos Paralímpicos. Em Paris, com apenas mais uma medalha em disputa na manha deste domingo (8), o país somava 94 medalhas de ouro, 75 de prata e 50 de bronze, totalizando 219 pódios. A Grã Bretanha, segunda colocada, aparecia com 49 ouros, 44 pratas e 31 bronzes, 124 no total.
O sucesso do chinês no desporto paralímpico é multifatorial. Um dos motivos tem a ver com as políticas de erradicação da extrema pobreza e de combate à desigualdade. Como parte dos esforços para a eliminação da extrema pobreza, a atenção às pessoas com deficiência têm aumentado nos últimos anos na China. O 14° Plano Quinquenal, que vai de 2021 a 2025, contém várias seções dedicadas à proteção e reabilitação de pessoas com deficiência. O texto inclui ainda melhorias no acesso à seguridade social, emprego e serviços básicos.
Na China, existem mais de 85 milhões de pessoas com deficiência. Durante o período do Plano Quinquenal anterior (2016-2020), 7,1 milhões de pessoas nesta condição, que viviam em áreas rurais, foram retiradas da extrema pobreza. Além disso, quase 2 milhões foram empregadas em áreas urbanas e rurais, segundo dados do Conselho de Estado.
A recente terceira plenária do Vigésimo Comitê Central do Partido Comunista da China também enfatizou a necessidade de desenvolvimento dessas políticas.
A resolução da terceira plenária – cujos objetivos devem ser cumpridos até 2029 – afirma que melhores serviços serão prestados a idosos com dificuldades especiais, "incluindo aqueles que vivem sozinhos, têm deficiências ou sofrem de deficiência física", e que será acelerada "a introdução de esquemas de seguro para cuidados de longo prazo" para essas populações.
A promoção da atividade física entre pessoas com deficiência
Além da melhoria no acesso a serviços, o chamado 14° Plano Quinquenal para a Proteção e Desenvolvimento das Pessoas com Deficiência também prevê as atividades físicas e a participação em esportes delas no país.
O plano afirma que devem ser promovidos os serviços esportivos de reabilitação e condicionamento físico para pessoas com deficiência, além de fortalecer a pesquisa sobre os esportes para elas.
A meta é a incorporação dos esportes de massa para pessoas com deficiência na estratégia de desenvolvimento nacional.
Os eventos esportivos internacionais ou regionais têm sido exemplo de incentivo para engajar a população em disciplinas relacionadas ao esporte. Os Jogos Paralímpicos Asiáticos, realizados em 2023 em Hangzhou, por exemplo, serviram como impulso para a organização de atividades esportivas para pessoas com deficiência em comunidades dessa cidade chinesa. Cerca de 100 mil pessoas participaram.
Outro exemplo foi o da organização da cidade de Chengdu, em 2022, de um evento de basquete das Olimpíadas Especiais, com doze equipes de toda a China.
A professora da Universidade Normal de Fujian, Wu Yandan, explica que os treinamentos também visam a melhorar as condições de vida em geral das pessoas. "Os quatro módulos de movimento de atividade motora incluem bater, chutar, agilidade e movimento. Combinados com os movimentos da vida diária, eles ajudam a melhorar a capacidade de cuidar de si mesmo no futuro", diz.
As Paralimpíadas de Inverno são outro exemplo de como a China toma os eventos esportivos para impulsionar o desenvolvimento de capacidades.
Em 2015, a capital do país, Beijing, foi selecionada para organizar as Olimpíadas e Paralimpíadas de Inverno pela primeira vez na história. A China passou de um país que nunca havia conquistado uma medalha nas Paralimpíadas de Inverno para a primeira posição no quadro de medalhas naquela edição.
Print Friendly, PDF & Email Estudantes protestam na reitoria da Universidade de Brasília (UnB), no dia 05/09, denunciando o arquivamento do processo de sindicância contra o professor Ricardo Parreira da Silva, acusado de ter agredido um estudante dentro da sala de aula no dia 9/4. O estudante agredido relata que o professor lhe prensou contra a parede, deixando marcas no seu rosto, chegando inclusive a rasgar sua mochila e a amassar sua garrafa de água. Apesar de denúncias na polícia e na universidade, o professor segue dando aulas normalmente.
