A seguir minha longa reclamação sobre os "socialistas utópicos dos nossos dias" (pule isso, é chato).
Capitalismo tardio - Mark Fisher não é a melhor figura para tomar como referência a respeito de como se portar diante dos desafios da sobrevivência numa sociedade capitalista, de alta produtividade, excessiva competitividade na qual o dinheiro foi desvinculado da produção ao ponto de existir mais dinheiro no mundo do que riquezas na forma de matéria prima, serviços e bens de consumo. NA MINHA OPINIÃO.
Esses filósofos "críticos do capitalismo" modernos - normalmente nascidos e instruídos em regiões historicamente muito influenciadas politicamente por países como Reino Unido e Estados Unidos - costumam apontar contradições muito bem, mas eles são péssimos em propor soluções, formas de superação ou alternativas viáveis para elas.
Acho que isso começou com os pensadores e estudiosos que ficaram desiludidos com as experiências socialistas - ou como também se pode chamar, o socialismo real - e de outras revoluções. Eu não concordo com eles, li bastante a respeito das delas, sei de todas as coisas que deram errado nelas no presente e no passado, e defendo elas mesmo assim. Apoio, e é o modelo de sociedade que defendo.
Fim da minha longa reclamação (me desculpe por isso) .
Mas a respeito da sua pergunta. Não é uma questão de opinião pessoal mas de acontecimentos reais. Após o fim da Guerra Fria, um economista e filósofo nipo-estadunidense - Yoshiro Francis Fukuyama - disse que a ordem unipolar e hegemônica dos Estados Unidos da América era o "Fim da História". Atualmente vivemos numa ordem multipolar e os EUA/USA não tem mais tanta hegemonia. Belicamente eles também não são absolutamente superiores. A China tem mísseis para os quais esse país não tem defesa. Revoluções no chamado "capitalismo tardio" acontecem o tempo todo. Agora mesmo tem uma guerrilha acontecendo nas Filipinas, também existem guerrilhas ocorrendo na Índia. Os Estados do Sahel se rebelaram contra a interferência francesa faz algum tempo. As FARCS são um exemplo de guerrilha na América do Sul. FPLP e FDLP - partidos palestinos aliados ao Al-Fatah - possuem forças paramilitares para lutar contra milícias sionistas e a Mossad e tem como objetivo criar um "estado palestino livre e democrático", o que é possível no futuro mesmo se os palestinos forem expulsos da Gaza e da Cisjordânia - até porque muitos analistas acreditam que Israel não vai existir por muito tempo além do presente, está é uma possibilidade real infelizmente ou felizmente - Porque os sionistas eram um bando de judeus brancos, especialmente europeus, que não falavam hebraico mas inglês, e conseguiram fundar um país num lugar, que poderia ser qualquer um até o continente africano foi cogitado. Petro conseguiu fazer um dos melhores governos da América Latina, aprovou uma reforma da previdência super inclusiva. A Bolívia é um estado plurinacional, significa que os indígenas são donos de sua própria terra. No Brasil nós temos movimentos populares, especialmente nos relacionados a luta por terras, um grupo de poseiros inclusive expulsou alguns "capangas da burguesia" de seu território. Ainda são pequenos, porém existem e provavelmente são muito mais desenvolvidos e fortes no campo porque somos uma nação agrária ainda. Voltando para Ásia e Europa na Turquia eu posso destacar a luta dos curdos - controverso dependendo de para quem você perguntar - e também a guerrilha de um partido marxista-leninista-maoista. Na Ásia tem 4 estados socialistas e no Caribe tem 1 que possuem independência em relação ao imperialismo do Norte Global - Eu considero essas revoluções bem sucedidas, nenhum desses países está em guerra civil e em nenhum deles exite perseguição por parte do governo a um grupo de pessoas específicos além da burguesia por enquanto estar sob controle doggoverno - Os exemplos que eu citei anteriormente exemplificam revoluções socialistas e nacionalistas de caráter anti-imperialista que ocorreram durante o chamado "capitalismo tardio" e também anteriormente mas que perduram até os dias de hoje. Vou deixar exemplos como Irã e Venezuela de fora. Mas independente da opinião pessoal de qualquer um e das violações de direitos humanos ocorridas nesses países são exemplos de revoluções que estabeleceram um novo modelo de sociedade - independente se eu concordo ou não - que perdura até hoje.
Pessoalmente, acredito que revoluções tem mais probabilidade de acontecer em países do Sul Global. E desenvolver a economia desses países para conseguir estabelecer a base de um novo governo e distribuição de riqueza numa sociedade que busca ou não extinguir as classes sociais e econômicas é o maior desafios que tais movimentos encontram. Consequência disso é necessitar de um exército forte. O que não necessariamente significa uma sociedade civil armada e militarizada.
Não enxergo isso ocorrendo nos países do Norte Global no cenário atual. A filosofia das organizações políticas no Ocidente são podres e revisionistas. É mais fácil a direita desses países alterar o sistema de governo, do que a esquerda transformar o sistema econômico. E antes que alguém venha com um papinho anti-intelectual e anti-academicista. Movimentos apolíticos SEMPRE se transformam em movimentos fascistas que beneficiam a elite.
Me desculpe se fui muito prolixo. Você não especificou o tipo de revolução, com qual objetivo, se de esquerda ou de direita, então eu tentei englobar o máximo de exemplos que lembrei de cabeça. Não importa muito o que eu acho, o que importa é a realidade, a resposta curta é sim, revoluções ainda podem acontecer é ainda vão acontecer. O capitalismo não vai ser eterno, o feudalismo na Idade Média durou mais do que o capitalismo durou atualmente. O mercado existia antes dos europeus criarem coragem de viajar para fora de seus feudos. A Africa e a Ásia já tinha um comércio marítimo antes do "" descobrimento"" da América. Nada é eterno, é até mesmo o socialismo - periodo de transição do capitalismo para o comunismo no qual ainda existe luta de classes - que eu defendo por ventura pode vir a ser superado. Até o comunismo, caso algum dia seja alcançado por dar lugar a outro modo de produção. A sociedade de classes pode deixar de existir e então a sociedade sem classes pode dar lugar a uma sociedade de classes com estado ou algo completamente diferente e novo. Mas isso seria imaginar algo que não existe e que não tenho provas de que algum dia já existiu exatamente como idealizo.