Discordo, porque a maneira como foi produzida, as relações sociais envolvidas, e o custo em termos de soberania importam.
Quem compra iPhone não está ajudando a classe trabalhadora. Ajuda sim o patrão. E ajuda a perpetuar aquele modo de produção exploratório. Se tudo pertence a classe trabalhadora, é lícito consumir produtos advindos de escravidão, de tortura, de todo tipo de violência? Penso que não.
Se existe uma alternativa que empodere mais a classe trabalhadora, é melhor consumir esta.
Esse drama de iphone é porque o consumista médio não quer ser responsável pelo seu consumo. Mas existe uma maneira de desarmar isso: O que é melhor, comprar produtos da agricultura familiar e do MST, ou comprar do agronegócio? Se tudo pertence a classe trabalhadora, é indiferente comprar de um ou de outro. Mas não é assim que agimos, não é? Muitos preferem, se tiverem oportunidade, comprar da agricultura familiar e do MST, tanto por motivos de saúde como por motivos de empoderamento a classe trabalhadora.
Exatamente o mesmo acontece com qualquer produto, iphones inclusos. Portanto, não é porque tudo pertence a nós que tudo deve ser desejável por nós. Pertence a nós porque somos nós quem produzimos, porém isso não quer dizer que toda produção é desejável. Aquilo que advém de produções violentas deve ser evitado.
Minha profissão permite o convívio com muita gente, sou professor.
Mas além disso, frequento a praça próxima à minha casa. Sempre tem gente conhecida para fazer alguma coisa. As vezes damos uma volta a pé, as vezes jogamos cartas, tocamos violão, ou simplesmente jogamos conversa fora fofocando sobre a vida alheia.