O ato foi marcado em conjunto com o Centro Acadêmico de Matemática (CAMAT), tendo sido realizada uma panfletagem denunciando o caso. No panfleto, os estudantes relatam, usando dados do monopólio de imprensa, que nos últimos 10 anos, entre 2013 e 2023, apenas 6 processos administrativos disciplinares foram abertos na UnB, um único foi punido e os outros 4 foram arquivados. Outro chegou a prescrever. Categoricamente afirmam que os estudantes não podem permitir que o mesmo aconteça neste processo.
Estudantes adentram reitoria e encaram reitora Posterior à panfletagem, os estudantes adentraram a reitoria e denunciaram o caso em uma reunião que ocorria, de frente à reitora Márcia Abrahão e de diversos docentes. Em fala, um dos estudantes, chamado Thiago, que cursa matemática, afirmou sua indignação quanto ao arquivamento do processo. Relatou ter ele próprio acompanhado o estudante agredido no exame de corpo de delito. Afirma ainda que apesar dos diversos atos e notícias do caso, além de terem seguido o devido processo legal na polícia e na universidade, os estudantes não conseguiram o que queriam.
“A decisão da sindicância foi o arquivamento. Até o momento a gente não tem resposta do que ocorreu, e a gente precisa de uma resposta, e precisa do afastamento desse professor”, relata o estudante.
O estudante alega ainda que o professor Ricardo tem um histórico imenso de denúncias na ouvidoria, por assédio moral. “ele xinga os estudantes de ‘burro’ fala que deveria voltar para o curso de calculo 1, xinga de ‘idiota’”, diz em sua fala. Questiona, em seguida, aos presentes: “Que universidade queremos criar aqui? A gente quer criar uma universidade que passa pano pra esse tipo de ação? A gente precisa mudar! A gente precisa levar com seriedade casos como estes! Podia ser qualquer um aqui! Se a gente não tomar as devidas providências, isso aqui vai virar uma balbúrdia completamente!”
Em resposta ao estudante, a reitora Márcia Abrahão alega que os processos são sigilosos e, portanto não sabia a situação do processo. No entanto, o despacho apresentado por Thiago aos presentes, que declarava o arquivamento do processo, estava assinado pela própria reitora. Márcia Abrahão confronta ainda os dados apresentados pelo estudante, e respaldados pelo monopólio de imprensa, de que apenas 6 processos disciplinares foram abertos nos últimos dez anos, mas não apresenta dados contrários aos apontados. Se contenta em afirmar que “não é verdade que [os processos] foram todos arquivados. Os processos estão em seus andamentos com suas conclusões feitas. (…) O que eu estou dizendo é que muitas pessoas ganham na justiça e retornam à universidade. Temos muitos casos desse tipo.”
A reitora, em sua fala, acusa ainda os estudantes, que filmavam a reunião, de querer editar o vídeo para distorcer suas palavras. Thiago afirma que não faria isso. “Nós somos um centro acadêmico sério, que se articula em defender o que é nosso”, afirma. Ao que Márcia Abrahão replica que os estudantes “não vieram aqui [na reitoria] com esse objetivo com certeza”. Por fim, a reitora contesta as críticas do estudante à universidade e o microfone de Thiago é desligado, impedindo-o de responder, e sendo ainda silenciado pelas palmas dos docentes, que se alongam a fim de impedir que o estudante discursasse.
Relato do estudante agredido O estudante agredido, que preferiu não se identificar, deu uma entrevista exclusiva ao Correspondente Local do AND em Brasília, na qual relata os detalhes do ataque. Conta que entrou na sala de aula com sua garrafa em mãos e molhou acidentalmente o professor agressor.
“A água caiu nele, ele veio para cima de mim. Bateu minha cabeça na parede, me pegou assim [faz um gesto com as mãos mostrando que o professor prensou ele na parede com o braço em seu pescoço] e me segurou um pouco. A mochila até rasgou um pouco, chegou a amassar a garrafa, que não é um material frágil”, relata o estudante.
Ele informa que saiu correndo da sala e o professor, muito irritado, o perseguiu gritando que ele seria expulso da universidade.
“Eu tive que correr pro CAMAT, porque achei que ele ia me bater mais. Tem várias testemunhas e uma gravação dele correndo”, conta. A própria reitora Márcia confirmou na reunião relatada que estes vídeos estão anexados no processo.
