Bancos centrais e sistemas de pagamento europeus dependem de serviços prestados por empresas dos EUA
O governo holandês está alarmado com a controversa decisão da Microsoft de bloquear a conta de e-mail de Karim Khan, procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia. Em resposta, as autoridades começaram a reavaliar a infraestrutura digital oficial e a explorar alternativas aos provedores de tecnologia dos EUA.
De acordo com o jornal holandês De Volkskrant, a suspensão da Microsoft ocorreu após sanções estadunidenses impostas pelo presidente Donald Trump em fevereiro, depois de o TPI emitir um mandado de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Como empresa dos EUA, a Microsoft cumpriu a política federal, efetivamente bloqueando o acesso de Khan às comunicações oficiais.
“Isso levantou suspeitas em todos os níveis do governo. Avaliações urgentes de nossa exposição digital estão em andamento”, disse um alto funcionário público, falando anonimamente ao De Volkskrant, observando que o incidente levou a reavaliações urgentes dentro do governo holandês.
Klaas Knot, presidente do banco central holandês (De Nederlandsche Bank, DNB), alertou nesta terça-feira que os principais sistemas nacionais dependem de tecnologias controladas no exterior. Mesmo instituições que parecem locais frequentemente dependem da infraestrutura básica de empresas estadunidenses, explicou ele, citando o iDEAL, o sistema de pagamento holandês, que depende de duas empresas dos Estados Unidos que representam mais de 60% do mercado europeu.
Knot também levantou preocupações sobre o setor de serviços em nuvem, observando que bancos, empresas e agências governamentais holandesas – incluindo o próprio DNB – armazenam dados confidenciais com provedores como Amazon, Google e Microsoft.
Busca por empresas locais
Em resposta, a demanda por provedores de nuvem nacionais aumentou. Ludo Baauw, fundador e CEO do Intermax Group, uma empresa de serviços em nuvem sediada em Roterdã, afirmou que pelo menos 10 instituições públicas importantes entraram em contato com sua empresa nas últimas semanas em busca de alternativas para reduzir sua dependência de plataformas americanas.
Baauw afirmou que a migração da infraestrutura da Microsoft pode levar de seis meses a três anos, dependendo da complexidade do projeto. Diversos departamentos governamentais estão profundamente inseridos no sistema da Microsoft, explicou ele, acrescentando que até mesmo as práticas de contratação tendem a favorecer candidatos com experiência em Microsoft, criando uma dependência de caminho difícil de reverter.
A Intermax agora está ajudando algumas instituições a armazenar backups de e-mail dentro das fronteiras holandesas para se proteger contra possíveis interrupções nos serviços da Microsoft, como interrupções no Microsoft 365, informou o De Volkskrant.
Agência Xinhua