Eu diria de uma forma 'preguiçosa'.
Muitas coisas poderiam ser incluídas a respeito da real valorização da influência afro-diaspórica na cultura local. Antigamente eu tinha opinião besta de falar, olha a cidade que a globo mostra, não mostra o morro não mostra fome... Mas pô, o mundo todo faz isso, se você tem uma novela de alcance internacional (creia, os portugueses assistem, ou pelo menos assistiam MUITO novelas e séries da globo) você vai sim fazer propaganda do seu país da maneira que o pessoal de for gostaria de consumir. Principalmente por esse ponto, é e sempre foi muito difícil acreditar no potencial construtivo de algumas novelas, principalmente as de época. Ensinar ao abordar a história é e sempre foi um compromisso de qualquer peca de arte para consumo geral que se preze.
Vale lembrar que "O Sítio do Pica-pau" é uma suavização de muitas coisas que o racista do Machado de Assis escreveu. É importante que se reproduza sempre o que acontecia, mesmo dessa maneira 'morosa' em relação ao processo de humanização e as pautas progressivas. Um dos fatores positivos é que muitas novelas que tiveram seus relançamentos como Sinhá-Moça, Xica da Silva, Escrava Isaura têm um fator crescente do que seria buscar retratar uma realidade histórica fidedigna. Estas são telenovelas que são respectivamente sobre a escravidão (e seus tramas, logicamente). Porém lembro me de várias outras que assisti 'picado' na infância como Chocolate com Pimenta (humor) e Terra Nostra (drama) e o "Sítio do Pica-pau" que tem figurações sobre a cultura negra e o povo escravizado que realmente não batem e estão mais perto do cômico na tragédia do que algo que cumpra algum objetivo histórico.
Eu lembro do primeiro beijo gay na rede globo, eu lembro do alarde dentro de uma internet primitiva em 2008 que ressignificou a Rede Globo, altamente apologética à ditadura em sua época (e depois), como uma empresa inimiga da 'familia e dos bons costumes'. Pode se acrescentar que outras novelas sem aspectos culturais nenhum como aquele monte de blasé da record e sbt (novelas mexicanas, mutantes, novelas da bíblia altamente desfiguradas) nunca mereceram e nunca merecerão um centavo do dinheiro público. A Globo não recebe à toa. Recebe pra ser o que o Brasil exporta como Brasil, mesmo que contado da maneira deles e com essa 'preguiça' de envolver questões problemáticas e de extrema importância para a sociedade brasileira. O ponto fraco do negócio é a questão das religiões afro-brasileiras, que correspondem à grande parte das religiões não cristãs em território nacional serem tão apagadas ou reproduzidas num contexto exótico como se não fosse fruto da terra em que pisamos.
Por fim, acho que não tem perigo visto que vejo uma progressividade, mesmo que vagarosa, da emissora/produtora para incluir cada vez mais as questões que citei. Espero que tenha ajudado com a sua questão
In Brazil we call this jeitinho brasileiro (brazillian way*)... but this seems so american in my pov *means that you should take advantage in everything