O estudante afirma ainda que nas aulas anteriores esse mesmo professor gritou com um funcionário da guarita por pegar uma cadeira na sala de aula. Já Thiago conta que os relatos de estudantes acerca do professor Ricardo Parreira da Silva são recorrentes desde ao menos 2019, com casos semelhantes de assédio moral e ameaças.
Este novo caso de agressão em abril deste ano, no entanto, trouxe tanta revolta dentre os estudantes que eles chegaram a colar denúncias na sala de aula e na sala do professor, e mobilizaram a imprensa com o ocorrido. Ainda assim, o caso foi abafado pela Universidade de Brasília, que segue com o processo arquivado.
Este não é um caso isolado. Os estudantes denunciam ser frequente o fato da Universidade encobrir vários casos de assédios, o que gera grande revolta entre estudantes dos mais diversos cursos, tendo casos até de pessoas que desistem de seguir cursando, ou mesmo tentam suicídio. Em resposta aos absurdos que a Universidade acoberta, os estudantes do Coletivo de Base – Honestino Guimarães (CB-HG) convocaram um ato com panfletagem para o dia 10 de setembro no Restaurante Universitário da UnB.
Ainda faltam 48h para o fim dos Jogos Paralímpicos de Paris e o Brasil conquista mais 8 medalhas: Com ouro temos Talisson Glock, pela natação, e Alana Maldonado, bicampeã olímpica pelo judô. Na prata, Thiago Paulino traz a 200ª medalha paralímpica brasileira do atletismo, Brenda Freitas conquista sua estreia pelo judô, Gabriel Bandeira vem com a natação dos 100m costas, trazendo a 150ª medalha do esporte paralímpico no Brasil, e Zileide Cassiano conquista com o salto em distância. Maria Costa, do levantamento de peso 67kg, e Antonia Keyla, do atletismo 1.500m, nos trazem dois bronzes.
Faltando apenas mais duas medalhas para o recorde paralímpico brasileiro de 72 medalhas, alcançadas no Rio 2016 e Tóquio 2020, o Brasil se encontra a poucos passos de se perpetuar como potência no esporte paralímpico. Terminamos o dia em sétimo lugar no quadro geral de medalhas, considerando quantidade de ouros obtidos, sendo o único país da América Latina no top 7 e segundo país com mais medalhas no continente americano.
Confira abaixo os resultados detalhados desta sexta-feira.
Esgrima
No início da manhã desta sexta-feira, Carminha Oliveira não conseguiu vencer a estadunidense Jataya Taylor e acabou perdendo por 15 a 5 na esgrima em cadeira de rodas Espada categoria A (atrofia na parte inferior da perna direita). Rayssa Veras venceu a estadunidense Victoria Isaacson por 15 a 12 na Espada categoria A (pé torto congênito), avançando de fase na esgrima em cadeira de rodas.
Lenilson de Oliveira, da competição masculina, não venceu o estadunidense William Schoonover, sendo superado por 15 a 7.
Jovane Guissone venceu a partida da Espada categoria B (lesão na medula), com pontuação de 15 a 10 contra Amelio Castro Grueso, da equipe paralímpica de refugiados.
Mônica Santos não avançou na repescagem da esgrima com cadeira de rodas Espada categoria B (paraplegia). A esgrimista perdeu por 15 a 1 para a estadunidense Ellen Geddes.
Nas quartas de final da categoria B, Jovane Guissone enfrentou o chinês Jie Zhang, mas perdeu por 15 a 8.
Entrando na repescagem, a brasileira Mônica Santos enfrentou Ellen Geddes, mas a americana venceu por 15 a 1.
Rayssa Veras enfrentou a ucraniana Yevheniia Breus, mas não conseguiu avançar, perdendo de 15 a 5. Já Jovane Guissone conseguiu vencer, de forma acirrada, o francês Yohan Peter por 15 a 14.
Avançando para mais um round de repescagem, o brasileiro também conquistou mais uma vitória, derrotando o ucraniano Anton Datsko por 15 a 9, garantindo para si mais uma rodada de repescagem. Porém, no último round, Jovane Guissone perdeu, com placar de 15 a 7, para o polonês Michal Dabrowski, dando adeus às competições.
Ciclismo de estrada
Lauro Chaman disputou a final da Corrida de rua C4-5 (atrofia na panturrilha) e ficou em 5º lugar na classificação geral.
Natação
Talisson Glock se classificou com o melhor tempo, para a final do 400m livre S6 (deficiência físico motora) com o tempo de 5min02s41. Na final, o paratleta conquistou ouro, se tornando bicampeão em sua categoria e batendo o recorde americano, com o incrível tempo de 4m49s55.
Samuka Oliveira se classificou com o terceiro melhor tempo para a final dos 50m borboleta S5 (deficiência intelectual) com o tempo de 32s91. Na final, Samuka ficou em 4º lugar, com o tempo de 32s33.
Esthefany Rodrigues disputou a final dos 50m borboleta na classe S5 (displasia epifisária) e está na 8ª colocação entre os finalistas do mundo nesta prova. Nesta edição, classificou-se com o tempo de 49s32, mas nadou na final em 50s02. As campeãs foram as chinesas e entre elas Lu Dong, que bateu um novo recorde mundial: 38s17.
Nos 100m costas da categoria S14 (deficiência intelectual), Gabriel Bandeira e Arthur Xavier disputaram as baterias 1 e 2. Gabriel bateu o tempo de 1m01s30, ficando em 8º lugar e se classificando para a final. Já Arthur, com tempo de 1m02s60, fica em décimo, na reserva, mas não chega a competir.
Gabriel Bandeira é vice-campeão nos 100m costas na classe S14. Com o tempo de 58s54, Bandeira leva a Prata nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Gabriel superou seu tempo de classificação que tinha sido 1m01s30 e tem o recorde das Américas.
Ana Karolina Soares, na primeira bateria dos 100m costas S14, se classifica para a final, mas termina em 7ª, fechando a prova com 1m10s70. Karol está entre as melhores atletas do mundo nos 100m costas S14.
Lídia Vieira da Cruz competiu nos 50m livre na categoria S4 (limitações físico-motoras), com o melhor tempo, e avançou para a final. Na final, Lídia conquistou o segundo lugar, mas o resultado foi desconsiderado, sendo desclassificada por queimar a largada. Patrícia, que também avançou para a final, atingiu o tempo de 41s75, ficando com o 4º lugar.
Wendell Belarmino competiu nos 100m borboleta S11 (deficiência visual) batendo o tempo de 1m05s98, ficando em 4º lugar e avançando para a final, onde atingiu o tempo de 1m4s84, finalizando a categoria em sexto lugar. Na mesma final, o japonês Keiichi Kimura atingiu o tempo de 1m00s90, levando o ouro e um novo recorde paralímpico para casa.
Gabriel Araujo, o Gabrielzinho, competiu na bateria 1 dos 50m livre S3 (menor limitação físico motora), mas ficou em 11º e não se classificou para final, assim como Gabriel Cristiano, da categoria 100m livre S8, que terminou sua participação em 12º.
Laila Suzigan Abate é a 4ª melhor nadadora do mundo na prova dos 400m livre categoria S6. Ela terminou em 4º com o tempo de 5m33s02.
Canoagem
Fernando Rufino – Jogos Paralímpicos Paris 2024 – Prova de Canoagem na Arena de Varnes-Sur-Marne, próxima de Paris. Foto: Alessandra Cabral/CPB Luis Carlos Cardoso buscou sua classificação, o atleta terminou a corrida em 1º lugar do KL1 garantindo sua vaga na final. Na mesma categoria, mas no feminino, Adriana Gomes de Azevedo garante vaga na semifinal.
Debora Raiza Ribeiro Benevides se classificou com o segundo melhor tempo na bateria do VL2 feminino (atrofia nas pernas), concluindo o percurso em 1m04s62s, e está classificada para a semifinal.
Mari Santilli se classificou para a semifinal do VL3 (perna esquerda amputada) da segunda bateria e concluiu a prova com o tempo de 1m01s85.
Na sua estreia olímpica, Miqueias Rodrigues garantiu o 3º lugar com tempo de 42m36s e também está garantido na semifinal na categoria KL3.
Fernando Rufino foi mais um classificado. Com o tempo de 44.18s o atleta concluiu o percurso de 200 metros no 4ª lugar na eliminatória e garantiu vaga na semifinal do KL2.
Aline Furtado de Oliveira e Mari Santili, KL3, avançam nas baterias 1 e 2 e vão disputar a semifinal.
Fernando Rufino e Igor Tofalini, VL2, avançam nas baterias 1 e 3 e são diretamente classificados para a final.
Atletismo
Viviane Ferreira Soares ficou em 15º lugar, com o tempo de 27s47 de prova, e não se classificou para final do 200m T12 (glaucoma hereditário). Lorraine Gomes de Aguiar, Clara Daniele Barros da Silva se classificaram para a semifinal.
Izabela Campos na prova da final fez o seu maior arremesso, de 9.91m, ficando em 6º lugar na classificação geral do arremesso de peso F12.
Antonia Keyla é bronze no 1.500m T20 com o terceiro melhor tempo, atingindo 4m29s40.
A capixaba Lorraine Aguiar e a potiguar Clara Daniele não conseguiram a classificação para a final dos 200m T12 (deficiência visual). Estreantes em Jogos, Clara completou a prova em 26s31, finalizando em 10º, e Lorraine, em 26s55, finalizando em 11º.
O paraense Alan Fonteles terminou na quinta colocação na final dos 400m T62 (amputados de membros inferiores com prótese), com o tempo de 50s30. Em Paris 2024, Alan também correu os 100m T64, na qual encerrou na oitava colocação.
O fluminense Ricardo Mendonça, o paulista Christian Gabriel e o maranhense Bartolomeu Chaves avançaram para a final dos 200m T37 (paralisados cerebrais). Christian correu em 23s05 e fez o melhor tempo das eliminatórias. Ricardo, com 23s51, avançou em 5º, e Bartolomeu, com 23s53, em 6º.
No levantamento de peso, o paraibano Ailton Souza encerrou sua prova da categoria até 80kg em 9º lugar, com 187 kg registrados. Ezequiel de Souza, na categoria 72kg, levantou 174kg no supino e ficou em 8º. Ana Gonçalves Marques, 61kg, levantou 105kg e ficou em 8º.
Maria Costa levantou 133 kg no levantamento de peso categoria até 67kg e levou o bronze, o primeiro da modalidade em Paris 2024 e sua primeira medalha Paralímpica. Estreante nos jogos, Maria, já garantiu o recorde das Américas.
Na prova dos 400m T47 (amputados de braço), Lucas de Sousa Lima, Petrucio Ferreira dos Santos e Thomaz Ruan de Moraes competiram, mas apenas Thomaz avançou para a final, com 48s68, o quarto melhor tempo das eliminatórias.
No revezamento 4x100m misto, competiram Ariosvaldo Fernandes, Lorena Spoladore, Veronica Hipólito e Washington Junior, mas ficaram em 5º lugar e não avançaram para a final.
Thiago Paulino, do arremesso de peso F57 (atletas sentados), conquistou a prata, 200ª medalha brasileira da história dos Jogos Paralímpicos.
Competindo no salto em distância T20, Zileire Cassiano conseguiu o segundo lugar e leva a prata. Debora Oliveira de Lima finaliza em 6º e Jardênia Félix em 5º.
Aser Mateus Almeida Ramos fez a segunda bateria dos 100m T36 e se classificou para a final.
Tênis de mesa
Danielle Rauen – Crédito: Marcello Zambrana/CPB Competindo contra a húngara Alexa Szvitacs na classe 9 do tênis de mesa individual feminino, Danielle Rauen foi eliminada por 3×2.
Judô
Alana Maldonado repete o feito de Tóquio 2020 vencendo a final do Judô -70kg J2, derrotando sua oponente chinesa Yue Wang, 1ª no ranking mundial.
Brenda Freitas levou a prata na categoria 70kg J1 (cegos totais ou com percepção de luz), vencendo a chinesa Liu Li, com placar de 1×0.
Kelly Victorio encerrou sua primeira participação em Jogos Paralímpicos em 5º lugar. A sul-mato-grossense chegou até a disputa do bronze, onde perdeu para a japonesa Kazusa Ogawa por 1×0.
O mineiro Harlley Arruda foi eliminado na disputa pelo bronze na disputa contra o português Djibrilo Iafa.
Lúcia Teixeira perdeu para Dayana Fedossova na categoria até 57kg J2 e foi para a repescagem. Mesmo assim, não conseguiu emplacar vitória contra a espanhola Marta Arce Payno e ficou fora do pódio.